PS pes
> SS ao
ns cd eme matar
REVISTA
DO
usou Paulis
PUBLICADA POR
He VON TERING, DR, MED. ET PII,
Director do Museu
© VOLUME IX G
SAO PAULO
Typ. do «Diario Official»
1914
A
ie
-—
9)
INDICE
Museu Paulista nos annos de 1910,
1911 e et sê
Necrologio : Eugenio Hussak (com
Est. I), por E VON [HERING
Necrologio: Dr. Theodor Peckolt (com
Est. II), por H. von IHERING
Tres Chalcididas parasitas do «bicho do
café» (Leucoptera coffeella) (Tineid.)
com 3 figs. no texto e Est. III. fig.
1, por R. von [HERING
O genero Pterombrus Sm. (Ilymen.)
Est. IU, fig. 5, por ApoLpHo Ducks.
As traças que vivem sobre a «preguiça»,
Bradypophila garbe: n. gen., n. sp.
(Lepid. fam. Pyralid.) com figs. e
Est. II, fig. 2, por R: von IHERING.
ipidae brazilerros (Coleopt.), gen. Xyle-
borus nn. spp., com 5 figs., por FRAN-
CISCO IGLESIAS
As especies bras ileiras do é gen. Mega-
chile (Hymenopt.), como supplemento ao
«Ensaio das Abelhas sslhitarias do Bra-
sil», com figuras no texto, por CURT
ScHROTTKY RER A
Diagnose de uma “Eucoila, (Hy menop.
Cynip.) parasita das «Moscas das fru-
ctas», por R. von IHERING . age
O genero Parachartergus R. v. Ih.
(Vespas sociaes), por R. von IHERING.
10) Emendas ao Catalogo das Chrysididas
do Brazil, por ApoLpno Duck
11) Osbugios do genero Alouatta (Mammif.),
com Ests. ÍV - VE por H. von InERING.
12)
13)
In
As especies brazileiras de Nilionidas
Coleopt.) e a posição systematica da
familia pelo estudo das larvas, Est. III,
figs. 2 e 3, por R. von IHERING .
George Marcgrave, o primeiro sabio
que veio estudar a natureza do Brazil,
1658 - 44, por R. von IHERING.
Protecção ds Aves, por H. von IHERING.
Duas especies novas de Peixes da fam.
Cichlidae, por R. von IHERING . .
Os Gambas do Bra: sil, Marsupiaes do
gen. Didelphis, por H. von IHERING.
Insectos contra insectos : as Coccinel-
lidas, com Est. VIII, fig. 1, por Fr.
IGLESIAS + ONE SR ARE
Notas entomologicas (Nilio n. sp. e
um 8.º pasasita de a por
R. von IHERING. :
Broiogia de varias especies de Pinotus
(Coleop.) de S. Paulo, por H. Lur-
DERWALDT .
Biologia e classificação das Cuculidas
brasileiras, por H. von IHaRING.
Novas contribuições para a Ornitho-
logia do Brazil com Ests. IV, Ville
IX, por H. von IHERING.
Bibliogr aphia zoologica referente ao
Brazil — 1911 a 1918, ae R. von
IHERINS. QUE AGDE
PAGS.
Data da publicação das copias separadas dos artigos
deste volume :
N. 1. 2023. NX 945 Ne anh eh O Tora NE
ka 10
= XII 915 37 Nid aed d— O14: ON a 6 dA
N. 17 a 19— V 914; N. 20 — VII 914; N. 21 — IX 914.
Distribuição do Volume: fins de Setembro de 1914.
O MUSEU PAULISTA À
na
NOS ANNOS DE |
1910, 1911 e 1912
Não houve modificação digna de nota no
quadro do pessoal do Museu durante o periodo
que aqui relatamos. Apenas o logar de secre-
tario de linguas extrangeiras soffreu repetidas
substituições ; esse cargo occupado até Fevereiro
de 1912 pelo sr. dr. C. Brandenburger é agora
preenchido pelo sr. A. Dó. O sr. Francisco
Günther que ha muitos annos já prestava bons
serviços ao Museu, enviando especimens raros
e completando a nossa collecção de peixes do
mar, foi contractado em Setembro de 1911 para
o cargo de desenhista e preparador auxiliar de
entomologia. Ambas as funcções eram cabal-
mente desempenhadas pelo desditoso auxiliar,
quando a morte nol-o veiu arrebatar em 9 de
Janeiro de 1912.
Em Fevereiro de 1912 foi contractado para
o cargo de desenhista o artista sr. Bento Bar-
bosa, de cuja lavra são as illustrações originaes
do presente volume. Como auxiliar do taxider--
mista entrou para o serviço do Museu o sr. Hen-
rique Schwebel.
Como voluntarios, auxiliares dos trabalhos
do sr, R. von Ihering, e a titulo de estudo, fre-
quentaram por algum tempo os nossos labo-
ratorios os srs. Alberto M. Vaissier, estudante
nee, A]
de medicina e Carlos da Cruz Azevedo, do curso
gymnasial. O dr. José Marianno Filho, hoje as-
sistente de physiologia vegetal no Jardim Bota-
nico do Rio, fez estudos no laboratorio de Ento-
mologia, afim de preparar a sua these de douto-
rando, cujo thema versava sobre as Meliponidas
do Brazil. Os srs. Francisco Iglesias do Instituto
Serumtherapico do Butantan, Adolpho Hempel
e Gregorio Bondar, do Instituto Agronomico
de Campinas, repetidas vezes trabalharam em
nossos laboratorios.
Ao sr. Adolpho Hempel, o eminente es-
pecialista em Coccidas, devemos não só a gen-
tileza de ter-nos completado sempre a classifi-
cação de nossos materiaes novos deste grupo,
como ainda a elaboração graciosa do Catalogo
das Coccidas do Brazil, que publicamos em 1912
como Vol. III dos nossos «Catalogos da Fauna
Brazileira».
Podemos mencionar ainda como hospedes
do Museu Paulista dous naturalistas de nomeada,
os srs. prof. Dusén e M. Dukinfield Jones, que
ambos trabalharam durante algum tempo na Es-
tação Biologica do Alto da Serra, o primeiro
colligindo plantas, o segundo lepidopteros.
Das viagens emprehendidas pelo pessoal do
Museu merecem menção especial as seguintes.
Em Maio de 1910 o director, dr. H. von Ihe-
ring, seguiu para Buenos-Aires, onde foi tomar
parte no Congresso Internacional dos Ameri-
canistas, aproveitando em seguida as facilidades
que o Governo argentino proporcionou aos con-
gressistas, para realizar uma excursão ao Alto
Paraná, attingindo não só a celebre cachoeira
do Iguassu e a respectiva Colonia Militar, como
tambem o ponto final da navegação.
O nosso director, que até aquella época
nas suas excursões só havia percorrido a região
Toc) a
do litoral do nosso paiz, teve assim excellente
opportunidade de conhecer tambem a parte occi-
dental do Brazil meridional. No mesmo anno
o dr. von Ihering esteve em Piracicaba, onde,
a convite da Universidade Popular, foi realizar
uma conferencia sobre a destruição das nossas
mattas. (*)
O custos do Museu, o sr. Rodolpho von
Ihering esteve na Europa nos mezes de Março
a Novembro de 1911. Dedicou a maior parte
deste tempo a estudos zoologicos nos labora-
torios da Universidade de Vienna e do Labo-
ratorio de Entomologia do Museu de Paris.
E’-nos um grato dever agradecer aos dous il-
lustres chefes desses institutos scientificos, pro-
fessores K. Grobben e E. Bouvier, as amabilida-
des e regalias dispensadas ao nosso funccionario,
que por esta forma conseguiu tirar o maior
proveito de sua viagem.
O sr. H. Luederwaldt esteve duas vezes no
Estado de Sta. Catharina, e, comquanto tivesse
ido especialmente para convalecer, asssm mesmo
nos trouxe boas collecções de animaes e plantas
que lá colligira.
O naturalista-viajante, sr. Ernesto Garbe
percorreu varias zonas do paiz, colleccionando
como sempre optimo e abundante material zoo=
logico para as diversas secções do Museu. Em
outre capitulo mencionaremos exactamente O
itinerario seguido.
Os visitantes. — A frequencia do Museu
por parte do publico attingiu o maximo que O
edificio pode comportar. Nos annos de 1906 a
(*) Veja-se Rev. do Mus. Paul. Vol. VIII, p. 485500, «Devastação e
conservação das mattas».
DER hat
1909 elevou-se de 40 a 63 mil o numero de
visitantes; em 1910 foi registrada uma frequen-
cia de 67:181 pessoas e em 1911 0 numeroise
visitantes elevou-se mesmo a 91. 025; em 1912
ainda foram registrados 78.485 visitantes. Com
tal frequencia, em domingos apraziveis, a média
de visitantes é superior a mil pessoas e desta forma
as 19 salas franqueadas ao publico chegam a fi-
car literalmente cheias, de forma ase tornar dif-
ficil mesmo a simples inspecção das collecções:
O dia 7 de Setembro, que o Monumento do
Ypiranga commemora, foi aqui dignamente fes-
tejado em 1912. Graças aos esforços empregados
pelo governo, a solemnidade teve brilho exce-
pcional, devido ao concurso das escolas publicas,
que enviaram para mais de 10.000 creanças; O
monumento artisticamente ornamentado, bem
como o grande jardim onde se armaram bar-
racas para os peguenos convidados, apresentavam
bellissimo aspecto.
O serviço de guarda nos dias de visita con-
tinúa a ser feito pelos serventes e jardineiros do
Museu. À vigilancia durante a noute, que antiga-
mente era feita por policia, passou a ser confiada
desde 1911 a guardas-nocturnos contractados.
O «Guia pelas collecções do Museu Pau-
lista», que era vendido ao preço de 400 réis O
exemplar, e que fôra publicado em 1908 em
edição de 3 mil exemplares, exgottou-se no
correr do anno de 1911. À nova edição que
em breve tencionamos imprimir, será conside-
ravelmente melhorada e enriquecida por nume-
rosas illustrações.
As colleeções. — De ha muitos annos
que o Museu lucta com a falta de espaço em
seus varios departamentos: nas salas de colle-
tm 9 ——
cções franqueadas ao publico, nas collecções de
estudo e laboratorios e na bibliotheca. Assim
nem seria possivel fazer grandes augmentos, o
que ainda impedem a falta de recursos e de
pessoal, Desta forma o que se tem feito nas
collecções expostas ao publico é substituir os
especimens velhos por outros de preparação
nova, os ques, sendo possivel, são montados
em grupos, pelo que se torna a observação mais
attrahente ao visitante. O preparador, sr. João
E. Lima, dedicou boa’ parte de seu terão. a
esses trabalhos, conseguindo assim dar realce a
varios armarios. Mencionaremos nas salas das
aves os armarios de beija-flores e das aves aqua-
ticas; o dos pequenos mammiferos, etc. Tam-
bem mereceu maior cuidado a rotulação dos
especimens ; lentamente estão sendo impressos
todos os rotulos, serviço este que já se acha
concluido para a maior parte das secções. Quatro
armarios novos foram collocados na galeria do
pavimento superior e ahi figuram objectos ar-
cheologicos ; desta forma poude-se dar um ar-.
ranjo mais racional a esta secção. Em um dos
grandes armarios da sala de Ethnographia fi-
guram agora os artefactos dos indios do Estado
de S. Paulo: Guaranys e Cayuas, Caingangs;
Chavantes; nos outros armarios agrupam-se
os materiaes concernentes às outras nações bra-
zileiras. Os armarios novos da galleria encerram
respectivamente : artefactos de pedra e de cera-
mica dos nossos indios; o terceiro armario con-
tem uma valiosa collecção de objectos de pedra
da cultura calchaqui (em parte originaes, em
parte copias obtidas em permuta com os mu-
seus de Buenos-Airese de La Plata). O quarto
desses armarios mostra uma variada série de
artefactos dos incas, que muito obsequiosamente
o sr. dr. Max Ule adquiriu para o nosso Museu.
— fo) ==
Com relação a esta ultima acquisição devemos
ainda extender os nossos agradecimentos ao dr.
Larraburre y Unanue, eminente estadista peruano
que obteve licença para a exportação dessas col-
lecções, o que do contrario não teria sido pos-
sivel em vista das leis peruanas que vedam a
sahida de taes preciosidades archeologicas para
fóra do paiz.
Para o mesmo fim interveio ainda a nossa
legação no Perú, à qual egualmente endereçamos
os nossos agradecimentos.
Segundo os estudos feitos neste Museu,
nesta materia de archeologia comparada, a cul-
tura prehistorica do Brazil meridional foi em
certa época largamente influenciada pela cultura
antiga do Perú, sendo por este motivo de grande
proveito para os nossos estudos e de interesse
para os visitantes, poder-se comparar desta for-
ma directamente os respectivos documentos das
duas culturas,
Na collecção de estudos houve tambem
notaveis accrescimos. A secção entomologica
occupa agora 20 armarios do typo Ihle (so
gavetas), sendo que os lepidopteros occupam 8
armarios, os coleopteros 4, os hymenopteros 2,
eters tambem para a collecção malacologica foram
adquiridos 8 armarios do mesmo typo. “Tambem
asicolleccoes ide estudo: «de aves, (ovOsme pe
quenos mammiferos foram ampliadas conside-
ravelmente, de forma a occuparem 15 armarios
de typo Ihle, que correspondem perfeitamente
a todas as exigencias.
Os accrescimos, alias consideraveis, verifi-
cados nas collecções, são devidos quasi exclusi-
vamente ao trabalho do sr. Ernesto Garbe, nosso
naturalista viajante, que percorreu ainda nesses
annos varias regiões do paiz, conforme se verá
dos itinerarios descriptos em outro capitulo,
reunindo assim abundantes e variados materiaes
de todas as classes animaes. As principaes per-
mutas effectuadas com museus congeneres ou
collegas particulares vem mencionadas em lista
annexa ; poucas foram as offertas de maior valor
e as compras que puderam ser efectuadas.
Com relação às colleccdes do Museu de-
vemos ainda registrar dous casos pouco agra-
daveis, de tentativas de roubo, ambas felizmente
frustradas pela intervenção do pessoal do museu.
Em um caso tratava-se de um pobre operario
que fôra irresistivelmente tentado pela belleza
dos fac-similes dos matores diamantes do mundo;
foi preso na occasião em que, durante as horas
de visita tentava apoderar-se do falso thesouro.
O outro attentado foi praticado por um estu-
dante de direito que a altas horas di noute ar-
rombou a sala em que se acham os objectos
historicos e de la ia subtrahindo as peças mais
preciosas da chamada collecção «Campos Salles»
valiosos mimos de ourivesaria e pedras preciosas
recebidas durante o seu governo pelo illustre ex-
presidente da republica, dr. M. F. de Campos Salles,
que as offereceu ao Museu Paulista. Tambem
por esta occasiio os serventes e o porteiro
conseguiram presentir em tempo o gatuno, evi-
tando assim prejuizo consideravel
Excursões, — Já mencionamos algumas
das viagens realizadas pelo pessoal do Museu.
Aqui queremos relatar as excursões que foram
de maior proveito para o enriquecimento das
collecções.
O sr. E. Garbe, depois de permanecer algum
tempo no Museu, de Janeiro a Março de 1910,
mezes estes em que reformou as collecções de
reptis e amphibios guardados em alcool, seguiu
— T2 —
em Marco, para Baurú e Jacutinga e ainda em
Abril se demorou na fazenda do sr. Wingers ;
em Maio permaneceu caçando na fazerda La-
geado em Santa Cruz do Lageado; em Junho,
passando por Avanhandava, foi à fazenda S.
ER ae na margem direita do rio Tiete; em
Julho proseguiu até Itapura, voltando só então
para: d Paulo. Em 23 de Agosto partiu cm
nova excursão, cabendo-lhe a taréta de explorar
a: região de Franca, e foi nos arredores dessa
cidade que elle se demorou até meiados de
Setembro ; seguiu então para Patrocinio de Sa-
pucahy onde permaneceu até fins de Outubro,
quando seguiu para Jaguaré em Minas; os mezes
de Novembro e Dezembro foram consagrados à
caçadas em diversas fazendas na Borda da Matta,
bem como os primeiros mezes do anno de 1911.
Em Março viajou por Ituverava, passando- se
dahi para Sete Lagoas, onde ficou até fins de
Maio, para caçar depois na matta virgem do
Rio Grande. Depois de breve estadia em 5.
Paulo, seguiu em Novembro para o Estado do
Rio de Janeiro, afim de pescar no rio Parahyba,
em Campos, S. João da Barra e Atafona; em
seguida occupou-se algum tempo com a pesca
na Lagoa Feia, e depois à beira-mar, perto de
Macahé. ee 1
Em 1912 seguiu o sr. Garbe novamente
para Porto Cachoeiro, onde aliás já estivéra em
1906, desta vez para procurar material mais
abundante de certas especies de summo Interesse.
Dahi seguiu para Pirapora, no Estado de Minas
Geraes, e, tomando esta localidade como centro
de suas excursões por toda a região, reuniu assim
ricas e interessantes collecções dessa fauna.
Os srs. Luederwaldt e Giotto Casadio esti-
veram em Julho de 1912 em S. Manuel, onde
foram buscar mudas de plantas indigenas para
o parque e o jardim do Museu. A região, ainda
poucos annos antes tão rica em boas mattas,
já hoje se acha grandemente transformada, es-
pecialmente pelas “derrubadas que se fizeram para
o plantio de extensos cafezaes.
Por occasião do eclipse em 10 de Outubro
de 1912, o sr. Luederwaldt foi enviado a Chris-
tina no Est. de Minas para escolher a locali-
dade mais apropriada como ponto de observa-
ção para uma commissão de astronomos do
Chile, chefiada pelo sr. dr. Ristenpart, que havia
pedido o nosso auxilio neste sentido. Por oc-
casiio do eclipse o director do Museu acom-
panhou essa commissão em seus trabalhos, e
por sua parte fez interessantes observações bio-
logicas durante o phenomeno; neste mesmo
volume dedicara algumas paginas ao assumpto.
Além disto o Museu lucrou ainda com esta
viagem, por ter ella offerecido opportunidade ao
dr. von Ihering para adquirir diversos especi-
mens de objectos domesticos usados ha algumas
gerações atraz, mas que em Minas Geraes ainda
são conservadas em uso, especialmente nas fa-
zendas mais afastadas. Assim mencionaremos
o «mancebo» columna de madeira com perfu-
rações nas quaes são fincadas as candeias ou lam-
padas primitivas de mecha, na qual qualquer
gordura serve de combustivel. Uma industria
singular, que egualmente constitua novidade
para nos, foram as panellas de steatite, que pode
ser trabalhada no torno como a madeira.
Tendo o sr. C. Schrottky, antigo funccio-
nario do Museu e hoje residente no Paraguay,
manifestado desejo de percorrer a região limi-
trophe daquella republica com o Estado do Pa-
raná, foi elle encarregado de colligir tambem.
para o Museu Paulista diversos mater aes da-
quella região ainda tão pouco explorada. De
facto os resultados corresponderam à nossa ex-
pectativa e obtivemos assim um grande numero
de insectos e especialmente de abelhas, que até
agora só eram conhecidos do Paraguay.
Serviços annexos. — Tanto o Monu-
mento do Ypiranga em que funcciona o Museu,
como o jardim eo parque botanico que o cir-
cundam, reclamaram constante attenção para a
sua boa conservação. O monumento, aliás edi-
ficio de construcção aprimorada, tem o seu ponto
fraco, o telhado. Anno por anno, tornou-se ne-
cessario proceder a reparos mais ou menos ex-
tensos para tomar as gotteiras. Nos ultimos tempos
era especialmente a parte que cobre as galerias
do andar superior, que mais deixava a desejar.
Agora, felizmente, depois de ter sido coberta to-
da esta parte com chapas de metal, parece que
o mal está sanado de vez. O edificio todo re-
clamava de ha tempos uma pintura geral; não
podendo ser feito agora todo esse serviço, foi
tentada, a titulo de experiencia, a pintura a oleo
nas partes mais sujeitas ao tempo.
O jardim tambem deixava muito a desejar
e, comquanto fosse ainda recente o seu acaba-
mento, por toda parte os trabalhos executados
reclamavam reparos, quer por terem sido mal
calculados, como no caso da canalização das aguas
pluviaes, quer porque durante a sua execução não
fora exercida a necessaria vigilancia. À vegetação
já agora da ao monumento o desejado “realce,
com os bosquetes bem desenvolvidos; os gram-
mados entretanto necessitam de reforma “ceral,
bem como os caminhos. Tornou-se necessaria
a construcção de barracões e estufas; a arca que
abrangem essas construcções é de cerca de 400 mq.
A velha casa que servia de moradia aos jardineiros
foi derrubada, sendo construida outra, pela Se-
cretaria das Obras publicas, a qual alem disto
ficou encarregada de varios outros trabalhos
menores.
No parque continuaram os trabalhos de plan-
tação de mudas de vegetaes da flora indigena.
Para a rotulação dos especimens bem classifica-
dos foram encommendados na Europa rotulos
de porcellana, com os dizeres impressos. Natu-
ralmente com os poucos meios que podem ser
consagrados a este parque botanico, ao mesmo
tempo mostruario e jardim de estudo da flora
do Brazil meridional, os trabalhos progridem
lentamente. Varias familias de plantas já estão
entretanto, optimamente representadas, como se-
jam as Filices, samambaias, palmeiras, taquáras
e em geral as bambusaccas, bromeliaceas, orchi-
deaceas, coniferos, as maranthaceas, melastoma-
ceas, bignoniaceas e varias outras familias.
De grande importancia para as investigações
biologicas do Museu foi no correr destes annos
a Estação Biologica do Alto da Serra, fundada
em 1909 pelo Dr. H. von Ihering. Foram co-
lhidas nas esplendidas mattas daquelle estabe-
lecimento as variadas e bellas plantas ornamen-
taes da secção florestal do jardim botanico do
Museu. O director entregou-se ahi a estudos re-
lativamente a formigas, coccidas, e des minho-
cas, entre as quaes duzs especies colossaes do
genero Glossoscolex ; estas attrahiram especial in-
teresse, visto que até agora nada se sabia da
vida das mesmas. O assistente do Museu tambem
fez ahi estudos de insectos, especialmente dos que
se desenvolvem na taquara. Dentre estes mere-
cem menção particular as lagartas de Myelobia,
as conhecidas mariposas que ahi em certos an-
nos se desenvolvem de modo extraordinario, e,
sendo depois attrahidas pela illuminação das ruas.
— ae
affuem em massas para a nossa capital, de for-
ma a se tornarem verdadeiras pragas, como acon-
teceu no verão dos annos de 1910 a 1911.
Este laboratorio do Museu foi visitado por
numerosos naturalistas, merecendo menção es-
pecial os Srs. Drs. Adolpho Ducke, do Museu
do Pará, José Marianno Filho, do Rio de Janeiro,
P. Dusen de Stokholme, H. Lohmann de Kiel,
M. Dukinfield Jones de Londres, John Willis
director do Jardim Botanico do Rio de Janeiro,
etc.
O Dr. H. von Ihering que se encarregou
particularmente do custeio do estabelecimento
durante estes 3 annos, -offereceu a Estação (de
presente ao Governo do Estado, que porèm não
# Acceitou.
Fazemos votos, entretanto, por que de qual-
quer forma ainda seja possivel manter e fazer
prosperar este estabelecimento de estudos, que
e a primeira Estação Biologica até agora creada
na America do Sul.
Erabalho scientifico. — Todo o traba-
lho scientifico do Museu continua a cargo do
director e de seu assistente, o custos. Como uni-
co auxilio na parte material das investigações
prestam-lhes cooperação o Sr. João L. Lima,
taxidermista, que adquiriu bons conhecimentos
d s mammiferos e das aves do Brazil, e o Sr. H.
Luederwaldt, preparador de entomologia, a quem
devemos a boa ordem da collecção scientifica
dos insectos e a observação da biologia de gran-
de numero de especies. O preparo do catalogo
das formigas do Brazil, trabalho insano e fasti-
dioso, de que:'se >encamegow o Dr. El. vom
Ihering, tambem foi grandemente auxiliado pelo
Sr. Luederwaldt. Ainda varos outros estudos
— 17 —
do director do Museu estão em elaboração, como
por exemplo sobre questões anatomicas dos
peixes da familia Scienidae, investigações zoogeo-
graphicas e biologicas, etc. De resto a lista das
respectivas publicações feitas até esta data, em
continuação à que foi communicada no relato-
rio do volume VIII desta revista, € a seguinte:
Publicações scientificas do dr. Hermann von lhering
1909. Nouvelles recherches sur la formation
magellanienne. Ann. Mus. Nac. Buenos-Aires.
vol. XIX, p. 27-43.
1910. Zur Kenntnis der suedamerikanischen
Heliciden. Abhdl. der Senckenbergischen Naturf.
Gesellschaft, Frankfurt a M., Bd. 32, p. 417-427
com estampa 28 e 4 figuras.
1910. Ueber brasilianische Najaden. Abhdlg.
d. Senckenbergischen Naturf. Gesellschaft, Frank-
rart 2 ML. Band 2, p).113-140; com: Est, 12:
1910. A questão dos indios do Brazil. Rev.
do Museu Paulista, vol. VIII, p. 1712-140.
1910. João Barbosa Rodrigues. Rev. Museu
Paulista; vol. VIH, p. 24-37
1910. Os Botocudos do Rio Doce. Revista
do Museu Paulista, vol. VIII p. 38-51 com es-
tampas II-VI.
1910. Description of two new species of Po-
tamolithus. The Nautilus. vol. XXIV. 1910, p. 15.
1910. Os mammiferos do Brazil I. Revista
do Museu Paulista, vol. VII 1911, p. 148-272.
1910. Systematik, Verbreitung und Geschichte
der suedamerikanischen Raubtiere. Arch. f. Na-
turgesch. 26. Jahrgang, 1910, D. 113-179
1911. Revista do Museu Paulista vol. VIII,
582 p. e VII estampas, (publicada a 15 de Maio).
en
a
Lo 4 ee
— ee
Toute Devastação e conservação das mattas.
Revista do Museu Paulista vol. VIII, p. 485-500
(Conferencia realisada a 25 de Dezembro de 1910
na Universidade Popular de Piracicaba).
1911. Os insectos nocivos da figueira. Cha-
caras ie © intaes vol. Ill n.92%p> o-1ideRem
allemão: «Ueber suedbrasilianiscre Schaedlinge
der Feige», Deutsche entomol. Nat. Bibliothek,
Jahre, Peine 20-21.
1911. As viagens de William John Burchell.
Rev. Mus. Paul., VIII. p. 482-484.
1911. Sur l'histoire des faunes terrestres des
forétes du Brésil. Compt. rend. Acad. d. Scien-
ces Parisien. 16, 16 detabul ip 1065 —o7-
1911. A patria das nuvens de gafanhotos.
Chacatas “e @usntaes, volaille nus. pere;
1911. Phylogenie der Honighienen. Zool.
Anzeiger. Bd: XXXVIII, Ausust 1911, ps 129-
186 con oT die.
1911. Die Umwandlungen des amerikanischen
Continents waehrend der Tertiaer-Zeit ; mit 1 Ta-
fel. Neues Jahrbuch fuer Mineralogie und Geo-
logie, Beilage Bd. 32, 1911,1p. 1342176) com
Est oy:
1912. Zur Biologie der brasilianischen Me-
liponiden, Zeitschrift f. wissenschaftliche Insek-
tenbiologie “VIN ror> feitor pr ere
p. 43-46.
1912. Biologie und Verbreitung der brasi-
lianischen Eciton Arten. Entomologische Mittei-
lungen Bd. I, Berlin p. 226-236.
1912. A ethnographia do Brazil meridional.
Actos del XVII Congresso internacional de Ame-
ricanistas, Buenos- Aires 1912, p. 256-264.
*
* *
O Sr. Rodolpho von Ihering, além dos es-
tudos z ologicos e de histologia que fez nos la-
boratorios de Vienna e Pariz, dedicou-se no
Museu ao estudo da systematica de varias fami-
lias, quer de vertebrados (cobras e peixes), quer
de insectos. Com relação a estes ultimos inves-
tigou questões biologicas referentes a diversas
especies prejudiciaes, sob ponto de vista econo
mico ; outro thema interessante tanto sob pouto
de vista biologico como histologico ao qual de-
dicou especial attenção foi o estudo das «tato-
ranas», as conhecidas lagartas urticanres das bor-
boletas Megalopygidas. Estavam ainda ao cargo
deste assistente do director os trabalhos de im-
pressão das nossas publicações, bem como o
atelier photographico.
Publicações scientificas do s”. Rodolpho von lhering
Na Revista do Museu Paulista vol. VIII.
Os Amphibios do Brazil, I, Gymnophiona (fig.
1-6) p. 89-11;
Fosseis de São José do Rio Preto (fig. 1-2)
P. 141-146; |
As cobras do Brazil (fig. 1-35), Pp. 273-379;
Álgumas especies novas de peixes d'agua doce,
p. 380-404;
Cobras e Amphibios das ilhotas de «Aguapé»,
P. 454-461 ;
Algumas especies novas de Vespas solitarias,
Pp. 462-475 ;
Em outras publicações scientificas :
As Moscas das fructas e sua destruição, 2."
edição correcta e augmentada, folheto de so pa-
ginas para distribuição gratuita pela Secretaria da
Agricultura do Est. de S. Paulo.
Numerosos artigos sobre varios assumptos mo-
mentosos, de biologia e historia natural applica-
da, em jornaes diarios e na revista agricola «Cha-
caras e Quintaes».
Trabalhos scientificos do sr. H. Luederwaldt
Beitrag zur Ornithologie des Campo ltatiaya.
Zoolog sche Jahrbuecher, Bd. XXVII, Heft 4,
1909, p. 329-360.
Insektenleben auf dem Campo Tiatiaya. Zeit-
schrift fuer wissenschaftl. Insektenbiologie, Bd,
XV 1910; He) up. 251-235.
Vergiftungserscheinungen durch Verletzung mit-
tels haariger oder dorniger Raupen. Zeitschrift
fuer wissensch. Insektenbiologie Bd. XV, 1910
Heft 11, p. 398-40T.
Zur Biologie xweier brasilianischer Bienen.
Zeitschrift fuer wissensch. Insektenbiologie, Bd.
XV. 1910, Hetf 8/9, p. 297-298.
Sphex striatus Sm. (Prionychus johannis Fabr.)
bei seinem Brutgeschaeft. Ztschrft. fuer wisse nsch.
Insektenbiologie, Bd. XV, 1910). Meith rae:
Elo:
Die Frasspuren von Cephaloleia deyrolh Bal.
Zeitschrift fuer wissenschaft. Insektenbiologie,
Bo. KM 19 ro; Eleit 2 dp. 51-63.
Contribuição scientifica do sr. Adolpho Hempel, do
Instituto Agronomico de Campinas, pu bii-
cada pelo Museu Paulista.
As coccidas do Brazil, Vol. IV dos «Catalo-
gos da Fauna Brazileira» editados pelo Museu
Paulista.
Não ha negar que nestes ultimos annos o
estudo das sciencias naturaes, acompanhando de
longe embora, o desenvolvimento intellectual
que se opera em todo o paiz, recebeu tambem
um impulso apreciavel, principalmente no que
diz respeito à sua applicação à medicina e à
agricultura.
Não é certamente só isto que aspiramos
nós outros, que cultivamos as sciencias naturaes.
Como qualquer ramo da biologia, a zoologia
requer um estudo exhaustivo, aprofundado em
todos os detalhes, quer sejam estes conhecimen-
tos directamente aproveitaveis pelas outras scien-
cias ou artes, quer não. Nem mesmo é possivel
prever em caso algum, que serviços nos possam
prestar taes noções; não raro muito indirecta-
mente uma observação acurada vem esclarecer
duvidas em se tratando de investigar problemas
às vezes muitissimo diversos na apparencia.
E” muito natural, entretanto, que agora, ao
se Iniciar uma nova phase de estudos biclogi-
cos, sejam elucidados de preferencia os proble-
mas mais momentosos, estudos estes indispen-
saveis para que se possa encontrar os remedios
para grandes males ou molestias tanto do ho-
mem como dos animaes ou das plantas.
Uma vez encaminhados nestes estudos, mui-
tos investigadores, incidentemente talvez, serão
levados mais tarde a extender o seu campo de
acção em zoologia, vindo assim auxiliar-nos na
taréfa da investigação systematica e ecologica
da fauna do nosso paiz. Emquanto que no Pará
o Museu Goeldi num estorço isolado trabalha
pelo estudo da fauna e flora da região amazo-
nica, no Rio de Janeiro e em São Paulo os
museus de historia natural são secundados nesta
taréfa por varios outros institutos, especialmente
de medicina ou hygiene e de agricultura, nos
quaes investigadores conspicuos produzem traba-
lhos utilissimos á zoologia pura. «Exempla sunt
odiosa», mas não podemos resistir ao desejo de
salientar os Institutos «Oswaldo Cruz» em Man-
guinhos e o Agronomico de S. Paulo em Cam-
pinas. E si a estes nos referimos em especial
aqui, é porque são esses dous estabelecimentos
que mais frequentemente nos enviam especimens
para a respectiva classificação. Outras consultas
nos foram dirigidas ainda por varios institutos,
como o Serumtherapico do Butantan e o Insti-
tuto Pasteur de S. Paulo, a Escola Agricola de
Piracicaba, etc.
De entre os particulares com os quaes aqui
no paiz possamos manter relações de permuta,
bem poucos ha e estes, quasi todos são colle-
ccionadores de borboletas. Mencionaremos a este
respeito os distinctos cavalheiros Srs. E. May e
Julius Arp, ambos do Rio de Janeiro, com os
quaes temos permutado com bom proveito para
as nossas collecções. E’ muito natural que taes
amadores escolham de preferencia um grupo de
animaes attrahentes pela belleza das cores e ele-
gancia das formas; deste modo tambem são os
lepidopteros diurnos um dos grupos mais bem
estudados da nossa fauna. Fazemos votos, porém,
para que successivamente se va despertando en-
tre esses nossos auxiliares amadores, o gosto
pela collecção de outros insectos, talvez me-
nos lindos, mas egualmente attrahentes, princi-
palmente pelo interesse que desperta o estudo
da sua ecologia.
Lista das offertas recebidas pelo Museu Paulista
Dr. José Marianno Filo (Rio de Janeiro),
varios insectos, especialmente abelhas;
Bel Fausto Lex (Barretos), — peixes raros,
diversos insectos e fructos de palmeiras e Ma-
racujá gigante (Passiflora macrocarpa) ;
Fr. Civatli (Rio das Pedras) — 3 especies
de palmeiras para o jardim botanico;
Jeronymo Franco (Boa Esperança) — cedulas
antigas para a coll. numismatica ;
— 23 —
Nicolau Soares (Uberaba) — idem ;
Benedicto Cabral (S. Paulo) — idem ;
Adolpho Ducke (Pará) — duas boeboletas ra-
ras (Morpho hecuba) ;
Prof. Chr. Enslen (54 Lomrenços Est: Rio
Grande do Sul) — uma pequena collecç Eção; de
borboletas e Phasmidas ;
C. Schrottky (Puerto Bertoni, Paraguay) —
varios mammiferos raros e uma collecção de
conchas ;
Antonio Chrispiniano B. Freire (S. Roque) —
Columnas e florão de uma antiga igreja dos Je-
Sumas de 54. Roque”
Maurilio de Carvalho (Baurú) — 3 conchas
do Pará (Strombus goliath) e estrellas do mar.
‘Dr. Hermann von Ihering — 4 grandes pal-
meiras «Butiã» e 4 Agaves para o jardim do
Museu;
Fr. Mayntzhusen (AI to Paraná, Paraguay)—
uma valiosa collecção de objectos ethnographi-
cos dos indios Guayaquis;
A. Wachsmund (Cascata) — varios especimens
para o herbario e diversos animaes;
Ernesto Garbe (S. Paulo) — uma grande e
valiosa collecção de borboletas em cerca de 400
exemplares ;
José Puga (Ituverava) — um coleoptero Me-
gasoma ;
Por intermedio da redacção do «Estado de
S. Paulo» — 2 peixes fosseis da Serra do Ara-
ripe, Ceará (Belonostomus comptoni e Rhaco-
lespis buccalis);
Conde de Prates (S. Paulo) — 14 aves em-
palhadas ;
Dr. Simões da Silva (Rio de Janeiro) — um
sombreiro dos indios quechuas de Cuzco, Perú;
Dr. Bueno de Miranda (S. Paulo) — casulo
de Trichoptero ;
— 24 —
Dr. Alfredo Monteiro (Poços de Caldas) —
pequenos mammiferos (Chironectes):
Irmãos Dell’ Antonio (Pilar) — uma ave,
«Suindara» (Strix flammea perlata) ;
Dr. Hugo Luedecke (Museu de Porto Alegre)
— varios insectos ;
Instituto Pasteur (S. Paulo) — reptis, amphi-
bios e um bugio (Alouata fusca) ;
João Lindenberg (Minas Geraes) — duas lar-
vas gigantescas de besouro (Megasoma) ;
A. H. Schwarz aa R.' Gr do
aves e biologia de
Sul)
es Haras :
Jardim Publico da Capital de S. ‘Paulo —
varios animaes mortos dos viveiros e um gua-
ra (Canis jubatus);
E. Gounelle (Paris) — varios Cerambycidas
do. Brazil :
Dr. Walter Horn (Berlim) — 30 especies de
besouros da fam. Cicindelidae, em 64 exem-
plares;
Deutsche Tiej-See Expedition 1898-99 —
(Allemanha) — varios insectos ;
Zoologisches Institut der Universitaet Leipzig
— uma pequena collecção de vermes ;
Dr. E. Lynch Arribalzaga (Argentina) — col-
lecção de gafanhotos argentinos.
NEGROLOGIO
Dr. Eugenio Hussak
POR
HERMANN VON IHERING
Já uma vez consagramos nesta Revista (vol. II,
1897, p. 17 ss.) um artigo biographico a um dos
poucos naturalistas que entre nds se têm dedicado
a estudos mineralogicos. Era admiravel a pacien-
cia, a perseverança e devoção com que Henrique
Bauer, em pleno sertão, longe dos centros da scien-
cia soube proseguir nos seus estudos e analyses.
Bem differente é o caso de Eugenio Hussak,
cuja perda hoje lamentamos. Scientista de carreira,
formado em universidades da Austria e Allemanha,
tambem aqui no Brazil viveu sempre em contacto
com collegas de alta competencia, tendo à mão não
só sua rica collecçäo particular como ainda as dos
estabelecimentos scientificos aos quaes dedicou suas
forças e onde dispunha dos recessarios instrumentos
opticos, bem como installação completa para analy-
ses chimicas e a respectiva bibliotheca. Un natu-
ralista de tão alta competencia, em circumstancias tão
favoraveis, naturalmente devia occupar lugar saliente
no serviço da exploração scientifica do paiz e po-
demos dizer que era geral a confiança nas suas clas-
sificações e que são tão numerosas como são valiosas
as suas investigações sobre a petrographia do Brazil.
Logo o seu primeiro trabalho no Estado de S. Paulo
tratando dos «augito-porphyrites do Paranápanema»
foi de alta importancia pratica, demonstrando a ori-
o Gare
2
gem da «terra rôxa», que é apenas o producto da
decomposição dos referidos mineraes.
Emprehendendo esboçar aqui a vida e a obra
scientifica de um fallecido amigo e collega, desejo
em primeiro lugar patentear vu profundo pezar que
os antigos companheiros do eminente scientista sen-
tem por sua perda, e particularmente os que na
Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo e
no Museu Paulista acompanharam de perto a sua
grande actividade scientifica. O Museu do Estado,
de conformidade com as boas rel:ções que o ligam
áquella Commissäo, da qual antigamente fez parte,
conserva em grata recordação a memoria do sau-
doso companheiro de trabalho, ao qual além disto
deve o obsequioso auxilio, prestado por numerosas
informações sobre questões da sua especialidade.
Deu-se mesmo o caso de uma interessante col-
laboração entre elle e quem escreve estas linhas.
Em 1903 appareceu em S. Paulo o sr. Christovam
Barretto, de Amargosa, no Estado da Bahia, trazendo
uma interessante collecçäo archeologica, que ao
mesmo tempo envolvia a solução de um curioso pro-
blema mineralogico que desde logo attrahiu a atten-
ção não só do pessoal scientifico do Museu como
ainda dos srs drs. Hussak, Derby: e rlorence da
Commissäo Geographica. Sobre esta collecção, que
foi adquirida pelo Museu do Estado, publiquei em
1904 dous estudos, um no vol. VI desta Revista,
p. 990-597 e outro no Relatorio do Congresso dos
Americanistas, XVI Sessão em Stuttgart, Agosto
1904, p. 507-515, que inclue o parecer do dr. Hussak
sobre a constituição mineralogica do blóce bruto de
nephrite que Christovam Barreto nos havia trazido
de Amargosa. (Com este estudo ficou provada a
occurrencia natural de nephrite no Brazil, cahindo
assim a theoria de Barbosa Rodrigues, segundo a
qual os artefactos indigenas de nephrite encontrados
no Brazil teriam sido importados da Asia. O dr.
Hussak voltou ao assumpto em outro estudo publi-
cado em 1904 nos Annaes do Imperial Museu de
Vienna (op. 5d).
No seguinte esboço da vida e da obra scienti-
fica de E. Hussak sigo o artigo que meu distincto
amigo dr. Miguel Arrojado Lisbôa publicou no Jor-
nal do Commercio do Rio de Janeiro de 7 de Ou-
tubro de 1911; eu me teria limitado a reproduzil-o,
se os motivos acima indicados e o ensejo de com-
pletar os dados biographicos não me tivessem obri-
gado a uma collaboração.
As informações seguintes sobre a vida e os
trabalhos de Hussak são, pois, essencialmente, da
lavra do dr. M. Arrojado Lisbôa, que como um dos
melhores conhecedores da geclogia do Brazil se pro-
nuncia com a competencia que neste ramo da scien-
cia me falta. Não cbstante, em muitos pontos o
juizo emittido coincide quasi textualmente com o que
eu disséra no necrologio que dediquei no Estado de
São Paulo de 14 de Setembro de 1911 ao pran-
teado scientista. Accrescentei ainda algumas infor-
mações que devo à gentileza da exa. sra. d. Her-
minia Hussak, viuva do illustre morto.
«Quasi despercebida passou entre nôs a noticia do
fallecimento do professor Eugenio Hussak, a 5 de
Setembro, em um pequeno hotel da cidade de Caldas.
O importante papel que representou no desen-
volvimento da sciencia mineralogica e petrographica
neste paiz, a sua nomeada entre os mestres consu-
mados da sua especialidade e a sua consideravel ba-
gagem scientifica exigem maior divulgação da sua
vida e dos seus trabalhos.
Francisco Eugenio Hussak nasceu em Wilden,
em 10 de Março de 1858. Foram seus paes o ad-
vogado John Hussak e Thereza von Wagner. Ca-
sou-se em S. Paulo com d. Herminia Hennies, de
quem hcuve dous filhos, ainda menores.
Foi collegial do Gymnasio de Gratz, cuja Uni-
versidade cursou. Passou-se a Leipzig, completando
ahi os seus estudos de sciencias naturaes. Mas, foi
voltando a Gratz que recebeu o grão de doutor em
philosophia.
Em Leipzig encontrou-se com o grande Fre-
derico Zirkel e delle foi amado discipulo.
en Fe
Zirkel, allemão, foi um dos fundadores, é sa-
bido, da moderna sciencia que recebeu o nome de
petrographia. Sorby, inglez, mostrára, em 58, que
as rochas podiam ser reduzidas a placas delgadas,
de centesimos de millimetros de espessura. Ficära
assim assignalada a diminuição da importancia dos
caracteres morphologicos dos materiaes para a sua
determinação : Sorby demonstrara a importancia da
microscopia no estudo dos mineraes e das rochas.
Com Zirkel, em Leipzig, iniciou-se Hussak no
estudo microscopico dos mineraes e das rochas e
delle receben certamente um grande influxo, muito
maior do que o de Doelter, de quem foi assistente
em Gratz. Daquelle mestre fallou sempre com ca-
rinho e respeito pela sua auctoridade.
Graduado, passou-se a Vienna d’Austriae, ahi,
ouviu as lições de Tschermak. Serviu tres annos
no Real Instituto Geologico. Preparou em Vienna
o seu livro, impresso em Leipzig, em 85: «Anleitung
zum Bastimman der gesteinbildenden Mineralien».
Foi essa obra divulgada e traduzida em outros paizes.
A edição norte-americana appareceu em 93, vertida
pelo professor E. G. Smith, de Wisconsin.
A esse tempo, pelo apparecimento da edição de
Leipzig, em 85, estava firmada a sua reputação
mundial como petrographo e mineralogista.
Foi então chamado por Laspeyres à Allemanha.
Como seu assistente esteve primeiro em Kiel e de-
pois em Bonn.
Esteve na Allemanha até 87. A sua bibliogra-
phia de 76 a essa data, conta 21 numeros. Teve
a rara fortuna de publicar, com o mesmo successo,
livros para mestres e para principiantes: o seu «Ka-
techismus der Mineralogie» foi um livrinho escolar
que em 96 contava cinco edições allemãs.
Nas Universidades e museus da Allemanha e
da Austria examinara Eugenio Hussak algumas col-
lecções brazileiras, de rochas e mineraes que, en-
costadas, aguardavam classificação. Em Vienna vira
as de Helmreichen, em Bonn as de Krantz, em
Berlim examinéra uma velha collecção do Rio Grande
do Sul. Em tudo vira grandes novidades. O Bra-
zil seria a sua terra promettida. Hussak jamais
gostou de esgravatar onde outros haviam trabalha-
do. Não se aprazia em emendar e corrigir aos
outros. Procurava sempre campos virgens de ob-
servação. A sua resolução estava tomada. Iria ao
Brazil. Seria questão de opportunidade.
O acaso fel-o encontrar-se, em Bonn, com um
discipulo brazileiro, Jordano Machado. Alexandre
Brodowsky enviára de Callas, dos tuneis da Mo-
gyana, uma variada collecçäo de rochas nephelini-
cas, que o discipulo brazileiro escolhera para a sua
these. Hussak acompanhou com esmero a elabo-
ração e redacção do trabalho. Pelo seu microsco-
pio, passaram, uma a uma, as delgadas laminas dos
preparados. Tudo investigou e esmiuçou. A these
de Jordano Machado foi uma estréa brilhante. Não
teve sequencia; o petrographo estréante trocou o
microscopio pela lavoura de café,
Abandonou então Eugenio Hussak o seu logar
de professor na Universidade e entregou-se à sorte
de uma viagem com o seu discipulo; este, de uma
feita, diante o enthusiasmo do mestre pela terra
brazileira, confirmou as tradições hospitaleiras da
sua patria, offerecendo-lhe por algum tempo, morada
na fazenda de seu velho pae.
De provações foram os primeiros tempos. Na
velha fazenda não havia realmente occupação para
um mineralogista... Labutar de dia na lavoura, à
noute, ao descanso, desvendar os segredos da terra,
eis uma perspectiva... Mas faltava-lhe o apparelha-
mento. Nem microscopio, nem placas, nem o seu
indispensavel laboratorio. Foram mezes de deses-
pero. Havia que voltar à Allemanha. Faltavam-
lhes recursos...
Encontrou no Paço Imperial, solução provisoria
para a sua vida.
Ao Imperador disse alguem que o mineralo-
gista, que Rosenbusch recommendava em elogiosa
carta, estava aqui desoccupado. Passou então a dar
prelecções a D. Pedro de Saxe. Um incidente per-
turbou, logo, o curso das lições. O discipulo quiz
caminhar com muita presteza... D. Pedro de Saxe
desejou logo iniciar os seus estudos com a publi-
cação de trabalhos originaes... O professor austriaco
disse-lhe, muito fleugmaticamente, que ainda era
cedo. Primeiro aprende-se e só depois é que se
ensina... O Principe deu-se por offendido. O pro-
fessor insistiu. A scena acabou por um gesto im-
perativo... O professor tomou o caminho da porta,
silencioso, humilhado, mas, inabalavel, a resmungar :
«Primeiro aprende-se, depois é que se ensina»...
Foi esta scena um prenuncio da fatal molestia que
victimou o Principe discipulo...
Hussak estava hospedado no velho hotel Be-
resford, alli mesmo, em frente ao Paço, em Petro-
polis. Foi arrumar a sua mala. Nesse mesmo dia
queria deixar a cidade serrana. Foi um homem
muito simples e nas crises da vida foi às vezes
criança. Ao hoteleiro, contou, com simplicidade, a
scena que o humilhára e as suas difficuldades finan-
eciras. Este era philosopho e sagaz. Consoleu o
professor e não o deixou partir...
Pela manhã seguinte, à porta de Hussak batia
com empenho o dr. Stoltz. Ia a mandado de D. Pe-
dro Il, o Imperador magnanimo. Este pedia ao
professor que fosse à sua presença. ussak com-
pareceu logo, perfilado e reverente, como sabe sel-o
um austriaco diante a Majestade Imperial. A satis-
facção que. ao professor, não daria o Principe, pre-
sente, deu-a com singeleza e carinho Sua Majesta-
de... E as lições ainda continuaram por algum
tempo, pouco tempo, é verdade...
Foi Orville A. Derby, quem assegurou ao pe-
trographo a sua adequada posição, na Commissäo
Geographica e Geologica de S. Paulo.
Foram vinte annos de brilho para a sciencia
petrographica no Brazil.»
Por numerosas viagens, o dr. Hussak familia-
risou-se com grande parte do Brazil central e me-
ridional. As suas primeiras excursões dirigiam-se
ao valle do rio Ribeira e ao Estado de Parana.
Como geologo do Planalto Central do Brazil tomou
parte na exploração scientifica de parte do Estado
de Goyaz, em 1892. Nesta viagem foi atacado da
traiçoeira doença de beri-beri, restabelecendo-se
completamente graças a uma viagem à Europa.
Entregando-se mais tarde à exploração geologica
do Estado da Bahia e especialmente do rio São
Francisco, de novo o scientista foi atacado tão for-
temente da mesma doença, que os transatlanticos
se recusaram recebel-o para nova viagem à Europa.
Por meio de telegramma ao director de uma das
linhas de vapores, sr. Ballin, conseguiu o dr. Derby
que afinal o dr. Hussak pndesse embarcar com rumo
à Rotterdam. Depois dum tratamento que se ex-
tendeu por dous mezes no hospital da universidade
de Bonn, seguiu como reconvalescente para Meran.
Não obstante os conselhos dos medicos, resolveu,
depois de uma estadia de 8 mezes na Europa, voltar
ao Brazil, onde reassumiu o seu cargo no Estado
da São Paulo. D'aqui seguiu ainda ao Estado de
Espirito Santo e em 1902 ao Estado de Minas,
onde em Diamantina se deu ao estudo do minerio
primitivo dos diamantes, extendendo as suas excur-
sões até ao rio Jequitinhonha.
Nos annos de 1903 e 1904 emprehendeu se-
gunda viagem ao Eslado de Minas em companhia
do engenheiro dr. Miguel Arrojado Lisboa, com a
intenção de explorar as jazidas de platina e palladiura.
No anno de 1908 acceitou o chamado do Go-
verno Federal e desde aquelle tempo trabalhou no
Serviço Geologico Nacional no Rio de Janeiro. In-
felizmente a paralysia das extremidades inferiores
tornou a molestal-o, atacando tambem o systema
nervoso central. Nova viagem à Europa não deu
o resultado desejado e debalde aqui procurou allivio
nos banhos de Caldas, onde em 7 de setembro de
1911 falleceu.
A sua beila colleeção mineralogica bem como
a sua bibliotheca foram adquiridas pelo Governo
Federal, que as entregou ao Serviço Geologico.
Graças à gentileza da sua viuva, d. Herminia Hus-
sak, a bibliotheca do Museu Paulista tambem rece-
beu uma rica série de publicações do pranteado
collega.
«EK’ notavel a obra de Eugenio Hussak. A sim-
ples inspecção da sua bibliographia deixa patente a
originalidade da sua producção. Favoreceu-lhe nisso
tambem a natureza inexplorada do nosso paiz. Os
seus trabalhos são, em regra, novas conquistas da
sclencia.
A mineralogia e a petrographia eram sciencia
muito pouco cultivada entre nós. Ella se implan-
tara aqui, com Gorceix, na Escola de Minas de
Ouro Preto, mas, quando o professor austriaco che-
gou a S. Paulo, realmente, ella não tinha, no paiz,
cultor apparelhado con os detalhes da technica
então moderna. na Europa.
Em São Paulo, o acaso, diga-se, reuniu um
geologo, um mineralogista petrographo e um chi-
mico, todos emeritos nas suas sciencias. Taes eram
Derby, Hussak e Florence. Tiveram de fazer tra-
balho commum, com harmonia de vistas, e valeram-
se mutuamente dos recursos das suas sciencias. Para
solver os novos problemas tiveram de crear uma
nova technica. Isoladamente nenhum delles teria
produzido a sua obra, porque se não teria creado
essa nova technica.
A decomposição das rochas obrigou o geologo
a estudal-as nos residuos da bateia, processo iniciado
por John Gordon; nos mesmos residuos poude o
mineralogista encontrar com facilidade reunidos os
minusculos mineraes que estud: u, e o chimico teve
necessidade de desenvolver a observação das reacções
micro-chimicas nas perolas para o maçarico.
Desse trabalho commum, e de aptidões espe-
ciaes, resultou o surto brilhante das sciencias geo-
logica, mineralogica e micro-chimica em S. Paulo.
U seu progresso não tem agora sequencia.
De Eugenio Hussak, póde dizer-se, foram todos
os seus trabalhos contribuições a sciencia.
Descobriu, estudou e descreveu grande numero
de mineraes novos: Brasilita, Lewisita, Zirkelita,
Tripuhyta, Derbilita, Senaita, Florencita, Chalmer-
sita, Gorceixita.
Ao Brazil, pagou o seu tributo de gratidão
denominando brasilita o primeiro mineral novo que
descobriu. Na moderna nomenclatura mineralogica
fez figurar o nome de seus mestres, dos seus ccm-
panheiros de trabalho: prestou homenagem a Chal-
mers, o maior emprehendedor da mineração pro-
funda no Brazil, e à Escola de Minas, na pessoa
de Costa Senna. Foi, pois, reconhecido e até mes-
mo gentil...
Continuando o estudo iniciado por Derby, o
mesmo desenvolvido na these de Jordano, deu con-
sideravel impulso à petrographia das rochas ne-
phelinicas e, de um modo geral, à das rochas eru-
ptivas brazileiras. Pelo seu microscopio passaram,
póde dizer-se, todas as rochas modernamente clas-
sificadas, estudadas ou descriptas, de proveniencia
brazileira.
Tambem teve Hussak a sua obra anonyma,
tanto nos trabalhos de discipulos como nos escriptos
de profissionaes.
Assignalou diversas substancias mineraes de
valor economico : oxido de zirconeo em Caldas, pla-
tina em Minas, carbonados e diamantes em S. Paulo,
corindon, aqui e no Uruguay, cassiterita, monazita,
e tantas, tantas outras,
Para o estudo das jazidas mineraes deixou duas
contribuições verdadeiramente notaveis, acolhidas
com elevado interesse no meio scientifico europeu.
Foram os estudos sobre a formação aurifera da
Passagem e sobre a occorrencia do palladio e da
platina no Brazil. Ao emprehender este ultimo.
assignalou aos mestres russos, que lhe enviavam
amostras do Ural, novidades de observação que lá
haviam passado despercebidas.
Emprehendeu um estudo systematico dos mi.
neraes pesados, dos cascalhos diamantiferos, desen-
volvendc consideravelmente esse trabalho que fora
iniciado por H. Gorceix. Sobre esse assumpto deixa
valiosa producção inédita.
Ha anzos começãra a escrever uma mineralo-
gia do Brazil. Da somma consideravel de trabalho
original que publicou sobre o assumpto, das innu-
meras observações inéditas que para essa obra guar-
déra, da habilidade que mostrou escrevendo livros
didacticos póde-se prevêr, esse seu novo volume
encerraria a synthese de toda a sua obra minera-
logista. A sua morte, ainda por isso, deve ser
sinceramente lamentada.
Foi um profundo mineralogista. Não foi geo-
logo feliz.
Deixou sinceros amigos; discipulos: no Brazil
ou brazileiros, não deixou um so... Assim, ainda
mais lamentavel foi a sua perda...
A sua producção scientifica foi muito superior
à cultura do nosso meio especializado. Por isso as
futuras gerações brazileiras encontrarão na sua obra
ainda maior encanto...
Possa o paiz dar a sua vaga, no Serviço Mi-
neralogico, a um digno substituto.
A bibliographia completa de Eugenio Hussak
mostrará como à competencia alliava grande acti-
vidade.»
NACHRUF
Lecce end
Dr, Eugen Hussak
VON
Dr. HERMANN VON IHERING
(Mit Bildniss)
Bereits einmal widmete diese Zeitschrift, (Band
It, 1897. =. 17 ff,) einen biographischen Artikel
einem der wenigen Naturforscher, welche sich un-
ter uns mit dem Studium der Mineralogie beschäftig-
ten. Bewundernswert war die Geduld, Ausdauer und
Hingabe, womit Heinrich Bauer, abseits von den
Zentren der Wissenschaft, im Hinterland (sertão)
seinen Studien und Untersuchungen zu obliegen
verstand.
Sehr verschieden davon spielte sich das Le-
ben Eugen Hussaks ab, dessen Verlust wir heute
beklagen. Er, der Naturforscher von Beruf, war
ausgebildet auf den Universitaeten Oesterreichs und
Deutschlands, lebte auch hier in Brasilien stets in
Fuehlung mit Collegen von anerkannter Autoritaet,
verfuegte ueber eine eigene, reiche Sammlung und
diejenigen der wissenschaftlichen Institute, denen er
seine Kraft widmete und wo auch die notwendigen
optischen Instrumente sowie ein vollstaendiges La-
boratorium fuer chemische Analysen und eine ent-
sprechende Bibliothek nicht fehlten. Ein Naturfor-
scher von so hoher Befaehigung musste natuerlich
unter so guenstigen Umstaenden einen hervorra-
genden Platz im wissenschaftlichen Entdeckungs-
Dienst des Landes einnehmen und wir koennen sagen,
dass sich seine Bestimmungen allgemeinen Vertrau-
ens erfreuten, wie ueberhaupt seine Studien ueber
die Steinkunde Brasiliens ebenso zahlreich wie wert-
voll sind. Schon seine erste Arbeit im Staate São
Paulo ueber die «Augit-porphyrite des Paranapane-
ma» war von grossem, praktischem Werte, indem sie
den Ursprung der «Roten Erde» nachwies, die nur
ein Zersetzungs-Produkt der bezueglichen Minerale ist.
Wenn ich hier das Leben und wissenschaftli-
che Werk des verstorbenen Freundes und Collegen
skizziere, so wuensche ich in erster Lienie den tie-
fen Schmerz zum Ausdruck zu bringen, den die
chemaligen Collegen des eminenten Gelehrten ueber
seinen Verlust empfinden, insbesondere diejenigen,
welche in der Commissio Gecgraphico-Geologica
und im Museu Paulista seine grosse wissenschaftli-
che Wirksamkeit in der Naehe zu begleiten Gele-
genheit hatten.
Das Staatsmuseum bewahrt schon gemaess der
guten Beziehungen, die es mit der genannten Com-
missão, deren Unterabteilung es frueher war, un-
terhaelt, ihrem lieben Mitarbeiter ein dankbares
Andenken, zumal es sich ihm noch ueberdies fuer
die Erteilung zahlreicher Informationen verpflichtet
fuehlt. Trat doch sogar der Fall einer interessanten
Zusammenarbeit des Verblichenen mit dem Direktor
des Museums ein. Im Jahre 1903 erschien naem-
lich hier der Herr Christovam Barreto aus Amar-
gosa im Staate Bahia mit einer sehr interessanten
archaeologischen Sammlung, welche zugleich die
Loesung eines curiosen mineralogischen Problemes
in sich schloss, eines Problemes, das ausser dem
wissenschaftlichen Stab des Museums auch die Auf-
merksamkeit der Herren Dr. Hussak, Derby und
Florence von der Commissão Geographica auf sich
gezogen hatte. Ueber diese Sammlung, welche das
Museum erwarb, veroeffentlichte ieh im Jahre 1904
zwei Studien, und zwar eine im VI. Bd. unserer
Revista, p. 000-07 und eine andere in dem «Be-
richt des Amerikanisten-Congresses, 14. Tagung, in
Stuttgart, im August 1904, p. 507-515. In letzte-
rem Essai hat auch das Gutachten Dr. Hussaks
ueber die mineralogische Beschreibung des rohen
Nephritblockes Platz gefunden, den uns Christovam
Barreto aus Amargosa gebracht hat. Durch diese
Arbeit wurde das natuerliche Vorkommen des Ne-
phrites in Brasilien dargetan. Damit fiel aber die
Theorie von Barboza Rodrigues, wonach die in
Brasilien gefundenen Kunstprodukte von Nephrit
aus Asien importiert worden seien.
Im folgenden Abriss des Lebens und wissen-
schaftlichen Wirkens von E. Hussak folge ich in
der Hauptsache dem Artikel, den mein verehrter
Freund Dr. Miguel Arrojado Lisboa am 7. Oktober
1911 im «Jornal do Commercio» von Rio de Ja-
neiro veroeffentlichte und auf dessen Wiedergabe
ich mich beschraenkt haben wuerde, haetten nicht
die oben angefuehrten Gruenae und der Wunsch,
die dort gemachten Angaben zu vervollstaendigen,
mich zu einer Mitarbeit bestimmt.
Die folgenden Angaben ueber das Leben und
die Arbeiten Hussaks stammen also hauptsaechlich
aus der Feder Dr. Miguel Arrojado Lisbôa, der
als einer der besten Kenner der Geologie Brasiliens
sich mit dem Sachverstaendniss ausspricht, das mir -
in diesem Zweige der Wissenschaft abgeht und
dessen, Urteil trotzdem es in den meisten Punkten
fast woertlich mit dem Nekrolog uebereinstimmt,
den ich im «Estado de São Paulo» am 14. Sep-
tember 1911 dem dahingeschiedenen Naturforscher
gewidmet hatte. Ausserdem fuege ich noch einige
weitere Daten ein, welche ich der Liebenswuerdig-
keit der Frau Hermine Hussak, der Witwe un-
seres ausgezeichneten Freundes, verdanke.
«Fast unbeachtet circulierte unter uns die Notiz
vom Tode des Professors Eugen Hussak, der am 5.
September 1911 in einem kleinem Hotel der Stadt
Caldas verschied. Die wichtige Rolle, welche der
Verstorbene in der Entwicklung der Mineralogre
und Gesteinskunde dieses Landes spielte, sein guter
Name unter den anerkannten Meistern seines Faches,
und seine ansehnlichen wissenschaftlichen Samm -
= 3 Rees
_lungen verdienen eine ausgedehntere Bekanntschaft
mit seinem Leben und seinen Werken.
Franz Eugen Hussak wurde in Wilden am 10.
Maerz 1858 geboren. Seine Eltern waren der
Rechtsanwalt Johann Hussak und Therese von Wa-
ener. Er verheiratete sich in Sao Paulo mit Frau-
lein Hermina Hennies, die zwei, noch minderjäh-
rigen Sohnen das Leben schenkte.
Er besuchte das Gymnasium und die Univer-
sitaet zu Gratz. Zur Vervollstaendigung seiner
naturwissenschaftlichen Studien siedelte er nach Leip-
zig ueber. Er kehrte aber nach Gratz zurück, wo
er zum Doctor der Philosophie promoviert wurde.
In Leipzig machte er die Bekanntschaft des
beruehmten Friedrich Zirkel, dessen Lieblingsschii-
ler er wurde. Zirkel, ein Deutscher, war be-
kanntlich einer der Begriinder der neuen Wissen-
schaft, die den Namen Petrographie traegt. Der Eng-
laender Sorby hatte 1858 gezeigt, dass man Steine
zu feinen Plaettchen von hundertstel Millimetern
reduzieren kann. Damit war eine bedeutende Ent-
wertung der morphologischen Charaktere der Mi-
nerale fuer deren Bestimmung gegeben: Sorby be:
wies damit die Wichtigkeit des Mikroskopes fuer
die Mineralogie und Steinkunde. Bei Zirkel in Leip-
zig wurde Hussak in das mikroskopische Siudium
der Minerale und Gesteine eingefuehrt und von
jenem Gelehrten wurde er sicherlich sehr beein-
flusst, mehr als von Doelter, dessen Assistent er
in Gratz war. Von jenem Lehrer sprach er denn
auch immer mit Liebe und mit Achtung vor seiner
Autoritaet.
Nach seiner Promotion ging er nach Wien,
wo er die Vorlesungen von Tschermak hórte. Er
arbeitete hier drei Jahre in der Koeniglichen Geo-
logischen Reichsanstalt.
In Wien machte er auch sein Buch: Anleitung
zum Bestimmen der gesteinbildenden Mineralien»
druckbereit, das im Jahre 1885 in Leipzig ge-
druckt wurde. Dieses Werk fand auch in anderen
Laendern Verbreitung und Uebersetzungen. So er-
schien eine nord-amerikanische Uebersetzung 1898,
welche von Professor E. G. Smith aus Wisconsin
herriihrte.
In jener Zeit begruendete das Erscheinen seines
im Jaher 1885 zu Leipzig verdffentlichten Werkes
seinen Weltruf als Petrograph und Mineralog. Da-
mals berief ihn Laspeyres nach Deutschland, wo er
als dessen Assistent zuerst in Kiel, dann in Bonn
wirkte. Sein Aufenthalt in Deutschland waehrte bis
zum Jahre 1887. Von se nen 66 Veroeffentlichungen
erschienen in dieser Periode 21. Er hatte das sel-
tene Geschick, mit dem gleichen Erfolge Buecher
fuer Lehrer wie fiir Schueler zu veroeffentlichen :
sein «Katechismus der Mineralogie» ist ein Schul-
buch, das schon im Jahre 1896 in Deutschland 5
Auflagen erlebte.
An den Universitaeten und in den Museen
Deutschlands und Oesterreichs untersuchte Eugen
Hussak einige Sammlungen von Steinen und Mine-
ralien aus Brasilien, die dort aufbewahrt wurden
und ihrer Bestimmung harrten. So sah erin Wien
die Sammlungen Helmreichens, in Bonn die von
Krantz, in Berlin pruefte er eine alte Collection von
Rio Grande do Sul. Ueberall sah er viel Neues ;
Brasilien erschien ihm so als sein gelobtes Land.
Hussak liebte es naemlich nicht, da herumzustoe-
bern, wo andere schon gearbeitet hatten. Er ver-
schmaehtes, andere zu ergaenzen und zu verbessern.
Er suchte immer ein unbebautes Feld der Beobach-
tung. Sein Entschluss stand darum fest; Er werde
nach Brasilien gehen, wann, das haenge von der
guenstigen Gelegenheit ab.
In Bonn fuekrte ihn der Zufall mit einem bra-
Silianischen Studenten, namens Jordano Machado
zusammen. Alexander Brodowski hatte von Caldas
aus den Tunneln der Mogyana eine bunte Samm-
lung nephelinischen Gesteines geschickt, welche der
brasilianische Student fuer seine These auswaeblte.
Hussak begleitete mit Aufmerksamkeit die Azsar-
beitung und Drucklegung der Arbeit. Stueck fuer
Stucck der feinen Steinpræparate wurde unter das
Mikroskop genommen. Alles untersuchte und priif-
te er aufs genaueste. Die These Jordano Machados,
war eine glaenzende Erstlingsarbeit. Es folgte ihr
aber keine andere; der debutierende Steinkenner
vertauschte das Mikroskop mit dem Kaffeebau.
Damals gab Eugen Hussak seinen Piatz als Leh-
rer an der Universitaet auf und begab sich mit
seinem Schiiler auf gut Glueck auf die Reise. Der
junge Brasilianer bewies bei dieser Gelegenheit an-
gesichts des Enthusiasmusses seines Lehrers fuer sein
brasilianisches Heimatland dessen traditionelle Gast-
freundschaft, indem er dem Gelebrten fuer eine
Zeitlang Wohnung auf der Fazenda seines alten Va-
ters anbot.
Die erste Zeit war voller Strapazen. Auf der
alten Fazenda gab es wahrlich keine Arbeit fuer
cinen Mineralogen... Tagsueber sich in der Land-
wirtschaft abmuehen und nachts zur Erhodlung die
Geheimnisse der Erde entschleiern, das war keine
Perspektive :
Dazu fehite ihm auch alles Arbeitsgeraete: weder
Mikroskop noch Otjekttraeger noch das unentbehr-
liche Laboratorium. Das waren Monate zum Ver-
zweifeln. Er musste nach Deutschland zurueckkeh-
ren. Hs fehlten ihm alle Subsistenzmittel...
Da fand sich am kaiserlichen Hof eine vorlaeu-
fige Loesung fuer seine Zukunft...
Jemand sagte dem Kaiser, dass der Minera-
loge, den Rosenbusch in einem schmeichelhaftten
Briefe empfahl, sich dort beschaeftigungslos aufhalte.
Daraufhin erhielt er die Vorlesungen fuer den kai-
serlichen Prinzen Dom Pedro von Sachsen. Ein
Zwischenfall stoerte jedoch alsbald den Unterrichts-
kurs. Der Schueler wollte naemlich mit grosser
Eile vorangehen: Dom Pedro von Sachsen wollte
seine Studien mit der Publikation von Original-Ar-
beiten beginnen. Der oesterreichische Professor
erklaerte ihm aber in aller Gemuetsruhe, das sei
noch zu frueh. Zuerst muesse man lernen, bevor
— 41 —
man Ichren wolle. Durch diesen Bescheid hielt sich
der Prinz beleidigt. Doch der Lehrer bestand auf
seinen Standpunkt. Die Scene endete mit einer
gebieterischen Gebaerde... Der Lehrer nahm seinen
Weg zur Tuere, wortlos, gedemuetigt, aber uner-
schuetterlich, wobei er wohlin den Bart gemurmelt
haben wird: «Zuerst muss man sich ausbilden, be-
vor man sich etwas einbildet»... Dieser Vorfall war
ein Anzeichen der fatalen Krankheit, der spaeter
der prinzliche Schueler zum Opfer tiel...
Hussak logierte im alten Beresford-Hotel, das
gerade dem kaiserlichen Palais im Petropolis ge-
genueberliegt. Er ging daran, seinen Koffer zu pa-
cken. Noch am naemlichen Tage wollte er die
Bergstadt verlassen. Er war eben ein äusserst ein-
facher Mensch und in den Zeiten von Lebenskrisen
benahm er sich zuweilen wie ein Kind. Dem Ho-
telbesitzer erzaehlte er ganz harmlos den ganzen
Vorgang, durch den er sich gedemuetigt fuehlte
und gestand zugleich seine pekuniaeren Verlegen
heiten. Der Wirt war ein Philosoph und ein
Schlauberger. Er troestete den Professor und liess
ihn nicht abreisen...
Am anderen Morgen klcpfte Dr. Stoltz mit
Ungestuem an Hussaks Tuere. Er kam im Auftrag
des hochherzigen Kaisers Dom Pedro II. Dieser
liess den Professor bitten, vor ihm zu erscheinen.
Hussak trat gleich darauf vor den Kaiser, aufrecht
und doch mit Ebrfurcht, wie sich eben ein Oes-
terreicher vor der kaiserlichen Majestaet zu geben
versteht. Die Genugtunng, welche dem Professor
der auch anwesende Prinz nicht gegeben haben
wuerde, gab ihm mit ungekuenstelter Liebenswuer-
digkeit Seine Majestaet...
Darauf hin wurden die Unterrichtsstunden noch
cine Zeit lang fortgefuehrt, nur kurze Zeit allerdings...
Orville A. Derby sicherte dem Petrographen
cine angemessene Anstellung in der Commissão Geo-
graphica e Geologica von Sao Paulo. Nun folgten
20 glanzvolle Jahre fuer die Mineralogie in Bra-
silien».
— 42 —
Durch zahlreiche Reisen wurde Dr. Hussak
mit cinem grossen Teil von Central und Suedbrasilien
bekannt. Seine ersten Excursionen gingen ins Ri-
beira-Tal und nach dem Staate von Paraná. Als
Geologe der Commissão do Planalto Central do
Brazil (Commission fuer das Centrale Hochplateau
von Brasilien) war er an der wissenschaftlichen
Erforschung eines Teiles des Staates von Goyaz in
Jahre 1892 tätig. Auf dieser Reise wurde er von dem
boesartigen Beriberi-Leiden heimgesucht, wovon er
sich nur durch eine Europa-Reise erholte. Spaeter
unternahm er die geologische Erforschung des Staa-
tes Bahia und besonders des S. Francisco-Stromes.
Dabei befiel ihn abermals dieselbe Krankheit, dies-
mal aber so heftig, dass die Dampfer sich wei-
gerten, ihn fuer eine neue Reise nach Europa mit-
zunehmen. Nur durch ein Telegramm an den Di-
rektor jener Linie, Herrn Ballin, erreichte Dr. Derby
schliesslich, dass Dr. Hussak sich nach Rotterdam
einschiffen konnte. Nach einer mehr als zweimonat-
ligen Behandlung in der Universitaets- Klinik zu Bonn
begab er sich als Reconvalescent nach Meran.
Trotz des aerztlichen Abratens beschloss er nach
einem mehr denn 8 monatlichen Aufenthalt seine
Rueckreise nach Brasilien, wo er seinen Dienst in
Sao Paulo wieder aufnahm. Von da begab er sich
nach dem Staate Espirito Santo und im Jahre 1902
nach Minas, wo er dem Studium des Urgesteines
der Diamanten oblag. Seine Excursionen fuehrten
ihn hier bis an den Jequitinonha-Fluss. In den Jah-
ren 1903 u. 1904 unternahm er eine zweite Reise
nach dem Staate Minas in Gesellschaft des Inge-
nieurs Dr. Miguel Arrojado Lisboa mit der Absicht
die Platin-und Palladium-Lager zu untersuchen.
Im Jahre 1908 folgte er cinem Rufe der Fe-
deral-Regierung nach Rio, wo er seitdem im geo-
logischen Dienst wirkte. Ungluecklicherweise kehr-
te die Laehmung der unteren Extremitaeten wie-
der, die sich auch auf das Centralnervensystem er-
streckte. Eine neue Reise nach Europa gab nicht
den erwarteten Erfolg und vergebens suchte er
hier in den Baedern von Caldas eine Besserung.
Hier starb er am 7. September 1911.
Seine herrliche Mineraliensammlung wie seine
Bibliothek wurden durch die Regierung angekauft
und dem Geologischen Amt ueberwiesen. Dank der
Liebenswuerdigkeit seiner Witwe, der Frau Her-
mina Hussak, erhielt auch die Bibliothek des Mu-
seu Paulista eine reiche Serie der Arbeiten des zu
frueh dahingeschiedenen Collegen.
Das Lebenswerk Eugen Hussaks verdient alle
Beachtung. Schon ein fluechtiger Blick auf das
Verzeichnis seiner Verceffentlichungen offenbart die
Originalitaet seines Schaffens. Dabei beguenstigte
ihn allerdings auch die Unerchlossenheit unseres
Landes. Daher sind seine Arbeiten in der Hegel
neue Eroberungen fuer die Wissenschaft. Die Mine-
ralogie und die Petrographie wurde zuvor unter
uns wenig gepflegt Man machte sie hier durch
Gorceix an der Bergbauschule von Ouro Preto hei-
misch, als aber Hussak nach São Paulo kam, hatte
sie im Lande keinen einzigen Vertreter, der sich
auf die Details der damals im gebideten Europa
ueblichen wissenschaftlichen Technik verstanden
haette. |
Man koennte sagen, der Zufall habe in São
Paulo einen Geologen, einen Mineralogen und Pe-
trographen und einen Chemiker zusammengefuehrt,
alles in ihren Disciplinen verdiente Gelehrte. Es
waren Derby, Hussak und Florence. Sie hatten ein
gemeinsames Werk zu leisten unter einheitlichen
Gesichtspunkten, wobei sie sich gegenseitig mit den
Hilfsmitteln ihres jeweiligen I'aches unterstuetzten.
Um die neuen Probleme zu loesen hatten, sie eine
neue Technik zu schaffen. Allein wire keiner mit
seiner Arbeit fertig geworden, weil diese neue Te-
chnik nicht zustande gekommen sein wuerde.
Die Zerlegung (Decomposition) der Gesteine
zwang den Geologen, sie aus den Rueckstaenden
in den Waschschalen zu studieren, ein Prozess, der
von John Gordon eingefuehrt wurde; in denselben
Rueckstaenden konnte der Mineraloge mit Leichtig-
keit die Kristalle finden, die er studierte und der
Chemiker musste die Beobachtungen der chemisch-
mikroskopischen Reaktionen weiterentwickeln durch
das Loetrohr. Von den besonderen Vorzuegen
dieser Zusammenarbeit ruehrt der glaenzende Auf-
schwung der Geologie, Mineralogie und Mikro-
Chemie in São Paulo her. Dieser Fortschritt haelt
heute nicht mehr an. Von Eugen Hussak kann
man sagen, dass alle seine Arbeiten Bereicherangen
der Wissenschaft waren.
Er entdeckte, studierte und beschrieb eine
grosse Anzahl neuer Minerale, wie Brasilita, Lewi-
sita, Zirkelita, Tripunita, Senaita, Florencita, Chal-
mersita und Gorceixita.
Den Tribut seiner Dankbarkeit erwies der Ge-
lehrte Brasilien, indem er das erste neuentdeckte
Mineral Brasilita benannte. In die moderne No-
menclatur der Minerale fuehrte er die Namen sei-
uer Lehrer und Arbeitskollegen ein: so huldigte er
Chalmers, dem besten Kenner der brasilianischen
Tiefengesteine, und der Bergbauschule in der Per-
son Costa Sennas. Indem er das von Derby be-
gonnene Studium fortsetzte, gab er durch die Aus-
arbeitung der These von Jordan der Petrographie
der nephelinischen Gesteine und damit der brasilia-
nischen Eruptivgesteine ueberhaupt einen maechti-
gen Anstoss. Man kann sagen, dass alle neu klas-
sifizierten, studierten und beschriebenen Steine bra-
silianischer Herkunft sein Mikroskop passierten.
Ausserdem leistete Hussak auch eine sogenann-
te anonyme Arbeit, in den Arbeiten seiner Schue-
ler und in Fachschriften.
Kr wies verschiedene mineralische Substanzen
von wirtschaftiichem Werte nach: so das Zirco-oxyd
in Caldas, das Platin in Minas, Carbonat und Dia-
manten in Sao Paulo, Corindon ebenda und in Uru-
guay, Cassiterita, Monazit und viele, viele andere.
Fuer das Studium der Erzlager hinterliess er zwei
äusserst bemerkenswerte Beitræge, welche mit hoh-
em Interesse in den europaeischen wissenschaftlichen,
Kreisen aufgenommen wurden. Es waren dies dic
Studien ueber die goldfuehrende Formation von
Passagem und ueber das Vorkommen des Palla-
diums und Platins in Brasilien. Bei dieser letzten
Arbeit wies er die russischen Fachleute, welche ihm
Proben aus dem Ural geschickt hatten, auf neue
Beobachtungen hin, welche dort unbeachtet geblie-
ben waren.
Er betrieb ein systematisches Studium der
Schwermetalle und der Diamantkiese und fuehrte
so das von Gorceix begonnene Werk betraechtlich
weiter. Darueber hinterlies er ein unverôffentlichtes
wertvolles Material.
Schon vor Jahres hatte er begonnen, eine Mi-
neralogie von Brasilien zu schreiben. Aus der statt-
lichen Summe seiner darueber publizierten Origi-
nal-Arbeiten und den unverOffentlichten zahlreichen
Beobachtungen, welche er fuer dieses Werk auf-
bewahrte, sowie aus der Geschicklichkeit, die er
in der Abfassung von Lehrbuechern bewies, laesst
sich vorausahnen, dass dieses sein neuestes Werk
die Summe seiner ganzen mineralogischen Lebens-
arbeit dargestellt haben wuerde. Sein Tod ist
daher auch noch aus diesem Gesichtspunkt zu be-
klagen. Er war ein tiefgruendiger Mineraloge, aber
kein besonders gluecklicher Geologe.
Er hinterliess aufrichtige Freunde und Schue-
ler; in Brasilien oder unter den Brasilianern aber
nicht einen einzigen... Umso beklagenswerter ist
sonach sein Verlustm.
Seine wissenschafttiche Produkticn uebertrifft
um vieles die des Betriebes unseres wissenschaft-
lichen Milieus. Deshalb werden seine Werke ei
nen noch groesseren Beifall bei den kuenftigen bra-
silianischen Generationen finden.
Moege das Land die Luecke im mineralogi-
schen Dienst, durch Berufung eines wiirdigen Nach-
folgers ausfuellen koennen.
Das vollstaendige Verzeichnis der Publikationen
zeigt, wie Eugen Hussak mit grosser Sachkenntnis
eine grosse Wirksamkeit verband.
Bibliographre der avissenschafilichen Arberten
Dr. Eugen Hussaks
1 — 1876 — Eruptivgetein von Krecszowice.
Verhandlung der k. k. geologischen Reichsanstalt
1876. 73. Vienna, 1876.
2 — 1878 — Die basaltischen Laven der Eifei.
Sitzungsberichte der K. K. Akademie der Wis-
senschaften zu Wien. LXXVIL, April 1878. Vien-
na, 1878.
3 — 1878. — Mikroskepische Beobachtungen
(Heminth, Zirkon, Schlacke). Tschermaks munera-
logische und petrographische Mitleilungen. 1878.
1. 275-279. Vienna, 1878.
4 — 1878 — Ueber den sogenannten Hy-
persthen-Andesit von St. Egidi in Untersteiermark.
Verhandlung der K. K. geologischen Reichsan-
stalt. 1878, 338-340. Vienna, 1878.
o — 1878 — Die Trachyte von Gleichenberg.
Mitteillungen des naturwissenschafilichen Vereins
für Sterermark. Graz, 1878.
6 — 187& — Beiträge zur Kenntniss der Erup-
tivgesteine der Umgegend von Chemnitz. Sitzungs-
berichte der k. kh. Akademie der Wissenschaften
zu Wien. 1878, LXXXIL, 114-231. Vienna, 1878.
7 — 1880 — Eruptivgesteine von Schemnitz.
Augit-Andesit von St. Egidi. Neues Jahrbuch für
Mineralogie. 1880. J. 287. Stuttgart. 1880.
S — 1881 — Pikritporphyr von Steierdorf,
Banat. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs-
anstalt. 1881, n. 14, 258-262, Vierna, 1881.
9 — 1882 — Ueber einige slpine Serpentine.
Tschermaks mineralogische und petrographische
Mitteilungen, 1882, V. 61-81. Viena, 1882.
10 — 1883 — Ueber den Cordierit in vulka-
nischen Auswiirflingen. Sitzungsberichte der kh. k.
Akademie der Wissenschaften zu Wien. 1883.
i XXXVII, April, 322-360. Vienna, 1883.
11 — 1883 — Basalt und Tuff Ban im Bara-
nyer Comitat. Zschermaks mineralogische und pe-
trographische Mitteclungen. 1883, V. 289-291. Vien-
na, 1883.
12 — 1883 — & A. Peiz — Das Trachyt-
gebiet der Rhoope, Jahrbuch der K. K. geologischen
Reichsanstalt, XX XIII, 115-130. Vienna, 1883; Ref. :
Neues Jahrbuch f. Min. Geo., 1884, I. 70.
13 — 1884 — & C. Doelter. Ueber die Ein-
wirkung geschmolzener Magmen aus verschiedenen
Mineralien. Neues Jahrbuch f. Miner. Geol., 1884,
I. 18. Stuttgart.
14 — 1884 — Mineralogische und Petrogra-
phische Notizen aus Steiermark III: Ueber das Auf-
treten porphyritischer Eruptivgesteine im Bacherge-
birge. Verhandlung der k. k. geologischen Reichs-
anstalt, 1884, p. 247. Vienna, 1884.
15 — 1885 — Ueber einen verglasten Sandstein
von Ottendorf. Tschermaks mineralogische und pe-
trographische Mitteilungen, 1883, V, 529. Vienna,
1884.
16 — 1885 — Ueber Eruptivgesteine von Stei-
erdorf im Banat. Verhandlung der k. kh. geologi-
schen Reichsanstalt. 1885, 185. Vienna, 1885.
17 — 1885 — Anleitung zum Bestimmen der
gesteinhildenden Mineralien. Leipzig. 1885 Engli- .
sche Ausgabe von E. G. Smith, Nova York, 1886;
2.2 edição, 1893.
IS — 1885 — Ueber es und Aus-
scheidungen in Eruptivgesteinen. Neues Jahrbuch
fiir Mineralogie, 1885, I, 78-80. ‘Stuttgart. 1885.
19 — 1885 — Ueber den feldspathführenden
kornigen Kalk von Stainz. Mitteilungen des natur-
wissenschaftlichen Vereins für Steiermark. Graz.
1885.
20 — 1885 — Ueber die Verbreitung des Cor-
dierits in Gesteinen. Neues Jahrbuch für Minera-
logre. 1885. IT, 81. Stuttgart, 1885.
21 — 1887 — Ein Beitrag zur Kenntniss der
optischen Anomalien im Flussspath. Zeitschrift für
Krystallographie und Mineralogie. 1887, XU, 093,
Leipzig. 1887.
| 22 — 1889 — Notas ah a sobre os
augito-porphyritos do Paranapanema. Boletim n. 2,
da Commissao Geographica e Geologica da Pro-
vncia de S. Paulo, 35-39. 8. S. Paulo. 1889.
23 — 1890 — Ueber Leucit Pseudokrystalle
im Phonolith (Tinguait) der Serra de Tinguá, Estado
do Rio de Janeiro. Brazil. Neues Jahrbuch für
Mineralogie, 1890, 1, 166-169. Briefliche Mittei-
lungen. Stuttgart.
24 — 1890 — & G. Woitschach. Repetitorium
der Mineralogie und Petrographie fiir Studirende
der Naturwissenschaften. Breslau.
29 — 1891 — & Francisco de Paula Oliveira.
Reconhecimento geologico do valle do rio Para-
napanema. Boletim da Commissão Geographica e
Geologica da Provincia de S. Paulo. N. 2, 1889,
3-31. S. Paulo. 1889.
Abstract: Neues Jahrbuch für Mineralogie,
1891, I, 303-304. (Referate).
26 -- 1840 — Contribuições mineralogicas e
petrographicas. I, Notas sobre zeolitos do Augito-
Porphyrito de S. Paulo e Santa Catharina. IJ. Es-
tudos de um cascalho aurifero virgem do valle da
Ribeira. III Pseudo-crystaes de leucita em phonolito
(tinguaito) da serra do Tinguá. IV. Interessante en-
domorphose por acção de contacto de augito-por-
phyrito com grez; rio Tiété. Estado de S. Paulo.
V. Phyllitas com oltrelita e com magnetita do Es-
tado de S. Paulo. VI. Noticia resumida sobre a
occurrencia de corindon em S. Paulo. Boletim da
Comissão Geographica e Geologica do Estado
ders. Paulo Nit; SÃO.
27 — 1891 — Ueber cubischen Pyrop und
microscopische Diamanten aus diamantfiihrenden San-
den Brasiliens. Annalen desk. k. Naturhistorischen
Hofmuseums, IV, 113-115. Vienna, 1891.
28 — 1891 — Noticia dos mineraes das areias
diamantiferas da Bagagem e Agua Suja. Em «Ja-
sidas diamantiferas de Agua Suja», por Gonzaga de
Campos, Rio de Janeiro. S. Paulo. 1890. Abstract :
American Journal of Science, 3. séries, XLII
(CXLII). 1892, 77-79. Abstract: Zertschrift für
Krystallographie und Mineralogie, XXI, 405, 408.
Leipzig, 1895.
29 — 1895 — Ueber Brazilit, ein neues Tan-
tal (Niob) Mineral von der Hisenmine Jacupiranga.
Siid São Paulo, 141-146, II Ueber brasilianische
Leucitgesteine 147-158. IIT Nochmals die Leucit-
Pseudokrystall Frage —Neues Jahrbuch für Mine-
ralogre. 1892. I, 141-159. Abstract in American
Journal of Science. XLV. (CXLV). 164-164 New
Haven. 1898.
*O — 1893 — Sobre o deposito diamantifero
de Agua Svja perto de Bagagem. Minas Geraes.
Relatorio parcial da Commissão exploradora do
planalto central do Brazil, pelo Dr. Luiz Gruls,
105 128. Rio de Janeiro. 1893.
3! — 1894 — Mineralogische Notizen aus Bra-
silien. (Part: IL.) \6 Ueber den Baddelyt (Syn,
Brazilit) von der Eisenmine Jacupiranga in S. Paulo
(295-411). 7 Ueber Schwefelkrystalle in zersetzten
Pyriten der Umgebung vou Ouro Preto in Minas
Geraes (411-412). 8 Ueber Skoroditkrystalle von
der Gold Mine Antonio Pereira bei Ouro Preto
(412-413) Tsehermaks mineralogische und petro-
graphische Milteilungen. N. F. XIV, 1894, 295--
413. (2 plantes). Vienna, 1895. Abstract of n. 6
Mineralogical Mag. and Jour. Miner. Soc. 1895.
XI, n. 50, 110-111. Abstract of n. 6. Neues Jahr-
buch fur Mineralogie, 1896, I, 14-216. Abstract:
Zeitschrift. fiir Kristallographie und Mineralogie,
XXVI, 324-325. Leipzig. 1897. 1894. Sobre a es-
tructura geologica da região do Estado de Goyaz,
examinada pela Commissäo Exploradora do planalto
Central. Relatorio apresentado pelo Dr. Luiz Cruls.
Rio de Janeiro. ?
32 — 1895 — Mineralogische Notizen aus Bra-
silien, Brookit. Cassiterit, Xenotim Monazit und
Kuklas. (Part I) Tschermaks mineralogische und
petrographische Mitteilungen, n. F. XII, 357-375,
Wien, 1891, Abstract. Zeitschrift fii Krystallo-
graphie und Mineralogie (Groth), XXIV, 429 430.
Leipzig, 1895.
33 — 1895 — Ueber Brazilit. Neues Jahr-
buch für Mineralogie. 1893, 11, 89. Briefliche Mit-
teilnnger. Abstract: Zeitschrift fir Krystalogra-
plie und Mineralogie (Groth), XXIV, 164-166.
Leipzig.
34 — 1895 — Ueber ein neues Perowskit-
Vorkommem in Verbindung mit Magneteisenstein
von Catalão, Staat Goyaz, Brasilien. (Mit einem
Holzschnitt) Newes Jahrbuch fiir Mineralogie, 1894,
11, 297-300. Abstract: Magnetic iron ore in Brasil:
Journal Iron and Steel Institute, XLVI, 286-287,
London, 1895.
do — 1896 — Katechismus der Mineralogie,
9. edição. Leipzig, 1896.
36 — 1896 — (& G. T. Prior). Lewisit
and Zickelite, tow new Brasilian minerals. Minera-
logical Magazine and Journal of the Mineralo-
gical Socrety. 1895, XI, 80-88. Reprint, 1-9. Abs-
tract: American Journal of Science, Ath séries,
T. (CLI), 71-72. New Haven 1896.
37 — 1897 — Sobre a occurrencia de cinabrio
em Tripuhy, Minas Geraes. Revista Industrial de
Minas Geraes. Anno LV, n. 23, 191-293. Ourc
Preto, 20 de Abril 1897.
3S) Aer —= a GOP ae Priors On sine
puhyte, a new antiminate of iron from Tripuhy,
Brasil. Mineralogical Magazine and Journal of
the Mineralogical Socrety. XI, 302, 1897. Separate.
Abstract: American Journal oj Science, 4th séries.
V. 1898 (CLV). 316. Abstract: Bulletin de la So-
crêté Française de Mineralogie, XXI, 86, Paris,
1898. Abstract: Zertschrift fiir Krystalographie
and Mineralogie. XXXI 185-186. Leipzig, 1899.
39 — 1898 — Ueber ein neues Vorkommen
von Baddeleyit als accessorischer Gemengteil der
jacupirangitähnlichen basischen Ausscheidungen des
Nephelinsyenites von Alno, Schweden. Neues Jahr-
buch für Mineralogie, 1898, I, 228-229. Stuttgart,
1898.
40 — 1897 — Das Zinnober-Vorkommen von
Tripuhy in Minas Geraes, Brasilien, Zectschre/t für
— SI —
praktische Geologie. Februar, 1897, €3-67. Berlin,
1897. Abstract: Zeuschrift fiir Krystalographie
und Mineralogie, XXXII, 185, Leipzig, 1900.
44 — 1898 — (& G. T. Prior). On Der-
bylite, a new antimonotitanite of iron from Tripuhy,
Brasil. Mineralogical Magazine, 1897, XI, n. 92,
176-179, London, 1398, Reprint 1-14. Abstract :
Neues Jahrbuch fiir Mineralogie, 1898, II, 196-
197. Abstract: Bulletin de la Societé Française
de Mineralogie, XXI, 133 134.. Paris, 1896.
42 — 1898 — Ueber eine merkwiirdige Um-
wandlung und secundäre Zwillingsbildung des Bro-
okits von Cipó, Minas Geraes, Brasilien. Newes Jahr-
buch für Mineralogie, 1898. Il. 99-101, plate.
Stuttgart, 1898. Abstract: Zectschiaft für Krysta-
lographie und Mineralogie. XXXIII. 180. Leipzig,
1900.
43 — 1898 — Der goldführende, kiesige Quarz-
lagergang von Passagem in Minas Geraes, Brasilien,
Zeitschrift fiir praktische Geologie Oktober. 1898,
349-397, Figuren. Berlin, 1898. Partial abstract by
W. Lindgren: Transactions American Institut: of
Mining Ergineers, 1900, XXX, 626-612, II. New
York. 1901. Abstract: Zeetschrift fur Kiistalogra -
phie und Mineralogie, XXXII, 207-208. . eipzig,
1900.
44 — 1898 — Mineralogische Notizen aus Bra-
silien (Part IIL). 9 Ein Beitrag zur Kenntniss der
sogenannten “Iavas” des brasilianischen Diamant-
sandes 334-341. 10. Die mineralischen Begleiter
des Bahianischen Diamanten 342-359. Tschermaks
Mineralogische und petrographische Mitteilungen,
N. F. XVII, 1893, 334-399. Vienna, 1899.
45 — 1900 — (& G. Prior) On Senait, a
new mineral belonging to the limenit group from
Brazil. Mineralogical Magazine, June, 1898, XII,
ns. 04-30-32. London, 1898. Abstract: Bulletin de
la Société Française de Mineralogie, XXI, 178.
Paris, 1898. Abstract: Zectschift für Kristallogra-
sa und Mineralogie, XXII, 272-274. Leipzig,
1900.
46 — 1900 — Ueber ein leukokrates gemisch-
tes Ganggestein der Serra de Caldas, Brasilien. Neves
Jahrbuch fur Mineralogie, 1900, J, 22-27. Stutt-
gart, 1900. .
47 — 1900 — (&G. T. Prior). Flor: neite a
new hydrated phosphate of aluminium and the
cerium earths from Brazil. Meneralogical Magazine,
XII, ns. 57 244-248. London, 1900. Abstract : Ame-
rican Jounal of Science, GLX, 404. New Haven,
1900. Abstract: Zeetschiyt fiir Kristallographie und
Mineralogie, XXXVI, 165-166. (Groth), Leipzig,
1902.
48 — 190! — Katechismus der Mineralogie.
6. edição Leipzig, 1901.
49 — 1903 -- Nota sobre a chalmersita, mi-
neral do grupo da Chalcosina, encontrado na mina
do Morro Velho. Annaes da Escola de Minas, n. 6,
91-97. Ouro Preto, 1903.
50 — 190% — Sobre a raspita do Sumidouro,
Estado de Minas Geraes. Annaes da Escola de
Minas, n. 6, 99-103. 1902. Ouro Preto, 1908.
91 — 1903 -- Ueber den Raspit im Sumi-
douro, Minas Geraes, Brasilien, Centralblatt für Mi-
neralogie, Geologie and Palãeontologie, Jahrgang
1908 p. 723-725. Abstract: Zeitscnrift für Minera-
logie and Krystallographie XLI. Leipzig, 1906 p.
647-648.
o2 — 1903 — (& Reitinger J). Ueber Mona-
zit, Xenotim, Senait und natürliches Zirkonoxyd
aus Brasilien. Zeitschrift fiir Krystallograplue,
XXXVII, 550579. Ill, Leipzig, 1903. Abstract:
Mining Magazine XI, 398 London, 1903.
03 — 1904 — Ueber Chalmersit, ein neues
Sulfid der Kupferglanzgruppe von der Goldmine
“Morro Velho” in Minas Geraes, Brasilien. Central-
blatt fur Mineralogie, Geologie and Palieontologie,
1902, n. 3, 69-72. Stuttgart, 1902. Abstract: Eng-
lish translation in Transactions of the Institution
of Mining Engineers, XXV, 798, New Castle upon
Tyne, 1904.
D4 — 1904 — Ueber die Microstructur einiger
brasilianischer Titanmagneteisensteine. Neues Jahr-
buch f. Miner. Geolg., 1904, I, 94-113.
09 — 1904 — Ueber das Vorkommen von Pal-
ladium und Platin in Brasilien. Sitzungsberichte
der K. K. Akademie d. Wissenschaften zu Wien.
Math. nat. Klasse, Bd. CXIII, Abh. I. Vienna, 1904.
Abstract: under title: Occurence of Palladium and
Platinum in Brasil, American Journal of Science,
CLXIX, 397-399, May, 1905.
© 06 — 19404 — Mineralogische Notizen aus
Brasilien. (Ueber einen neuen Chondritfall, nahe
Uberaba in Minas Geraes, über Nephrit von Bay-
tinga in Bahia und über Hamlinit aus diamant-
fiihrenden Sanden von Diamantina. Minas Geraes),
Annalen des K. Kk. Naturhistorischen Hofmuseums,
XIX, Heft J, 85-95. Vienna. 1904. Abstract: Ame-
rican Journal of Science, CLXIX, 202 203, Feb.
1905.
OT — 1904 — Ueber das natiirliche Vorkom-
men von Nephrit in Brasilien. Briefliche Mitteilungen
aus Dr. H. v. Iherings Bericht des Internationalem
Amerikanisten Congresses XIV. Tagung Stuttgart,
1905 p. 510-514.
OS — 1906 — Ueber Atopit aus den Mangan-
erzgruppen von Miguel Burnier, Minas Geraes,
Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie, Geologie
und Paliiontologie, 1905, n. &, 240-245. Stuttgart,
1905.
09 — 1906 — Ueber das Vorkommen von
gediegenem Kupfer in den Diabasen von S. Paulo.
Centralblatt fur Mineralogie, Geologie und Pa-
läontologie, 1906, n. 11, 333-335. Stuttgart, 1906.
60 — 1906 -~ Ueber Gyrolith und andere Zeo-
lithe aus dem Diabas von Mogy-Guassu, Staat S.
Paulo, Brasilien. Centralblatt fiir Mineralogie,
Geologie und Paliiontologie, 1906, n. 11, 330-332.
Stuttgart, 1906.
61 — 1906 — Ueber die chemische Zusam-
mensetzung des Chalmersit. Centralblatt fiir Mi-
neralogie, Geologie und Palüontologie, 1906, n. 11,
392-3933. Stuttgart, Juni, 1906.
— 4 —
02 — 1966 — Ueber die Maganerzlager aus
Brasilien. Zeuschraft fiir praktische Geologie, XIV,
Juli, 1906, 237-239. Berlin, 1: 06.
€3 — 1906 — Ueber das Vorkommen von
Palladium und Platin in Brasilien. Zeitschrift für
praktische Geologie, XIV, Sept. 1906, 284-298.
Berlin, 1906. Traducçäo de M. A. R. Lisboa, pu-
blicada com o titulo de “O Palladio e a platina no
Brasil. Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto,
n. 8, 77-188. Ouro Preto (1906). Separate. Resumé :
Neues Jahrbuch fiir Mineralogre, 1, 1905, 246-348.
64 — 1906 — Ueber die sogenannten “Phos-
phat-Favas” des diamautführenden Sandes Brasi-
liens. Tschermak's Mineralogische und Petrogra-
phische Mitteilungen, N. F. XXV. 335-331. Wien,
1906. Abstract: Bulletin Société Française de Mi-
neralogie, XXIX, 368-370. Paris, 19u6.
65 — 1007 — Ueber Hussahit. Centralblatt
fur Mineralogie, Geologie und Paläontologie Jahrg.
1907 p. 533-536.
66 — 1908 — Ueber die Diamantlager im We-
sten des Staates Minas Geraes und der angrenzenden
Staaten S. Paulo und Goyaz, Brasilien. Zeitschrift fiir
praktische Geologie, XIV Okt. 1906, 318-333. Ber-
lin, 1906. Abstract: Neues Jahrbuch fiir Mineralogie,
1903.41) 169;
67 — 1909 — Ein neues Vorkommen von Phe-
nakit in Brasilien, Centralblatt f. Miner. Geol. etc.,
n. 9, 268-270. Stuttgart:
NECROLOGIO
Dr. Theodor Peckolt
POR
HERMANN VON IHERING
A cidade do Rio de Janeiro, que na metade
do seculo passado se ufanava nos circulos scienti-
ficos interessadcs no estudo da nossa flora, de uma
pleiade de excellentes naturalistas da altura de W.
Schwacke, João Barboza Rodrigues, A. F. M. Glazi-
ou, E. Ule, P. Dusen e outros, perdeu neste anno
na pessoa do venerando mestre, a cuja memoria
este necrologio é dedicado, o ultimo grande traba-
lhador daquella epoca, o nestor dos naturalistas do
Brazil. Theodor Peckolt, que ainda na quadra dos ©
seus 80 a 90 annos não descançava de sua faina
scientifica, publicando as suas ricas experiencias,
falleceu a 21 de setembro de 1912. Os dados, que
nos servem de base para esta biographia, são tira-
dos principalmente das seguintes fontes :
a) Fr. Hoffmann. Pharmazeutische Rundschau,
New York, vol. X, 1892. p. 263-265: Theodor
Peckolt (com retrato);
b) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera-
peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart, Ge-
nève, 1897 p. 125-129 : Theodor Peckolt (com re-
rato e indice de publicações) ;
c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis vol. I, 1,
1906 p. 74: Theodor Peckolt ;
d) Henrique Carlos Carpenter. «Jornal do Com-
mercio». Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1912:
Theodor Pekolt ;
«Certos acontecimentos», diz H. C. Carpenter,
«pela importancia que assumem, não devem ficar em
silencio, principalmente se esses acontecimentos fi-
guraram nas paginas da Historia, registrando, entre
outras virtudes, aquellas que determinados indivi-
duos possuiram e exerceram, e que servirão de
exemplo e de admiração para os contemporaneos e
para os posteros.»
«E” sabido que os homens que possuem virtu-
des e dons excepcionaes entregam-se e dedicam-se
às suas vocações, pouco se importando muitas vezes
do juizo, que delles fazemos, antes querendo tra-
balhar no silencio, com receio de serem pertubados
nas arduas tarefas a que se entregam.
O sr. dr. Theodoro Peckolt, ha pouco falleci-
do, está incluido no numero destes homens extra-
ordinarios que só tem em vista realizar a vocação
extraordinaria que o destino lhes traçou e ter como
prazer e honra a satisfação do homem. que cumpriu
o dever.
Pouco conhecido em nosso meio pela excessi-
va modestia que o caracterizava, deixa, não obs-
tante, innumeros amigos e discipulos.
Não deveremos silenciar sobre o desappareci-
mento de entre os vivos do dr. Theodoro Peckolt,
porque seu nome está gravado na Historia das
Sciencias que elle illustrou com numerosos traba-
lhos originaes e não devemos deixar que a im-
prensa extrangeira, primeiro do que nós, lhe teste-
munhe a admiração e a gratidão, pois foi no Brazil
que elle desenvolveu sua prodigiosa actividade, sem-
pre em beneficio da sciencia, do allivio dos seus
semelhantes.
Muito poucos dentre nós podem avaliar o va-
lor deste homem extraordinario, porque seu immen-
so trabalho foi ao mesmo tempo prodigioso e si-
lencioso, embora sempre persistente e honesto.
Neste trabalho, todo em pról do engrandeci-
mento das sciencias que abraçou e que tão alto
elevou, gastou uma preciosa vida sem procurar, e
até evitando o applauso e a publicidade do valor
Foram seus progenitores o Capitão de lancei-
ros Carlos Peckolt, fazendeiro, e d. Eleonora Alcker-
mann Peckolt.
Filho de pais pobres, teve rudes principios e
triumphou na vida só confiado em seu trabalho,
que foi por elle honrado, e immortalisou seu nome,
o qual elle lega a seus numerosos descendentes,
brazileiros distinctos, em destaque na sociedade em
que vivem.
Peckolt era um grande amigo do Brazil, e
interessava-se por tudo aquillo que a elle se rela-
clonasse : suas finanças, seus homens, seus destinos.
Acompanhava com verdadeira sympathia todos
os progressos materiaes e moraes deste grande paiz.
Assiduo leitor do Jornal do Commercio, co-
nhecia e discutia nossas cousas e homens politicos
e a todos surprehendiam a exactidão de seus concei-
tos e a originalidade de suas apreciações, em as-
sumptos tão extranhos aos seus labores absorven-
tes e quasi exclusivos da chimica e da botanica.
E' que Peckolt aportara ao Brazilem Novem-
bro de 1847, permanecendo entre nós 65 annos,
assistindo assim à principal phase historica de nossa
patria e à constituição da nossa nacionalidade.»
Em Setembro de 1848 Peckolt começou a ex-
ploração do paiz; viajava montando um cavallo que
havia adquirido com as suas primeiras economias,
nos Estados de Rio de Janeiro, Espirito Santo e
Minas. Naquella epoca não existiam estradas de
ferro e os caminhos eram os mais primitivos, mas
a grande hospitalidade, que caracterisa a população
do sertão, abriu-lhe as portas. Ilavia então bem
poucos medicos no interior das provincias e os co-
nhecimentos pharmaceuticos do jovem naturalista
collocavam-no na posição vantajosa de poder prestar
reaes serviços aos doentes que o consultavam. Em
compensação destes serviços recebia, alem dos ho-
norarios, interessantes objectos da historia natural,
valiosas contribuições para a sua collecção botanica.
Em começo do anno de 185) demorou-se Peckolt
algum tempo entre os Botocudos Nac-nanouc do
O methodo que tanto contribuiu para os suc-
cessos sempre crescentes e nunca interrompidos que
elle obteve no mundo scientifico, o escravisou por
completo.
Levantava-se cedo, sempre à mesma hora,
6 1/2 da manhã.
Tomava uma frugal refeição: café ou choco-
late, conservas ou doces em lata (só se utilizava de
productos por elle analysados, o que fazia de graça,
recommendando-os aos amigos intimos).
A’s 8 horas da manhã abandonava sua confor-
tavel residencia da rua Haddock Lobo, em demanda
da sua pharmacia da rua da Quitanda.
Ahi chegado, lia demoradamente o Jornal do
Commercio.
Das 10 172 da manhã, até ds 3 1,2 da tarde,
entregava-se ao estudo das plantas, analysando-as
em seu laboratorio, que possue perfeito apparelha-
mento para analyses.
Das 4 as 9 da tarde, dedicava-se aos assum-
ptos commerciaes de sua casa, retirando-se depois
para sua residencia.
Após o jantar das 8 horas da noute, até tarde,
preparava a collaboração numerosa que mandava
para todas as revistas pharmaceuticas da Europa e
da America.
Não descançava aos domingos: desde pela ma-
nha até altas horas da noute, dedicava-se à betanica,
classificação de plantas e registro dos trabalhos
scientificos que havia executado durante a semana.
Nunca o vimos distrahir-se. Nunca o vimos
afastar-se do programma que era seguido paciente-
mente dia após dia, mez após mez, anno após
anno...
EK" que talvez, como Ernesto Renan, Peckolt
achava que o melhor meio de se distrahir era va-
riar de occupação.
É assim viveu mais de 90 annos.
Nasceu aos 13 de Julho de 1822 em Pechern
(Niederlausitz) na Silesia, provincia allemã e falle-
ceu a 21 de Setembro de 1912 no Rio de Janeiro,
de suas descobertas, e principalmente sem procurar
obter auxilios da Nação Brazileira que lhe é de-
vedora de inestimaveis serviços.
Tornou conhecida dos centros scientificos não
sómente a riqueza de nossa flora pelo numero de
suas raras especies, como tambem pelas suas pro-
priedades de gozo, alimentação e curativas.
Muitas dezenas, centenas de especialidades phar-
maceuticas, utilizadas aqui e no extrangeiro, são
descobertas do dr. Theodoro Peckolt, que dellas não
tirou privilegio, nem outro proveito senão o de ter
tido a honra de ser o primeiro a ter o conheci-
mento de suas propriedades para que outros as
explorassem em proveito de seus semelhantes e de
si mesmos,
Se quizessemos citar o numero das plantas que
elle analysou qualitativa e quantitativamente, teriamos
que citar para mais de 6.000, todas ellas indigenas,
desconhecidas, ou então utilizadas empiricamente,
sem que suas propriedades physicas e chimicas
fossem conhecidas.
Só quem conviveu com este sabio e só quem
conhece as difficuldades que taes emprehendimen-
tos acarretam, mórmente quando são realizadas às
expensas do proprio investigador, é que póde dar o
devido valor à força da vontade, à intellectualidade
alliada à experimentação, cousas que raramente se
encontram no mesmo individuo, como no dr. Peckolt,
que a estas qualidades juntava uma erudição muito
pouco vulgar.
Como elle, ainda não temos exemplo de ta-
manha capacidade de trabalho.
Seu trabalho não era desordenado, mas, como
em todos os actos de sua vida, se desenvolveu com
a precisão do mais rigoroso methodo.
Dirigia e geria a antiga e conceituada phar-
macia Peckolt, e, apezar dos muitos affazeres, lhe
sobrava o tempo para realizar a obra que legou e
que o immortalizará, e que, sendo scientificamente
apreciada, se verá que só podia ser executada por
uma organização privilegiada, como era a de Peckolt.
— D =
Rio Doce, voltando em seguida ao Rio de Janeiro.
Os recursos que lhe fornecera a excursão pelo ser-
tão permittiram a Peckolt apresentar-se ao exame
pharmaceutico no Rio de Janeiro e em Novembro
de 1251 abriu uma pharmacia em Cantagallo no
Estado do Rio de Janeiro. Em Cantagallo naquel-
le tempo havia ricas plantações de café e bellas
mattas intactas, explendido campo para as pesquizas
do jovem botanico. Nada menos de 17 annos re-
sidiu Peckolt em Cantagallo, ganhando ahi o pro-
fundo conhecimento de nossa flora que o distinguiu.
Tambem com algumas questões zoologicas vemol-o
occupado e foi particularmente um bom serviço
prestado a sciencia o estudo das Trigoniidas, das
abelhas sociaes do Brazil As abelhas referentes às
suas observações biologicas foram classificadas pelo
competente especialista, Frederic Smith, do British
Museum, mas na remessa succedeu que varios
numeros foram trocados, o que determinou confusão
de nomes. Graças a algumas cartas que trocamos
a respeito, conseguimos elucidar o assumpto, e desta
forma pude aproveitar do melhor modo as obser-
vações de Peckolt na minha monographia sobre a
Biologia das abelhas sociaes do Brazil (op. 210).
Cantagallo attingiu naquella epoca, uma impor-
tancia para a investigação da natureza do Brazil
como depois nunca mais alcançou. O emerito H.
Burmeister la esteve algum tempo; Carlos Euler
alli dedicou-se ao estudo da biologia das aves. O
trabalho de Euler é de tanto valor que o Museu
Paulista se gaba de ter prestado um bom serviço
aos estudantes da ornithologia brazileira, reeditan-
do-o em portuguez no volume IV de sua Revista,
em uma segunda edição revisionada, traduzida do
allemão. Como Euler, tambem Peckolt procedeu de
modo criterioso, não procurando celebrizar seu no-
me por meio de descripções de novas especies, mas
dedicando-se a estudos biologicos, destinados a apro-
fundar nossos conhecimentos. Já naquelle tempo os
trabalhos scientificos de Peckolt tinham o caracter
elevado que lhe grangeou amigos e admiradores em
== OT ==
todos os paizes. Successivamente elle estudou as
plantas brazileiras das diversas familias, observando
as condições nas quaes vivem e se multiplicam, co-
lhendo dos caipiras informações sobre as suas deno-
minações triviaes, seu uso e suas propriedades phar-
maceuticas. O herbario fornecia-lhe os meios para
comparação morphologica das numerosas especies e
no laboratorio aprofundava o trabalho, dando infor-
mações detalhadas sobre a composição chimica das
plantas medicinaes, de seus alcaloides e outras sub-
stancias extractivas. Não conhecemos exemplo de
outro naturalista, versado egualmente em estudos bo-
tanicos e chimicos, que tão profundamente tivesse
estudado e esclarecido por invastigações proprias o
estudo economico, pharmaceutico e chimico de qual-
quer flora tropical. E” singular nestas circumstan-
cias que os resultados do consciencioso e incansavel
scientista tivessem sido tão pouco conhecidos e apre-
ciados como foram, nesta sua segunda patria.
Em assumptos historicos e politicos tambem só
se preoccupava e interessava pelo Brazil, isolado do
resto do mundo, menos do mundo dos phenomenos
naturaes, cujo estudo absorveu toda sua attenção.
Não que fosse participante do principio de Se--
neca whe bene, ibi patria.
Era brazileiro de coração, porque fundas im-
pressões lhe causára nossa patria. Aqui chegando,
não ficou no Rio de Janeiro.
Internou-se pelo interior, penetrou em nossas
florestas virgens à procura de plantas e todos os
materiaes que se relacionassem com a historia na-
tural, enviando para o Museu Nacional e para os
museus allemães especimens raros ou importantes
que encontrava em suas excursões.
Nestas excursões se via a braços com difficul-
dades de toda especie, tendo por diversas vezes sido
atacado pelos Botocudos, que das nossas diversas
tribus de indigenas era a mais temida por seus
combates e traiçoeiros ataques. Triumphou, porém,
destas difficuldades presenteando estes selvagens com
rosarios, fitas de cores, canivetes e mais tarde estes
— 62.
selvagens tornaram-se seus amigos e auxiliares nas
excursões que realizava, sendo as principaes atra-
véz de toda a serra dos Orgãos.
Percorreu grande parte do valle do Parahyba
e margens dos rios Pomba e Canoé.
Atravessou grande parte do Estado de Minas,
fazendo na cidade de Diamantina seu centro de
excursão.
Alimentava-se nestas excursões exclusivamente
de pesca e caça que ns selvagens procuravam para
a subsistencia, passando grandes privações.
Dormia ao relento, nas praias e margens dos
rios e muita vez expoz-se ao ataque dos selvagens
e das féras.
Contava que uma das mais serias contrarieda-
des por que havia passado foi a travessia do rio
S. Antonio, que fazia numa canda que vinha repleta
de plantas raras por elle colhidas, colleccionadas e
classificadas, sossobrando a canôa e morrendo a tri-
pulação, perdendo elle grande parte de seu precioso
trabalho, salvando, porêm, a vida.
Foi nestas excursões que Theodoro Peckolt
começou a celebrizar-se.
Colheu objectos raros, desconhecidos, que, en-
riquecem nosso Museu Nicional e principalmente
os museus allemães e os de Stockolmo e Upsala.
Muitas plantas novas collecionou e classificou,
que foram, por pessoas competentes no extrangeiro
julgadas de valor. Muitas destas plantas ainda hoje
enriquecem os jardins botanicos de Berlim e Munich,
Datam deste tempo as solidas relações estabelecidas
com dr. von Martius, auctor da «Flora Brasiliensis»,
obra monumental e immorredora, na qual Peckolt
foi talvez o principal collaborador pelos materiaes
fornecidos: plantas, flores e sementes, por elle co-
lhidas, colleccionadas e classificadas e enviadas ao
sabio allemão.
Mas será tempo de continuarmos a biographia
do nosso sabio.
Theodoro Peckolt cursou humanidades no Gym-
nasio de Friedeberg.
er oq
Foi depois pratico de pharmacia, primeiro na
cidade de Friebel, onde permaneceu até 1841, e
depois nas cidades de Meseritz, Waldeck, Neu-
brandenburg, a primeira na Polonia e as outras no
Ducado de Mecklemburg.
Como pratico destas pharmacias, Peckolt reve-
lou sua poderosa vocação, e o Governo allemão
nomeou-o pharmaceutico militar, o que não o sa-
tisfez, matriculando-se nas Universidades de Rostok
e Gottingen, onde alcançou nota de approvação
brilhante.
Não sómente elle se distinguia neste curso
universitario entre seus pares, como grangeou tam-
bem a sympathia de seus professores, entre os quaes
conta-se o dr. Reichenbach que o enviou com carta
de recommendação para o Director do Jardim Bo-
tanico de Hamburgo, onde se collocou.
Ahi fez amizade com os sabios Drs. von Mar-
tius, Eichler, Wiegand, Goeppert, Daniel Hanbury
em Londres, Oberdoerfer em Hamburgo e Dietrich
em Praga e outros, que, reconhecendo as aptidões
de Peckolt, o aconselharam a sahir daquelle campo
estreito e a vir estudar a flora tropical, ao que elle
accedeu, pouco depois, embarcando no navio «In-
dependencia», a 28 de Setembro de 1817, chegan-
do ao Rio de Janeiro a fins de Novembro desse
mesmo anno, gastando na travessia 60 dias.
Collocou-se no Rio como pratico de pharma-
cia e, estabelecendo relações com pessoas do interior
do Estado do Rio, para lá partiu, satisfazendo assim
suas ambições de naturalista.
Foi neste periodo que realizou as excursões
que acima enumeramos, e quando colheu as boas e
difficultosas collecções.
Possuidor destas collecções, veio ao Rio. Ex-
portou-as para a Aliemanha e nesta occasião fez o
exame de sufficiencia na Faculdade de Medicina do
Rio, obtendo seu diploma de pharmaceutico. De novo
regressou para o Estado do Rio, fixando resi-
dencia na cidade de Cantagallo,, onde se relacionou
com a familia do pastor protestante Frederico Sau-
erbronn, o fundador da cidade de Nova Friburgo ;
vasou-se em 1854, com a filha deste, d. Henri-
queta Sauerbronn.
Sendo alli empregado de pharmacia, no curto
espaço de 8 annos fez a analyse qualitativa e quan-
titativa de cerca de 3.000 plantas.
Em 1868, voltou ao Rio de Janeiro, fundando
a Pharmacia e Drogaria Peckolt.
Pubhcou muitos artigos e particularmente obras
sobre Zoologia, Botanica, Entomologia.
Sobre estes assumptos, foi o principal collabo-
rador de todas as revistas que se publicam na Al-
lemanha do Norte.
Publicou tambem muitos artigos originaes no
Jornal Geral Pharmaceutico da Austria, Jornal
Pharmaceutico Dic Rundschau; Jornal Pharmaceuti-
co de Nova-York ; Bericht, (Jornal) da Sociedade Al-
lema de Pharmacia de Berlim.
Além destes trabalhos originaes, pnblicou 437
numeros de analyses de plantas, côcos, raizes, ve-
getaes.
Km virtude de suas descobertas que se succe-
diam todos os dias, obteve muitos titulos honorifi-
cos, dentre os quaes destacamos por serem os pri-
cipaes :
Em 1852 foi nomeado Membro Correspondente
da Real Sociedade Botanica de Regensburg.
Em 1853, igual distincçäo da Real Sociedade
Pharmaceutica da Allemanha.
Nas Exposições Geraes do Rio de Janeiro que
se realizaram de 1861 a 1866, obteve medalhas de
ouro e os numerosos productos pcr elle expostos,
constando de productos pharmacognosticos, essencias,
oleos, novos alcaloides, o Governo Imperial os jul-
gou de tão grande valor que os adquirio e enviou
para Londres e Pariz, onde figuraram nas exposi-
ções, alli realizadas, sendo altamente apreciados.
Na Exposição Geral de 1870 obteve o Grande Di-
ploina de Honra.
Já desde 1862 que D. Pedro IT havia apreciado
o fecundo trabalho de Peckolt, e quando publicou
— 65 —
nessa data diversos fasciculos e monographias, foi
condecorado com o Officialato da Ordem da Rosa.
Em 1863, a Academia Nacional de Medicina
do Rio o admittio como membro.
Em 1864 a Academia Celebre Cesario Leopol-
dina Carolina Germanica propoz que por decreto
fosse nomeado, como effectivamente o foi, com ti-
tulo unico e honrosissimo de Doctor Honoris Causa.
Em 1265 foi nomeado Membro Correspondente
de todas as sociedades pharmaceuticas da Austria e
da Russia.
Em 1869 foi agraciado pelo Rei da Suecia
com o titulo de Commendador da Estrella do Nor-
te e membro honorario correspondente da Sociedade
de Geologia de Buenos Aires.
Em 1887 foi acceito como socio honorario das
sociedades pharmaceuticas da Inglaterra.
O dr. Flueckiger, illustrado Professor de Phar-
macognosia na Universidade de Strassburgo, em seu
testamento constituio o dr. Theodoro Peckolt mem-
bro da Directoria do Jury da Medalha Flueckiger.
Em 1885 o dr. Fournier, Professor de Bota-
nica de Pariz, e que é autor da Secção Asclepiada-
ceas da grande obra «Flora Brasiliensis» de von
Martius, deu denominação a um novo genero que
classificou de Peckoltia.
EK” socio honorario da Sociedade Pharmaceu-
tica de Berlim.
Aos 13 de Julho de 1892, quando completou
Peckolt 70 annos, recebeu um valiosissimo presen-
te: um rico album com 125 photographias de pro-
fessores de Universidades allemãs, francezas, ingle-
zas, austriacas a norte-americanas, todas com cari-
nhosas e distinctas dedicatorias e assignaturas au-
thenticas.
A enumeração das publicações scientificas do
Dr. Peckolt segue ao fim da traducção allema.
Não podemos concluir de melhcr modo este
necrologio do que fazendo nossas as palavras com
as quaes o Snr. H. C. Carpenter conclue o seu
om 66 ==
sentido e bem escripto artigo no Jornal do Com-
mercio :
«Divulgando estes traços biographicos do Dr.
Theodoro Peckolt, tribvtamos uma pallida homena-
gem a um daquelles homens modestos mas dignos
da gratidão de um povo e da sciencia que elle
abraçou e tanto honrou.»
NACHRUF
De. Theodor Peckoit
VON
HERMANN VON HERING
Die Stadt Rio de Janeiro, weche in der Mitte
des vorigen lahrhunderts in den wissenschaftlichen
Kreisen, die sich fuer das Studium unserer Flora
interessieren, so ausgezeichnet durch vortreffliche
Naturforscher von der Bedeutung eines W. Schwa-
ke, João Barbosa Rodrigues, A. F. M. Galziou, E.
Ule, P. Dusen u. a. vertreten war, verlor in der
Person des verehrungswuerdigen Meisters, dessen Ge-
daechtniss dieser Nachruf gwidmet ist, den letzten |
hervorragenden Arbeiter jener grossen Epoche, zu-
gleich den Nestor der brasilianischen Nuturforscher,
einen Gelehrten, der selbst noch in einem Alter
von 80 bis 90 Jahren nicht ermuedete seine rei-
chen wissenschaftlichen Erfahrungen zu verceffent-
lichen. Die Daten, die uns zur Grundlage fuer
diese Biographie dienen, entstammen hauptsaechlich
folgenden Quellen :
a) Fr. Hoffman. Pharmazeutische Rundschau.
New-York, vol. X., 1892. p. 263-265: Theodor
Peckolt, mit Bildnis.
Lt) B. Reber. Gallerie hervorragender Thera-
peutiker und Pharmakognosten der Gegenwart,
Genève, 1897, p. 125-129: Theodor Peckolt, mit
Bild und Verzeichnis seiner Werke).
c) J. Urban. Martii Flora brasiliensis, vol. I,
1900, p. 74: Theodor Peckolt.
SEA Qui
d) Henrique Carlos Carpenter. Jornal do Com-
mercio. Rio de Janeiro, 20 de Outubro de 1912:
Theodor Peckolt.
Gewisse Ereignisse, sagt H. G. Carpenter, duer-
fen schon wegen ihrer Wichtigkeit nicht mit
Stillschweigen uebergangen werden, zumal solche,
welche auf den Blaettern der Geschichte verzeichnet
stehen und die Vorzuege kuenden, welche bestimmte
Persoenlichkeiten besessen und ausgzuebt haben und
durch welche sie den Zeitgenossen und der Nach-
welt zum Vorbild und zur Bewunderung dienen.
Man weiss, dass Maenner von Tuechtigkeit und
ausserordentlichen Talenten sich ihrem Beruf ganz
und gar hingeben, wobei sie sich oft wenig um
das Urteil der Mitwelt kuemmern, und es vorziehen,
in der Stille zu schaffen, mit dem begreiflichen
Wunsche, in der Verfolgurg der schwierigen Aufgabe,
der sie sich widmen, nicht gestoert zu werden.
Der kuerzlich verstorbene Dr. Theodor Peckolt
gehoert auch zur Zahl dieser ausserordentlichen
Maenner, welche nur die Verwirklichung des Le-
bensberufes im Auge haben, welchen ihnen das
Schicksal vorgezeichnet hat, und ihnen das Bewusst-
sein erfuellter Pflicht zur Befriedigung und Ehre
gereicht.
Er war unter uns wenig bekannt, hinterliess
aber doch, bei aller Bescheidenheit, die ihn auszeich-
nete, zahlreiche Freunde und Schueler. Wir duer-
fen beim Scheiden Dr. Theodor Peckolts aus den
Reihen der Lebenden nicht stillschweigen, weil
sein Name in die Geschichte der Wissenschaft, die
er mit vielen Orginalarbeiten bereichert hat, einge-
schrieben ist. Auch duerfen wir es nicht zugeben,
dass die auslaendiscbe Presse ihm friiher als wir
ihre Bewunderung und Dankbarkeit bezeugt, da es
doch Brasilien war, wo er seine fruchtbare Taetig-
keit immer im Dienst der Wissenschaft und zum
Heile seiner Mitmenschen entfaltete.
Ganz wenige von uns koennen den Wert dieses
ausserordentlichen Mannes schaetzen, weil sein im-
menses Lebenswerk sich eben im Stillen vollzog,
— 69>
unermiidlich, bewundernswert, und ehrenvoll. Bei die
ser, dem Fortschritt der Wissenschaft gewidmeten
Arbeit, verbrachte er sein ganzes Leben, ohne den
Beifall und die oeffentliche Anerkennung des Wer-
tes seiner Entdeckungen zu suchen, ja sich eher
ihr zu entziehen suchend. Auch bemuehte er sich
nie um Unterstuetzungen der brasilianischen Nation,
die ihm also fuer seine unschaetzbaren Dienste zu
Dank verpflichtet bleibt.
Er machte in den wissenschaftlichen Kreisen
nicht allein den Reichtum unserer Flora in Hinsicht
auf die Zahl ihrer seltenen Arten, sondern auch
deren Higentuemlichkeiten als Genuss-Nahrungs-
und Heilpflanzen bekannt.
Dutzende, ja hunderte von arzneilich hier und
im Ausland verwerteter Pflanzen wurden von Dr,
Theodor Peckolt entdeckt, der davon keinen eigenen
Nutzen zog und sich damit begnuegte, als erster
ihre besonderen Eigenschaften erkannt zu haben,
es anderen überlassend, den Nutzen solcher Heil-
pflanzen zum Wohl ihrer Nebenmenschen und dem
eigenen auszubeuten. Wenn wir die Zahl der Pflan-
zen, welche er quantitativ und qualitativ untersucht
hat, angeben wollten, muessten wir mehr als
6000 Namen citieren, alles einheimische Gewaechse
die bis dahin unbekannt oder nur empirisch verwer-
tet waren und deren botanisch und chemisch-physi-
schen Eigentiimlichkeiten erst von ihm festge-
stellt wurden.
Nur wer mit diesem Gelehrten zusammenlebte,
nur wer die Schwierigkeit, welche derartige Unter-
nehmungen verursachen, kennt, zumal, wenn fiir alle
Arbeit der Forscher selbst die Kosten zu tragen
hat, der allein kann sich genuegende Rechenschaft von
seiner Willenskraft, Befähigung und seiner Geschick-
lichkeit geben, Eigenschaften, die sich seltenin einem
und demselben Individuum in dem Masse wie bei
Peckolt vereint findeo. Wir kennen ausser ihm kein
zweites Beispiel so ausserordentlicher Arbeitskraft.
Dabei war sein Schaffen nicht unsystematisch,
im Gegenteil, wie alle Handlungen seines Le-
bens, war es nach peinlich genauer Methode einge-
richtet.
Ausserdem leitete er persoenlich die alte, gut
renomierte Apotheke Peckolt.
Er stand frueh, immer zur selben Stunde, um
6 1/2 Uhr auf. Dann nahm er ein einfaches Früh-
stiick, Kaffee oder Chocolate, Buechsenconserven
oder Doce (Suessigkeiten, Confitüren)— er genoss
nur von ihm analysierte Producte, wobei er die
Analysen umsonst ausfuehrte und die bewaehrten
Producte dann in seinem Bekanntenkreise empfahl.
Um 8 Uhr frueh vearliess er sein gemuetliches
Heim in der Rua Haddock Lobo und begab sich
nach seiner Apotheke in der Rua Quitanda.
Dort angekommen pflegte er mit Musse das
Jornal do Commercio zu lesen.
Von 10 1/2 bis 3 1/2 nachmittags oblag er dem
Studium der Pflanzen und machte Analysen in sei-
nem Laboratorium, das dafuer eine vollstaendige
Ausruestung besitzt.
Von 4 bis 5 Uhr widmete er sich den ge-
schäftlichen Angelegenheiten seines Hauses und zog
sich dann in seine Wohnung zurueck. Nach dem
Abendessen um 8 Uhr, bis in die spaete Nacht, ar-
beitete er an den zanllosen Beitraegen, welche er
fuer fast alle pharmaceutischen Zeitschriften Europas
und Amerikas verfasste.
Nicht einmal an den Sonntagen goennte er
sich Ruhe: Von morgens bis in die spaete Nacht
trieb er Botanik, bestimmte Pflanzen und brachte
die wissenschaftlichen Arbeiten ins Reine, welche
er waehrend der Woche ausgearpeitet hatte. Nie-
mals sahen wir ihn sich zerstreuen, niemals sahen
wir ihn von seinem Programm abweichen, das er
mit Zaehigkeit Tag um Tag, Woche um Woche,
Jahr um Jahr verfolgte...
Vielleicht fand Peckolt wie Ernst Renan, dass
das beste Mittel, sich zu zerstreuen, der Wechsel
der Beschaeftigung ist.
Und so lebte er bis zum Alter von ueber 90
Jahre.
Geboren wurde er am 13 Juli 1822 in Pechern,
bei Muskau (Niederlausitz) in der preussischen Pro-
vinz Schlesien, und starb am 21. September 1912
in Rio de Janeiro.
Seine Eltern waren der Ulanenrittmeister Carl
Peckolt und Frau Eleonora Ackerman Peckolt.
Als Sohn weaig bemittelter Eltern hatte er
zunächst mit viel n Schwierigkeiten zu kaempfen die
er aber tiberwand in ernstem Streben und anhal-
tender Arbeit. So brachte er seinen Namen, den er
einer ausgezeichneten, und zahlreichen Nachkom-
menschaft hinterliess, zu hohen Ehren. Peckolt war
ein grosser Freund Brasiliens und interessierte sich
fuer alles, was auf das Land bezug hatte, fuer seine
Finanzen, seine grossen Maenner und seine Zukunft.
Er verfolgte mit aufrichtiger Anteilnahme alle
materiellen und moralischen Fortschritte dieser
seiner neuen Heimat.
Als fleissiger Leser des Jornal do Commercio
kannte und diskutierte er alle unsere Angelegenheiten
und Politiker, wobei er durch die Schärfe seines
Urteils und die Urspruenglichkeit seiner Gedanken
ueber Gegenstaende die seinen zeitraubenden und
fast ausschliesslich chemischen und botonischen Ar-.
beiten ferne lagen, ueberraschte jedermann.
Im November 1847 landete Peckolt in Brasi-
lien, verweilte sonach 56 Jahre unter uns und war
so Augenzeuge der Hauptphase der Geschichte. un-
seres Vaterlandes in der Constituierung unserer
Nationalitaet.
Im September 1848 begann Peckolt dio Er-
forschung des Landes. Von seinen ersten Ersparnis-
sen erwarb er sich ein Pferd und reiste in den Staa-
ten Rio de Janeiro, Espirito Santo und Minas. In
jener Zeit gab es keine Eisenbahn und die Wege
waren sehr primitiver Art aber die grosse Gast-
treundschaft, welche die Bevoelkerung des Hinter-
landes characterisiert, oeffnete ihm ueberall die
Tueren. Damals gab es im Inneren werige <Aerzte.
Seine pharmazeutischen Kenntnisse setzten daher
den jungen Naturforscher in die vorteilhafte Lage,
allen Kranken, die ibn consultierten. seine wertvol-
le Hilfe angedeihen zu lassen. Als Entgelt dieser
Dienstleistungen empfing er ausser seinem Honorar
naturgeschichtlich interessante Gegenstaende und
wertvolle Beitraege fuer seine botanischen Sammlun-
gen.
Zu Anfang des Jahres 1850 verweilte Peckolt
eine Zeitlang unter den Nac-naouc am Rio Doce, wo
rauf er dann nach Rio de Jansiro zurueckkehrte.
Die Mittel welche ihm seine Reise ins Innere cin-
getragen hatte, setzten ihn in den Stand sein phar-
mazeutisches Examen in Rio de Janeiro zu machen.
Im November 1351 eroeffnete er dann eine Apotheke
in Cantagallo, im Staate Rio de Janeiro, woselbst
er sich im Jahre 1854 mit der Tochter des dorti-
gen evangelischen Pastors verheiratete. In Cantagallo
gab es damals reiche Cafleepflanzungen und herrli-
che unberuehrte Waldbestaende, ein vielversprechen-
des Feld fuer die Studien des jungen Botanikers.
Nicht weniger als 17 Jahre wohnte Peckolt
in Cantagallo, wo er sich die tiefe Kenntniss unse-
rer Flora erwarb, die ibm eigen war auch mit
verschiedenen zoologischen Fragen sehen wir ihn
sich beschaeftigen. So leistete er insbesondere der
Wissenschaft durch seine Studien über die Trigo-
niden, der sozialen Bienen Brasiliens, einen gros-
sen Dienst. Nach seinen biologischen Beobachtung
en wurden die Bienen von dem tuechtigen Specia-
listen Frederic Smith vom British. Museum klassi-
fiziert; beim Ruecktransport passierte es aber, dass
mehrere Nummern verwechselt wurden, was zu
Irrtuemern Veranlassung gab. Durch unseren Brief-
wechsel vermochten wir die Angelegenheit auf-
zuklaeren und aufs beste seine wertvollen Beobacht-
ungen fuer unsere Monographie der Biologie der
socialen Bienen Brasiliens (op. 210) uns zu Nutze
zu machen.
Cantagallo hatte in jener Zeit fuer die brasi-
lianische Naturforschung eine spaeter nie wieder
erreichte Wichtigkeit. H. Burmeister hielt sich dort
eine Zeitlang auf. Karl Euler beschaeftigte sich
hier mit biologischen Studien zur Ornithologie. Eulers
Arbeit ist so wertvoll, dass diese unsere Zeitschrift
stolz darauf ist, durch eine neue, durchgesehene und
ins Portugiesische uebersetzte Ausgabe in ihren
Band IV den Liebhabern der brasilianischen Vo-
gelkunde einen grossen Dienst geleistet zu haben.
Gleich Euler arbe.tete auch Peckolt in einer den
Umstaenden angemessenen Weise, indem er nicht
durch Beschreibung neuer Arten seinen Namen be-
ruehmt zu machen strebte, sondern sich mit biolo-
gischen Studien abgab, die unsere Kenntnisse ver-
tiefen sollten.
Schon damals trugen die wissenschaftlichen Ar-
beiten Peckolts jenen gediegenen Character, wel-
cher ihm Freunde und Bewunderer in aller Welt
verschaffte.
Nach und nach studierte er die verschiedens-
ten brasilianischen Pflanzenfamilien, beobachtete die
Verhaeltnisse ihrer Lebens-und Fortpilanzungsbe-
dingungen, sammelte von den Caipiras, (den ein-
geborenen Landleuten Nachrichten ueber deren
volkstuemlichen Namen, ihren Gebrauch und _ ihre
eventuellen officinellen Eigenschaften. Sein Herba-
rium lieferte ihm das Material zur morphologischen .
Vergleichung der zahlreichen Species und das La-
boratorium vertiefte das Studium, indem es Auf-
schluss gab ueber die chemische Zusammensetzung
der medicinischen Pflanzen, ihre Alcaloide und
sonstige Extractivstoffe. Wir kennen keinen zweiten
Naturforscher, der in den botanischen und chemischen
Studien gleichbewandert waere, der ebeuso gruend-
lich gearbeitet und durch eigene Untersuchungen
das oekonomische, pharmazeutische und chemische
Studium irgend einer Tropenflora in gleichem
Masse aufgeklaert haette. Unter solchen Umstaenden
ist es aber auch befremdlich wie wenig in seinem
zweiten Vaterlande die Arbeitsergebnisse dieses ge-
wissenhaften und unermuedlichen Wissenschaftlers
anerkannt wurden.
Sein Interesse fuer Brasilien ging soweit, dass
ibn auch in Bezug auf historische und _ politische
Fragen einzig die auf dieses Land bezueglichen
beschaeftigten, sodass er gleichsam von der uebri-
gen Welt abgeschlossen lebte, mit Ausnahme von
der Welt der Naturphaenomene, deren Studium
seine Aufmerksamkeir ganz in Anspruch nahm.
Man glaube aber nicht, dass er Anhaenger je-
nes Grundsatzes von Seneca war: Ubi bene, ibi patria.
Nein, er war Brasilianer mit Leib und Seele;
denn unser Vaterland hatte einen tiefen Eindruck
auf ihn gemacht. Er war nach seiner Ankunft im
Lande auch nicht ausschliesslich in Rio geblieben.
Er ging vielmehr ins Inner® und bahnte sich
seinen Weg in unseren Urwaeldern auf der Suche
nach Pflanzen und all dem Material, was auf die
Naturgesehichte bezug hat, wovon er dann ans
Museu Nacional und an die deutschen Museen sel-
tene und wichtige Exemplare abgab.
Auf dieser Reisen sah er sich wiederholt von
Schwierigkeiten der verschiedensten Art umstrickt;
so wurde er z. B. verschiedene Male von den Bo-
tocuden angefallen, welcher Stamm unter den ver-
schiedenen Gruppen von Kingeborenen der durch
seine Kaempfe und verraeterischen Ueberfaelle am
meisten gefürchtete ist. Doch er ging stets aus
Noeten als Sieger hervor indem er die Wilden mit
Rosenkraenzen, farb gen Baendern und Taschenmes-
sern beschenkte. Auf diese Weise wurden die In-
dianer seine Freunde und Gehilfen bei seinen Ex-
cursionen, wovon die hauptsaechlichsten der Durch-
querung des ganzen Org lgebirges galten.
Er bereeiste auch einen grossen Teil des Parahy-
ba-Tales und die Ufer des Pomba und Canoë.
Auch cinen grossen Teil vom Staat Minas Ge-
raes durchquerte er, wobei er die Stadt Diamantina
zum Centrum seiner Ausfluege waehlte.
Er lebte auf diesen Excursionen ausschliessiich
von Fischen und Wiidpret, wie es die Wilden zu
ihrem u. seinem Lebensunterhalt beschafften.
Hr schlief unter freiem Himmel, auf Kluessen
und an deren Ufern, wobei er vielfach den Angrif-
fen der Wilden und der Raubtiere ausgesetzt war.
So pflegte er zu erzaehlen, dass eine der erns-
testen Gefahren die er auszustehen hatte in der
Durchquerung des Rio S. Antonio bestand, die er
mit einem Kahne ausfuehrte der angefiillt war mit
seltenen, von ihm gesammelten und klassifizierten
Pflanzen; der Kahn schlug um, die Bemannung
ertrank, er verlor einen Teil seiner wertvollen
Sammlungen, rettete aber sein Leben.
Durch derartige Excursionen begruendete Pe-
ckolt seinen Ruf.
Viele der von ihm gesammelten Pflanzen bilden
noch heuteeinen Theil vonwissenschaftlichen Samm-
lungen von Muenchen und Berlin von Upsala u. Sto-
ckholm. Daher stammten auch seine guten Bez ehun-
gen zu Dr. von Martius, dem Autor der «Flora brasi-
liensis», jenes unsterblichen Meisterwerkes, zu wel-
chem Peckolt vielleicht am Meisten mit Material
beitrug, denn der deutsche Gelehrte hatte ihn ersucht,
ihm Pflanzen, Blueten und Samen, die er selbst
gesammelt und klassifiziert hatte, zu schicken.
Doch es wir Zeit den Faden unserer Biographie
wieder aufzunehmen.
Theodor Peckolt hat das Gymnasium zu Fried-
berg besucht. Dann praktizierte er als Apotheker,
zunaechst in Friebel, wo er bis 1841 blieb und dann
in den Staedten Meseritz-Waldeck und Neubranden-
burg. Der e:st genannte Ort liegt in Polen uud
die beiden anderen im Grossherzogtum Meklenburg.
Als Apotheker-Praktikant entdeckte Peckolt
seinen eigentlichen Beruf. Die deutsche Beigerung
hatte ihn unterdessen zum Militaer-Apotheker er-
nannt, doch zog er es vor sich an der Universitaet
Rostock und dann in Goettingen matrikulieren zu-
lassen wo er mit Auszeichnung sein Approbations-
examen bestand.
Er zeichnete sich nicht nur an der Universitaet
unter seinen Commilitonen aus, sondern gewann
auch die Sympathie seiner Professoren, zu denen
auch Dr. Reichenbach gehoerte, der ihn mit Em-
pfehlungsschreiben zum Director des botanischen Gar-
tens in Hamburg schickte, wo er Stellung nahm.
Hier befreundete er sich mit den Gelehrten von
Martius, Kichler, Wiegand, Goeppert, Daniel Ham-
bury in London, Oberdoerfer in Hamburg, Dietrich
in Prag und anderen, welche die Talente Peckolts
erkannten und ihm rieten, jenes engbegrenzte Ar-
beitsfeld zu verlassen und die Tropenflora zu studie-
ren, wozu er sich auch entschloss. Bald darauf,
am 28 September 1847 schiffte er sich auf dem Segel-
schiffe «Independencia» ein uud kam am 28 Novem-
ber deselben Jahres, nach einer 60 taegigen Ueber-
fahrt, in Rio de Janeiro an.
Er nahm zunaechst Stellung in einer Apotheke
und knuepfte Beziehungen mit Personen aus dem
Inneren des Staates Rio an, wohin er spaeter auf
brach, um seinen Neigungen zum Studium der Natur
zu leben.
In dieser Zeit war es, wo er die oben aufge-
zaehlten Excursionen ausfuehrte und die vortrefilichen
Sammlungen anlegte, welche zur Bereicherung des
von Martius’schen Werkes wesentlich beitrugen.
Im Besitze dieser Sammlungen kam er nach
Rio zurueck. Nachdem er daselbst an der medizi-
nischen Fakultaet sein Schlussexamen gemacht und
sein Apotheker-Diplom erlangt hatte, schickte er
seine Sammlungen nach Deutschland und kehrte
neuerdings in das Innere des Staates zurueck, wo er
seinen Wohnsitz in Cantagallo aufschlug. Dorf
trat er in Beziehung zu der Familie des protestan-
tischen Pastors Friedrich Sauerbronn, des Gruenders
der Stadt Neu-Friburg, mit dessen Tochter, Fraeu-
lein Henriette Sauerbronn, er sich im Jahre 1854
verheiratete.
Waehrend seiner Taetigkeit in der dortigen
Apotheke machte er in dem kurzen Zeitraum von
8 Jahren die qualitative und quantitative Analyse
von circa 3066 Pflanzen. Im Jahre 1868 kehrte
er nach Rio de Janeiro zurueck und gruendete die
Apotheke und Drogaria Peckolt.
Er veroeffentlichte zahlreiche Artikel und
Werke über Botanik, Zoologie und besonders En-
tomologie. Ueber diese Gegenstaende war er auch
Hauptmitarbeiter an den diesbezueglichen Zeitschrif-
ten in Norddeutschland.
Desgleichen publizierte er auch viele Original-
arbeiten in der: «Zeitschrift des oesterreichischen
Apothekervereins, in der Pharmazeutischen Rund-
schau von New-York und in den Berichten der
deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft zu Berlin.
Ausser diesen Originalarbeiten verfasste er
noch 437 Nummern von Analysen von Pflanzen,
Fruechten, Wurzeln und Vegetabilien.
Seine Entdeckungen, die ununterbrochen auf
einander folgten, trugen ihm viele Ehrungen ein,
unter denen die bemerkenswertesten hervorzuheben
sind:
Im Jahre 1852 wurde er zum correspondie-
renden Miglied der koeniglichen botanischen Ge-
sellschaft zu Regensburg ernannt.
Im Jahre 1853 wurde ihm die gleiche Auszeich-
nung von der koeniglichen pharmazeutischen Ge-
sellschaft von Deutschland zu teil.
Auf den Weltaustellungen zu Rio de Janeiro
in den Jahren 1861 und 1866 erhielt er goldene
Medaillen auf Apothekerprodukte, Essenzen, Oele,
neue Alcaloide. Die brasilianische Regierung hielt -
dieselben Arbeitungen fuer so wertvoll, dass sie sie
erwarb und auf den Weltausstellungen zu London
und Paris ausstellte, wo sie sehr beachtet wurden.
Auf der allgemeinen Welt Ausstellung von 1870
erhielt er das grosse Ehrendiplom. Schon seit 1862
hatte Dom Pedro II die fruchtbare Taetigkeit Pe-
ckolts geschaetzt und zeichnete ihn nach Vollendung
weiterer verschiedener Monographien durch die Ver-
leihung des Rosenordens aus.
Im Jahre 1863 nahm ihn die Academia Na-
cional de Medicina von Rio als Mitglied auf.
Im Jahre 1864 schlug die beruehmte kaiserliche
deutsche Leopold-Karls Academie vor, Peckolt durch
Verleihung des seltenen und aeusserst chrenden
Doctortitels honoris causa zu ehren, ein Vorschlag,
dem auch stattgegeben wurde.
Im Jahre 1865 wurde er zum correspondier-
enden Mitglied der pharmazeutischen Gesellschaften
Oesterreichs und Russlands ernannt.
Im Jahre 1869 zeichnete ibn der Koenig von
Schweden durch Verleihung der Wuerde eines Com-
mendador des Nordsternes aus und die geologische
Geselischaft von Buenos-Ayres erwahlte ihn zum
Ehrenmitgliede.
Im Jahre 1887 nahm ihn die pharmazeutische
Gesellschaft Englands als Ehrenmitgiied auf.
Der beruehmte Professor der Pharmacognosie
an der Strassburger Universitaet, Dr. Fluekiger be-
stellte in seinem Testament den Dr. Theodor Peckolt
als Directoralmitglied in dem Preisgericht fuer die
Fluckiger-Medaille.
Im Jahre 1885 benannte der Botaniker Pro-
fessor Dr. Fournier, in Paris, der die Abteilung der
Asclepiadacen in dem grossen von Martius’schen
Werke der Flora brasiliensis bearbeitet hat, eine
neue Gattung nach ihm als Peckoltia.
Er war auch Ehrenmitelied der Berliner Phar-
mazeutischen Gesellschaft.
Zu seinem 80. Geburtstag, am 13 Juli 1892
empfing Peckolt ein sehr wertvolles Geschenk ; ein
reiches Album mit 125 Photographien deutscher,
franzoesischer, englischer, oesterreichischer und
nordamerikanischer Universitaetsprofessoren, alle mit
liebenswuerdigen und schmeichelhaften Widmungen
und persoenlichen Unterschriften.
Die Liste der Publikationen Dr. Peckolts folgt
unten.
Wir glauben auf keine bessere Art unseren
Nachruf schliessen zu koennen als indem wir
die Schlussworte des tief empfundenen gut geschrie-
benen Artikels von IH. C. Carpenter aus dem Jor-
nal do Commercio zu den unsrigen machen :
«Durch die Veroeffentlichung dieser biographi-
schen Skizze ueber Dr. Theodor Peckolt wollen wir
einem jener bescheidenen Maenner, der aber zugleich
der Dankbarkeit eines ganzen Volkes und der Wis-
senschaft welche er pflegte und ehrte, wuerdig ist,
unsere ebrfurchtsvolle Huldigung darbringen.
Bibliographia do Sr. Dr, Theodoro Peckolt
Abreviatura dos periodicos :
Arch. Ph. — Archiv der Pharmacie des Nord-
deutschen Apotheker Vereins.
Oest. A. — Zeitschrift des Oesterr. Apotheker
Vereins.
D. Ph. G.— Berichte der Deutschen Phar-
mazeutischeu Gesellschaft.
1) Notizen aus Brasilien, bis 1860. Pharma-
cie in Brasilien 1851. Arch. Ph.
2) Brasilianische Nutz-und Heilpflanzen 1851
bis 1860. Carnaubapalme. Arch. Ph.
3) Brasilianische Zollverhaeltnisse der Droguen.
Brasilianische Nutzhoelzer. Arch. Ph.
4) alva constructor Daudin. — Vaginulus re-°
clusus. Parycory. Orlean-Bereitung und Kultur in
Pará. Soaresia nitida Fr. All. Silvia navilium Fr.
Urucurana. Arch. Ph.
9) Untersuchung der Wurzelrinde von An-
chieta salutaris und Anchietin, 1859. Arch. Ph.
6) Untersuchung des Holzes, der Rinde uud
des Harzes von Myrocarpus fastigiatus Fr. All. Ar-
ebu Ph:
7) Untersuchung der Knolle und des Harzes
von Ipomoea operculata. Arch. Ph.
8) Untersuchung des Gummi Sicopira. Bow-
dichia maior Mart. Arch. Ph.
9) Vanilla. Die brasilianische Droguen-Ausstel-
lung. 1861. Arch. Ph.
10) Untersuchung des Holzes von Andira an-
thelmintica. 1861. Arch. Ph.
41) Untersuchung von Euphorbia pulcherrima.
Areh. Ph.
12) Untersuchung des Milchsaftes von Uro-
stigma doliaria und Doliarin, 1862. Arch. Ph.
É à d
É o
RER SS
| Lad | à
VZ €
\
ESTO, E
13) Untersuchung der Nuesse, Macis und Rinde
von Myristica Becuhyba, Schott. 1861 Arch. Ph.
14) Untersuchung des Saftes (becuibablut) und
Fettes dito, 1861. Arch. Ph.
15) Untersuchung der Rinde und des Saftes
(Sanguis draconis bras.) von Croton erythraema
Mart 1861. Arch. Ph.
16) Explicação sobre a collecção pharmaco-
gnostica e chimica da Exposição 1861 no Brasil e
Inglaterra, nach London lateinisch.
17) Untersuchung des Holzes von Feuillia cor-
difolia, Feullin, 1862. Arch. Ph.
18) Untersuchung des Cajugummi’s Bras. Tra-
ganth. Spondias venulosa, 1862. Arch. Ph.
19) Untersuchung der Wurzel von Trianos-
perma ficifolia M. und Trianospermin,, 1863, Ar-
eb. Ph:
20) Untersuchung der Fruchthuelle und Sa-
meu von Lecythis urnigera M. und Acidum lecy-
this-tanicum 1864. Arch. Ph.
2!) Untersuchung ueber die brasilianische Va-
nille. 1865. Oest. A.
22) Die Mineralquellen Brasiliens, 1865.
Oest. A.
- 23) Chemische Analysen ueber Prunus brasi-
liensis 1865. Oest. A
24) Studien ueber die Seidenkapseln der
Schmetterlinge Brasiliens, 1865. Oest. A.
25) Untersuchung der Fruechte und des Harzes
von Araucaria brasiliana Richt. 1865. Arch. Ph.
2€) Untersuchung der Blaetter von Palicuria
Margraffii und Palicurin etc. 1865. Arch. Ph.
27) Untersuchung der Knolle und Samen von
Pachyrrhizus angulatus. 1865. Oest. A.
28) Untersuchung des Massarandubabaumes.
Lucuma procera M. u. Massarandubin, 1866. Oest. A.
29) Chemische Untersuchungen der Frucht-
huelle und des Haeutchen der Caffeebohne 1866.
Oest. A.
30) Studien ueber das Lophophytum mirabile.
1866. Oest. A.
— oo
31) Prunus sphaerocarpa Wasser der Lor-
beerkirsche, 1864. Gazeta Medica, N. 8, pag. 85 do
anno 1864.
32) Untersuchung der Fruechte von Carpo-
troche brasiliensis Mart. et Znce, und Carpotochin,
1866. Oest. A.
33) Untersuchung der Fruechte und der Sa-
men von Persea gratissima. 1866. Oest. A.
34) Untersuchung der Angoniadarinde. Plu-
meria lancifolia Muell. Arg. und Angoniadin, 1866.
Oest. A.
35) 1865 er Jahrgang der Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker-Vereines
36) Mitteilungen ueber Brasilien. —Geheimmit-
tel Brasiliens. — Mein Garten, — Bras. Fachnach
richten. — Mineralquellen Brasiliens etc.
37) Untersuchung der brasilianischen Suess-
holzwurzel. Periandra dulcis M. 1867. Oest. A.
38) Untersuchung von Ferrerra spectabilis Fr.
Allem. und. Angelium, 1868. Oest. A
39) Untersuchung der Ravenala madagasca-
riensis. Oest. A.
40) Analyses de materia medica brasileira. pp.
108. 1868. Laemmert & C.ia, Rie de Janeiro.
41) Historia das plantas alimentarias, de gozo
no Brazil. I. 1871, Laemmert & G.ia, Rio de Janeiro.
42) Untersuchung des Holzes von Tecoma lpé
M. und Chrysophan-saeure, 1873. Oest. A.
43) Untersuchung des aetherischen Oeles von
Zanthoxylon Peckoltianum, 1873, : est. A.
44) Historia das plantas alimentares ede gozo
no Brazil, 1874. Il. Laemmert & C.ia, Oest. A.
49) Holzraute: Arruda do matto. Oest. A. 1875.
46) Studien ueber das brasilianische Medizi-
nalwesen. 1876. Oest. A.
47) Untersuchung der Rinde von Cassia” bi-
juga Vog. und Chrysophansaeure, 1876. Oest. A.
48) Monographia do Milho (Mais). pp. 7
1877, Laemmert & G.ia, Rio de Janeiro.
49) Monographia da Mandioca, 97 pp. 1877,
ibidem.
e qr
~
ote
50) Untersuchung der Caroba (Sparattosperma,
Cinco folhas) und seines wirksamen Elementes. 1878.
Oest. A.
D1) Untersuchungen der Fruechte, Rinde u.
Blaetter von Prunus spaerocarpa und Blausaeure,
1878. Oest. A.
92) Untersuchung der Wurzelrinde von Bow-
dichia maior Mart. und Siropirin. 1878. Qest. A.
93) Untersuchung der Rinde und des Holzes
von Myroxylum peruiferum Linn. fil. Aeth. oel. Bals.
peruv. bras. und Myroxylin, 1879. Oest. A.
94) Untersuchung des Milchsaftes, der Frue-
chte, Blaetter etc. von Carica papaya L. und Papa-
yotin; 1870.--Mest DA,
09) Untersuchung von Scybalium fungiforme
Sch et Hichl, 1880. Oest. A.
06) Untersuchung von Helosis guyananensis
Sch. 1880. Oest. A.
97) Untersuchung von Lophophytum mirabile
Sch., 1880. Oest. À.
OS) Untersuchung der Wurzelrinde von Timbo.
Lonchocarpus Peckoli Wawra u. Timboin, 1881.
Oest. A.
99) Untersuchung der Blaetter von Caroba.
Jacaranda procera u. Carobin, acidum carobicum,
1881. Oest. A.
60) Nahrungs und Genussmittel Brasiliens
(Einleitung). Oest. A.
61) Schlangenantidot, 1881. Oest. A.
62) Volksnamen der brasilianischen Pflanzen.
Oest. A.
63) Stickstofftabelle der brasilianischen Nahr-
hrungspflanzen. Oest. A.
64) Historia das plantas alimentares e de goso
no Brazil VIII 1882. Laemmert & C., Rio de Janeiro.
65) Die Jaborandi-Arten Brasiliens, 1882.
Pharm. Centralhalle von Dr. Hager.
66) Caroba. 1882. Pharm. Centralhalle von
Dr. Hager.
67) Die Droguensammlung der brasilianischen
Ausstellung von Gustav Peckolt. 1882. Oest. A.
—— 83 —
68) Monographie des Cafes, 1883. Ocst. A.
69) Die Namen der brasilianischen Nahrungs-
mittel. 1883. Oest. A.
70) Die Namen der brasilianischen Thee’s.
1824. Oest. A.
71) Die Namen des Matés. 1884. Oest. A.
Te) » » Café, 178 Seiten, 1884.
Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
73) Die Namen der C:sra-Arten. Dioscoreen,
1885. Oest. A.
74) Untersuchung der Fruechte u. Samen v.
Eriobatrya Japonica Lindl u. Blausaeure, 1885.
Oest. A.
75) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis
do Brazil, I 1888. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
76) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis
do Brazil, II. 1829, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
77) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do
Brazil, II. 1890. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
78) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do
Brazil, IV. 1891, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
79) Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do
Brazil, V. 1883, Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
80) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur, v..
K. Mueller, Halle a. S. 42. Jhrg. 93. 579 81.
81) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur v.
K. Mueller, Halle a. S. 43. Jhrg. 94. p. 87-91 ; p.
223-229 ; p. 233-234.
82) Anacardium occidentale Linné, 1898.
Oest. A.
83) Ueber Vitis sessilifolia Baker. 1895.
Oest. A.
84 Ueber brasilianische Wespen. Die Kultur.
Jahrg. 43. 1894. p. 268-271 e p. 318-319.
8&5) Geissospermum Vellosii Fr. All. 1896,
Oest. A.
86) Historia das plantas medicinaes e uteis do
Brazil, VI. 1826. Laemmert & C.ia, Rio de Janeiro.
87-88 Nutz u. Heilpflanzen Brasiliens Moni-
miaceae, Magnoliaceae, Winteraceae D. Ph. G.
1896. Heft 4 u. 6.
89 Medicinal Plants of Brazil, 1896. Nictagi-
naceae Pharmaceutical Review. Milwaukee.
90 Medicinal Plants of Brazil, sem anno Lau-
raceae. Pharm. Archives. Vol. I. N. 4.
91-94 Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Viola-
ceae, Gutiferae, Nimphadaceae, Cruciferae, Drose-
raceae, Anonaceae. D. Ph. G. 1897 Heft. 3.6, 7,9.
95-98) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Cap-
paridaceae, Anacardiaceae, Tiliaceae, Papaveraceae,
Burseraceae; D. Ph.9G. 1698: Heft 2,75, MED;
99-101) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Fla-
courtiaceae, Gentianaceae, Rutaceae. D. Ph. G. 1899.
Heit 6, 7,19;
102) Historia das plantas medicinaes e uteis do
Brazil, VII. 1899, Rio, Laemmert.
103-107) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Ster-
culiaceae, Bombaceae, Malvaceae, D. Ph. G. 4900.
He 5,50; Go:
108-110) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens Pla-
caceae, Marcgraviaceae, Caprifoliaceae, Brassulaceae,
Loasaceae, Lumbaginaceae. D. Ph. G. 1901. Heft
RA.
111-112) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Le-
cythidaceae ; D. Ph. G. 1902. Heft 6, 9.
- 143-115) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Myr-
taceses D Phr'G: 191s niet 14:45
116-117) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Eu-
phorbiaceae; D. Ph. G. 1905. Heft 6, 7.
118 119) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Eu-
phorbiaceae; D. Ph. G. 1906. Heft 4, 5, 6.
120-123) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Pas-
sifloraceae, Apocynaceae; D. Ph. G. 1909. p. 36-58,
343-361, 529-556.
124) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliens. Combre-
taceae. D. Ph. G. 1911. p, 273-279.
Tres Chalcididas parasitas do «Bicho do café)
LEUCOBTERA CORFEELLA ( Timeid.)
em
Com algumas considerações sobre o hyperparasitismo
POR
RODOLPHO VON IHERING
(Com um resumo em allemão — Mit einer deutschen
Zusammenfassung)
Devemos à gentileza do sr. dr. Arruda Car-
doso, de Tayuva, no Estado de S. Paulo, a remes-
sa que nos foi feita por intermedio do sr. conde A.
A. Barbiellini, de algumas folhas de café atacadas
do mal chamado «bicho do café». E’ molestia co- |
nhecida em todos os paizes productores de café,
sendo causada pela larva de uma borboletinha ou
antes mariposa do grupo das «traças», microlepido-
ptero da familia ineilae, subf. Lyonehanae, e
cujo nome scientifico mais conhecido é Cemiostoma
coffeella Guér. Mén.. Mas, segundo lord Walsing-
ham (Proc. Zool. Soc. 1897, p. 141), deve prevale-
cer o nome generico proposto por Hiibner em 1826,
de forma que a denominação correcta é Leucoptera
coffeella Guér. Mén. (Veja Estampa HI, fig. 1.)
Esta especie encontra-se hoje em todos os pai-
zes em que se cultiva o café; na America sabe-se
que existe nas Antilhas, na America Central, na
Venezuela e no Brazil; no velho continente existe
tanto no continente africano, como nas ilhas Mada-
gascar, Reunion, Mauricio, etc..
LEE UE
Bordage suppôe que esta praga provenha da
Abyssinia, onde o café vive em estado selvagem e
que de là se tenha espalhado pelas outras regiões
caféeiras. Tambem Giard é desta opinião, isto é
que Leucoptera, genero extranho à nossa fauna,
tenha sido importado recentemente para a America.
A unica especie congenerica L albella Chamb. des-
cripta do nosso continente, parece ser identica à
L. susinella H. S., que provavelmente foi introdu-
zida sobre salgueiros (Salir babilonica).
A biologia desta especie tem sido estudada por
varios scientistas, mas não de tal forma que não
reslassem por verificar varios detalhes interes-
santes.
Por falta de material abundante e por não nos
ter sido possivel visitar fazendas de café atacadas
pela Lewcoptera, não pudêmos investigar detalhada-
mente certas questões que se prendem ao cyclo
biologico do «bicho do café». Comtudo, vamos re-
latar o pouco que pudémos observar no material
que nos foi enviado de Tayuva, e suppriremos o
restante com os dados que encontramos na litera-
tura de que pudémos dispor.
A borboletinha em questão põe os seus ovos
sobre as folhas do café e as lagartinhas, que em
breve se desenvolvem, penetram no parenchyma do
qual se alimentam, deixando intactas as duas cuti-
culas. O «bicho do café» produz assim umas man-
chas brunas ou avermelhadas nas folhas e é por isto
que tanto os francezes como os inglezes Mo
ram a molestia «ruille» e «rust» e os venezuelanos
tambem a appelidaram «mancha de hierro».
Esta praga foi pela primeira vez assignalada
nas Antilhas por Perrottet e o respectivo insecto
foi então classificado por Guérin Méneville (Bibl.
10) como Elachista coffeella, em 1842. Já vimos
acima as necessarias transformações por que teve
de passar o nome scientifico desse microlepidoptero.
Só em 1872 é que se conheceu a biologia com-
pleta deste insecto, graças aos estudos detalhados de
Pickmann Mann (Bibl. 6); este naturalista viera
EE te”
ao Brazil estudar a molestia a chamado do nosso
governo, e, ao que parece, realizou os seus estudos
no Estado do Rio de Janeiro, em Vassouras. Infe-
lizmente ainda não pudemos consultar directamente
esse trabalho, que parece ser muito raro. Às pu-
blicações posteriores vieram completar apenas al-
guns detalhes que haviam passado despercebidos.
Quasi que desconhecido é outro estudo sobre q
mesmo assumpto, e que, por tambem não nos ter sido
possivel consultal-o, citamos segundo Walsingham :
«Madinier» (Bibl. 11). Interessante é que este au-
ctor se refere à nossa borboletinha dando-lhe o nome
especifico noctuella.
O insecto adulto, que é muito agil em seus
movimentos, tem um vôo rapido; no ar é apenas
visivel, pois o corpo não mede senão 2 millimetros
de comprimento, e a envergadura varia de 5 a 6
mills..
O corpo é todo recoberto de fina poeira de
escamas brancas, quasi prateadas e na cabeça ha
um topete de pellinhos alvos; as azas anteriores
são largas, terminadas em fina ponta recortada; as
posteriores são muito estreitas € guarnecidas nos
dous bordos de finos pellinhos, como os ha tambem
na margem interna da aza anterior. Às escamas
que cobrem as azas são de bella cor branca, ligei-
ramente azul e nacaradas; na ponta da aza ante-
rior ha um delicado desenho de linhas cor de ouro
e outras preto-azuladas; na margem interna uma
grande mancha preta, redonda e um pouco em re-
levo, separa o colorido branco da ponta amarella.
Esta borboletinha pode dar origem a varias
gerações em um só anno e em numero tanto maior
quanto menos se fizer sentir a influencia do inverno.
A lagartinha mede 2 a 3 mms. de compri-
mento, e é de cor ligeiramente amarellada; nada
se sabe das mudas de pelle, nem quantas faz, nem
com que intervallo. Carcomendo o interior da fo-
lha, deixa apenas as duas cuticulas; em breve a
epiderme se separa e formam-se então as manchas
mais ou menos grandes, de bordos irregulares às
vezes, com pequenas galerias divergentes, que tor-
nam tão caracteristico o aspecto da folha atacada
pela lagarta da Leucoptera. Uma só folha póde
abrigar e alimentar varias lagartas, cujas galerias
então confluem; pudémos contar nada menos de 25
lagartas em uma só folha.
Quando a larva tiver attingido seu completo
desenvolvimento, ella sahe do interior da folha por
um pequeno orifício de um millimetro de diametro,
situado geralmente na pagina interior da folha.
Ella voe então tecer rapidamente o seu casulo, que
fica prompto em menos de 24 horas, às vezes mes-
mo da noute para o dia. Parece que é de prefe-
rencia na pagina inferior que a lagarta constrôe este
seu berço, em que ella passará a phase de chrysalida
para depois abandonal-o como insecto adulto.
Primeiro ella extende uma especie de tenda ou
cortinado de fios de seda; debaixo desta coberta é
que fica abrigado o casulo propriamente dito. Se-
gundo Delacroix a coberta se apoia sobre dous fios
mais grossos que se cruzam, como que servindo de
armação para a tenda que vae ser construida. Nos
nossos exemplares póde-se dizer antes que são qua-
tro faixas de seda que estão dispostas como dous
“INN collocados um sobre o outro, de forma a se
cruzarem as linhas transversaes.
Normalmente a lagarta da Leucoptera faz
o seu casulo na pagina inferior das mesmas folhas
de café; raramente se encontra a chrysalida na
pagina superior, o que parece succeder sómente
quando a folha, devido aos estragos que sofreu, já
estã mais ou menos murcha e por isto se enrola.
Segundo Pickmann Mann (Delacroix) a lagarta,
em certas circumstancias tambem faz o seu casulo
directamente sobre os galhos ou o tronco do caféeiro.
Quanto à metamorphose da borboletinha, veri-
ficémos apenas o tempo empregado pela nympha.
Como recebiamos folhas já atacadas e nas quaes as
larvinhas já se alimentavam ha algum tempo, não
sabemos quanto tempo demanda a phase larval.
Tivemos prova de que este periodo póde durar 20»
— 89 —
e tantos dias; dahi por deante, isto é, desde que a
lagartinha começa a tecer o seu casulo, até surgir
o insecto adnlto, foram empregados, no minimo, 20,
e no maximo, 25 dias. Póde-se calcular que nos
mezes em que recebemos o material (Setembro-
Outubro) a evolução toda se realiza em mais ou
menos 45 a 50 dias. Nos mezes de verão ‘Janeiro-
Fevereiro) Guerin Méneville obteve a transformação
completa da mesma especie em 13 dias, sendo 7
para a phase larval e 6 para a nympha.
Como se vê, ainda ha varius detalhes a estu-
dar com relação à metamorphose da Leucoptera ;
apontaremos como especialmente dignas de cbserva-
ção o crescimento das lagartinhas (mudas larvaes)
e o tempo empregado na evolução, nos varios me-
zes do anno (mais lenta no inverno, rapida no ve-
rão). :
%
* *
Pudémos estudar ainda outro problema que se
prende à oecologia desta praga do café e que nos
pareceu sobremodo interessante, quer sob o ponto
de vista puramente entomologico, quer pelo lado
economico ou pratico. E” o estudo dos parasitas
das lagartas.
Pickmann Mann, em seu trabalho, ao qual acima
nos referimos, menciona duas especies de parasitas
das larvas que colheu em cafezaes do Estado do
Rio de Janeiro (Vassouras). Giard assignala mais
duas especies de parasitas. Nós mesmos distingui-
mos tres especies entre os 10 exemplares de hy-
menopteros, que criamos das larvas de Leucoptera
nas seguintes condições :
As folhas de café foram colhidas em 27 de
Setembro e naturalmente as larvas de Leucoptera
já estavam parasitadas x dias antes. No dia 2 de
Outubro, sahiu o primeiro parasita; depois, nos
dias 9, 9, 11, 17, 18 e 22, obtivemos mais sete
outros. Podemos, pois, conjecturar que o praso mi-
nimo para o desenvolvimento desses pequenos hy-
mnopteros é de 30 dias approximadamente.
— 90 —
Damos em seguida a lista de todos os parasi-
tas da Leucoptera coffeella até agora observados :
SUB- PRO-
NOME FAMILIA FAMILIA |CEDENCIA
4 Eulophus cemiostomatis Mann (1) |Chalcididae .|Eulophinae .|Estado Rio
de Janeiro
2 Eulophus sp. Giard (2). . . . — — Réunion
3 Closterocerus coffeellae n Sp. . . = = Estado São
Paulo
4 Proacrias coffeae n. gen, n. sp. — = —
5 Eulophus sp. indet. R. v. Ih. — = 7 —
6 Exothecus lethifer Mann (1) . . |Braconidae .|Exothecinae . Estado Rio
de Janeiro
7 Amanteles sp. ‘Giard! (2) "ESPN — Microgasteri -
nae. . «|Réunion
(1) Veja-se Bibliogr. (6). Não pudemos consultar esse trabalho, que alias
parece ser o resultado de uma commissão de que o auctor esteve encarrega-
do por parte do governo brazileiro. No Catal. Hymenopt. V de Dalia Torre,
Eulophus cemiostomatis figura como nomen nudum («S. deser.»); Giard, Bi-
bliogr. (3) diz entretanto que a especie em questão «est en effet de couleur
métallique cuivreuse».
O Braconida Exothecus lethifer foi figurado pelo auctor; Dalla Torre, vo
Catal. Hymnopt. IV, inclve-o no genero Bracon.
(2) Giard (Bibliogr. 3) não descreve as duas especies de parasitas: do
Eulophus diz apenas que «l’espece de la Réunion est noire avec une tache
fauve a Ja base de l’abdomen~.
=
Como se vé da tabella, desses 7 parasitas, 5
são brazileiros, ou ao menos até agora só aqui fo-
“ram encontrados.
Trata-se, no emtanto, de um grupo difficillimo
de estudar, quer ao microscopio, para a identifica-
ção da especie, quer em material vivo, para a ob-
servação de sua biologia. Com relação a este ul-
timo trabalho, sobrevem ainda uma complicação, que
não só torna muito penosa a criação desses para-
sitas, como ainda na pratica poderá diminuir sensi-
velmente o valor desses pequenos auxiliares do
agricultor.
Dá-se o facto, ou ao menos ha muita proba-
bilidade de que assim seja, de ser algum desses
hymenopteros parasitas, não um destruidor de «bi-
chos do café», mas um hyperparasita. (”)
(*) Veja-se o final da descripçäo de Proacrias coffeae
Doe. in. spo pas. ots
Os estudos de hyperparasitismo em entomolo-
gia economica são de data recente, e por isto con-
virá explicar rapidamente este engenhoso processo.
A natureza serve-se delle à guiza de regulador,
quando no complicado machinismo, com o qual
comparamos o equilibrio natural, um dos factores
toma desenvolvimento demasiado em prejuizo de
outros que lhe são antagonicos. Vejamos, porém,
primeiro no que consiste o hyperparasitismo para
depois podermos estudar os seus effeitos sobre o
conjuncto biologico sobre o qual elle actua.
Basta citarmos o caso complicadissimo tão bem
estudado por Harry S. Smith (Bibl. 8), com rela-
ção a um hyperparasita, Chalcidida, do genero Peri-
lampus. Ainda que um ligeiro resumo desse es-
tudo nos afaste um pouco do nosso assumpto, não
resistimos ao prazer de mostrar a mão deste exem-
plo tão bem observado, quanto é interessante, mas
quanto tambem é difficil investigar esses problemas
de hyperparasitismo.
A larva do Perilampus é o chamado «plani-
dium» ; suas dimensões são microscopicas, em me-
dia de 0,3 mm.. Essas larvas vivem a principio sobre
certas lagartas de borboletas e pouco mais tarde pe-
netram na cavidade geral dessa lagarta. O plani-
dium não sera entretanto um méro parasita de seu
grande hospedeiro: o que elle espera é que esse seja
parasitado por determinadas especies de hymenopte-
ros (Limnerium ou Apanteles) ou por uma mosca
do grupo dos tachinidos ( Varichaeta). Só quando
se tiver dado este caso, aligs frequente, é que o
nosso Perilampus tem probabilidade de completar
a sua metamorphose. O planidium penetra então
nessas larvas parasitarias e torna-se assim o hyper-
parasita da lagarta da borboleta.
Claro está que a larva do Perilampus, carco-
mendo as entranhas da larva do hym-noptero ou da
mosca, determina a morte destes seus hospedeiros,
como alids o fazem estes, alimentando-se da lagarta
da borboleta, que, em ultima analyse, sustenta a to-
dos elles.
— 92 —
E” curioso entretanto, que o planidium do
Perilampus não consegue completar a sua meta-
morphose quando dentro da lagarta em que se
encontra, não houver larvas dos parasitas que acima
mencionamos ; pacientemente, a minuscula larvinha
espera por elles, percorrendo à sua procura todo o
interior do corpo de seu grande hospedeiro, ao qual,
aliis, parece não fazer grande mal. Se, finalmente,
nenhum dos taes parasitas apparecer, talvez por fim
o planidium abandone a lagarta, em procura de
outra convenientemente parasitada, ou então per-
manece ahi mesmo, sem impedir a ulterior meta-
morphose da borboleta; mas o certo ê que o hy-
perparasita não sabe viver senão à custa do para-
sita.
*
* *
O exemplo de que acima nos servimos, tem
naturalmente o defeito de todos os casos especiaes
citados com todos os detalhes; comtudo, fazendo
abstracção destes ultimos, é facil generalizar e ter
assim a essencia do que constitue o hyperparasitismo.
Procuraremos, agora, explicar qual a funcção
de taes hyperparasitas. como factores biologicos.
Claro está que em taes considerações nem sem-
pre é possivel documentar com observações positi-
vas 0 que por emquanto se nos afigura como pro-
vavel. "Temos, entretanto, a certeza de que os phe-
nomenos que passaremos a schematizar são pelo
menos possiveis na natureza e, si nos casos isola-
dos ellas se passam de modo um pouco diverso,
comtudo, em these, elles obedecem ao mesmo prin-
cipio.
Quanto à funcção dos parasitas, bastará repetir
que a elles compete impedir que a especie parasi-
tada se multiplique demasiadamente, obstando que
o insecto-praga venha a exterminar o animal ou
planta de que elle se alimenta. Mas esse mesmo
parasita poderia chegar a eliminar o seu hospedeiro,
inutilizando as ultimas posturas que deveriam ga-
rantir a existencia da respectiva especie.
Para impedir que tal aconteça, a natureza,
querendo restabelecer o equilibrio, creou então o
contra-remedio, e que consiste muito simplesmente
na applicação do mesmo processo. E” o chamado
hyperparasita que entra em funcção nesses casos em
que ha superabundancia de parasitas. O parasita
soffre, então, por sua vez, encarniçada perseguição
por parte dos seus inimigos; 4 proporção que au-
gmenta o numero destes ultimos, diminue o numero
de parasitas, e, portanto, o hospedeiro, por sua vez,
vae sendo aliviado da perseguição que sofria. Em
summa: o parasita, restringindo a praga, prolifera;
e, havendo excesso de parasitas, o hyperparasita
vem perseguil-o do mesmo modo, protegendo assim,
indirectamente, o insecto-praga. Vem, então, nova-
mente, o periodo em que a praga alastra, para logo
em seguida, permittir a proliferação dos seus per-
seguidores. KE, assim por diante, sempre se repete
o mesmo cyclo, obedecendo de certo modo ao mes-
mo principio da lei aa «offerta e procura».
No diagramma junto procuramos representar
esta periodicidade em seus traços geraes.
Schema do cyclo biologico combinado dos fres insectos:
praga, parasita e hyperparasita
As linhas horizontaes, quando grossas, indicam a proliferação quando finas
a diminuição da quantidade dos respectivos insectos ; as linhas verticaes marcam
as phases ou periodos de annos A, B, C etc. O maior numero de parasitas de-
termina a diminuição da praga; augmentando os hyperparasitas reduz-se o nu-
mero dos parasitas, podendo assim a praga alastrar novamente.
No nosso caso a linha inferior no periodo 4 indica assim grande abun-
dancia de lagartas de Leucoptera e portanto intensidade da praga. Já em B o
parasita toma grande incremento, o que implica a restricção do numero de inse-
ctos-praga. Em ( o parasita existe em tal abundancia que a praga tende a
desapparecer ; ao mesmo tempo, porém, o hyperparasita encontra as melhores
condições para proliferar, de fórma a attingir em breve um periodo D, em que
elle por sua vez restringe o numero dos parasitas. Isto determina uma nova
phase E em que o parasita escaceia, de fórma que as posturas da Leucoptera
não são quasi prejudicadas, e por conseguinte a praga torna-se mais intensa
(periodo F), Recomeçam então os mesmos periodos A’, B’, C’ etc.
No nosso diagramma elucidativo não preten-
demos representar o problema em questão senão
muito por alto, em seus traços geraes mais cara-
cteristicos, mesmo para que não se perdesse a cla-
reza desejavel. Assim, omittimos um factor de certa
importancia e que, ultimamente, tem sido estudado
detalhadamente. Referimo-nos ao chamado «Super-
parasitismo», como o denominou W. F. Fiske
(Bibl. 12), caso este que se dá quando mais de uma
especie de parasitas primarios atacam o mesmo
hospedeiro. Assim, o superparasitismo consiste no
ataque simultaneo de um determinado individuo (o
hospedeiro) por duas ou tres femeas (parasitas) de
especies diversas; no hyperparasitismo, ao envez, 0
hospedeiro escolhido (pela femea do hyperparasita)
já é, por sua vez, um parasita de um hospedeiro, e
este ultimo só indirectamente alimenta a hyper-
parasita.
Esse superparasitismo póde apresentar-se sob
varias fórmas, algumas permittindo o desenvolvi-
mento simultaneo dos varios parasitas, outras dando
em resultado apenas a metamorphose de um só dos
varios ccncurrentes; mas todas ellas determinam a
morte do hospedeiro.
Abstemo-nos do estudo detalhado das varias
cathegorias estabelecidas por W. Dwight Pierce,
(Bibl. 7), porque assim nos afastariamos demasiado
do quadro geral que aqui procuramos esboçar.
Entretanto o proprio Mr. Dwight Pierce é de opi-
nião que todos esses casos de superparasitismo não
têm tal influencia sobre o parasitismo commum
como a principio poderia parecer. E, ao que pa-
rece, elle só se manifesta de modo apreciavel
quando o parasitismo já alcançou porcentagem rela-
tivamente alta — portanto, na phase CG do nosso
diagramma. Em todo caso, com relação à nossa
representação graphica do cyclo biologico, o super-
parasitismo actúa da mesma forma que o hyper-
parasitismo.
Descripção das especies
Closteroceros coffecllae n. sp.
Lone. tot. 1,1 mm; Larg. cap. 0,38 mm:
Foo) ? ? = ,
one al 08º mm: Lars. all 04 mm.
o b) ? =
Cabeça mais larga que o abdomen, thorax um
pouco mais estreito, mas mais comprido que o ab-
domen. (Cabeça atraz com uma forte incisão em
forma de V; ao lado de cada olho, no vertice, uma
depressão oval.
Thorax semicircular na parte anterior, estrei-
tado atraz. O prothorax apenas apparece visto de
cima; sulcos parapsidiaes completos, parallelos entre
si na metade posterior e, como todas as outras su-
turas, bem visiveis; scutellum por 173 mais longo
que largo, com 2 covinhas que formam um qua-
drado com a respectiva margem anterior; dorsulo
muito estreito, bem como o metathorax em projecção.
Pedunculo do abdomen alargado atraz, do com-
primento de um articulo tarsal Ill; abdomen pro-
priamente dito oval, com ovipositor pouco saliente.
Aza anterior claviforme, com subcosta em li-
nha quebrada, medindo apenas 174 do comprimento .
da nervura marginal; ner-
vura postmarginal pouco
maior que o radio, que é
um pouco dilatado no terço
posterior; ao longo da ner-
vura marginal ha uns dez
cilios fortes, seguidos por
numerosos pellos menores,
que dão a volta pela mar-
gem da aza, até metade da Fig. 1. Closteroceros coffeellae n. sp.
E : (muito augmentado)
margem inferior. Toda a aza
anterior é coberta de pellos finissimos, excepto,
porém, em uma area basal que acompanha a margem
anterior e 2 manchas arredondadas no terço poste-
rior. No meio da aza ha uma grande mancha bruno-
clara, transparente, e outro desenho de egual côr,
em forma de meia lua, acha-se na margem externa.
Antennas compostas de 8 articulos de varias
dimensões, terminando em ponta (o penultimo ar-
ticulo é conico, o ultimo linear).
Cabeça e thorax com pontuação grosseira, ab-
domen liso. O colorido geral todo elle com bello
brilho metallico, verde; na cabeça um tanto azulado
(covinhas junto aos olhos, intensamente azues), olhos
cinabarinos; thorax antes verde amarellado com re-
flexos aeneos; abdomen violeta escuro; extremidades
pretas, tarsos amarellos com as pontas dos ultimos
articulos e unhas pretas.
Creados em IX e X—912 de folhas de café,
atacadas de «bicho do café» «isto é, larvas do mi-
crolepidoptero Leucoptera coffeella), provenientes
de Tayuva, Est. S. Paulo.
Proacrias n. gen.
Este novo genero de Chalcidida, provavelmente
alliado aos generos Pediobius e Nesomyza (Tribu
Entedoninr, Subtribu Pediobiina), caracteriza-se da
seguinte forma:
Abdomen com pediculo muito curto, ovipositor
muito pouco proeminente; azas marginadas por ci-
lios muito curtos; cabeça um
| pouco mais larga que o thorax;
{ antennas com 7 articulos, sem
segmento annullar; aza sem
desenho, uniformemente cober-
to de pellinhos, excepto na parte
basal, especialmente ao longo
Fig. 2,, Ablomen de Pitt das margens superior e infe-
rior, estando nesta ultima a
parte glabra separada da parte interna por uma
linha nitida formada por pellinhos juxtapostos. *
*
— Segundo estes caracteres o nosso genero viria a ser collocado, de
accôrdo com as tabellas de Ashmead e Schmiedeknecht (loc. cit.) junto ao gene-
ro Acrias auct. nec Walker. «Acrias» dos dous auctores mencionados não con-
corda, no emtanto, com Acrias Walk. 1847. Segundo esta ultima diagnose (Ann.
& Mag. of Nat. History, vol. XX, 1847, pag. 29) este genero de Walker não
pode ser um Pediobiida, pois tem as suturas parapsidiaes «bene determinataen ;
além disto a largura da cabeça é athoracis latitudine» e não, como dizem os dous
outros auctores mencionados, muito mais larga que o thorax. Em todo o caso
a boa collocação do genero Acrias Walk. ainda está por determinar; talvez deva
ser collocado na Subtribu Omphalina, caso effectivamente se trate de um genero
da tribu Entedonini,
Proacrias coffeze n. sp.
Long. tot. 1,4mm. Larg. cap. 0,4mm. Long. al. 0,9mm.
Larg. al. 0,45mm.
Prothorax bem destacado do metathorax; este
mais curto que o scutellum; este ultimo seria qua-
drado se os angulos posteriores não --—...
fossem arredondados; entre o se- 7% |
gundo e o ultimo terço do compri- 5... à antenna de
mento do scutellum ha de cada lado | Proacrias coffeae
: c Ê (muito augmentado)
uma covinha bem evidente, ainda que
pouco funda. Pedunculo do abdomen muito curto,
linear na base mas logo muito alargado atraz;
abdomen em si pouco mais curto que cabeça e
thorax juntos.
Cabeça e thorax grosseiramente granulados, de
côr verde azulada muito escura; abdomen sem pon-
tuação, liso, brilhante, de côr verde menos azulada,
predominando antes os reflexos dourados. Olhos cin-
nabarinos; antennas pardo-claras. Extremidades ama-
rello-pallidas, quasi brancas; só o femur do ultimo
par bruno-claro no meio; todas as unhas bruno-
escuras.
Creado junto com a especie precedente, de fo-
lhas de café minadas pela lagarta de Leucoptera
coffeella (IX e X—1912, Tayuva, Est. de S. Paulo).
Deve-se notar, no emtanto, que, segundo a
nossa classificação, baseada nas monographiss de
Ashmead e Schmiedeknecht, a presente especie per-
tence à subtribu Pediobiinæ, da tribu Æntedonini,
e, conforme assegura o primeiro dos dous monogra-
phos, todas as especies ahi comprehendidas são hy-
perparasitas («All of the species falling in this
group are, 1 think, hyperparasites, and attack other
members of the Æntedoninæ, as well as members
of other groups and more particularly species in
the Hulophine... the species of the genus Hulo-
phus particularly being most frequently devoured
by them».)
Não é provavel, no emtanto, que Proacrias cof-
2
fece se desenvolva à custa de Closteroceros coffe-
elle. nem da especie de Hulophus abaixo mencio-
nada, visto como Proacrias é maior que qualquer
das duas outras. KE’ presumivel, no emtanto, que,
além das 3 especies de parasitas aqui descriptas, exis-
tissem ainda, nas mesmas folhas de café, larvas de
uma quarta especie de parasita de Leucoptera e
que constituisse hospedeiro adequado ao nosso hy-
perparasita presumptivo; e, por terem sido parasi-
tadas todas ellas, nenhuma dessas larvas conseguiu
concluir a sua metamorphose.
De uma terceira especie de parasita da Leu=
coptera ou «bicho do café», creada do mesmo ma-
terial, possuimos apenas 2 exemplares; por não te-
rem sido convenientemente preparadas, não nos
aventuramos descrevel-as senão como:
Eulophus sp.
Long. tot. 1,1—1,2 mm.; Larg. cap. & thor. 0,3 mm.; Long.
al. 0,85 mm.; Larg. al. 0,43 mm.
Cabeça e thorax verde-azulados, olhos rubins;
abdomen pardo-corneo com brilho opaiino ou ver-
de-azulado; de egual côr parda são as antennas, as
coxas e os dous terços medianos dos femora II;
de resto, todas as patas são branco-amarelladas.
Azas hyalinas com finos pellos distribuidos unifor-
memente e que nos bordos são apenas um pouco
mais longos. Antennas de 7 artículos, todos, com
excepção do articulo basal, providos de longos pellos.
Bibliographia
1 DeLacroIs, G. Les Maladies et les ennemis
des Caféters, 2.º ed. 1900, Paris, pg. 123-
129.
2 Fiskn, W. F. Superparasitism, an important
factor in the natural control of ensects. Jour-
nal of Economic Entomology 1910, Vol. III,
N. 4: pg. 88-97, Concord, IN. ET.
10
11
GARD, ALF. Sur l'existence de Cemiostoma
coffeella à Vile de la Réunion; Bull. Soc.
Entom. France, 1898, pg. 201-208.
THERING, Roporpro von O «bicho do café» (Leu-
coptera coffeella) Uma praga dos cafezaes.
Revista Agricola «Chacaras e Quintaes», 1912,
Vor Vinny 4. pe 1-7:
ImerING, RopoLpHo von A praga dos cafezaes
(Leucoptera coffeella) Loc. s. cit. 1912, Vol.
VI, Ne ape: 4.
PickMamMN Mann The white Coffee-leaf miner.
American Naturalist, 1872, pg. 332 e 596.
Pierce, W. Dwicar On some phases of para-
sitism displayed by insect enemies of wee-
vils; Journ. of Econ. Entomol. 1910, Vol III,
N. 6, pg. 401-458.
SmitrH, Harry S. The chalcidoid genus Peri-
lampus and ws relations to the probleme of
parasite wmtroduction. U. 8. Dep. of Agricult.
Bureau of Entomology; Technical Series, 1912,
N. 19 part. IV, Washington.
WaLsingHaM, Lord, West-lndian Microlepido-
ptera, Proceed. Zool. Soc. London, 1397, p.
142 (Synonimia). ;
Trabalhos que não puderam ser compulsados:
GuERIN-MENEvVILLE & PERROTTET, Memoire sur
un insecte et un champignon qui ravagent les
cafiers aux Antilles; 1842 (Fasciculo de 30 pag.
muito raro).
? Mapinier Rev. Agr. Imp. Fluminense, Agr.
N. 3 p. 29 e seg. 18... ? (Citado segundo Wal-
singham).
mera LOD ae
Zusammenfassung der Ergebnisse :
Von der heute in allen Kaffeeländern vertre-
tenen Motte Taf. II, Fig. 1, Leucoptera coffeella
Guér. Men. (Cemiostoma coffeella) wurden mir aus
Tayuva (zwischen Jaboticabal und Bebedouro in
Staate S. Paulo, Brasilien) einige Larven zugeschickt.
Ks handelt sich hier bekanntlich um nicht unge-
fährliche Schähdlinge der Kaffeeblätter. Obwohl die
Lebensweise dieser Tineide schon des üfteren stu-
diert worden ist, sind dennoch manche ceckologische
Punkte nicht geniigend beriicksichtgit worden und
ich hatte gerne in dieser Hinsicht eingehende Beo-
bachtungen angestellt. Da mir aber kein geniigen-
des Material zur Verfügung stand, beschränkte ich
mich auf deren Zucht, besonders in der Hoffnung
auch Parasiten zu erlangen.
Aus der Literatur (cf. Bibl. 3, u. 6) waren
mir schon Angaben über 4 Arten Schmarotzer be-
kannt, nämlich 2 Chalcididen aus der Subfam. Hulo-
phinae und 2 Braconiden, je ein Vertreter aus dem
Staate Rio de Janeiro (Pickmann Mann) und von
der Insel Réunion (Giard).
Aus meinem Materiale, welches am 27. Septem-
ber gesammelt wurde, zog ich am 2. Oktober und
darauf am 5., 9,, 11., 17.; 18., und 22.,\desselben
Monates 8 Parasiten, welche drei verschiedenen Arten
derselben Subfamilie Hulophinae angehoren. Zwei
davon beschreibe ich im Folgenden; die dritte Art,
welche sicherlich der artenreichen Gattung Æulo-
phus angehort, getraue ich mir nicht mit einem Na-
men zu belegen, da mir die nótige Literatur nicht
zugänglich ist und auch, weildie betreffenden zwei
Exemplare nicht tadellos praepariert sind.
Ich unterlasse es, hier eine Uebersetzung des
vorstehenden portuguisischen Textes zu geben, in
welchem ich etwas eingehender die interessante Fra-
ge des Hyperparasitismus behandle, da ja dieser Ge-
genstand den Zoologen aus den verschiedenen treff-
— Le =
lichen Arbeiten, besonders nordamerikanischer For-
scher (cf. Bibl. 2, 7, 8) bekannt sein diirfte.
Nur méchte ich noch zu meinem Diagramme
auf Seite 93 bemerken, dass ich in dieser graphischen
Darstellung nur im allerwesentlichsten den so com-
plizirter Cyclus der drei Hauptfaktoren darzustellen
versuchte : Wirt, Parasit und Hyperparasit. Andere
hier in Betracht kommenden k aktoren wie der Super-
parasitismus müssten durch besondere Kurven, in
diejenige der Parasiten geschlungen, eingetragen
werden; da aber die Wirkung dieser Superparasi-
ten mit derjenigen der Hyperparasiten zasammen fällt,
habe ich der Klarheit des Bildes wegen dieselben
nicht extra dargestellt.
Leider konnte ich beziiglich Leucoptera und
deren Schmarotzer nichts Genaueres betreffs des
hochstwahrscheinlich stat:findenden Hyperparasitis-
mus feststelien. Proacrias mihr gehort aber zu einer
Gruppe Chalcididier, von welcher Ashmead behau-
ptet, alle dahin gehôrigen Arten seien sicherlich
Hypervarasiten. Es ist wohl kaum anzunehmen, dass
Proacrias coffeae Schmarotzer einer der zwei an-
deren, hier beschriebenen Arten sein diirfte, weil er
3 resp. 2 Zehntelmillimeter grósser als die presum-
ptiven Wirte selber ist. Es besteht aber noch die
Moglichkeit, dass in dem von mir gezüchtetem Ma-
teriale auch noch Larven einer weiteren, vierten
Art enthalten waren, in welcher Proacrias schma-
rotzte, von welchon Wirten aber kein Exemplar zur
Entwicklung gelangen konnte.
Closteroceros coffeellae n. sp.
Long. tot. 1,1 mm., Larg. cap. 0,38 mm., Long. al. 0,8 mm.,
Larg. al. 0,4 mm.
Kopf am breitesten, Abdomen etwas breiter als
Thorax, dieser etwas laenger als Abdomen. Stirne
von oben gesehen gerade, die Augen dagegen in
starker Woelbung vorstehend, oben doppelt soweit
voreinander entfernt als unten, wo sie auch die un-
tere Grenze bilden. Der Kopf ist eher dick, hin-
— 102 =
ten wenig ausgebuchtet, aber mit einer tiefen V-
foermigen Einkerbung versehen, deren Spilze bis zu
den Ocellen reicht; beiderseits neben den oberen
Augenraendern eine ovale Mulde.
Thorax hinten etwas schmaeler als vorne, die
groesste Breite wird erst bei den Fluegelschuepp-
chen erreicht, bis dahin ist sein Umriss fast genau
halbkreisfoermig; Prothorax von oben gesehen
eben sichtbar ; Parapsidien-Furchen wie alle ande-
ren Naehte sehr deutlich, vollstaendig, in der zweiten
Haelfte bis zum Scutellum parallel verlaufend ;
die Scapulae beruehren das Scutellum nicht, son-
dern dic Axillae schieben sich vorher ein; Scutel-
lum hinten etwas erbaben, etwa um ein Drittel
laenger als breit; zwei tiefe Gruebchen am Anfang
des letzten Drittels bilden mit dem schwach conka-
ven Vorderrand des Scutellums die Eckpunkte ei-
nes Quadrats; Dorsulum schmaeler als der Abstand
zwischen diesem und den eben erwaehnten Grueb-
chen; Metathorax ziemlich stark abfallend und
von oben gesehen kaum laenger als das Dorsulum.
Abdomen mit nach hinten sich verbreiterndem
Stilchen, dessen Laenge etwa derjenigen eines Tar-
sengliedes JIL entspricht; Abdomen fast vollstaen-
dg oval, Bohrer kurz hervorragend.
Vorderfluegel keulenfoermig, Subcosta gebro-
chen, von kaum 1,t der Laenge des Marginalner-
ves; Postmarginal-nerv unbedeutend laenger als
Radius; dieser etwa solange wie die drei ersten
Tarsenglieder II], im letztem Drittel etwas ver-
breitert, am Ende abgestutzt ; laengs des Marginal-
nerves stehen 10 starke Borsten, hierauf folgen
etwas kuerzere Cilien, welche um den Aussenrand
herum bis zur Haelfte des Unterrandes stehen. Der
ganze Vordertluegel groesstenteils ziemlich dicht
behaart, nur ein basales Feld des Vorderrandes, das
sich nach aussen zuspitzt, unbehaart, und zwei ab-
gerundete Zonen im letzten Drittel mit spaerlicherer
Behaarung. In der Mitte des KFluegels ein grosser,
hellbrauner, durchsichtiger Fleck und eine ebensol-
che halbmondfoermige Faerbung laengs des Aus-
senrandes; Hinterfluegel mit unbehaartem Margi-
nalnerv, der Rest des Vorderrandes mit kuerzeren,
des Hinterrandes mit laengeren Cilien; das [eld
nur sehr spaerlich behaart.
Fuehier achtgliederig, mit ziemlich langer
Behaarung, Schaft wenig laenger als Pedicellus,
Faden zweigliederig ; erstes Giied beinahe halb so
lang als das zweite, beide kaum laenger als Pedi-
cellus; Keule v'ergliederig, allmaehlich verjuengt,
vorletztes Glied konisch, das letzte linear.
Kopf und Thorax grob punktiert, Abdomen
glatt; unbehaart, nur einige Borsten auf der Stir-
ne, den Tegulae, Scapulae, etc. Farbe metallisch
gruen, der Kopfmebr bläulich (besonders die Grueb-
chen neben den Augen par ultramarin), die Augen
zinoberrot; Thorax eher gelblich gruen, hie und
da mit stahlblauen Reflexen; Abdomen dunkelvio-
lett, Extremitaeten schwarz, Tarsen gelb, Spitze
des letzten Gliedes und Klauen schwarz.
Proacrias 7. gen.
Diese neue Gattung, welche wahrscheinlich in
die Nahe von Pediobius und Nesomyza (Tribus
Entedonini, Subtribus Pediobima; gehort, mag fol-
gendermassen characterisiert werden :
Hinterleib kurz gestielt, Bohrer nur sehr we-
nig vorstehend; Fliigel am Rande mit kurzen
Wimperhaaren ; Kopf etwas breiter als Thorax,
Fiihler 7 gliederig, ohne Ringglieder; Fliigel ohne
Zeichnung durchweg gleichmässig behaart, nur im
Basalteile unbehaart, besonders am Ober und Unter-
rande, welch letzterer durch eine schiefe Linie eng
an einander stehender Bôrstchen von dem behaarten
Teile getrennt wird. |
Anmerkung:—Nach diesen Merkmalen kime das neue Genus, bei Benutzung
der Bestimmungstabellen sowohl von Ashmead (Class. Chalcid Flies, Mem.
Carnegie Mus., I, n. 4, 1904, pag. 344) als von Schmiedeknecht (Gen. Inse-
ctorum, Fam Chalcididae, 1909, pag. 447) in die Niihe von Acrias auct. nec
Walk. zu stehen. «Acrias» der beiden genannten Auctoren stimmt aber nicht
mit Acrias Walker 1817 überein. Nach der Originalbeschreibung ist Acrias
kein Pediobiid, da «parapsidum suturae bene determinatae»; ferner hat der
Kopf «thoracis latitadine» und ist nicht, wie Ashmead u. Schmiedeknecht
sagen, viel breiter als der Thorax. Die richtige Stellung von Acrias wiire also
noch fest zu stellen, eventuell in der Subtribus der Omphalina, falls es sich
wirklich um eine Gattung der Tribus der Entedonini handelt.
Proacrias coffeae n. sp.
Long. tot., 1,4 mm.; Larg. cap., 0,4 mm.; Long. al., 0,9
mm.; Larg. al., 0,45 mm.
Prothorax deutlich abgesetzt vom Metathorax ;
dieser kiirzer als das Scut-llum; letzteres wire
quadratisch, wenn nicht die zwei hinteren Ecken
abgerundet wiiren; am Ende seines zweiten Drit-
tels jederseits ein grésseres, aber flaches Grübchen.
Abdomen mit sehr kurzem, rasch erweitertem Stiel-
chen; wenig kiirzer als Kopf und Thorax.
Kopf und Thorax dusserst grob granuliert,
von dunkel blau-grüner Farbe; Abdomen unpunk-
tiert, scheinend, weniger blau sondern eher goldig-
grin. Augen zinoberrot; Antennen hellbraun. Ex-
tremitäten blass, gelblichweiss, nur die Schenkel
des letzten Paares hellbraun, doch sind auch hier
sowohl die basalen wie die apicalen Spitzen fahl; alle
Klauen dunkelbraun.
Eulophus sp.
Long. tot., 1,1-1,2 mm.; Larg. cap., & thor., 0,3 mm.;
Long. al., 0,85 mm.; Larg. al., 0,43 mm.
Kopf und Thorax bläulich-grün, Augen lebhaft
rubin; Hinterleib hell hornfarben, schwach opali-
sierend oder bläulich-grün ; ebenfalls hornfarben
sind die Fühler, die Coxen und die Femora III;
alle übrigen Theile der Extremitaeten sind gelblich-
weiss. Die Flügel sind glechmässig hyalin, dicht
und gleichmässig mit feinen Häarchen besetzt, an
den Aussenrändern nur wenig längere Cilien. Füh-
ler 7-gliederig, und mit Ausnahme der Geissel,
überall mit langen feinen Haaren besetzt.
ADDENDUM
Já estavam impressas as paginas precedentes
quando, por intermedio da Bibliotheca Nacional do
Rio de Janeiro recebemos copia da parte que nos
interessa do trabalho de P. Madinier, «Breve no-
ticia sobre o cafeeiro», ao qual er referimos à
pag. ST e na «Bibliograph: ap pee eee, NES 7e
O referido trabalho foi publicado na «Revista
Agricola do Imp. Inst. Fluminense de “EN CRNTEE
N. 3, de Abril 1870, 29 a 3b.
O trecho referente à borboletinha que aqui nos
interessa é o seguinte :
«Entre os insectos que vivem à custa do cafe-
eiro ua Martinica observou-se uma scarita e um
cossus que roem a casca, um byrrus que penetra
na madeira e criva-a de furos redondos imperce-
ptiveis à vista.
«Porém o mais nocivo de todos é uma larva
achatada e mui pequena de uma especie de no.
ctuella, que se nutre da substancia perenchymatosa
das folhas. Alcjada entre as duas epidermes destes
orgãos essenciaes, cobre-os de manchas lividas, cor
de ferrugem, devora as fibras e todo o tecido in-
terior, absorve a seiva, obstrue os canaes circula.
torios, impede a respiração vegetal de effectuar se,
esgota finalmente a planta e determina a sua morte».
Não lemos a parte introductoria do mesmo traba-
lho e assim não sabemos si o auctor de facto conhe-
ceua Leucoptera coffeella no Brazil. Comtudo dous
annos depois Pickmann Mann a estudou no Estado
do Rio de Janeiro. Quanto ao nome scientifico que
Madinier dá à nossa especie, não se sabe si «no-
ctuella» é tomado na accepção de nome generico
(e neste caso deveria ser escripto com inicial maius-
cula) ou si o auctor tinha em mente apenas um
— 106 —
diminutivo de « Noctuida». Em todo o caso para
a nomenclatura scientifica « noctuella Mad.» é um
nomen nudiin.
Assim fica satisfeito, ainda que um pouco tar-
diamente, o pedido de Lord Walsingham: «... and
I should be grateful to anyone who could tell me
where it was published».
Ao illustrissimo sr. Director da Bibliotheca
Nacional, Dr. Manuel Cicero, os nossos agradeci-
mertos pela gentileza com que attendeu o nosso pe-
dido
NACHTRAG
Aus einer soeben empfangenen Abschrift der
Arbeit P. Mandinter's welche in der « Revista do
Imp. Inst. Fluminense de Agricultura, n. 3, April
1870, S 29-34 » erschienen ist, ersieht man dass
der darin fiir Leucoplera coffeella gebrauchte Name
« nocluella » absolut nicht nach den Regeln der
Nomenclatur aufgestellt worden ist. Der Autor
beschreibt nur die Blattkrankheit welche durch « die
flache und äusserst kleine Larve einer Art nocluella»
hervorgerufen wird, oline irgend welche Beschrei-
bung der betreffenden Motte zu geben.
O genero Pteromhrus Sm. (line)
POR
mOOUP HO DUCKE
(Estampa 111, fig. 5)
Este genero exclusivamente americano de hy-
menopteros da familia Scoliidae era até ha pouco
tempo mui insufficientemente conhecido, sendo as
especies que o compõem, raras nas collecções dos
museus. Tendo conseguido apurar cinco especies no-
vas para a sciencia, elevando desta maneira o nu-
mero das especies conhecidas, de duas para sete,
julgo poder submetter o genero a uma revisão, cha-
mando assim a attenção dos collegas sobre estes
insectos ainda tão pouco estudados.
Gen. Pterombrus F. Smith 1869 (
+O
a Ducke 1907 (94)
-— Turner 4908 (Sd)
== Ducke TOTO CA)
Myzine Cresson 1872 (oc)
— F. Smith 1879 (d)
= Cameron 1893 (dg)
Engycystis Fox 1895 (94)
Huberia Ducke 1907 (9)
S&S maribus generis Plesia Jur. similes, sed
palpis pronotoque multum longioribus faciliter dis-
tinguendi. Corpus elongatam. Caput thorace latius ;
oculi lati; genae nullae; mandibulae margine in-
terno unidentatae; palpi maxillares (*) longi, arti-
(*) Segundo Fox, os palpos maxillares do Pt. rufiven-
tris teriam 5 articulos, quando o Pt. pilicollis da nossa
colleeção, que tem as partes buccaes perfeitamente extendi-
das, apresenta 6 articulos, dos quaes porêm, o primeiro é
muito pequeno, a ponto de ser difficilmente visivel.
— 108,-—
culo 1 brevissimo, 2 et 3 modice longis sat crassis,
4, o et 6 longissimis, tenuibus; palpi labiales me-
diocres, 4 - articulati, articulo | et 4 longis, 2 et 3
brevibus ; ocelli in triangulo siti, magnitudine nor-
males; antennae 9 12, ¢ ‘8 articulatae, sub la-
minula bituberculata insertae. Thorax elongatus ; pro-
notum, mesosternum et segmentum medianum lon-
giora quam in generibus vicinis; scutellum lobo
centrali convexo, elongato; mesopleurae epicnemio
distincto; postscutellum valde angustum ; segmen-
tura medianum latitudine longius, rugosum vel re-
ticulatum. Coxae intermediae subvontiguae vel pa-
rum separatae. Abdomen segmento 1 subpetiolato,
inter segmenta 1 et 2 distincte coarctatum, 9 seg-
mentis dorsalibus 6, area pygidiali distincta vel non
distincta, 5” segmentis dorsalibus 7, segmento ven-
trali ultimo in spinam longam sursam curvatam ter-
minante, Alac anteriores stigmate sat magno, cellu-
la radiali elongata sat acuminata, apice a cesta non
remoto, cellulis cubitalibus |, 2 et 3 inter se ma-
gnitudine non multum differentibus, 2.º trapeziformi,
nervum recurrentem 1 in dimidio anteriore reci-
piente, nervo recurrente 2.º cellulae cubitali 3.º in-
serto. Pedes in utroque sexu graciles, tibiis inter-
mediis et posticis calcaribus duobus munitis, tibiis
posticis extus, praesertim in ©, distincte serratis.
Longitudo corporis, 6 1/2— 14 1/2 millim.
Conspectus analyticus specierum (2)
1. Corpus nigrum. Fions valde
elongat aangusta. Antennarum
flagellum subclavatum. Pro-
uoti pars dorsalis opaca, ru-
guloso-punctata antice mar-
ginata. 6 1/2 — 8 1/2millim clavicornis Ducke
— 10) —
—. Abdomen maxima ex parte ru-
fum. Frons lata, quadrata vel
longitudine latior. Antennae
filiformes
(AS)
2. Pronoti pars dorsalis longitu-
dine latior, antice margina-
ta, collum versus verticaliter
abrupta. Caput dense pun-
ctatum solum vertice ad
ocellos spatio polito, maiore
vel minore, instructo. Corpus
sat robustnm..CEvis aiisga do
—. Pronoti pars dorsalis antice
non marginata; pronotum
totum de supra visum lati-
COUT dongiisSP 4 oa
3. Pronotum nitidum punctis val-
de crassis adspersum. Ver-
ticis spatium politum sat
magnum. Segmenti mediani
pars posterior a parte dor-
sali carina elevata non se-
parata. Abdomen solum basi
extrema nigra. 12 millimi aenigmaticus Sm.
—. Pronotum opacum dense snb-
tiliter punctatum, solum mar-
gine postico interdum nitido :
cS
4. Vertex spatio polito mediocri
praesertim infra ocellos cons-
picuo instructus. Antennae
sat breves. Segmenti mediani
pars posterior a parte dorsali
per carinulam elevatam trans-
versalem distincte separata.
Abdomen solum basi extrema
mere. O milk; o. mhicollis Ducke
—. Vertex inter ocellos spatio po-
lito minuto instructus. An-
= To >
tennae longiores. Segmen-
tum medianum sine separa-
tione inter partem dorsalem
et partem posteriorem. Ab-
dominis variae partes, nigrae.
10:3/4 milum. 2.20" 7. |. argentinas Ducke
o. Caput sparsius, pronotum den-
se, subtiliter punctatum. Ab-
dominis segmentum primum
nigrum, 14 1/2 millim. Gig. rufiventris, Gress.
—.Caput, pronotum, mesonotum
et scutellum valde nitida,
fronte et verlice politis, pro-
noto sparsim punctato. So-
lum basis segmenti abdomi-
nalistprima era | Me io
6. Pronotum valde elongatum,
sparsissime sat subtiliter pun-
ctatum, sparsim pilosum. Ab-
domen valde elogatam ca-
pite thoraceque simul sum-
puis aequale vel longius, se-
gmento primo basi sat dis-
tincte petiolata, segmento 6.º
elongato. Alae breves, cellula
cubitali 1.º vix | longiore
quam 2.º Long. corp. 12-14
millim.’ <q pipe gen esa da bao see
—. Pronotum minus longum,
crasse sat sparsim puncta-
tum, sat pilosum. Abdomen
robustum, thorace parum lon-
gius, segmento 1.º basi late
subpetiolata, segmento 6.º
in triangulo latitudine non
multum altiore. Alae medio-
eres, cellula cubitali 1.2 distin-
cte longiore quam 2.º. Long.
corp. 12 1/2 millim. ... cheringi n. sp.
=—— ie,
Descripção das especies
1Pterombrus clavicornis Ducke
Huberin elavicornis Ducke 1907
Pterocmbrus clavicornis Ducke 1907
— — Ducke 1910
— — Turner 1910
@ Corpus valde gracile, nigrum, albidopilosum,
palpis, mandibulis, abdominis segmento apicali et
interdum etiam antennarum scapo et pedibus plus
minusve testaceis. Caput opacum, dense subtiliter
rugoso-punctatum, facie obsolete longitudinaliter ru-
gosa; ocellis in triangulo aequilatero; occipite et
temporibus angustis; fronte longa et angusta; ocu-
lis magnis, orbitis internis clypeum versus leviter
divergentibus; mandibulis sat brevibus; antennis
sat brevibus, flagello apicem versus incrassato.
Pronotum, collo distincto et parte dorsali com-
positum, hac ultima antice subtiliter marginata, ver-
ticaliter truncata, longitudine parum Jatiore, dense
ruguloso-punctata, antice medio longitudinaliter sul-
cata. Mesonctum pronoti parte dorsali brevius, ni-
tidum modice punctatum. Scutellum politum sparsis-
sime puctatum. Mesopleurae subnitidae, dense subti-
lissime punctalatae. Segmentum medianum dense
reticulatum, postice convexo-rotundatum. Abdomen
elongatum, totum politum, punctis et pilis parcis
ad segmentorum margines apicales et latera adsper-
sum; segmentum 14." Jatitudine multum longius,
basi petioliforme, parte apicali vaide convexa ; segmen-
tum anale (6."m) elongatum, acutum, convexum, sine
area distincta. Alae mediocres, hyalinae, iridescentes
anteriores fasciis duabus transversalibus fuscis or-
natae, stigmate et nervis fuscis, tegulis brunneis; cel-
lula cubitalis 2.º, maior quam 1.º vel 3.9, nervum
recurrentem 1." ad tertium anterius recipiens; ner-
vus recurrens 2.% cellulae cubitali 3.2° ante medium
— DED! x
insertus. Alarum posteriorum cellula analis paullu-
lum post originem nervi cubitalis terminata. Long.
corp. 6 1/2—8 1/2 millim.
Distrib.: Parte occidental da Amazonia infe-
rior: (Estado do Pará) A. Ducke, Mus. Pará; Rio
Negro: Barcellos (Est. do Amazonas) A. Ducke,
Mus. Londres; Amazonia superior : Teffé, Baixo Rio
Javary (E. do Amazonas), A. Ducke, Mus. Pará,
Paris, Perú, (sem outra indicação), Mus. Berlim.
Esta especie vôa na sombra da floresta sobre
folhas e madeira podre. A côr preta do corpo mui-
to delgado, as antennas quasi clavadas e a cara
comprida e estreita excluem a possibilidade de com-
fundil-a com qualquer outra especie.
2. Pterombrus argentinus Ducke 1910
«Q Tete et thorax noirs, densément couverts
de longs poils gris-jaunátres; une petite tache dans
la partie inférieure des orbites internes jaunatre;
base et partie apicale des mandibules, roussatres.
Tete de la grandeur de celle du P. pelecollis, den-
sément ponctuée, mate, seulement entre les ocelles
existe un très petit espace iisse et brillant; tempes
avec ponctuation plus espacée, assez luisantes. Front
un peu plus large que long, au-dessus des antennes
très élevé, saillant en forme de toit. Yeux courts;
mandibules longues. Antennes presqu'aussi longues
comme dans le P. glabricollis. Col du pronotum
court. Pronotum à bord antérieur élevé, tranchant,
beaucoup plus large que long, seulement dans ses
parties latérales un peu pius long que le mésono-
tum, entièrement mat, avec ponctuation fine et ser-
rée, et poil abondant. Mésonotum et scutellum avec
ponctuation moins fine et pilosité plus faible, celui-
ci aussi large que long, avec l'extrémité apicale
luisante. Mésopleures avec ponctuation fine et ser-
rée, densément couvertes de poils gris-jaunatres.
Postscutellum petit, mat. Segment médiaire transver-
salement rugueux, sa partie supérieure nue, pas
séparée de la partie postérieure, ses flanes avec
longs poils grisátres, assez clairsemês. Abdomen três
luisant, les segments 2 et 3, la base du 1°", une
grande partie du 4º. et l’aréa du 6º. sont rovx, le
reste noir; le 1º. segment a la base subpetiolée plus
courte que dans les autres espèces; le dos de l’ab-
domen est sans sculpture, les trois premiers seg-.
ments dorsaux sont nus, les autres et le ventre ont
des poils longs; les segments ventreaux ont quelques
points gros. 6º. segment dorsal avec aréa triangu-
laire limitée par de faibles carénes. Forme géné-
rale de "abdomen comme dans le P. pilicollis, mais
un peu plus large. Ailes semblables à celles du po-
licollis, mais les deux bandes de la paire antérieure
sont encore plus fortes; les nervures sont noiratres,
mais le stigma et les parties des nervures qui se
trouvent dans la partie hyaline, située entre les
deux fascies brunes, sont d'un testacê pale. Les
cellules sont presque exactement comme dans le P.
pilicollis, seulement la 3°. cubitale reçoit la 2.º
nervure recurrente un peu avant sun milieu. Pattes
noiratres, la partie apicale des tarses et les genoux
sont roussatres, la partie basilaire des tibias postê-
rieurs est jaunatre, transparente. Longueur du corps,
10,75 mill.
Distrib.: R. Argentine, Chaco de Santiago del
Estero (La Palisa, bords du Bio Salado, 25 kil. N.
— O. dJeafio), K. R. Wagner, 1903. Le type est
au Muséum de Paris.
Diffère du P. pilicollis surtout par une autre
sculpture du vertex, les antennes plus longues, le
segment médiaire sans séparation entre la partie
Supérieure et la postérieure, les couleurs du chitin
de l’abdomen et de la pilositê du corps, etc.; du
P. enigmaticus Sm. encore (*) et surtout par la
ponctuation fine et serrée du pronotum.» (Revue
d'Entomologie, 1910).
(*) Excepto o segmento mediano, que no P. argentinus
se assemelha ao do P. enigmaticus.
3. Pterombrus pilicoliis Ducke
Huberia pilicollis Ducke 1907
Plerombrus cnigmaticus Ducke 1907, não Sn.
Pterombrus pilicollis Dacke 4910
©. Corpus sat robustum, nigrura argenteo-pi-
losum, abdomine (segmenti primi basi extrema ex-
cepta) rufo, clypei margine anteriore, mandibula-
rum parte basali et orbitarum internarum partis
inferioris macula, testaceis. Irons lata, dense pun-
ctata, opaca. Vertex punctatus, spatio polito nitidis-
simo ad ocellos et preesertim infra eos sito, instru-
ctum. Occiput et tempora lata. Ocelli in triangulo
bumili. Oculi breves. orbitis internis parallelis.
Mandibulæ longe et validæ. Antenne sat breves,
filiformes. Pronotum parte dorsali longitudine imul-
tum latiore, opaca, dense subtiliter punctata, pilis
longis stratis grisescenti-argenteis obtecta, solum ad
marginem posticum subnitida glabra et impunctata;
hac parte dorsali antice acute marginata et vertica-
liter abrupta; collo sat brevi. Mesonotum pronoti
parte dorsali parum brevius, nitidulum mediocriter
punctatum; scutellum mesonoto vix longius, sat ni-
tidum parce punctulatum; mesopleuræ dense subtiliter
punctate, pilis argenteis dense vestitæ. Segmentum
medianum irregulariter transverse rugosum, parte
postica apicem versus obsolete reticulata a parte
dorsali per carinam transversalem distinctamm sepa-
rata; partes laterales dense argenteo-pilosee. Abdo-
men sat breve, thorace vix longius, politum, pilis
argenteis longis sparsis, dorso impunctato, lateribus
et ventre punctis paucis adspersum; segmentum 1.°™
latitudine vix longius, petiolo brevissimo; segmen-
tum 6.º" Jatitudine parum longius, dimidio apicali
area pygidiali lateraliter et antice carinis subtilibus
limitata instructum. Ale breviusculæ, flavido-hyali-
nee, antericres distincte nigrescenti-bifasciatæ, cel-
lula cubitali 2.2 reliquis minore nervum recurren-
tem" 1." ad quartum anterius recipiente, nervo
recurrente 2º cellulæ cubitali 3º ad medium inser-
to, hac cellula parum maiore quam 2.º, distincte
minore quam 1.*; alarum posticarum cellula analis
ad originem nervi cubitalis terminata. Tegulæ, ala-
rum nervi et pterostigma nigrescentes. Longitudo
corporis 10 millim.
Distrib.: Amazonia inferior, Rio Tapajoz, Itai-
tuba (Estado do Pará), sobre a areia d'uma velha
praia, A. Ducke, Mus. Pará.
Esta especie assemelha-se sobretudo ao argen-
tunus e cengmaticus, distinguindo-se do primeiro
principalmente pela côr do abdomen e das azas,
pelo maior espaço - liso do vertice e pelas antennas
mais curtas; do segundo pelo prono‘o finamente pon-
tuado e mate; de ambas as especies citadas differe pela
separação evidente das partes dorsal e posterior do
segmento mediano. As especies glabrecollis e therin-
ge têm outra forma do pronoto, e outra esculptura
da cabeça e do thorax.
4. Pterombrus aenigmaticus Sm.
— — F. Smith 1869, 9
TS == Turner, "4908, O
— — Ducke 19100
Myzine confusa F. Smith 1879 &
Pieronbrus confusus 'Furner 41908 of
— — Ducke TOLO
«Q © lines. Head and thorax black, the ab-
domen red. — Ilead closely punctured, with the
middle of the vertex and a space around the ocelli,
shining, and having a few scattered punctures ; the
face and cheeks with a thin griseous pubescence ;
the mandibles rufopiceous, with a pale spot at their
base; the palpi pale testaccous. Thorax: the me-
sothorax and scutellum sh ning, with a few deep
punctures, the metathorax transversely and coarsely
rugose, the apex obliquely truncate; wings sub-
hyaline, with a fuscous cloud at the base of the 4.
and 2. discoidal cells; another cloud occupies the
marginal cell, and crosses the wing as far as the
inferior margin of the 3. discoidal cell; the ner.
— 116 —
vures black; the tarsi as long as the legs, the
spurs at the apex of the tibiae pale testaceous.
Abdomen ferruginous, smooth and shining.
Distrib.: Brazil» (F. Smith 1869.)
Da descripçäo do genero, pelo mesmo autor,
destaco ainda os caracteres seguintes que não são
genericos, porêm se referem à especie presente:
«3 submarginal cells, the first nearly as long as
the 2 following», e: «the abdomen is composed
apparently of 7 segments»; esta ultima phrase tern
sua explicação no facto, que em algumas especies
a area pygidial do ultimo (sexto) segmento dorsal
é anteriormente limitada por uma finissima linha
transversal, que na apparencia divide o segmento em
dous.
Vi em Londres o typo e tomei, ao comparal-o
com os typos das outras especies, as seguintes no-
tas: Pt. aengmaticus distingue-se do _ pilicollis
pela pontuação grossa do proroto, o qual é lus-
troso, e pelo segmento mediano arredondado, sem
separação distincta das partes superior e posterior.
O tamanho do corpo é maior (12 mull.) Quanto ao
resto, assemelha-se à especie citada. — Segundo me
informou o sr. G. Meade-Waldo, do British Mu-
seum, o typo é das collecções feitas pelo celebre
Bates em Teffé (Estado do Amazcnas).
O & desta especie é com toda a probabilidade
a Myzine confusa Sm., descripta pelo seu autor,
como segue: «dJ Length 4 lines. — Head and tho-
rax black, abdomen ferruginous. The mandibles
ferruginous, the flagellum fulvous beneath; the
vertex smooth, shining, and impunctate. The pro-
and mesothorax with fine scattered punctures,
smooth and shining; the metathorax coarsely ru-
gose; the tibiae and tarsi ferruginous; wings hya-
line and iridescent, the nervures rufotestaceous, the
stigma fuscous. Abdomen subpetiolate, smooth, and
shining; the basal half of the first segment black.
— Habit. : Amazons, Ega». (F. Smith 1879.)
Turner expressa se a respeito do Pt. wenigma-
ticus e confusus da seguinte maneira: «The first
two species may prove to be the sexes of one spe-
cies » (o. cit. 1908). — A's analogias na esculptura
da cabeça e do thorax, que induziam o competente
especialista sr. Turner a tirar esta conclusão, junta-
se ainda o importante facto de serem ambos os
typos da mesma localidade : Teffé (a antiga Ega),
no Estado do Amazonas.
3. Pterombrus iheringi n. sp.
(Est. III, fig. 5)
9 Corpus sat robustum, nigrum, grisescenti-
pilosum, abdomine, segmenti primi base extrema
excepta, rufum, segmentorum 9 et 6° partibus ba-
salibus piscescentibus, mandibularum basi et orbita-
rum internarum macula inferiore obsolete testaceis.
Caput nitidissimum, vertice et fronte totis politis
impunclatis, partibus reliquis subtilissime parum
dense punctulatis. Frons, occiput et tempora, lata ;
ocelli in triangulo rectangulari; oculi sat breves,
orbitis internis clypeum versus distincte divergenti-
bus; antennae filiformes, sat crassae, breves. Pro-
notum valde nitidum, crasse sat sparsim punctatum,
longe sed non dense pilosum, in collom sat longum,
situm multo infra pronoti partis dorsalis altitudi-
nem, productum ; hac parte dorsali antice (collum ver-
sus) sat abrupta (itaque pronotum a latere visum,
sat angulosum) sed non marginata, longitudine pa-
rum latiore. Mesonotum pronoti parte dorsal di-
stincte brevius, nitidum sat disperse punctatum.
Scutellum mesonoto multum longius, parce puncta-
tum. Mesopleurae dense pilosae, rugoso-punctatae.
Segmentum medianum basi et lateribus sat dense
griseo-argenteo-pilosis, parte dorsali sat dense ru-
gosa, a parte apicali crasse transversaliter rugosa
non distincte separata. Abdomen robustum, modice
grisescenti-pilosum, dimidio basali superne nudum,
segmento 1.º triangulari, latitudine parum longiore,
basi late subpetiolato, segmento 6.° triangulari, area
pygidiali lateraliter et antice distincte limitata. - lae
vix mediocres, basi hyalinse, anteriores medio fas-
— 118 —
ciis duabus transversalibus fuscis confluentibus fere
fasciam unicam latam formantibus ornatee, apice fu-
matæ, cellula cubitali 2.º minore quam prima, 3.º
minore quam 2.º, nervo recurrente 1.º cellulæ cubi-
tali 2.º ante medium, nervo recurrente 2.º cellule
cubitali 3.º paulum ante medium inserto. Alarum
posteriorum cellula analis paullulum ante originem
nervi cubitalis terminata. Nervi fusci, pterostigma
et tegulæ nigrescentes. Longitudo corporis 12 1/2
millim.
Distrib.: São Paulo, Ypiranga (Museu Pau-
lista).
Esta especie é sobretudo alliada ao Pt. glabri-
collis, porêm, tem o corpo em todas as suas partes
mais robusto e curto, a pontuação do pronoto mais
forte, e algumas differenças nos nervos das azas.
Dedicada ao sr. dr. H. von Ihering, meu illustre
amigo, cuja actividade scientifica tornou a fauna do
Estado de S. Paulo a melhor explorada do Brazil.
6. Pterombrus glabricollis Ducke
Huberia glabricollis — Ducke 1907
Pieronibrus glabricollis -- Ducke 1907
== — Ducke 1910
Q Speciei Pt. cheringz similis, sed corpore
(præsertim abdomine) valde elongato, antennis tenuio-
ribus et longioribus, ocellis in triangulo humiliore ;
pronoto valde nitido, sparsissime sat subtiliter pun-
ctato, sparsim pilose, collo longo, parte dorsali lon-
giore quam in specie precedente, collum versus
minus fortiter abrupta, a latere visa convexa non
angulosa; pronoto toto de supra visu latitudine lon-
giore. Segmentum medianum sculptura subtiliore,
superne nudum. Abdomen angustius et longius quam
in specie precedente, capite thoraceque simul sum-
ptis æquale vel longius, sparsissime pilosum superne
apice excepto nudum, unicolor rufum solum se-
gmenti primi parte basali distincte petiolata nigra,
segmento 6.° in triangulo valde elongato, area py-
g'diali sat opsolete limitata. Alæ breves, infumatæ,
anteriores fasciis duabus fuscescentibus valde dilutis ;
cellulæ cubitales ut in specie præcedente, sed 1.º vix
longiore quam 2.º, nervo recurrente 1.º cells cule
tali 2.8 ante tertium anterius, nervo recurrente 2.º
cellulæ cubitali 3. paulum post basim inserto. Par-
tes basales tibiarum tarsorumque plus minusve fer-
rugineæ. Longitudo corporis 12-14 mill.
S Multum minor. Antenzarum flagellum bre-
vius, articulis leviter arcuatis Caput et thorax etiam
superne fere ubique sat conspicue argenteo-pilosa ;
frons parte inferiore et pronotum, nitida sed sat
conspicue subtiliter punctulata; pronotum subqua-
dratum, antice modice convexum non abruptum,
collo brevissimo ; mesonotum pronoto parum brevius ;
segmentum medianum irregulariter crasse reticu-
latum. Abdomen angustum; segmentum 1,um valde
elongatum sat longe petiolatum, margine apicali
excepto nigrum; segmentum apicale (7."™) præce-
dentibus minus ; spina apicalis nigra. Alae mediocres,
hyaline, iri idescentes. Tibia fere omnino ferruginese.
Long. corp. 9 millim.
Distrib: Amazonia inferior, Jado Norte : Prai-
nha (Estado do Pará), maio de 1913, A. Ducke 9 :
Museu Paulista, Mus. Pará, Paris, Londres; &' ;
Mus. Pará.
Vôa sobre o sólo em campos arenosos. Os ca-
ractéres principaes que distinguem a @ desta es-
pecie da do Pt. iheringi, são o pronoto comprido,
as azas curtas e o abdomen mais curto e robusto.
7. Pterombrus rufiventris (Cress.)
Myzine rufiventris Cresson US G2 Pek
; Cameron SE ay ase
Ar rufiventris Fox 4895, Qd
Myzine cressoni Dalla Torre 1897, 5
Huberia rufiventris Ducke 1907
Pterombrus rufiventris Ducke 1907
— — Turner 1908
— -— Ducke 4910
2 Fox (o. cit. p. 263) descreve este sexo da
maneira seguinte: «The 9 which has not before
amy)
been noticed, is very similar to the d'; the head
is much more sparsely punctured, and the thorax in
general more coarsely punctured, while in the &
they have the punctures large and well separated ;
abdomen above almost impuctate, else the strong
scattered punctures evident in the 4 are very fee-
ble; wings in the middle and at base hyaline, other-
wise fuscous, so that they appear bifasciate, hind
pair except apex hyaline ; first and second joints of
flagellum about equal in lenght; in the & the first
is shorter then the second; colored alike in both
sexes».
Da descripçäo do genero ÆEngycystis (ibidem
p. 262) extrahio ainda os seguintes caracteres que
não são genericos, porém se referem aos dous sexos
da especie presente: «Form elongate, slender in
both sexes. Eyes tolerably large. Antenne rather
long and slender, tapering to apex, in lenght about
equal to the thorax, joints long and easily distin-
guished. Pronotum much longer than dorsulum and
shorter than middle-segment, the dorsulum small,
if anything, shorter than scutellum. Middle-segment
coarsely rugouse or rugoso-reticulate. Last dorsal
segment of 9 with a well developped pygidial area,
which is smooth and bounded laterally by a sharp
ridge, in the & this segment is emarginated at
apex. Wings ample. Second submarginal cell shorter
than either the first or third. Cubital vein of hind
wings originating a little before the apex of the
submedian cell in both sexes, rarely confluent with
the transverso medial nervure».
d. A descripçäo original de Cresson não me
é accessivel, porém vi um exemplar no British Mu-
seum. O corpo é preto, com os segmentos abdomi-
naes 2 — 7 vermelhos, as azas fortemente fumadas,
sem faixas escuras. O comprimento do corpo desta
especie (a maior de todas) é segunda a figura de
Cameron na Biologia Centrali-americana (Est. XII,
fig. 23) de 14 1/2 millim. Este autor refere-se com
as seguintes palavras ao o da especie: «Cresson
describes the wings as «dark fuscous, paler at apex» ;
— AE ==
but in the Mexican exemple I refer to his species
they are not paler at the apex, but decidedly paler
at the base in front of the basal nervure. This spe-
cimen has the head and thorax covered densely
with long white hair; the pronotum finely and
closely, the mesonotum much more strongly, pun-
ctured, the punctures on the latter more widely se-
parated, the extreme base of the mesonotum being
impunctate ; the scutellum punctured like the me-
sonotum ; the median segment coarsely and irregu-
larly reticulated; the abdomen separsely covered
with long white hair; the legs densely covered
with white glistening hair; the second recurrent
nervure received quite close to the base of the cel-
Jule»:..(o.¢.. ps 209)
Distrib.: Esta especie é até agora conhecida
das localidades seguintes: E. U. da America, Texas
(segundo Cresson); Mexico, baixa California, San
José del Cabo (s. Fox) e Guerrero, Chilpancingo,
1500 m. (s. Cameron).
Resumo da distribuição geographica
das especies
1. Pt. clavicornis habita as mattas humidas
da parte occidental da Amazonia, sendo conhecido,
para Leste, até o limite occidental do Estado do
Pará.
2. Pt. argentinus & da região secca do No-
roeste da Rep. Argentina.
3. Pt. pilicollis, das praias de areia do baixo
Tapajoz, Amazonia inferior (lado Sul).
4. PE engmaticus, de Teffé, Amazonia su-
perior (talvez das praias do Lago 2)
9. Pt. theringt, do Ypiranga, São Paulo, lo-
gar de campo aberto.
6. Pt. glabricollis, dos campos arenosos de
Prainha, baixo Amazonas (lado Norte).
7. Pt rufiventris, das regiões seccas do Sul
da região nearctica e Norte da região neotropical
(Texas, baixa California, Mexico occidental).
——) ee
Literatura
1. Cameron, P.: Hymenoptera Fossores em :
Biologia Centrali-americana, 1893.
2. Cresson: Trans. Amer. Entom. Soc. IV.
1572
3. Dalle Torre: Catalogus hymenopteroram
etc. VIII W897)
4 Duche, A.: Contributions à la connais-
sance des Scoliides de l'Amérique du Sud. Revue
d'Entom. 1907, p. 5-9 > 1907, p. 145-1485 1010,
pate
9. Fox, W.: Third Report on some mexican
hymenoptera principally from lower California. Pro-
ceed. Californ. Acad. of Sciences V. 1895.
6. Smith, F.: Descriptions of new genera
and species of exotic hymenoptera. Trans. Ent. Soc.
London, 1869.
7. — : Descriptions of new species of hy-
menoptera ia the coll. British Museum. 1879.
& Turner, R. E.: Notes on the Thynnidæ,
with remarcks on some aberrant genera of the Sco-
lide. Trans. Ent. Soc. London, 1908.
| 9. — : On the Thynnidæ and Scoliidæ col-
lected in Paraguay etc., em: Beiträge zur Kenntnis
der Hymenopterenfauna von Paraguay von Embrik
Strand. Zool. Jahrbücher XXIX, 1910, p. 179 ss.
As traças que vivem sobre a preguiça
Bradypophila garboi n. gen. n. sp.
(LEPID. FAM. PYRALID.)
POR
RODOLPHO von IHERING
(Estampa III, fig. 2)
Tendo morto a tiro uma Preguiça (Bradipus
marmoratus) nas margens do Rio Doce, Est. do
Espirito Santo, o naturalista-viajante do nosso Museu,
sr. Ernesto Garbe reparou que de entre os longos
pellos do animal surgiam e desappareciam, rapi-
damente, pequenas borboletinhas amurello-escuras,
pouco maiores que as da «traça». Com effeito
poude colligir cinco exemplares desses pequenos
lepidopteros, pertencêntes à familia Pyrabde.
Da literatura já conheciamos duas especies de
borboletinhas que egualmente haviam sido encon-
tradas sobre «preguiças» :
Cryptoses choloepi Dyar (Bibl. 1) do Panama,
cujo hospedeiro é o Choloepus hoffmanni, a pre-
guiça vermelha; e
Bradipodicola hahnel: Spuler (Bibl. 6) especie
tambem neotropica (sem indicação de localidade) de
especie não determinada do genero Bradipus.
E. A. Goeldi, em Monographia dos Mammiferos
do Brazil, 1893, pg. 125, diz que «no pello felpudo,
de cabellos longos e macios, as preguiças as vezes
carregam um museu de parasitas. Já se observou
ahi uma alga e de hospedes do reino animal posso
mencionar por experiencia propria: carrapatos, por
vezes de tamanhos enormes, pequenos Blattides (ba-
ratas) e até Microlepidopteros (traças) ». Quanto
aos Ixodidas, na publicação de Beaurepaire Aragão.
Mem. do Inst. Osw. Cruz, Tomo III, fase. 2 vem
mencionados Amblyomma geayi e varium como pa-
rasitas das Preguiças; no presente estudo enume-
ramos quantos microlepidopteros se conhecem com
o mesmo habitat. Nada nos constou, entretanto,
com relação a Blattidas que vivam sobre Brady-
podidae; e não sabemos si o dr. Goeldi tratou al-
gures mais extensamente do assumpto, dando a clas-
sificação de tão interessantes hospedes.
Os nossos exemplares não combinavam com
nenhuma das especies descriptas e, recorrendo ao emi-
nente lepidopterologo norte-americano, já acima men-
cionado, dr. Harrison G. Dyar, tivemos a certeza
não só de ser nova a especie, como tambem o genero.
Sendo a nervatura das azas um dos caracteres
mais aproveitaveis para a classificação damos aqui,
alem do desenho da nossa especie, tambem as res-
pectivas copias das duas outras. Os especimens ty-
picos de Cryptoses choloepi estavam tão mal con-
servados, que o auctor as descreve apenas como sendo
cinzento-escuras, com 16 mm. de envergadura.
Bradypodicola hahnels & descripto como tendo
o corpo anterior bruno-avermélhado, as azas ante-
riores são de egual côr e tem alem disto muitas
linhas transversaes mais escuras; as azas posterio-
res e o abdomen são branco-sujos, com tom cin-
zento ; o corpo mede 6,8 mm.
A nossa especie que denominamos
Bradypophila garbei n. gen. n. sp.
de accordo com a chave de classificação das sub-
familias das Pyralidas — cf. Sir. G. F. Hampson (Bibl.
4, pg. 991) pertence ao grupo das Chrysauginae
(Aza posterior com nervura mediana não pectinada ;
proboscis presente; aza anterior com nervura 7
bifurcada com 58 e 9, e sem tufos de escamas na
cellula; as nervuras 7 e 8 da aza posterior con-
fluem ; os palpos maxillares faltam).
Nesta sub-familia o nosso genero fica collocado
segundo a chave de Sir Hampson (Bibl. 5, p. 636)
junto ao gen. Uliosoma (Palpos Geiss dirigidos
para baixo, e medindo pouco mais do que uma vez o
comprimento da cabeça, nervuras 4 e 5 bifurcadas;
nervuras 2 faltam tanto à aza posterior como à an-
terior). Ainda que desta forma, pelos caracteres uti-
iizados na chave, os generos Ulisoma e Bradypophila
se confundam, esta semelhança de facto não existe.
Distinguem o nosso genero sobretudo a conforma-
ção da cabeça e das coxas das patas anteriores,
caracteres estes que Bradiypophila tem em commum
com Cryptoses. Este ultimo genero, no emtanto,
por ter presente a nervura 2 da aza anterior, avi-
sinha-se ao gen. Acutia, como o affirma Dyar
Hibeit:):
Bradypodicola Spuler distingue-se, no que diz
respeito à nervatura, por ter os ramos 7, 8 e 9 bi-
furcados de um mesmo ponto; no mais asseme-
lha-se bastante a Cryptoses.
Nervatura das azas das tres especies :
E 7
EE
\ a a S
SE EN
A) Bradypodicola B) Cryptoses choloepi C) Bradypophila garbei
hahneli Spul. Dyar. n. gen. n. Sp.
Damos em seguida uma chave para a differen-
ciação destes tres generos de traças que vivem na
pelle das Preguiças :
A) Nervura 2 da aza ant.
presente :
a) Vertice da cabeça muito
proeminente, concavo.—Bradypodicola, Spuler.
aa) Vertice menos proemi-
nente, fronte sempre
convexa . . . . .—Cryptoses, Dyar.
AA) Nervura 2 da aza ant.
falta; vertice proemi-
nente, fronte concava — Bradypophila, R. v. Ih.
— 126 —
EBradypophila nov. gen.
Palpi directed downwards, as long as head,
thickly coverd with close sitting hairs, which con-
ceal the joints ; head and prothorax coverd with
long hairs, perfectly close sitting on the former;
vertex prominent, the front being concave; anten-
nae of female simple, 2/3 the length of wing;
legs smoothly scaled; coxa and femur of the fore
leg greatly developed, very thick, though flat; fe-
mura Il and III also somewhat flatned.
Fore wing with the costa nearly straight, the
apex rounded ; vein 2 absent; 3 anastomosing with
45 4, “stalkeds "6 anastomosed “with TES
stalked from 7; veins 10 and 11 absent. Hind ba
with vein 2 absent, 3 from angle, 4, 5 stalked ;
7 from upper angle, 7 anas stomosing with 8
Type: Brad. garbe: n. sp.
Bradypophila garbei mn. sp.
(Est. III, fig. 2)
(Exp. al. 20 mm. length of body 7 mm.)
Head and prothorax golden ochreous; the
remainig parts of thorax and abdomen dirty
yellow ; legs somewath more cearer yellow. Fore
wing dirty yellow with obscure, illdefined brown
patches along the costa and on the cell; hind wing
paler dirty yellow, cilia cream.
Hab. Rio Doce Estado do Espirito Santo (inha-
biting the fur of Bradypus marmoratus.
specimens, n. 16285 in the Museu Paulista, 1
specimen presented to Mr. H. G. Dyar, U. S. Na-
tional Museum, Washington, who has kindly given
me his authority that the species may be conside-
red as undescribed.
Literatura
—_—~_—~
1. Dyar, Harrison G.; A Pyralid inhabiting
the Eur of the living Sloth; Proc. Entomol. Soc.
Washington, 1998, vol. IX, n. 1-4, pg. 142-144.
2. idem; A further note on the sloth moth ;
loc: ste oba vol! Xp: S1-82.
3. idem; More about the sloth moth ; loc. s. cit.,
1912, vol REV po 60-70.
4. Hampson, Sir G. F.; Revision of the Moths
of the sub-fam. Pyraustinae and fam. Pyralidae ;
Proc. Zool. Soc. 1398, p. 540-761.
o. 7den ; On the classification of the Chrysau-
ginae (Fam. Pyralidae) ; loc. s. cit. 1897, p. 633-692.
6. Spuler ; Ueber einen parasitsch lebendnen
Schmetlerling : Bradipodicola hahneli n. sp. Biol.
Centralblatt, Leipzig, 1906, vol. 20 p. 690-697
6.º edem ; Festschrift fiir J. Rosenthal, Th. I,
1906, pg. 88-a 88-k.
Ipidae hrazileiros
Diagnose de duas expecies novas
POR
FRANCISCO IGLESIAS
Kyleboras hagedorni n. sp.
A 9 mede 3 mil. de comprimento por 1 1/4
mil. de largura. A côr é de um castanho-preto,
luzidio nos elytros e mais
claro no thorax. Os ely-
tros são porticulados e
a juncção dos mesmos
é em relevo (não é im-
pressa), são cobertos por
pequenos pellos que são
mais compridos nos lados
e na extremidade dos ely-
tros; na base dos elytros,
isto é na parte posterior,
notam-se pequenos espi-
nhos dispostos em duas
series em cada elytro, sen-
do maiores os espinhos da
serie interna proxima à
juncção dos elytros.
(Fig. 1). Xyleborus hagedorni n. sp. Os elytros terminam
Femea, 18 vezes o tam. nat.
arredondados.
O scutellum écordiforme. O thorax é corcunda-
do, ponticulado, escabroso, formando arestas maiores
na parte anterior; o seu
comprimento é egual 4 me-
tade do comprimento dos 7
elytros. À abertura por onde 4
apparece a cabeça é perfei- 7
tamente circular, ornada de 7
pequenos pelios. A cabeça
é retrahida, ponticulada, co- /
berta de pellos, com forma |
mais ou menos espherica, |
cor amarella luzidia.
O thorax na parte in- 4 |
ferior e as pernas tem a .
Fig. 2. X. hagedorni:
cor castanho-amarellada ; 0 A) femea, vista de perfil;
B) macho, visto de perfil
2
abdomen é castanho.
O & é muito menor do que a 9; mede 1 3/4
mil. de comprimento, sendo recurvado. A côr é uni-
forme, mais clara do que
a da femea, tendo quasi a
mesma côr que o thorax
desta ultima. Os elytros são
cobertos de pequenos pellos
ruivos e o thorax tambem.
Na parte posterior dos ely-
tros notam-se rudimentos de
espinhos.
Habitat: Butantan, S.
Paulo.
Fig. 3 X. hagedorni : Foi encontrado em Ou-
a) maxillar; b) labro com palpos ;
¢) antenna, tubro de 1912, numa espe-
cie de acassia. Ataca arvores vivas.
Em signal de admiração e gratidão, dedicamos
esta nova especie ao sabio entomologista allemão
Dr. M. Hagedorn.
Xyleborus iheringi 1. sp.
A 9 mede 1 3/4 ou quasi 2 mil. de compri-
mento por 1/2 mil. de largura.
— 130 —
Cor castanho-escura, luzidio tanto nos elvtros
como no thorax. A parte mediana posterior do
thorax é completamente liza
e a anterior revestida de pe-
quenas pontas, que a tor-
nam um tanto sem brilho.
Os elytros que são ponticu-
lados e cobertos de pellos dis-
postos em fileiras, na parte
posterior terminam em curva,
onde se notam espinhos que | Het) AR,
: ire Fig. 4. Xyleborus theringin. sp.
tornam um pouco CONCaVa femea, a) visto de cima; b) visto
a- superficie: por ellesteom= CESSA
prehendida ; a juncção dos elytros não é impressa.
O thorax na parte inferior, e as pernas são amarello-
castanhos eo abdomen castanho.
A cabeça é saliente
com pellos na parte an-
terior.
O & mede 1 mil. À
côr é mais clara do que
ada SL
Semelhante ao Xy-
reins REA ol aa leborus sentosus. Eickoff.
arvore com galeria de X. iheringi, (A, Habitat ÿ Butantan,
entrada do insecto adulto); A mesma ga- .
leria vista de perfil; (B: a camara onde S. Paulo. Foi encontrado,
He ea eo) em Fevereiro de 1913,
num Lucalyptus robusta de 2 annos de edade. O
eucalyptus succumbiu ao ataque do insecto.
Dedicamos esta nova especie ao eminente scien-
tista e director do Museu Paulista Dr. H. von Ihering,
a quem somos gratissimos pela amizade com que
nos tem distinguido.
Butantan, Abril de 1913.
Brasilianische ipiden
Beschreibung zweier neuen Arten
VON
FRANCISCO IGLESIAS
Kyleborus hagedorni n. sp. (Ig. I-IIf)
Das Weibchen misst 3 mm.in der Laenge und
1 1/4 mm. in der Breite. Die Farbe ist braun-
schwarz, glaenzend an den Fluegeldecken und heller
am Thorax. Die Fluegeldecken sind punktiert, ihre
Verbindungsstelle ist erhaben (nicht eingedrueckt)
sie sind mit kleinen Haaren bedeckt, die an den
Seiten und Enden groesser sind; an der Fluegel-
basis, d. h. hinten sind kleine Dornen und zwar an
jeder Kluegeldecke eine doppelte Reihe, wobei die
groesseren Dornen der inneren Reihe der Vereini-
gung der Fiuegeldecken am naechsten sich befindet.
Die Fluegeldecken sind abgerundet (Fig. II-A). Das
Schildchen ist herzfoermig. Der Thorax ist punktiert,
rauh, hoeckerig, mit Stacheln vorne. Seine Groesse
betraegt die Haelfte von derjenigen der Fluegelde-
cken. Die Oeffnung, durch die der Kopf erscheint,
ist vollkommen kreisrund und mit kleinen Haaren
versehen. Der Kopf ist zurueckgezogen, punktiert,
mit Haaren bedeckt, von. mehr coder weniger
kugelrunder Gestalt und gelber glaenzender Farbe.
Der untere Teil des Thorax und die Beine haben
kastanienbraune Farbe, das Abdomen desgleichen.
Das Maennchen ist bedeutend kleiner als das
Weibchen (siehe Fig. H-B); es misst 1 3/4 mm.
wenn es zurueckgebogen wird. Die Farbe ist
einfoermig, heller als beim Weibchen; es hat
beinahe dieselbe Farbe wie der Thorax des ersteren.
Die Fluegeldecken und der Thorax sind mit kleinen
rotbraunen Haaren bedeckt. Am Hinterteil der
Fluegeldecken bemerkt man die Ansaetze von Dornen.
Vorkommen : Butantan, São Paulo.
Dieser Kaefer wurde im Oktober 1912 in einer
Akazien-Art gefunden; er greift lebende Baeume an.
Wir widmeten die Art in dankbarer Ver-
ehrung dem bekannten, deutschen Entomologen
Dr. M. Hogedorn.
Xyleborus iheringi 1%. sp (Fig. IV.)
Das Weibchen misst 1 3/4 bis 2 mm. in der
Laenge und 1/2 mm. in der Breite. Die Farbe ist
dunkelbraun sowohl an den Fluegeldecken wie am
Thorax. Der mittlere hintere Teil des Thorax ist
vollstaendig glatt, der vordere mit kleinen Stacheln
versehen, die ihm ein wenig den Glanz nehmen.
Die Fluegeldecken sind nicht punktiert, reihenweise
mit Haaren besetzt ; sie sind hinten gekriimmt, und
haben hier auch Dornen, welche die Oberflaeche
an dieser Stelle etwas concav erscheinen lassen.
Der Thorax an seiner unteren Seite und die Beine
- sind gelbbraun und das Abdomen kastanienbraun.
Der Kopf hat an dem vorderen Teile hervortre-
tende Behaarung. |
Das Maennchen misst 1 1/4 mm. Die Farbe
ist heller als die des Weibchens.
Diese Art aehnelt dem Xyleborus sentosus
Eickoff.
Vorkommen: Butantan, São Paulo. Unsere
Exemplare wurden im Februar 1913 in einem Huca-
lyptus robusta — Biumchen von 2 Jahren gefunden.
Der Eucalyptus ging infolge des Angriffes ein.
Diese neue Art dedicieren wir dem hervorra-
genden Naturforscher und Director des Museu
Paulista, Dr. H. von Ihering, dem wir fuer seine
Freundschaft, durch welche er uns auszeichnet,
sehr verbunden sind.
Butantan, Abril 1915.
Erklaerung der Figuren :
Fig. 1. Xyleborus hagedorni n. sp. 9, 18-fa-
che Vergroesserung.
Fig. 2. *X “hagedornz, A): Q im Perfil By:
. & im Perfil
Fig. 3. X. hagedorni, a: Moxille 6: Labrum
mit Palpen; c: Antenne.
Fig. 4. Xyleborus theringi n.sp. Q A): von
Oben gesehen ; B): im Perfil (beide stark vergrüssert).
Fig. 5. Querschnitt eines Stammes mit einer
Gallerie des X. cheringi. la: Eingang). Derselbe
Gang im Perfil (6: Brutkammer).
As especies hrazileiras
DO
Genero Megachile
SUPPLEMENTO
Ao “Ensaio sobre as Abelhas Solitarias do Brazil”
(Rev. Mus. Paul. Vol. V, p. 330—613, 1902)
POR
CO SO ROM ae.
O genero Megachile Latr. representado no
Brazil por um numero de especies extraordinaria-
mente grande, foi estudado muito superficialmente
no tomo V desta Revista, devido à exiguidade de
material disponivel.
As colleeções do Museu Paulista têm, porém,
augmentado consideravelmente nos ultimos annos, e
ainda que não tenha a pretensão de conhecer toda
a fauna brazileira do grupo, posso agora apresen-
tar em conjuncto o que é conhecido do Brazil e
despertar a esperança de poder determinar as espe-
cies tão difficeis a distinguir, o que at4 agora era
quasi impossivel.
Nas chaves synopticas esforcei-me por incluir
todas as especies descriptas, mas sendo as descri-
pções (de Smith e oulros) deficientes quanto a ca-
rateres que julgo necessarios para uma classificação
definitiva, é bem possivel que uma ou outra espe-
cie não tenha sido collocada como devera ser pelas
respectivas affinidades.
Os caracteres do genero Megachile já foram
mencionados no vol. V desta Revista. Desde então o
genero Lithurgus foi tambem encontrado no Brazil.
Distinguem-se os dous generos da seguinte forma:
a) As mandibulas fortes, largas principalmente
no apice, com 3, 4 ou 5 dentes; o pygidium do
macho profundamente chanfrado ou as suas margens
denticuladas — 1.º Gen. MrGacuiLE Lat.
b) As mandibulas mais finas, no apice com 2
ou 3dentes, mas nunca muito largos, no apice;
o pygidium do macho termina em um dente ou es-
pinho agudo — 2.º Gen. Liraursus Latr.
Nas descripções são usados termos technicos
cuja explicação dou acompanhada de figuras um
pouco schematisadas. Na cabeça distinguem-se as
partes seguintes (Fig. 1)
m — mandibulas
cl — clypeo
s.n. — scutum nasale
fr — fronte
V — vertice
o. — olhos compostos
oc. — olkos simples ou ocellos
ant. — antennas, compostas de
RE 00
- é = E
(Fig. 1) Cabeça de Megachile RUE AU aie
(Veja-se a explicação das letras) fl. — flagellum
Nas azas distinguem-se nerveras que delimitam as
cellulas (Fig. 2'; as nervuras são designadas por letras,
as cellulas por numeros; os nomes correspondentes
são OS mesmos nas azas anteriores e nas posteriores.
a — margem anterior ou ner-
vura costal
b — nervura subcostal
c— » mediana
d— »n submediana
e — ~» transverso-mediana
i= » cubital
q — » transverso-cubital
primeira
h — nervura transverso-
cubital segunda
i — nervura radial
k — » | transverso-discoi-
dal primeira ou nerv.
rec, I
7 — nervura transverso-dis-
coidal segunda ou nervy
Teen 2
m — margem exterior
m — margem posterior (Fig. 2) Aza de Megachile
as ae (Veja-se a explização das letras)
1 — cellula costal (| 7 — cellula radial
2 — cellula mediana | 8 — cellula discoidal 1.º
3 — cellula submediana 1,4 9 — cellula discoidal 2.4
4 — cellula anal | to — cellula submediana 2,8
5 — cellula cubital 1.4 |) rx — area apical ou apice
6 — cellula cubital 2,8 || 12 — angulo anal
No corpo e nas pernas distinguem-se as partes
seguintes : (Fig. 3)
(Fig. 3) Corpo de Megachile
(Veja-se a explicação das letras)
pt — prothorax
d — dorsulum ou mesonotum
S — scutellum
mt — metanotum ou postscutellum
Sm — segmento mediario
pl — pleura
abd. — abdomen
TB So 2a bo NE DC ES CUS
mento abdominal
p | — pygidium ou epipygium
sc.v, — escova ventral
cx — coxa
tr — trochanter
Pi fies CRU
t. — tibia
cl. — calcar
mtt, — matatarso
ts. — articulos tarsaes 2-5
uw — unha
CHAVE DE CLASSIFICAÇÃO DAS ESPECIES
i.
to
BRAZILEIRAS
?
O clypeo armado com
um processo bispinoso ;
especie grande, 14 mm.
O clypeo sem processo
bispinoso! 0. 2 ne
O abdomen completa-
mente preto, nem as
pernas nem as tegulas
são ferrugineas . . .
O abdomen é todo elle
ou em parte ferrugineo
ou tem faixas de pellos
brancos ou amarellos, ou
as pernas ou as tegulas
são distinctamente fer-
rugineas A MRE A
Em cada lado da base
do abdomen uma pennu-
gem de pubescencia
Dames (20 05
1. assumptionis
2
CO
(2. hypocrita)
en
10.
Sem pennugem de pellos
brancos na base do ab-
domen . .
O clypeo chanfrado ou
emarginado
O clypeo nem chanfrado
nem emarginado. .
O scutellum não pon-
tuado, com a margem
posterior elevada.
O seutellum pontuado,
com a margem poste-
rior não elevada.
A margem anterior do
clypeo engrossada; a
escova ventral branca.
A margem anterior do
clypeo não engrossada,
a escova ventral preta
Todo o abdomen é fer-
PUPIREO : 52116. :
Somente uma parte do
abdomen ferrugineo ou
todo o abdomen preto
(alem das faixas, etc.) .
O dorsulum coberto com
pubescencia preta
O dorsulum coberto com
pubescencia fulva
As tegulas sempre fer-
rugineas ou amarellen-
tas e o dorsulum com
pubescencia fulva.
O dorsulum nú on co-
berto com pubescencia
preta, cinzenta, branca.
Abdomen sem faixas de
pellos
Pelo menos alguns seg-
mentos com faixas de
pellasvelaros: .. visi
Or
o. fiebrigi
(4. nudiventris)
9. proserpina
6. theringe
8
9
(7. rubriventris)
(8. pulchra)
10
(9. ventralis)
11
14:
14.
15.
1e
Só os segmentos 4 e 5
com fiixas. :
Tambem os primeiros
segmentos com faixas.
As faixas incompletas
sómente nos lados dos
segmentos .
As faixas o ae pelo
menos em exemplares
frescos) .. 4
As faixas ebdominaes
brancas ou brancacentas
As faixas são amarellas
ou amarellentas .
Especies di, 13-14
MINE o ge
Especies pequenas 8 112-
9mm. ig eee
Antennas vermelhas.
O flagellum fulvo em-
baixo, o articulo ue
preto
As azas com a Mal
radial e o apice dene-
CEOs des TAP eae
As azas sem partes de-
negridas. ee
A escuva ventral nos se-
gmentos 4-6 preta.
A escova ventral in-
teiramente branca ou
amarellenta, ou preta só
no apice ou nos lados.
O scutum nasale não
pontuado ou pontuado só
nos lados; o 2.º articulo
do flagellum geralmente
muito curto, mais curto
do que o primeiro .
(10. pilosa)
12
(11. vegelans)
13
14
Da
15
16
(12. r'uficornis)
(13. moderata)
(14. encongrua)
(19. susurrans)
16. gracilis
18
19
21:
23.
O scutum nasale intei-
ramente pontudo ; o 2.º
articulo do flagellum ge-
ralmente täo comprido
ou maior do que o pri-
meiro : bres
A base do abdomen
ferruginea . À
Tode o abdomen preto
À margem anterior do
clypeo emarginada .
A margem anterior do
clypeo não ou só im-
perceptivelmente emar-
ginada :
A pubescencia fulva for-
ma uma linha curva que
passa entre os ocellos;
o metatarso III mais
curto que a tbia; o
calcar III branco
()
A pubescencia fulva for-
ma uma linha egual à
de leucocentra, e uma
pennugem em frente do
ocello anterior; o me-
tatarso Il tão comprido
(ou quasi) como a tibia ;
o calear III vermelho .
Especies grandes (13
EME Hants:
Especies pequenas bik
mm). À -
O clypeo no meio com
um pequeno dente
O clypeo no meio sem
dente yj i. 2
A escova ventral. no
apice preto . .
A
1
7
21
18.
(19.
20,
23
al
alr.
24
25
Ai
. anomala
vigilans)
leucocentra
fussoras)
beroni
gigas
A escova ventral intei-
ramente branca ou ama-
rellenta. . . 1126
29. O segundo articulo do
flagellum distinctamente
mais i a do ir
O ‘primer: . 1892 rubricata
0 segundo artículo do
flagellum não é mais
comprido do ae o pri-
meiro' . . . 23. guaranitica
26. O pygidium con | pellos
pretos erectos: uz vs crst2tocompacia)
O pygidium coberto com
curta pubescencia cin-
zenta e entre a mesma
alguns pellos pretos . (25. oprifex)
27. As faixas abdominaes
muito largas. . . . 26 paraguayensis
As faixas abdominaes
estreitas =... Linant (ie hegueyaque
28. Especies grandes: 14
OUR “e: Mais A) eo) 20
Especies pequenas : me-
nos que 14 min(P e ss
29 A escova ventral nos
lados dos segmentos 2-4
e nos segmentos 5 e 6
inteiramente preta . . 28. possogran=
densas
A escova ventral branca
ou apenas no ultimo se-
gmento com pellos pre-
LUS Co Net LE SADOT. an
30. O mesonoto pelo menos
na parte posterior com
pontuação escassa, e por
conseguinte brilhante . 31
(*) As especies de 13,5-14 mm. acham-se em ambas as
secções desta chave.
31.
33.
30.
O mesonoto opaco de-
vido à pontuação muito
densa Epi rr,
A pubescencia embaixo
da cabeça e do thorax
branca Desa,
A pubescencia embaixo
da cabeça e thorax côr
de ocre pallida
O clypeo na margem
anterior simplesmente
emarginado, o scutellum
mais brilhante, o arti-
culo terceiro das anten-
nas mais comprido que
o segundo ; o metatarso
HI tão comprido como
a tibia . AL: Yt
O clypeo na margem
anterior duplamente si-
nuado, o scutellum mais
pontuado, o articulo ter-
ceiro das antennas egual
ao segundo ; o metatarso
HI mais curto que a
tibia . MATTER
Os tarsos 1 exterior-
mente com pellos fus-
cos extraordinariamente
compridos . KR
Os tarsos I sem pellos
muito compridos.
O artículo 3 das anten-
nas evidentemente mais
comprido do que o 4.º.
O articulo 3 das an-
tennas apenas mais com-
prido do que o 4.º
A pontuação do vertice
perto dos. olhos escassa
(29. laeta)
30. anisitsi
31. frieser
32 andromorpha
94
Ba: levimargi-
nata
39
34. aureiventris
36.
40.
pax
(VW
43.
44.
A pontuaçäo do vertice
densa "émet:
Entre o mesonotum e
o scutellum com pube-
scencia amarellenta .
Entre o mesonotum e
o scutellum sem pube-
scencia amarellenta .
As tibias II co n pellos
compridos
As tibias III sem pellos
compridos . de is
O abdomen ferrugineo.
O abdomen preto
Os segmentos abdomi-
nae; sem faixas .
Pelo menos alguns se-
gmentos abdominaes
com faixas . ess
As faixas ça
muito largas .
As faixas estreitas ou
brancacentas
As faixas estreitas .
As faixas A ee no
meio.
Todos os segmentos com
faixas
Os primeiros dous ou tres
segmentos sem faixas
A forma e o colorido
como Coelioxys .
A forma e o colorido
differentes . né oh.
Aces cellala sradialeenso
muito escurecida. ;
A cellula radial fusca
ou azulada. :
Cabeça e thorax intei-
ramente preto-pilosos
36
30. liinae
37
(36. rava)
OT. gon) hrenæ
(7. rubreventris)
39
(9. ventralis)
42
23,
38.
gquarantica
anthidioides
39. coelioxifor-
44
Ad
67
AG
mis
4€.
AT.
49.
O0,
ol.
53.
= IMÃ
Cabeça e thorax branco,
cinzento, ou amarellen-
to-pilosos . . . :
A maior parte da esco-
va ventral branca
A maior parte da escova
ventral preta .
Especie grande (13 mm)
do Amazonas.
Especie pequena (11
mm.) de São Paulo
Com tomento branco ou
amarellento na sutura
entre o mesonoto e o
Scutello ss. edad
Sem tomento branco na
sutura scutellar
A veia costal da aza
ferruginea . É
A veia costal fusca.
As faixas abdominaes
brancas.
As faixas abdominaes
amarellentas . . j
Menor 7,5-8,5 mm.: a
3SCOVA inteira: mente
brancas, roles
Maior (11 mm.); a es-
cova nos lados preta
A margem anterior do
clypeo denticulada
A. margem anterior do
clypeo um pouco emar-
ginada . .
Maior (10-11 ,5mm. ):
pernas TI largas, A
melhadas . .
Menor (9,5 mm. e ; as
pernas III estreitas, pre-
Unser iaarah old e
43
40.
AT
stenodesma
(41. pullata)
42. nigropilosa
elapuae
(44. semellima)
(45. propinqua)
93
04
46. paulistana
AT.
verrucosa
DD.
06.
cn
90
09.
60.
61.
Espaço entre os ocellos
e os olhos excassamente
pontuado
Espaço entre os ocellos
e os olhos densamente
pontuado DR,
O mesonoto muito den
samente pontuado
Os pontos do mesonoto
separados por interval-
los maiores que os ee
tos mesmos :
À escova ventral | in-
teiramente amarellenta.
A escova ventral preta
no apice NE
Os segmentos abdo mi.
naes 1.3 com as mar-
gens ciliadas de ama-
rello, o quarto e quinto
inteiramente amarello-
tomentosos. 5 =
As faixas dos a
tos eguaes. .
A tibia III com “pellos
compridos . ;
Sem pellos compridos
nas tibias III.
O segmento mediario
com compridos pellos
amarellentos :
O segmento mediario
com pellos não extraor-
dinariamente compridos
OQ clypeo com um forte
tuberculo
O clypeo sem tubreulo.
Abdomen com pellos
compridos no lado dorsal
Abdomen sem pellos
compridos nolado dorsal
5 à
56
48.
39.
49,
20.
OS
30.
99
ol.
60
aureiventris
separata
lamae
bicegor
xanthura
rava
terrestras
2. tuberculifera
63.
67.
69.
Calcares pallidos ou ama-
rellentos
Calcares pretos ou | fuscos
As pleuras cobertas com
Paine pretos .
As pleuras cobertas com
peilos brancos.
Os lados da escova ven-
tral pretos. ps
Os lados, como o resto
da escova, brancos
O scutum nasale sem
pontuação . e
O scutum nasale Eee
tuado 4
A margem anterior “do
clypeo com numerosos
denticulos .
A margem do clypeo
sem denticulos :
O metanoto (postscu-
tello) com uma linha
transversal de pubescen-
cia branca.
O metanoto sem pübe-
scencia branca
Maior ; no lado do cly-
peo com O Due
fulvo-pallida
Menor ; no lado do Fa
peo com pubescencia
branca .
Especie grande ( DL
o clypeo extracrdina-
riamente curto
Especies menores (11
mm. ou menos); o cly-
peo de comprimento or-
dinario .
(53. levilimba)
DA. liiderwaldte
do. pseudopleu-
ralis
64
(06 constructrix)
65
OT. trigonasprs
66
O8. inquirenda
37. gomphrenae
68
69
(09. urbana)
60. brethese
GL. ypirangensis
70.
aA.
Em
==, 146 —
O clypeo com a mar-
gem anterior chanfrada
tendo uma só impressão
O clypeo com a margem
anterior irregularmente
sinuada, sem impressão
marcada no meio
As azas na base ama-
rellêntas” MEME,
As azas na metade an-
terior fortemente escu-
Tecidas =, - MA,
d
O clypeo com uma crista
baixa transversal sem
pilosidade . sn
O es sem crista
transversa Gia do :
As coxas L com espinhos
distinctos
As coxas I sem espi-
nhos distinctos
O abdomen inteiramente
ferrugineo .
O abdomen só em par te
ferrugineo ou inteira-
mente preto :
O metatarso | alongado
em um processo com-
prido que passa alem
dos outros articulos.
O metatarso I sem tal
processo.
Todos os segmentos ab-
dominaes pretos f
Os primeiros dous ou
tres segmentos abdomi-
naes ferrugineos
69.
—
.
squalens
. parsonsiae
. xantoplera
bertonti
assumptionis
(8. pulchra)
23.
6
(6.
guaranitica
barbatula
=
10:
LI;
13.
Os femora TIL com um
dente no meio
Os femora III sem den-
te no meio
As coxas I com dous
espinhos ; o articulo api-
cal das antennas dilata-
das; a base do clypeo
com uma linha de Piqui
pretos
As coxasl com um es-
pinho; o articulo api-
“al das antennas não
dilatado ; todo o clypeo
com pubescencia dou-
Pada esc :
Os femora IL extraor-
dinar:amente engrossa-
dose cre as
Os femora III nic muito
engrossadas E
Os trochanteres I com
espinho .
Os trochanteres I sem
espinho aqu (o .
Os tarsos I id alee
tados.
Os tarsos 1 peer à
No mesosterno um pe-
gueno espinho deante
das coxas II.
Sem espinho no me-
sosterno. HER É
As tibias II com um
dente alem do calcar
As tibias II sem dente.
O dente das tibias I
situado no meio da tibia
é forte c coberto com
pellos compridos.
q
67. curvipes
68.
MANAOSENSIS
(69. crassipes)
30.
anistist
(14. incongrua)
tupinaquina
vernoniae
19.
16.
WE
18.
19.
— 148 —
O dente das tibies II
situado perto do apice
da tibia e sem pellos
compridos . Ny
O dente direito; os tar-
sos I sem lobulos
O dente curvado; cs
tarsos 1 com lobulos
As bochechas armadas
com um dente
As bochechas sem dente
O thorax coberto com
pubescencia fulva, as
pernas ferrugineas; 0
pygidium profundamen-
te chanfrado .
O thorax coberto com
pubescencia cinzenta ; as
pernas pretas ou quasi
pretas; 0 pygidium com
denticulos .
As coxas J com espinhos
rombos ou quadrados .
As coxas Icom um es-
pinho agudo . . .
Ao lado do espinho co-
xal uma pennugem de
pellos erectos fuscos
Sem pennugem de pellos
erectos do lado do es-
pinho
O metatarso I termina
rum lobulo comprido .
O metatarso I sem lo-
bulo comprido
Os metatarsos 1 muito
dilatados
Os metatarsos I pouco
dilatados ou simples
14
72. jundiana
73. chamacoco
t6
17
q
es
.
sancli-paule
~
my
.
melochiae
18
76. helicitarsus
19
(77. lobitarsis)
(78. hilaris)
23.
20.
26.
28.
O pygidium sómente
chanfrado, seus lados
Simples aj à o +:
O pygidium em cada
lado do chanfro com
denticulos . à
A aza anterior com a
cellula radial e as par-
tes visinhas fortemente
esemteeidas. 24/2 Ol
A aza anterior sem par-
te alguma muito escu-
recida a. Bi
Todos os metatarsos
amarellento-claros
Os metatarsos Il e II
ferrugineos ou escuros.
O articulo 13 das an-
tennas dilatado é
O articulo 13 das an-
tennas não dilatado.
A tibia I inteiramente
ferrdd incas es +» i. os
A tibia I preta com o
apice avermelhado .
As pernas fuscas, só as
tibias mais ou menos
ferrugineas. q
As pernas ferrugineas .
O espinho da coxa 1 ex-
traordinariamente pe-
queno e escondido de-
baixo dos pellos.
O espinho da coxa I
não muito pequeno .
As pernas pela maior
parte ferrugineas
As pernas pela maior
pamtespretas/ (soa os
A metade apical do se-
gmento 9.e o sexto se-
4
Oo
oC
(19. strenua)
26
(80. lentifera)
81. bernardina
(82. pallipes)
83. framea
(84. rectipalma)
29
37. gomphrenae
30.
31.
34.
30.
gmento abdominal in-
teiramente cobertos com
pellos pretos
A metade apical do se-
gmento 5 com pellos
Re O o sexto se-
gmento amarellento-pi-
loso . Spe Best si
O metatarso Jll com
franjas muito curtas
O metatarso III em
ambos os lados coin
franjas muito mais com-
pridas do que o diame-
tro do metatarso.
Os tarsos I com grossas
franjas de pubescencia
branca marginadas de
ferrugineo .
Os tarsos I com uma
franja mais fina de pellos
brancos e fuscos mes-
clados
As pernas pretas
As pernas ferrugineas .
A cellula radial distinc-
tamente escurecida; a
pubescencia em geral
amarellenta . Sabia
A cellula radial não es-
curecida ; e pubescencia
em geral brancacenta
As pernas inteiramente
ferrugineas.
As pernas pela maior
parte ou inteiramente
pretas :
O abdomen quasi nude
O abdomen com densas
faixas fulvas Ss q:
31
(85. clavispinis)
86. botucatuna
(29. opi fea)
23. guaranilica
39
39. coelioxifor-
mas
63. parsoniae
(87. denticulata)
30
36
88. orba
89. capra
36.
CO
~)
CO
No)
40.
A1.
Uma linha de tomento
branco na sutura entre
o mesonoto e o scutello
Sem tomento branco na
SUPERA EDS
O abdomen pelo menos
em parte ferrugineo
O abdomen preto (ou
só o extremo apice fer-
TUSMEO, À, .
So. a base do abdomen
ferruginea . À 2
A base co apice do
abdomen ferrugineos
ts segmentos 1-4 em
parte e a carena do
pygidium ferrugineos .
Uma linha transversal
de tomento branco na
parte posterior do me-
SOHOLOM@ ER “mm
Sem linha Rome se
tomento branco :
As pernas inteiramente
ferrugineas. .
As pernas pela maior
parte escuras.
As pernas ferrugineas .
As pernas pretas
Todos os segmentos com
faixas
Os primeiros segmentos
Semp faixas» po «1 :
As tibias I ferrugineas
nao dilatadas . :
As tibias I pretas, di-
latadas .
As faixas Diodes
estreitas e brancas .
As faixas abdominaes
largas e amarellas .
90. paranensis
62. squalens
38
rubicunda)
agilas)
nigribarbis)
AI
94. geraffa
(09. urbana)
95. lamnula
42
43
65. berloni
44
96. minuscula
(97. exaltada)
98. thygaterella
— 152 —
As especies que não pude examinar pessoal-
mente estão tambem incluidas na chave precedente;
mas devido às descripções nem sempre sufficientes,
julguei necessario differençal-as, visto que não posso
responsabilisar-me pela boa posição das mesmas. As-
sim colloquei entre () todas as especies que me são
desconhecidas.
Escudos nasaes, Clypeos e Mandibulas esquerdas de :
I— Meg. fiebrigi IV — Meg. lwederwaldti
Il — Meg. bicegoi V — Meg. pseudopleuralis
HI — Meg. tuberculifera VI — Meg. trigonaspis
VII — Meg. bertonii .
Descripção das especies do gen.
“Megachile”
1. Megachile assumptionis Schrot ky
19C8 (Abril) — WM. assumptionis Schrottky,
Anal. Soc. Cient. Argentina LXV, p. 233 n. 1 Q of.
1908 (Maio) — M. armigera Friese, Flora og
Fauna, 69 q.
@ Preta, a cabeça branco-pilosa, o clypeo com
um processo bispinoso armado; a cabeça, o meso-
notum e 6 :cutellum grossamente pontuados, bran-
cacento-pilosos, sendo os pellos mais densos nas
pleuras e no segmento mediario; as pernas são
pretas, os tarsos amarellento-pilosos ; as tegulas são
ferrugineas, as azas hyalinas, no apice são escuras,
as nervuras pallidas. O abdomen é preto com
faixas de curtos peilos deitados, de côr amarella
sobre a margem apical dos segmentos 1 atê 5; o
segmento anal densamente coberto por curtissimos
pellos amarellentos; a escova ventral brancacenta.
Comprimento 14 mm.; largura do abdomen 4 mm.
4 Preto, a cabeça globular, o clypeo e a fronte
cobertos por pellos sericeos muito densos, amarellos;
o clypeo tem na base um curto processo obtuso-trian-
gular, nu: o thorax e as azas como da 9; os tarsos
I em frente com franjas curtas, atraz com franjas
compridas de pellos brancos; os segmentos abdo-
minaes 1-5 com faixas amarellentas como a Q, o
sexto segmento ccncavo, bilobado, os lobulos no
apice denticulados ; o setimo segmento invisivel, o
ventre branco-piloso. Comprimento 19 mm., largura
do abd. 5 mm.
Hab. Paraguay (Assumpção e Villa Rica), e pro-
vavelmente sua distribuição alcança até Matto Grosso.
2. Megachile hypocrita Sm.
1853 — M. hypocrita Smith, Cat. Hymen.
Br. Mus. I, p. 184, n. 122 ©.
— 154 —
9 Preta, a cara densamente pontuada, o ver-
tice liso e brilhante, aos lados do clypeo e na in-
serção das antennas um pouco de pubescencia cin-
zenta; as mandibulas largas no apice, este armado
com dous ou tres dentes obtusos muito curtos; nos
lados do thorax e nas pernas a pubescencia é fusca ;
em frente e atroz das tegulas e de cada lado
no segmento mediario um pouco de pubescencia
branca; todos os tarsos tem em baixo pubescencia es-
cura, rufo-fusca, em cima ella é densa e fusca escura,
o articulo basal dos tarsos posteirios é largamente
dilatado e subconcavo em cima; as azas são fuscas
escuras, sua margem apical mais pallida. O abdo-
men é subtriangular, agudo no apice e tem um
fraco lustre metallico; em cada lado do segmento
basal uma pennugem de pubescencia branca; em
baixo a escova ventral é branca-amarellenta. Com-
primento 13 mm.
Hab. Pará.
Nota: O unico exemplar descripto por F.
Smith é provavelmente um individuo velho e gasto,
visto como a superficie dorsal quasi não tem pu-
bescencia e as azas são rotas nas margens; pelo
aspecto geral parece pertencer a um outro genero ;
é porem uma verdadeira Megachile.
(Traducção da descripção original ; não conheço
a especie).
3. Megachile fiebrigi Schrottky
Fig. 4, I, pag. 152: Escudo nasal, Clypeo e Mandibula
1908 — M. fiebrigi Schrottky, Anal. Soc. Cient.
Areentina.LXV/"p.,25%, Nao, O.
1909 — M. planiceps Friese, Deutsche Entom.
Zeitschr. p. 236, 9.
@ Preta, fusco-pilosa, o clypeo com a margem
anterior chanfrada, em simi-circulo, liso no meio,
nos lados finamente pontuado, o mesonotum coberto
com pontuação fina e espalhada, o scutellum liso,
brilhante, sem pontuação, pelo menos no meio, seu
,
apice um pouco levantado; o abdomen é nu, quasi
sem pontuação, o pygidium opaco com pellos muito
curtos ; as azas são subhyalinas, as nervuras fuscas ;
as tegulas e as pernas pretas ou fuscas, os tarsos
em baixo ferrugineo-pilosos; os calcares pallido-
amarellentos, a escova ventral branca. Comprimento
12-13 mm., largura do abdomen 4-5 mm.
Hab. Norte da Republica Argentina ; Paraguay ;
Estado de S. Paulo.
Mus. Paul: Est. S. Paulo: 9 Rincão IL 1901;
Rio Feio 1905.
Nota. Megachile tergina Vasch. do Perú e
Bolivia (Rev. Entom. Caen, 1908, p. 223, n. 2) éa
julgar pela descripção, synonyma de M. fiebrigz ;
não estou porém seguro da identidade, schando-se
M. teraina na secção: «Escova ventral preta ou, si
é pallida na base ou no centro, sempre preta de-
baixo do sexto segmento» ; a escova da nossa espe-
cie é totalmente branca.
4. Negachile nudiventris Sm.
1893 — M. nudiventris Smith, Cat. Hymen.
be. Mus... J. p. 486, n.2€ (mec Schrotthy!. Rev.
Musa Pawls-V op. 489, nui 7):
@ Preta, a cara com pubescencia preta, curta
e espalhada, e uma mistura de pellos cinzentos aos
lados do clypeo; no meio da margem ante ior do
clypeo uma pequena chanfradura, as antennas em
baixo amarellentas ; a pubescencia no disco do tho-
rax é anteriormente preta, posteriormente e nos
lados do segmento mediario cinzenta; os tarso em
baixo cobertos com pubescenc a vivamente amarel-
lenta, no resto as pernas tem uma pubescencia cin-
zenta, curta, espalhada, um pouco fusca em frente
das pernas anteriores, os calcares pallido-amarel-
lentos. O segmento basal do abdomen coberto com
pubescencia cinzenta; de resto é nú e tem um brilho
metallico; em baixo a escova ventral é branca.
Comprimento 13-14 mm.
Hab. Brazil.
(Não conheço a especie).
— 156 —
4, Megachile nudiventris atahualpa
n. Suhspe
2 Mgra, clypeo veritceque fusco-hirtis, la-
teribus facrer albo-hirtis paucis pilis fuscis inter-
mats ; clypeo convexo dense punctato inargine
antica in medio per pauce emarginata ; mandi=
bulis punctatis, 4-dentatis, dentibus omnibus acu-
tis. Mesonoto creberrime punctato, disco sparsius
et subtelius, fuscoque prloso ; scutello rotundato,
punctalissimo, postice longs pilis fuscis celratis,
segmento medio dense in medio fusco — lateribus
albo-piloso, area basal -- ut videtur — impun-
ctato ; pedibus nigris. fusco — et cinerascents —
hirtis, tarsis posticis ubsque fusco-hirtis, tegulas
fusco-ferrugineis, alis subhyalinis, cellula radiale
infuscata, apice cellulae medranae quoque, nero.
rec. 2.º paulo ante apicem cell. cub. 2.% mstructo.
Abdomine sublililer punctulato, segmento primo
utrinque albo-hirto ; scopa ventrali maxime alba.
Long. corp. 11 mm. lat. abdom. 3,8 mm.
Hab. Peru.
Mus: «Paul. +9) Type... Pert.
Ao descrever a forma typica de Smith não é
mencionada a côr das azas; é pois possivel que
atahualpa seja especie distincta.
5. Megachile proserpina Schrottky
1908 — M. proserpina Schrottky, Anal. Soc.
Cient. Argentina, LXV, p. 233, n. 2, O.
1902 — Megachile nudiventris (nec Sm.)
Schrottky, Rev. Mus. Paul. V, p. 439.
Q Preta; a cabeça branca, pilosa; o thorax
com pellos pretos e brancos; o abdomen nú, a es-
cova ventral brancacenta; os tarsos em baixo fer-
rugineo-pilosos ; o clypeo plano com uma larga
giba transversal na margem anterior, no disco fina-
mente pontuado; o vertice, o mesonoto e o scutello
com escassa pontuação muito fina; o abdomen mais
densamente pontuado, o pygidium opaco, as azas.
— 157 —
pretas com brilho azulado ou violeta, as nervuras
pretas; as tegulas e as pernas são pretas, os cal-
cares amarellentos. Comprimento 14 mm., largura
do abdomen 5 mm.
Diftere de todas as outras especies pela giba
transversal do clypeo e pela côr preta das azss.
Hab. Argentina (Missiones); Paraguay; Est.
de S. Paulo, Est. do Amazonas.
Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo: Jundiahy,
Rio Feio etc., Est. do Amazonas, Manäos.
Em meu trabalho publicado no vol. V desta
revista, esta especie foi erradamente indentificada a
M. nudiventris Sm.
6. Megachile iheringi 7. sp.
2 Magra, capite supra omnino albo-hirto,
tamen vertice, clypeo, area mlerantennali margi-
nibusque oculorum pilis fuscis vestitis, orbitis pos-
tacis oculorum brevius fusco-hirtis ; mandibulis ad
basim parum dense punctatis, longitudinaliter sul-
catis, apice sinuoso, angulo antico obtuse biden-
tato ; clypeo dense, paruin crasse punctato ; mar-
gine antica 4-denticulata ; vertice punciato, par-
bus reliquis capitis a pubescentia obscondits ;
antennis nigris. articulo primo flagell: globoso,
segundo fere duplo longiore, reliquis mimoribus.
Thorace breviter nigro-hirto, mesonoto crebe pun-
ctato, sculptura scutelli, segment: medi etc. ab-
scondita ; pedibus nigris fusco-hirhs, calcaribus
posticis tegulisque fuscis; alis atris caeruleo-mi-
cantibus cellula cubstali secunda nervum recur-
rentem secundum ante apicem acciprente. Abdo-
mine — ut videtur — crebre punctulato, dense
nigro hirto, epipygio fusco-hirto, scopa ventral
fuscatra. Long. (capite extenso) 15 mm., lat. abdom.
4,8 mm.
Preta, a cabeca, em geral branco-pilosa, po-
rém o vertice, o clypeo, a area interantennal e as
margens interiores dos olhos com pellos fuscos, as
margens posteriores dos olhos com pellos fuscus mais
— 158 —
curtos; as mandibulas na base com pontuação não
muito densa e com um sulco longitudinal ; seu apice
é sinuoso, o angulo anterior obtusamente bidenta-
do; o clypeo com pontuação densa mas não muito
grossa, sua margem anterior com 4 denticalos ; o
vertice pontuado, as outras partes da cabeça escon-
didas debaixo da pubescencia; as antennas são pre-
tas, o primeiro articulo do flagellum é globoso, o
segundo é duas vezes mais comprido, os outros são
mais curtos. O thorax preto com pubescencia curta,
o mesonotum rugoso-pontuado, a esculptura do scu-
tellum, do segmento mediario etc. escondida de-
baixo dos pellos densos; as pernas são pretas e
fusco-pilosas, os calcares Ill e as tegulas fuscas ;
as azas são pretas com brilho azulado; a se-
gunda cellula cubital recebes o egundo nervo trans-
verso-discoidal antes de seu apice. O abdomen pa-
rece ter a pontuação muito densa e grossa, mas
é densamente coberto com pellos pretos, o pygidium
é fusco-piloso, e a escova ventral quasi preta. Com:
primento 15 mm., largura de abdomen 4,8 mm,
Hab. Est. de São Paulo.
Mus. Paul. 9 Jundiahy, 25, I 1900 (Typo!)
Dedicado ao illustre director do Museu Pau-
lista, sr. dr. H. von Ihering.
7. Megachile rubriventris Sn.
{S79 — M. rubriventris Smith, Descr. New
Spec Elym pio, nel eo.
9 Cabeça e thorax pretos, o abdomen fer-
rugineo. Com ligeira pubescencia cinzenta na cara,
preta no vertice; o flagellum é fulvo em baixo.
O thorax com pubescencia preta em cima; no
segmento mediario, nos lados em baixo e tam-
bem nas pernas é cinzenta; em cima é preta nas
pernas; o articulo unguiculado dos tarsos é ferru-
gineo; as azas são fulvo-hyalinas, as veias e as
tegulas são ferrugineas. O abdomen é ferrugineo,
brilhante e com fina pontuação chata; a pubescen-
cia é branca em baixo, excepto nos dous segmentos
apicaes, onde é preta. Comprimento 10 mm.
Hab. Santarem (Est. do Pará).
Não vi esta especie.
Mus. Paul. Equador (Friese det.)
8 Megachile pulchra Sn.
1879 — M. pulchra Smith, Descr. New Spec.
Hym; plie. 28, Gras
P Cabeça e thorax pretos, vestidos com pu-
bescencia fulva, o abdomen e as pernas ferrugineas ;
o flagellum das antennas fulvo em baixo. As azas
são fulvo- hyalinas, sua margem apical ligeiramente
escurecida, as nervuras rufo-amarellentas ; as pernas
algumas vezes ma's ou menos marchadas de preto,
algumas vezes inteiramente ferrugineas. A margem
apical dos segmentos abdominaes com ligeiras faixas
pallidas; em baixo vestido com pubescencia pal-
lido-fulva. Comprimento 13 mm.
& Muito parecido à femea, mas tem a metade
apical das mandibulas ferruginea e as antennas in-
teiramente dessa côr, sendo sômente um pouco fuscas
em cima; os tarsos I dilatados, o metatarso es-
tirado num longo processo que se estende alem dos
articulos subsequentes; todos os articulos atraz com
franjas ou pubescencia comprida e encrespada, fusca
nas pontas; as coxas I armadas com espinhos pre-
tos; as azas como na femea; o segmento apical do
abdomen com uma depressão profunda, sua margem
debil:nente chanfrada.
Hab. S. Paulo de Olivença, Est. do Amazonas.
Não conheço a especie.
9. Megachile ventralis Sm.
1879 — M. ventralis Smith. Descr. New Spec.
Hym. p. 75, n. 40, Q.
@ Preta; o thorax densamente coberto com
pubescencia cinzenta debilmente tingida de fulvo em
— 160 —
cima. O vertice com pallida pubescencia fulva; os
Jados da cara cinzentos; oclypeo fortemente pon-
tuado, sua margem anterior arredondada. As azas
são hyalinas sua margem apical escurecida; uma
mancha amarella na cellula radial; as nervuras e
tegulas rufo amarellentas; as pernas cor de breu
avermelhado-escuras com fraca pubescencia cinzenta,
a dos tarsos fulvo-pallida, a do metatarso III fusca-
escura. Abdomen cordiforme, brilhante, com o py-
gidium opaco e muito finamente pontuado; em-
baixo o segmento basal e um pequeno espaço no
meio do segundo segmento com pubescencia branca,
nas outras partes com pubescencia preta. Compri-
mento 12 mm.
Hab. Ega, Est. do Amazonas.
(Esta especie não é bem caracterisada, e pode
ser que fique melhor collocada em uma outra secção;
não a conheço).
10, Megachile pilosa Sm.
1879 — M. pilosa Smith, Descer. New Spec.
Ryne poi Mes a. Ap
Q Preta, coberta com pilosidade variavel dou-
rada; a cara com curta pubescencia pallido-dourada,
em frente da inserção das antennas tem um pouco
de pubescencia preta; o clypeo fortemente pontuado,
sua margem anterior serrilhada. O thorax com
curta pubescencia pallido-dourada; as azas fulvo-
hyalinas, a margem apical do par anterior fusca,
mais escura em uma linha que passa pela cellula
radial; as nervuras ferrugineas, as tegulas amarel-
lentas; o thorax em baixo, bem como as pernas,
tem uma pubescencia fina, curta e espalhada, mais
densa nos tarsos, no par posterior fulvo em baixo.
Abdomen piloso, os segmentos 4 e 5 com faixas pal-
lido-fulvas. e sexto densamente piloso ; a escova ven-
tral é fusca no meio e pallida nos lados. Compri-
mento 9 mm.
Hab. Fonteboa, Est. do Amazonas.
(Não vi esta especie).
— 161 —
11. Megachile vigilans Sn.
1879 — M. vigilans Smith, Deser. New Spec.
Hym. podia 146; ©.
9 Preta com a base extrema do abdomen em
cima e os dous segmentos basaes em baixo ferru-
gineos. A cara com pubescencia fulva; o clypeo
nú, pontuado, com um espaço brilhante, não pon-
tuado no meio; sua margem anterior é emarginada,
o flagellum é fulvo-escuro em baixo. O thorax com
curta pubescencia fulva em cima, no segmento me-
diario mais comprida; as azas pallido-fulvo-hyalinas
debilmente escurecidas no apice, as nervuras e as
tegulas ferrugineas; as pernas côr de breu aver-
melhado-escuro; o par II e III ferrugineos em
baixo, os tarsos com viva pubescencia fulva em baixo.
Abdomen brilhante, coberto com fina pontuação
chata; as margens apicaes dos segmentos franjadas
lateralmente com pubescencia fulva; o segmento
apical opaco e coberto com uma fina pilosidade
cinzenta; a escova ventral fulvo-pallida, mas preta
nos dous segmentos apicaes. (Comprimento 11 mm.
Hab. Pará.
(Compare-se tambem MW. anomala, da qual talvez
é a forma amazonica; a base ferruginea do abdo-
men e as pernas mais escuras por emquanto ser-
vem de caracter differencial à M. vigilans).
12. Megachile ruficornis Sy.
1893 — M. ruficornis Smith, Cat. Hym. Br.
Mus: 1, .p: 188, Dn. 1998, 0.
© Preta, as antennas e as mandibulas verme-
lhas, estas ultimas fuscas no apice; a cabeça e o
disco do thorax cobertos com pubescencia fulva ;
nos lados e em baixo é cinzenta; as pernas ver-
melho-amarellentas ; as azas hyalinas. amarellentas
na sua margem anterior; as tegulas e as nervuras
pallido-rufo-amarellentas ; todas as margens apicaes
dos segmentos abdominaes tem uma estreita faixa
branca; a escova ventral é amarella muito pallida,
— 162 —
mesclada nos lados e no apice com pellos pretos.
Comprimento 13 mm.
Hab. : Brazil.
(Descripção demasiado incompleta, faltando todos
os caracteres inorphologicos ; não conheço especie
alguma com estas cores).
13. Megachile moderata Sm,
1879 — M. moderata Smith, Descer. New Spec.
Elgin. FD. toll, do TR
9 Preta com as azas fulvo-hyalinas, as mar-
gens apicaes dos segmentos do abdomen com faixas
brancas muito estreitas. A cara com pubescencia
branca nos lados e entre as antennas, um pouco fulva
entre cs ocellos; as mandibulas ferrugineas com
dentes pretos; o flagellum fulvo em baixo com o
articulo apical preto. O thorax em cima com es-
cassa pubescencia fulvo-pallida, curta ; no segmento
mediario, nos lados e em baixo é brancacenta ; as
pernas côr de breu avermelhado-escuro, mais pal-
lidas em b:ixo, e cobertas com pillosidade branca,
deitada ; a dos tarsos em cima mais ou menos fulva,
em baixo vivamente rufo-fulva ; as nervuras das azas
e as tegulas rufo-amarellentas. A escova ventral
fulva, nos lados marginada de preto; o abdomen
em cima é coberto com fina granulação e tem
uma curta e escassa pubescencia, visivel quando
vista de lado. Comprimento 14 mm.
Hab. : Ega, Est. do Amazonas.
(Não conheço a especie que, embora não conte-
nha descripção de caracteres morphologicos, parece
reconhecivel.)
14. Megachile incongrua Sn.
1879 — M. incongrua Smith, Descer. New Spec.
VID p. 19,00 AS NO so:
Q Preta, com as pernas ferrugineas. A cara
densamente coberta com pubescencia branco-amarel-
lenta; as bochechas tem uma pubescencia analoga,
— 163 —
porem mais comprida; o apice das mandibulas é
ferrugineo. A pubescencia do thorax é semelhante
à da cabeça; o mesonotum e o scutellum são densa
e finamente pontuados ; as azas são subbyalinas, sua
margem apical e a cellula radial escurecidas, as
nervuras e as tegulas ferrugineas. O abdomen bri-
Ihante, com o pygidium opaco e coberto com fina
pontuação chata; es margens apicaes dos segmentos
franjadas com pubescencia branca, usualmente mais
ou menos interrupta no meio; a escova ventral
branca. Comprimento 9 mm.
d' Do mesmo comprimento; as pernas ferru-
gineas, mas um tanto manchadas de fusco, os tarsos
pretos em cima e com franjas de pubescencia branca.
A fronte revestida com pubescencia fulva, as bo-
chechas densamente barbadas com pubescencia pal-
lida; os tarsos I simples. os trochanteres com um
espinho agudo angular; as azas como na femea. O
abdomen oblongo, a base profundamente concava,
as margens dos segmentos constringidas ; as margens
apicaes lateralmente com franjas brancas; a margem
do pygidium arredondada; os segmentos ventraes tem
uma grossa franja branca marginal.
Hab. : Tonantins, Est. do Amazonas.
(Não vi esta especie).
15. Megachile susurrans fai.
1836 — M. susurrans Haliday, Trans. Linn
noe) XVI p. 320, nt 13°49.
@ Cabeça e thorax fulvo-pilosos ; e abdomen
com faixas brancas ; as tegulas e as pernas ferru-
gineas ; os femora, as tibias I e os metatarsos no
lado exterior denegridos. Preta, de estatura entron-
cada; as pernas amarellento-pilosas ; as azas hya-
linas, as nervuras ferrusineo-smarellas; a escova
ventral brancacenta. Comprimento 9 mm. ; expansão
das azas 19 mm.
Hab. : Brazil, São Paulo (qual ?)
(Em vista de ser a descripção tão resumida,
não me é possivel reconhecer a especie).
— 164 —
16. Megachile gracilis Schrottky
1902 — M. gracilis, Schrottky, Rev. Mus. V
p. 4395 n. 2 Q. (excl. d).
P Veja-se a descripçäo no lugar indicado.
Hab. : Jundiahy, Est. de S. Paulo.
Mus. Paul. 2 Jundiahy 28. I. 00 (Typo).
17. Megachile anomala Schroltky
1902 — M. anomala Schrottky, Rev. Mus.
Pants Vo dt stl a
190% — M. campinensis Schrottky, Anal. Soc,
Cient. Argentina, LXV, p. 236, n. 8, ©.
9 Especie muito variavel; a pubescencia do
vertice e mesmo do mesonotum torna-se fusca e
atê preta; a escova ventral algumas vezes é preta
sO no apice, outras vezes tambem nos dous ou tres
segmentos apicaes. Os caracteres constantes são : 0
espaço não pontuado no meio do clypeo e o scutum
nasale quasi inteiramente liso. O articulo 2.º do fla-
gellum é um pouco mais curto do que o 1.º Em
exemplares frescos não é difficil ver um dente muito
pequeno na margem anterior do clypeo; o tama-
nho do corpo varia entre 10 e 12 mm.
Hab. Brazil, Est. de S. Paulo; Est. do Ama-
zonas; Paraguay. Argentina, Missiones, Perú.
Mus. Paul. 99 Est. de S. Paulo, Ypiranga,
Jundiahy, Campos do Jordão, Rincão; Est. do Ama-
zonas : Manaos; Peru.
Nos mezes ‘de Janeiro, named Março, Maio,
Agosto, Dezembro.
18. Megachile leucocentra Schrottky
1908 — M. fossoris leucocentra Sehrotiky,
Anal. Soc. Cient. Argentina, LXV p. 236, n. 9, 9.
@ Preta, o clypeo trapeziforme, fina e espa-
cadamente pontuado ; as mandibulas vermelhas; a
— 165 —
cabeça em frente, as pleuras e o peito cinzento-
pilosos; o vertice, o mesonotum e o scutellum
fulvo-pilosos, os pellos no disco do mesonotum muito
curtos e algumas vezes ausentes. O flagellum em
baixo ferrugineo. A cabeça eo thorax muito densa-
mente pontuados, opacos; as tegulas ferrugineas ;
as azas amarellento-hyalinas, com as nervuras fer-
rugineas ; as pernas fusco-ferrugineas, em algumas
partes mais claras, fulvo-pilosas, os calcares brancos.
A base do abdomen é ferruginea e fulvo-pilosa,
todos os segmentos tên na margem apical cilios
caducos amarellentos; o pygidium é invertido py-
riforme; a escova ventral brancacenta, no apice
preta. Comprimento 13 mm. ; largura do abdomen
4,9 mm.
Hab. : Paraguay; Est. de S. Paulo.
Mus. Paul. : Est. de S. Paulo, Victoria de Bo-
tucatu, Rincão, Rio Feio.
Nos mezes de Fevereiro e Outubro.
Talvez seja identica à especie seguinte ?
19. Megachile fossoris Sm.
{879 — M. fossoris Smith, Descr. New Spec.
Elma Ps | TH) 42; «O: |
Q Preta, com a base extrema do abdomen e
as pernas ferrugineas. A cara em cada lado do
<lypeo com um pouco de pubescencia cinzenta; as
mandibulas e as antennas em baixo ferrugineas ;
uma faixa estreita de pubescencia fulva cruza o
vertice entre os ocellos; a margem posterior do
vertice com uma faixa semelhante. O thorax em
cima com pubescencia fulva, curta e escassa no disco;
no segmento mediario, nas pleuras e no peito de
côr cinzenta; as azas fulvo-hyalinas com as tegulas
e as nervuras ferrugineas. As margens apicaes dos
segmentos do abdomen e a base do segmento pri-
meiro ciliadas com pubescencia fulva; a escova
ventral é branca, excepto nos dous segmentos apt
— 166 —
caes e nos lados do quarto segmento, onde é preta.
Comprimento 11 mm.
Hiab. : Santarem, no Estado do Para.
Talvez identica à especie anterior ?
Mus. Paul. Para (Friese det).
20 Megachile beroni Schrottky
1902 — M. rubricala Sm. var. beron: Schrottky
Rev. Mus. Paul. V, p. 437 ¢.
Q Differt a M. rubricata clypeo antice foveola-
to-emarginalo ; articulo tertio antennarum (secundo
flagelli) longiore quam secundo (primo); pedibus
ferrugineis aut fuscis. Long. 11 min.
Nos lados do clypeo, no lado inferior da ca-
beça e no peito com pellos cinzentos; no vertice,
uma pennugem na frente e no thorax com pellos
fulvos : os segmentos abdominaes com faixas de pellos
amarellentos ; as tegulas ferrugineas ; as pernas de
côr variavel, desde inteiramente ferrugineas até quasi
completamente fuscas; a escova ventral branca, no
apice preta. O clypeo é convexo, finamente pontuado e
em exemplares frescos coberto com curtissimos pel-
los; a margem anterior tem no meio uma impressão
pequena semi-circular, bem visivel; algumas vezes a
pontuação falta em um pequeno espaço liso no meio.
O scutum nasale é mais densamente pontuado. O
segundo articulo do flagellum é t 1/2 vezes mais com-
- prido do que o primeiro. O vertice e o mesonotum
são muito densamente pontuados. Nas azas a cel-
lula submediana é geralmente mais curta do que a
mediana, mas nem sempre; a primeira veia trans-
verso-discoidal termina um pouco atraz do angulo
anterior, a segunda quasi no apice da segunda cellula
cubital. O metatarso JII é tão comprido como a tibia ;
os caleares são vermelhos ou ferrugineo-amarellen-
tos, mas nunca brancos; as unhas têm na base um
denticulo muito agudo. De resto assemelha-se muito
— 167 —
ás especies visinhas. Comprimento 11 mm., largura
do abdomen 4 mm.
Hab. : Paraguay; Est. de S. Paulo.
Mus. Paul.: Est. de S. Paulo; Rincão, Rio
Feio, Victoria de Botucatu, Jundiahy (Typo !)
Nos mezes de Fevereiro e Outubro.
2]. Megachile gigas Schrotty
1908 — M. gigas Schrottky, Anal. Soc. Cient.
Argentina, LXY, p. 235, n. 7, 0:
@ Preta, a cabeça e o thorax fulvo-pilosos ;
as mandibulas ferrugineas, no apice fuscas; o cly-
peo anteriormente um pouco emarginado, com um
denticulo acima do meio da margem apical, fina-
mente pontuado e revestido de cuitos pellos fulvos;
as tegulas c as pernas inteiramente ferrugineas ; as
azas amarellento-hyalinas com as nervuras ferrugi-
neas; o abdomen preto, na base ferrugineo e fulvo-
pileso, os segmentos nas margens com pellos curtos
amarellos, que formam faixas completas; a escova
ventral é branca na base, no meio amarellenta, no
apice fusca ou preta; as pernas vestidas com curtos
pellos dourados, os calcares ferrugineos. Compri-
mento 15 mm., largura do abdomen 4,5 mm.
Hab. : Est. de S. Paulo.
22, B¥egachile rubricata Sm.
1853 — M. rubricala Smith, Cat. Hym. Br.
Mus opter Ass q!
© Preta, os lados da cara em baixo da in-
serçäo das antennas cobertos com pubescencia cin-
zenta; em cima das antennas até o ocello anterior
é fulva como tambem na margem do vertice; o
tronco das antennas é preto, o flagellum vermelho,
fusco em cima. No thorax a pubescencia é fulva no
disco, mais pallida nas pleuras e no peito; as azas
— 168 —
são amarello-hyalinas, as tegulas e nervuras pallido-
rufo-testaceas ; as pernas da mesma côr; as coxas
os trochanteres e a base dos femora pretos, escas-
samente cobertos com pubescencia fulvo-pallida, os
tarsos | e II grossamente pubescentes em cima; 0
metatarso III bastante dilatado. No abdomen os
lados do segmento basal e as margens apicaes dos
demais ciliados com pubescencia fulvo-pallida; a es-
cova ventral é quasi branca com .o “apice' preto.
Comprimento 13 mm.
Hab.: Brazil; Peru
Mus. Paul.: © ‘Pert.
95. Megachile guaranitica Schrottky
(Fig. 5 DK; D. coxa anterior d, E. articulos 1 e 2 dos
tarsos I., F. Mandibula, G. articulos 2-4 das antennas, H.
I, K. formas do pygidium (todas as figuras representam 0 dj).
1908 — M. guaranitica Schrottky, Anal. Soc.
Cient. Argentina, LXV, p. 236, n. 10 Q.
1908 — M. guaranitica, Schrottky, forma me-
lanopyga Schrottky, ibid. p. 237, n. 10-a, Q.
1908 — M. quaranitica uruguayensis Schrottky
ibd." p. 2o7, 0. 10-, 0
1908 — M. catamarcensis Schrottky, ibid. p.
Zoi We 1d O
1908 — M. gomphrenae Friese, Flora og Fauna
Silkeborg p. 64 n. 66 9 & (nec Holmberg) !
1908 — var. rufula Friese, ibid. p. 65 9 d.
1908 — var. ferrugineipes Friese, ibid. p. 65 d.
1908 — var. collaris Friese, ibid. p. 65d.
Uma das especies mais variaveis, como aliás se
deprehende da lista dos romes que recebeu num só
anno. O estudo da morphologia de mais de cem exem-
plares de ambos os sexos demonstra porem que todas
as formas são tão ligadas entre si que é impossivel
distinguil-as como variedades.
— 169 —
Assim encontrei na mesma localidade tanto a
forma por mim denomina-
A B. da catamarcensis e que
7 NN o “io. julguei ser ao menos
NE QUE NE subspecie andina, junta-
ça mente com a forma ty-
pica no Paraguay, e bem
assim cohabitam a mes-
ma região as formas in-
termediarias entre estas e
oF
todas as outras descri-
vine PN ptas por mim e por Frie-
H
e 2. se. Só ao examinar pou-
M. cos exemplares parece
i À possivel distinguir varie-
Rig. 5 dades; confrcontando- os
Meg. anisitsi (A-C) com muitos outros, apa:
am gam-se os caracteres dif-
ferenciaes.
@ Preta; a cabeça e o thorax fulvo (até fusco)
— pilosos ; as mandibulas geralmente pretas ; o clypeo
convexo, fusco—ou fulvo-piloso, finamente pontuado,
sua margem anterior crenulada; o flagellum em
baixo ferrugineo, os articulos 1.º e 2.º de egual
comprimento ; as azas amarellento-hyalinas, as ner-
vuras ferrugineas. Os segmentos 2-5 do abdomen
com largas faixas amarellas, a chitina do abdomen
de côr preta ou vermelha; o pygidium obtusamente
triangular ; a escova ventral inteiramente branca ou
com o apice preto. As pernas são ferrugineas até
fuscas. Comprimento 12-14 mm., largura do abdo-
men 4 mm.
S Semelhante na cor à femea; as mandibu-
las tridentadas ; os detalhes morpholog:cos veja-se
na figura 4. Comprimento 10-12 mm., largura do
abdomen 3,8 mm.
Hab. : Argentina, Uruguay, Paraguay e Sul do
Brazil atê Minas Geraes.
Mus. Paul.: Q Paraguay, Puerto Majoli (Pa-
raná).
-— 170 —
24, Megachile compacta Sn.
1879 — Megachile compacta Smith, Descr.
New ‘Spee: Igm.,p-42,'n. 32 9
2 Preta; o thorax em cima revestido com
pubescencia fulva. A cara com curta pubescencia
cinzenta aos lados do clypeo; em cima da inserção
das antennas é fulva ; o flagellum é fulvo em baixo.
As azas são fulvo-hyalinas, as nervuras e as tegu-
las ferrugineas; todos os tarsos com pubescencia
vivamente fulva em baixo. O abdomen brilhante e
muito finamente pontuado; as margens apicaes dos
segmentos com faixas fulvo-pallidas, geralmente mais
ou menos interrompidas no meio ; o segmento api-
cal com pellos pretos erectos; a escova ventral de
iurta cor amarellento-branca. (Comprimento 13 mm.
Hab.: Santarem, Est. do Pará
(Não conheço esta especie). Segundo Smith é
provavelmente a P de M. hilaris.
25. Megachile opifex Sm.
1879 — Megachile opifex Smith, Descr. New
Spec. vim po sl, one MC URE
Q Preta; as pernas ferrugineas, vestidas com
pubescencia fulva; a das bochechas e do peito, como
a base da escova ventral brancacenta, o apice da
escova vivamente amarellento. As mandibulas no
apice ferrugineas, escuras; o flagellum em baixo
fulvo. As azas fulvo-hyalinas, as nervuras ferrugi-
neas, as tegulas amarellentas. O abdomen coberto
com curta pubescencia fulva, as margens dos segmen-
tos têm faixas da mesma côr, porem mais densas e
mais compridas: o pygidium tem curta pubescencia
cinzenta e escassos pellos pretos. Comprimento 13 mm.
d Um pouco menor que a femea, 4 qual se
assemelha muito. Preto com as pernas ferrugineas,
sendo as azas eguas. Os tarsos I dilatados e cilia-
dos exteriormente com pubescencia branca, que é
marginada de ferrugineo.
Hab.: S. Paulo de Olivença, Est. do Aam-
zonas.
Esta especie se assemelha muito à M. pulchra,
da qual a femea differe por ter o abdomen preto;
o macho se distingue pela forma differente dos ar-
ticulos dilatados dos tarsos I, sendo o primeiro ar-
ticulo oblongo e mais largo no apice, mas não tem
o appendice alongado como M. pulchra.
(Não conheço esta especie).
26. Megachile paraguayvensis Schrottky
1908 — M. paraguayensis Schrottky, Anal.
Soc. Cient. Argentina, LXV, p. 239, n. 6, 9.
Q Preta; o vertice e o thorax fulvo-pilosos ;
a cara larga; o clypeo preto--piloso, a margem
anterior ciliada com pellos fulvos pouco apparentes,
rugoso--pontuado; as antennas com o flagellum
fulvo em baixo; as tegulas fulvo--ferrugineas, as
azas hyalinas, as nervuras fulvo--ferrugineas; as
pernas pretas, em baixo vermelhas com pellos
pretos e fulvos, os tarsos em baixo avermelhado —
pilosos, os calcares ferrugineos. O abdomen preto,
os segmentos 2--4 ou 2--5 com largas faixas ama-
rellas; a escova ventral brancacenta, no apice preta.
Comprimento 10 mm., largura do abdomen 5,75 mm.
Hab. Paraguay. Muito rara; sem duvida será
encontrada nos Estados limitrophes do Brazil.
27. Megachile guayaqui n. sp.
@ M. anomalae ut ovum ovo similis, differt:
clypeo scutoque nasali ubique punctatis, pedibus
atris, fascis segmentorum abdominaluin angus-
horibus, albescenti--flavidis. Long. 10 min.
Q Preta, a cabeça em cima das antennas e o
lado superior do thorax com pubescenc'a fulva, o
resto com pubescencia brancacenta; o abdomen com
== 172 Sa
faixas estreitas de pellos amarello-pallidos ou ama-
rellento-brancas ; a escova vental branca com alguns
pellos pretos nos lados; as pernas pretas, os tarsos
em baixo ferrugineo-pubescentes, os calcares, as te-
gulas e as nervuras das azas ferrugineas; as azas
amarellentc- hyalinas.
As mandibulas 4-dentadas ; o clypeo eo scutum
nasale com pontuação grossa, mas não confluente.
O resto da cabeça e o disco do thorax mais densa
e mais finamente pontuados. O segundo articulo do.
flagellum é curto, egual ao primeiro. O abdomen
é finamente pontuado, nos ultimos segmentos com
curta e escassa pubescencia fulva, que se torna mais
densa no pygidium. O metatarso III tão comprido
como a tibia. Nas azas a cellula mediana é mais
comprida que a submediana, a segunda veia trans-
verso-discoidal (nerv. rec. 2) quasi intersticial. Gom-
primento 10 mm., largura do abdomen 3,9 mm.
Hab. Paraguay, na beira do Rio Paraná (Hohen-
au); certamente habita tambem as regiões visinhas
do Brazil.
(Não é impossivel que seja identica com a M.
susurrans, cuja descripção é muito deficiente).
28. Megachile possograndensis Schrottky
1902 —M. possograndensis Schrotthy, Rev. Mus.
Paul eW.ap.,4538.1n 2106:
2 Veja-se a descripção na publicação indicada.
Hab. : Est. de S. Paulo.
Mus. Paul. : 9 Poco Grande, 29 Janeiro 1898
(Typo).
29. Megachile laeta Sn.
1353 — M. laeta Smith, Cat. Hym. Brit. Mus.
lp, 186, me HET
q Preta, a cara e as mandibulas exteriormen-
te cobertas com curta pubescencia côr de ochre pal-
lida, a das bochechas e do thorax em baixo tem a
mesma cor; em frente do ocello anterior uma pen-
nugem de pubescencia preta. O thorax no disco
muito finamente pontuado, brilhante; o seutellum
perfeitamente polido e um pouco elevado, os lados
do segmento mediario cobertos com pubescencia
amarellento-dourada ; as azas subhyalinas; as per-
nas vermelhas, o metatarso II] largo e chato, egual
ao comprimento da tibia. Abdomen curto e largo,
o segmento basal coberto com pubescencia amarello-
dourada, e as margens apicaes dos segmentos com
faixas da mesma côr; a escova ventral vivamente
fulva. Comprimento 13 mm.
Hab.: Est. do Para: Rio Tapajóz.
(Não conheço esta especie, que deve ser muito
semelhante à seguinte).
30. Megachile anisitsi Schrotthy
(Fig. 5 A—C; A Coxa e trochanter I, B Metatarso e
articulo 2º das pernas I, € Tibia II; todos do macho)
1908 — M. laeta anisitsi Schrottky, Anal. Soc.
Cient. Argentina, LXV, p. 237, n. 12, ¢ de.)
1909 — M. flabellata Vachal, Revue d'Ento-
mologie p. 14, n. 58, d. |
g Preta, brancacento-pilosa ; as mandibulas
pretas, o clypeo triangular-obtuso, nu, anteriormen-
te um pouco emarginado, brilhante, finamente pon-
tuado ; o scvtellum quasi sem pontuação, muito bri-
lhante ; as metapleuras, o segmento mediario e o
primeiro segmento abdominal com pubescencia côr
de ocre pallida; as tegulas ferrugineas, as azas um
pouco escurecidas, com as nervuras fuscas; as per-
nas | e Il pretas e ferrugineas, as tibias e os tarsos
II ferrugineos, em tudo amarellento-pilosas ; o ab-
domen quasi liso, os segmentos 1—5 com faixas de
pellos caducos amarellentos; o pygidium trapezi-
forme, coberto com curtissimos pellos amarellos ; a
escova ventral comprida, amarellenta. Comprimento
15 mm., largura do abdomen 5 mm.
& O clypeo e a fronte com pubescencia dou-
rada, as antennas pretas; o vertice e o thorax ful-
vo-pilosos ; as tegulas ferrugineas ; as pernas viva-
mente ferrugineas; os tarsos I branco-amarellentos,
os articulos no lado dorsal com carina, no lado in-
terno ciliados com pellos summamente compridos,
amarellentos, no lado exterior com pellos de com-
primento egual, amarellentos com o apice fusco; as
unhas ferrugineas ; as tibias II] curvadas e engros-
sadas, os metatarsos curtos, amarellento-ciliados. O
abdomen com os segmentos 1 e 2 com comprida
pubescencia fulva, os segmentos 1—4 na margem
apical com curtos cilios fulvos, o quinto cor poucos
pellos fuscos, o sexto emarginado, o septimo escon-
dido e menos emarginado do que o sexto. Compri-
mento 14 mm., largura do abdomen 5 mm.
Hab. : Est. de S. Paulo, Goyaz, Paraguay.
Mus. Paul.: & Est. de S. Paulo: Jundiahy, 25
Janciro 1900.
ol. Megachile friesei Schrottky
1902 — M. friesei Schrottky, Rev. Mus. Paul.
V, pr 459, m 16, Misto. tet eer
q Veja-se a descripção acima indicada.
Hab. 2 Fist. (des. Paulo:
Mus. Paul. : q Est. S. Paulo: Jundiahy (Typo)
92, Megachile andromorpha n. sp.
g Nigra capite albido—, verlice fusco-hirto,
mesonoto breviter fulvo-piloso, thorace reliquo ful-
vescente-hirlo, cingulis abdominis fulvis, pedibus
fusco maris, tarsis anticis extus longe fusco-fim-
briatis ut & specierum permullarum, alis subhyali-
mis margine infuscato ; clypeo convexo, punctato, an-
fice vin emarginalo et subdertalo ; sculo nasalr
grosse haud dense punclato: articulo lerlio anten-
narum longiore quam quarto; verlice mesono-
toque crebre punctatis, opacis ; abdomine sat dense
punclulato, pygidio breviter fulvo-piloso, scopa ful-
—— LES —
va calcaribus pallidis; cellula mediana alarum
haud longiore quam submediana, nervis recurren-
tibus ab angulis cellulae cubitalis secundae primo
magis, secundo minus remotis. Long. 15 mm.;
Lat. abd. 4,8 mm.
Hab.: Paraguay (Assumpção); provavelmente
chega na sua distribuição até o Brazil.
dd Megachile levimarginata n. sp.
q Nigra, capite albido—, verlice fuscc-hirto,
thorace supra griseo-pilos), callis humeralibus ma-
culaque parva pone tegulas albo-pubescentibus,
sterno fusco-hirto, cingulis abdoninis angushs,
albido-flavescentibus ; pedibus fusco-nigris bi eviter
fulvescenti-hirtis, inetatarsis 1 fusco-hirtis ; alos
hyalinis margme paulum infuscalo ; clypeo pau-
lum convexo, punctalo, margine antica recta,
empurctata, levi; sculo nasali haud dense puncta-
to; articulo tertio antennarum longiore quam
quarto; vertice mesonotoque crebre punctatis opacis;
abdomine parum dense punctulato, pygidio sparse
nigro-hirto, scopa fulva; alarum nervatura ut M.
andromorpha. Long. 15 mm.; lat. abd. 4,5 min.
Hab.: Paraguay (Assumpção).
54. Megachile aureiventris Schroliky
1902 - M. aureiventris Schrottky, Rev. Mus.
Pals Veo Py 44s) ne ÃO q:
ç
q A descripção deve ser completada nos pon-
tos seguintes:
A pontuação do vertice é escassa, sendo os in-
tervallos entre os pontos muito maiores do que os
proprios pontos; o clypco densamente pontuado com
uma linha logitudinal lisa no meio. O comprimento
varia entre 12 e 14 mm.
Hab. : Est. de S. Paulo:
Mus. Paul.: q Est. de S. Paulo: Jundiahy
(Typo), Ypiranga, Campinas.
Nos mezes de Janeiro e Dezembro.
“ada
— 176 —
35. Megachile limae n. sp.
q Magra, facie albo-hirto, vertice fusco-piloso,
clypeo scutoque nasal erasse et linea mediana
excepto dense punctatis, margine antico clypeo
wx conspicue sinuoso dentem inicroscopice parvum
in medio ferente ; vertice dense punctato ; antennis
rufatris, articulis tertio quartoque aequalibus ;
ocellis posticis maxime ab oculis et magis a mar-
gine sincipitali quam inter se remotis; mesonoto cre -
berrime punctato, pleuris breviter, segmento me-
dio longe fulvo hirtis, sutura anter mesonotum
scutellumque fulvo-pubescente; fascus abdomina-
libus fulvis; scopa fulva; pedibus fuscis ; calca-
ribus testaceis, alis subhyalinis, venulis lequlisque
rufo-fuscis, nero. rec. 2° apud angulum cellulae
cubitalis secundae Long. 12-13,5 mm.
Preta, a cara branca-pilosa, o vertice com
curtos pellos fuscos; o clypeo e o scutum nasale
com pontuação grossa, os pontos densos com exce-
pção do meio, onde ha algumas vezes uma linha
sem pontuação; a margem anterior do clypeo é
muito pouco sinuosa e tera no meio um denticulo
microscopico; o vertice & densamente pontuado, as
antennas são avermelhado-escuras, seus articulos 3
e 4 de egual comprimento; os ocellos posteriores
são muito distantes dos olhos, um pouco menos da
margem sincipital, e menos ainda entre elles; o
mesonoto é muito densamente pontuado ; as pleuras
são cobertas cem curtos pellos fulvos, o segmento
mediario com pellos compridos da mesma cor;
a sutura entre o mesonotum e o scutellum tem pu-
bescencia fulva; as faixas abdominaes e a escova
ventral são tambem fulvas; as pernas são fuscas on
avermelhadas, os calcares Ill sempre pallidos ; as
azas são subhyalinas, as tegulas fuscas ou ferrugi-
neas finamente pontuadas; as nervuras são fuscas,
o nerv. rec. 2.º termina perto do angulo da segunda
cellula cubital. Comprimento 12-13,5 mim., largura
do abdomen 4,4 mm.
Hab. Est. de S. Paulo; Paraguay.
o yo
ae Paul. q Est. de S. Paulo: Jundiahy
(Typo!), Rincão, Campinas. Dedicada ao sr. João
L. Lima, preparador do Museu Paulista.
Nos mezes de Janeiro, Fevereiro e Novembro.
Nota: Na Republica do Uruguay existe uma
especie summamente semelhante que poderá chegar
a ser confundida com M. limae. E um pouco
maior, 14 mm.; tem as pleuras preto-pilosas, as
pernas pretas, o clypeo não tem um denticulo na
meio mas 4 pequenos dentes de cada lado do meic,
geralmente cobertos e escondidos pelos pellos do
clypeo. Chamo esta nova especie, que deve existir
tambem no Estado do Rio Grande do Sul, Mega-
chile arechavaletae n. sp.
56. Megachile rava Vach.
1908 — M. rava Vachal, Revue d'Entomologie
pisa ndo gr
q Preta, as mandibulas avermelhadas perto do
angulo apical externo. «'s calcares pallidos. Os
pellos em geral de cor branco-cinzenta suja ; pellos
bruno-sujos no vertice e transversalmente entre as
azas ; pellos avermelhado-sujos nos metatarsos em-
baixo. mas sobre o metatarso 11 uma pilosidade cinzen-
ta; a escova ventral branco-amarellenta. O pygidium
com escassos pellos cinzento-amarellentos ; a base dos
segmentos 3 a à com pellos pretos erectos. A man-
dibula com a margem externa quasi direita re-
curvada sômente perto da ponta, a margem interna
lisa e brilhante. O clypeo apenas convexo, sua
margem apical apenas sinuosa de um lado ao outro,
a extrema margem apical finamente amarellada ;
clypeo e o scutum nasale assaz forte e densamente
pontuados. O articulo 3 das antennas apenas mais
comprido do que 0 4.º; a tibia UI com pellos com-
pridos como tambem a base de seu metatarso. ©
mesonotum opaco, com pontuação assaz grossa, con-
— 178 —
fluente. As azas cinzentas, as nervuras fuscas. Com.
primento 13,5-14,5 mm., aza 9-10 mm.
Hab. : Est. do Espirito Santo: Santa Cruz.
O pollen recolbido por esta abelha é aver-
melhado.
(Não conheço esta especie).
37. Megachile gomphrenae Holnbg.
A888 — M. gomphrenae Holmberg, Act. Ac.
Nac. Cordoba, V, p. 140, n. 13, Lam. MI, fig. 12,
AD lara
q Preta; a cabeça preta, densamente pontuada ;
o vertice com pellos pretos, a cara branca pilosa
com mistura de pellos pretos; o clypeo com uma
lista irregular no meio, coberto com pellos curtos
pretos, sem pilosidade branca, mas nos lados com pel-
los branco-sujos ; as antennas pretas, o flagelium em
baixo bruno, amarellento-subsericeo e finamente
pontuado; as mandibulas perto da base com cur-
tissima pubescencia amareliento-cinzenta pelo lado
exterior, finamente pontuadas com alguns pontos
grossos, o apice avermelhado e perto delle na mar-
gem inferior uma curla pennugem ferruginea; a
parte posterior da cabeça com cerdas pretas, nas
bochechas porem com muitos pellos brancos. O
thorax é densamente pontuado e branco-piloso, de-
traz das tegulas e no segmento mediario branco-
lanoso, no dorso com muitos pellos curtos e pretos ;
o scutellum de cada lado da base obliquamente im-
presso. na margem corn pellos pretos curvados para
diante; as tegulas escuras, quasi lisas e finamente
pontuadas anteriormente com gs pellos bran-
cos; as azas hyalinas sujus, a margem exterior
e a metade costal da cellula ar um pouco escu-
recidas, as nervuras fuscas, o stigma fusco-ferru-
gineo ; as pernas pretas, preto-pilosas, as coxas I e
as vezes todas fusco-pilosas; os tarsos na parte
apical avermelhados com pellos preto-avermelhados
de brilho ferrugineo, as unhas ferrugineas no apice
fuscas ; o calcar I ferrugineo, de forma regular, os
outros curtos, côr de breu. O abdomen é preto, os
segmentos dorsaes lisos e pontuados, os primeiros
tres na margem apical branco-ciliados, os dous se-
guintos branco-amarellento ciliados os lados dos
quatro ultimos ferrugineo-fulvo-pilosos; os demais
pellos do dorso são curtos e pretos, mais den-
sos no pygidium; o epipygium é opaco e um
pouco mais curto do que o hypopygium; a escova
ventral é fulva, na base do primeiro segmento e nos
segmentos 2 e 3 com alguns pellos pretos. Com-
primento 12,5-13,5 mm., largura do abdomen 5 mm.
3 Preto, a cabeça anteriormente com densos
pellos amarellentos, no resto com pells mais es-
cassos e mais brancos, no vertice poucos pellos
pretos misturados entre a pubescencia amarellenta ;
a base das mandibulas com pellos deitados branca-
centos, os demais amarellentos ; o thorax branco-
amarellento-piloso, em baixo com pellos mais pal-
lidos; as coxas I com agudo processo triangular
comprimido, em forma de dente curvado para diante;
os femora I na metade apical em baixo com uma
carina elevada, comprimida e no apice recurvada ;
a tibia I tambem em baixo carinada; os pellos dos
femora, e das tibias I em cima e atraz pretos, em
baixo e em frente fulvos ou amarellentos; o me-
tatarso I um pouco dilatado; o articulo 2.º dos tarsos
com uma pequena cicatriz oblonga; nua, no meio
preto em baixo; as outras pernas pretas, os arti-
culos dos tarsos no apice avermelhados, os pellos
brancacentos, nos metatarsos II mais compridos e
lanosos; as unhas na base côr de mel, no apice
pretas. O abdomen no base brancacento-piloso, as
margens apicaes dos segmentos 1.º branco-ciliada,
do 2.º branco-amarellenta, 3.º amarellenta, 4.º e 5.º
ferrugineo ciliadas, no resto com curtissimos pellos,
da mesma cor que as franjas, os pellos do segmento
9.° deitados, amarellentos; o sexto segmento quasi
nu, opaco ; densamente pontuado, na base sub-giboso,
no meio com uma carina transversal emarginada ;
= 180 —
o ventre com escassos pellos amarellentos. Compri-
mento 11 mm., largura do abdomen 4,5 mm.
Hab.: Argentina; Uruguay. E' de suppor que
exista tambem no Estado do Rio Grande do Sal.
Nota. A Megachile gomphrenotdes Vach. dis-
tingue-se na @ pelo sternum preto-piloso. Vi um
exemplar do Uruguay que especificamente parece
differente da M. gomplrenae, mas só com material
mais rico pode-se decidir si é ou não boa especie.
58. Megachile anthidioides had.
1874 — M. anthidioides Radoskowski, Bull.
Soc. mat. Moscow, XEVIL P. Tp. Adi no
1 He. Ale es
1902 — M. anthidioides Schrottky, Rev. Mus.
Paul. V5 pa do D PONT.
Veja-se a descripçäo no tomo V desta Revista.
Hab.: Argentina; Uruguay; Paraguay; Est.
Santa Catharina, Paraná. São Paulo.
Mus. Paul. o &: Est. de S. Paulo, Jundiahy,
Campos do Jordão, Victoria de Botucatu, Rincão,
Rio Feio.
39. Megachile coelioxiformis Schrottky
(Fig. 5, pag. 169, L, M ¢; Lcoxal, M, articulos 1 e 2
dos tarsos I)
1909 — M. coelioxoides Schrottky, Anal. Soc.
Cient. Argentina, LXVII,p. 220 9 & (nec Cresson
1878).
1910 — M. coelioxiformis Schrottky, Deutsche
Ent. Zeitsch. Berlim.
q Preta, a frente assaz dersamente amarellento-
pilosa: o clypeo grosso-pontuado e coberto com
curtos pellos amarellentos ; as bochechas apenas pre-
sentes; as mandibulas são largas, ferrugineo-escuras
ou avermeihadas com o apice fusco; as antennas
pretas; o sinciput. fina e densamente pontuado; a
margem posterior dos olhos larga e coberta com
— 181 —
pellos brancos. O mesonoto liso, finissimamente pon-
tuado, a sutura entre pro e mesonoto densamen-
te amarello tomentosa, a sutura entre mesonoto e
scutello com escasso tomento amarello que forma
sómente em cada lado uma mancha mais distincta:;
as tegulas amarello-ferrugineas; as azas hyalinas
com a cellula radial, parte das cellulas cubitaes, o
apice e a margem exterior escurecidas; as pernas
ferrugineas com os tarsos escuros até fuscos; as
pleuras e o sterno com pellos branco-sujos, mais
densamente nos callos humeraes. O abdomen é in-
teiramente preto ou com o primeiro segmento fer-
rugineo, a margem apical dos segmentos !-5 com
franjas de pellos brancacentos que são caducos no
meio e mais persistentes nos lados; a escova ven-
tral é tenue e branca. Comprimento 11-13 mm.,
largura do abdomen 3-3,2 mm.
& Menor do que a femea, no clypeo e na
frente com longos pellos branco-sujos ; as antennas
alongadas; o tomento nas suturas do thorax mais
pallido e mais tenue; os tarsos I brancacentos,
largos, posteriormente com compridas franjas ama-
rellentas ; os segmentos 1-5 do abdomen com franjas
brancas, o 6.' segmento concavo com uma pequena
carina basal no meio, os lados e o apice agudos com
denticulos irregulares e obtusos, em cada lado da
emarginação mediana. Comprimento 9-10 mm., lar-
gura do abdomen 2,1-2,3 mm.
Hab. : Argentina; Missiones ; Paraguay ; Brazil:
Est. do Paraná, Fóz do Iguassu.
Nota: A descripçäo da Megachile planula
Vach. é applicavel a esta especie, mas não men-
ciona o colorido particular das azas que, juntamente
com a forma e o colorido do corpo, dão a seme-
melhança de Coelioxys à nossa especie.
Caso as comparações ulteriores demonstrarem
a identidade dessas duas formas, a prioridade ca-
berá ao nome planula, cujo typo provem da Bo-
divia.
Mus. Paul.: Paraguay, Puerto Bertoni, Hohenau.
— 182 —
40. Megachile stenodesma 7. «p.
q Nigra, mngro-hirta, flagello antennarum
sublus tegulisque ferrugineis, abdomine quinque
fascus angustis flavis, scopa ventral; fulva wno
apice fusco, segmentis ventralibus inargine apicali
breviter albocilatis; pedibus nigris, tarsis ferru-
gineis, calcaribus albids; als flavido-hyalinis
margine leviter infuscalo, venulis stigmatique tes-
taceis ; inandibulis obscure rufis. Clypeo convexo,
breviter paruin dense albido-hirlo, in medio spar-
seus, lateribus dense crasseque punctato, margine
antico paulum emarginato denticulum imecrosco-
picum en medio ferente; seculo nasali crasse cre-
breque punctato; flagelli articuli tres prime sub-
aequalibus ; vertice creberrime punctato; ocellis
poste smter se el a margine sincipitali aeque das-
tantibus, ab ocul’s mages remot's. Alarum cellula
cubital) prima inaiore quam secunda, nervo recur-
rents secundo cum nervo transverso-cubilali se-
cundo interstitial. Long. 11™™, lat. abdom. 4572,
Hab.: Paraguay, Puerto Bertoni.
Vium só exemplar desta especie, caçado perto
da fronteira brazileira, razão pela qual M. stenodesina
foi incluida neste estudo.
Al, Megachile pullata Sn.
1879 — M. pullata Smith, Desc. New Spec.
Hym. p. 74 n. 38 q
o.
q Preta, vestida com pubescencia preta. Cly-
peo densamente e assaz fortemente pontuado, sua
margem anterior tenuemente emarginada; o flagel-
lum das antennas fulvo em baixo. O scutellum liso
e brilhante, a pubescencia no segmento mediario
preta; as azas paliido-fulvo-hyalinas, as nervuras
amarello-avermelhadas, as tegulas avermelhado-es-
curas; os metatarsos em baixo com pubescencia
fulvo-avermelhada. As margens apicaes dos se-
gmentos do abdomen com estreitas orlas averme-
lhado-scuras; a escova ventral do 2.º segmento
— 183
fulvo-pallida, as dos segmentos seguintes pretas.
Comprimento 13™™.
Hab. Est. do Amazonas, Ega.
(Apparentemente o exemplar descripto tinha
perdido as franjas do abdomen; não conheço a es-
pecie).
42. Megachile nigropilosa Svhrotiky
1902 — M. n'gropilosa Schrottky, Rev. Mas.
Paul Mppo405n.01;s.
Veja-se a descripção acima indicada.
Hab: Est. de. S. Paulo.
Mus. Paul. q Jundiahy (Typo).
43, Megachile itapuae Sehrotiky
1908 — M. clapwae Schrottky, Anal. Soc. Cient.
Argentina LXV, p. 238 n. 13 ¢.
q Preta, em cima com pellos côr de ochre-
pallida, em baixo com pellos brancacentos ; as an-
tennas pretas, em baixo ferrugineas; o vertice e o
mesonoto rugoso-pontuados; as tegulas ferrugineas ;
as azas subhyalinas, as nervuras ferrugineas ; as per-
nas de egual cor, fulvo-pilosas ; o abdomen liso, fina-
mente pontuado, os segmentos 1-5 com franjas fulvas ;
o pygidio trapeziforme, amarellento-sericeo ; a escova
ventral brancacenta. (Comprimento 11 mm, largura
do abdomen 4 mm,
Hab.: Paraguay; Est. de S. Paulo.
Mus. Paul.: ¢ Ypiranga; Jundiahy.
44. Megachile simillima Sm.
1893 — M. simillima Smith, Cat. Hym Brit.
Muss io pel Som ns m8 IDA sos
¢ Preta, em cada lado da cara uma linha de
pubescencia branca como neve, as bochechas e os
lados do thorax com pubescencia tenue ; uma linha
de curta pubescencia branca em frente das tegulas,
algumas vezes passando pela sua margem e se-
— 184 —
guindo ao longo da base do scutello, geralmente
mais ou menos interrompida; as azas subhyalinas,
as nervuras pretas; as pernas algumas vezes ama-
rellento-avermelhado-escuras, cobertas com curta
pubescencia cinzenta. O abdomen curto e quasi trian-
œular, as margens apicaes com estreitas faixas
brancas; a escova ventral branco-amarellenta. Com-
primento 7,9-8,0 mm,
Hab... Para.
(Acredito que a M. simillima Friese, Flora og
Fauna Silkeborg, 1908, p. 65, n. 67 não seja iden-
tica à especie descripta por Smith).
45. Megachile propinqua Sm.
1879 — M. propinqua Smith, Descer. New Spec.
Ele. pe Mn CIRE"
q Preta, os lados da cara com pubescencia
branca, misturada com pellos pretos, em cima das
antennas; o flagellum fulvo-escuro em baixo. O
thorax muito fino e densamente pontuado ; uma
linha de pubescencia Eranca na margem do pro-
thorax, outra semelhante passa desde as tegulas
para atraz e segue ao longo da base do scutello ;
“o segmento mediario com pubescencia branca; as
pernas avermelhado-escuras em cima; mais aver-
melhadas em baixo ; as azas subhyalinas, as nervuras
fusco-ferrugineo-escuras. O abdomen debilmente
brilhante, muito flnamente pontuado e com estreitas
faixas de pubescencia branca; a escova ventral
brancacenta, nos lados preta. Comprimento 11. mm.
Hab.: Est. do Pará e do Amazonas: Ega, Ta-
pajos e Tonantins.
(Não vi esta especie).
46. Megachile paulistana Schrottky
1902 — Megachile paulistana Schrottky, Rev.
Mus. Paul. V, p., 440, n, 0.0.
q Veja-se a descripção acima citada. O clypeo
tom na margem anterior 6 até 8 denticulos; o
— 18 —
terceiro articulo das antennas é um pouco mais:
comprido do que o quarto.
Hab. Paraguay; Brazil: Est. de S. Paulo.
Mus. Paul. 2 & Jundiahy, Itu, S. José do Rio
Pardo, Ypiranga, Campinas.
47. Megachile verrucosa Bret).
1909 — M. vervucosa Bréthes, Ann. Mus. Nac.
B. Aires XIX, p. 255.
q M. paulistanae persimilis clypeis margine an-
tico eodem modo denticulato ; differt: statura mi-
nore, artículo quarto antennaruin brevissimo, pe-
dibus fuscatris, tibis tarsisque posticis angustis,
unguiculis dimidio basal: (usque ad dentem pri-
mum) encrassatis, corpore omnino elongato, alaruwm
cellula cubitali prima latiore (altiore). Long. 10™™
lat. abdom. 3,3 mm,
Hab. : Paraguay, Assumpção; Uruguay, Penarol.
(E” de suppor que exista tambem no Brazil).
48. Megachile separata 7. sp.
@ M. limae persimilis, clypei margine antico
fere eodem modo sinuato sed leviore; differt: me-
sonoto scutelloque sparsium punctatis, scuto nasal
perpauce punctato, statura omnino iminore. Long.
OP bt abdom, 20-4 =.
A distribuição das cores e o aspecto geral são
eguaes a M. limae; é somente menor. O ssutum na-
sale é porem, mais fina e escassamente pontuado, a
margem do clypeo é mais lisa e a pontuação do
mesonoto não é confluente nem muito densa, mas
separada por intervallos maiores que os proprios
pontos. Como em uma grande serie não encontro
transições de uma à outra torma, acredito poder
consideral-as como especies distinctas.
Hab. Brazil, Est. de S. Paulo; Paraguay ;
Urugnay ; Norte-Argentina.
_ Mus. Paul.: 9 Rincão If. 01 (Typo !), Franca
XII, 02.
= 166 —
49. Megachile bicegoi 7. sp.
(Fig. 4, Il, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula)
@ Nigra, albido-hirta, imesonoto scutelloque
breviter fusco seloso, sutura inter mesonotum et
scutellum albido-tomentosa, segmentorum abdomi-
nalium marginibus apicalibus sordide albo-ciliatis ;
alis ainfuscalis; tegulis testaceis ; pedibus atris
melalarso postico latiore quam tibia ; clypeo mar-
gine antico sinuoso et anconspicue in medio den-
talo, sparse et grosse punctato ; scuto nasali pun-
clis spursioribus et subtilioribus ; antennarum ar-
teculis tertio et quarto fere aeque longis ; mesonoto
crebre punclalo; nervis recurrentibus haud vel via
interstitialibus; scopa albida, laleribus apiceque
migra. Long, Al = lat abdom 4/12
Esta especie é tambem muito semelhante à M.
lumae, mas distingue-se facilmente da mesma pelo
clypeo mais chanfrado e menos densamente pon-
tuado, pelas mandibulas que tem só o dente apical
bem desenvolvido, pelas tegulas mais claras e pela
escova ventral que é preta nos lados e no apice.
Finalmente tambem a proveniencia diversa pode ser
tomada em consideração.
Hab. : Amazonas.
Mus Paul.: ¢ (Typo) de Manãos.
50. Megachile xanthura Spin.
1893 — AL xanthura Spinola, Mem. Accad.
Torino,: Serie 11º, Tom XII p'e6/n A TRUE.
? 1908 — M. xanthura Vachal, Rev. d’Ento-
mol. p. 244 ¢.
Preta, escassamente branco-pilosa, os segmentos
ablominaes 4-6 densamente vestidos de pubescencia
curta amarellenta.
g Comprimento 8 mm largura 3 ™, 4 um pouco
menor, comprimento um, Relativamente pequena
comparada às outras especies deste genero. O corpo,
as antennas c as pernas pretas; o primeiro distin-
— 187 —
ctamente pontuado, os pontos munidos de pellos ere-
ctos irregularmente distribuidos ; no lado anterior
da cabeça e principalmente no clypeo os pellos são
mais curtos e mais densos. Atraz o scutellum é
truncado em linha direita abruptamente. O abdomen
nos primeiros tres segmentos com faixas amarellas
compostas de pellos deitados dirigidos para traz,
os demais com curta e densa pubescencia amarella.
A escova ventral da ¢ brancacenta. O pygidium do
S emarginado no meio em forma de arco, as mar-
gens formam dous pequenos dentes agudos.
O scutellum abruptamente truncado e cortado
posteriormente em linha direita, deixa reconhecer
facilmente esta Della especie. Na maior parte das
Megachiles o dorso do scutellum é uniformemente
convexo e termina num arco de circulo.
Hab. Pará.
O senhor Vachal diz: Os segmentos abdomi-
naes 2 c 3 sem vestigio de faixa apical; o ultimo
segmento ventral tambem com faixa. O clypeo abo-
badado com franja só no apice. Aza hyalina escu-
recida de preto ao longo do borde costal. Compri-
mento 6,9-7mm, aza 9.09%, Guyana francesa, Equa-
dor, Bolivia (Mapiri).
Vejo nestas palavras certa contradicção com a
descripção de Spinola, razão pela qual acredito que
a especie de Vachal seja identica ou muito seme-
lhante a M. berlonee.
51. Megachile terrestris Sckrottky
1902 — M. terrestris Schrottky, Rev. Mus.
Eau p. eel AA €.
Os pellos compridos do segmento mediario per-
mittem reconhecer esta especie; em exemplares
velhos, porem, nem sempre é bem visivel este ca-
racter. Em outra occasião espero poder dar figuras
das partes caracteristicas desta especie.
Hab. Est. de S. Paulo, Jundiahy.
— 188 —
52. Megachile tuberculifera n. sp.
Fig. 4. HI, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula
@ Magra, fusco-pilosa, calhs humeralibus pube:
alba marginatis ; abdomine breviter fulvo-hirto
segmentorum marginibus fulvo-ciltatis, pygidio ful-
vo-setoso ; pedibus nigris calcare ferrug ugineo ; alis
hyalinis margine costali et apicem versus pa-
rum imfuscatis; mandibulis 4 dentatis; clypeo
creberrime punctato, margine antico denticulato,
bas: tuberculato, tuberculo sat magno; scuto na-
sali aliquid subtilius crebre punctato ; antennarum
articulis tertio quartoque aeque longis; capite
reliquo thoraceque ubique ereberrime punctatis ;
scopa ventrali fulva. Long. 11,5 ™, lat. abdom.
4 mm
o O thorax escuro piloso e o tuberculo perto da
base do clypeo permittem reconhecer à primeira
vista a presente especie; todas as partes do corpo
são muito densamente pontuadas, o abdomen no
lado dorsal é densamente coberto com pellos amarel-
lentos, deitados; a margem anterior do clypeo tem
9 pequenos denticulos. “Nas azas nenhum dos dous
nervos recurrentes é intersticial, 0 primeiro, porém,
é mais distante do angulo da cellula do que o se-
gundo.
Hab.: Est. S. Paulo.
Mus. Paul. : q Typo, Campos de Jordão 2-III-06.
55. Megachile levilimba YVach.
1908 — M. levilimba Vachal, Rev. d’Entomol.
p. 241, n. 40 q.
© Preta, o flagellum vermelho-escuro, em-
baixo os calcares posteriores amarellento-claros. De
cor preta ou castanha são os peilos sobre os lados
e a base do clypeo, sobre o scutum nasale, mes-
clados sobre a fronte, mais escuros sobre o vertice.
O abdomen coberto em cima e em baixo de pellos
avermelhado-sujos, mais pallidos. sobre os segmentos.
dorsaes 1 e 2, sobre a depressão dos segmentos 3-5
e sobre a base da escova ventral. O scutum nasale
e o clypeo com pontuação moderada, confluente
excepto a margem apical do clypeo que em toda a
sua largura é liso e brilhante. O mesonoto e o scu-
tellum são fina e regularmente granulosos. As azas
cinzento-hyalinas com as nervuras castanhas. Com-
primento 2 DES qua. 7,0 mm,
Hab. Goyaz ?
(Näo vi esta especie).
54. Megachile luederwaldti 1. sp.
(Fig. 4, IV, pg. 152 Escudo nasal, Clypeo e Mandibula)
Q Nigra, albo-fuscoque hirta, abdomine pilis
erectis fulvo obtecto, marginibus apicalibus se-
gmentorum fulvo-ciliatis, scopa ventral; fulva bas:
alba, pedibus nigris, albido vel fulvo-hirtis, cal-
caribus nigris vel obscure fuscis; alis subhyalinis,
costa cellula radials et margine apical? parum
mfuscatis. Clypeo grosse crebreque punctato margr-
ne antico parum sinuoso-emargimalo; scuto nasalr
grosse sed sparsius punciato ; mandibulis 4 den-
tatis; vertce thoraceque creberrime punctatis ;
segmentis abdominalibus bast coriacea caeterum
subtiliter dense punctatis; alarum nerv. rec. 2:
paulum ante apicem cellulae cubitalis secundae
enstructo. Long. 12-13 mm., lat. abdom. fere 4 mm.
Preta, os pellos da cara, do prothorax e detraz
das azas brancos, os do clypeo, scutum nasale, ver-
tice, mesonoto, scutellum e das pleuras fuscos, as
pernas pallido-pilosas. O abdomen com densos pellos
fulvos, e nas margens apicaes dos segmentos com
franjas da mesma cor. As azas escurecidas no apice
e perto da veia costal. A pontuação é grossa e
densa.
Hab.: Est. de S. Paulo,
Mus. Paul. : 9 (Typo) Campos do Jordão 16, I,
06. (H. Liiderwaldt coll.
— 190 —
55. Megachile pseudopleuralis 7. sp.
(Fig. 4, V, pag. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula)
Q Mgra, albo-fuscoque hirta, abdomine bas:
fusco-hirta segmentorum marginibus apicalibus
fulvo-ciliatis, pygido subtiliter fulvo=prumoso, scopa
ventrali fulva; pedibus niaris breviler albo-ful-
coque hrtis, calcaribus testaceis, alis hyalimas,
venulis ferrugineis, apice pauluin anfuscato ; te-
gulis laete ferrugineis, micruscopice punciulalis.
Clypeo in medio sparse, lateribus dense grosse
punctato, margine antico foveola profunda enstru-
cto, scuto nasali crebrius punctato, mandibulis ob-
solete 4-dentatis, antennarum articul s tertio quar-
toque aeque longis : vertice thoraceque crebre pun-
ctatis ; abdomine subtiliter punctato ; alarun. nero.
rec. 2º ante apicem cellulae cubitalis secundae
instructo. Long. 12 mm., lat. abdom. fere 4 mm.
Q Preta, os pellos da cara, adiante, em baixo
e atraz das azas brancos, os outros fuscos, o abdo-
men na base fusco-piloso, e as margens dos se-
gmentos com faixas fulvas ; as pernas pretas pallido-
pilosas ; as tegulas ferrugineas, as azas hyalinas com
as nervuras ferrugineas; a escova ventral fulva.
Uma impressão forte na margem anterior do clypeo.
Hab. : Minas Geraes.
Mus. Paul. : 9 (Typo) Jaguara.
56. Megachile constructrix Su.
1849 — M. constructrix Smith, Descr. New Spec.
ELymeén ip. awd un A AQ.
@ Preta. A cara coberta de pubescencia fulva ;
o clypeo brilhante e pontuado com a margem an-
terior chanfrada; o apice das mandibulas ferrugi-
neo ; 0 flagellum das antennas fulvo-escuro em baixo.
O thorax brilhante; o mesonoto fina e não muito
densamente pontuado; o scutellum sem pontuação ;
os lados em baixo e o segmento mediario com pu-
bescencia pall da; o ultimo tem alguma pubescencia
— I9I —
+
preta atraz das azas; as azas subhyalinas, as ner-
vuras escuras, a margera apical um pouco escure-
cida; todos os tarsos com pubescencia ferrugineo-
avermelhada em baixo; os pares I e II ciliados
atraz com pubescencia pallida, os calcares tibiaes
pallido amarello-avermelhados. Abdomen muito fina-
mente pontuado, brilhante e com finas faixas brancas
interrompidas nas margens apicaes dos segmentos ;
o segmento apical com pilosidade cinzenta; a escova
ventral branca no meio e preta nos lados. Compri-
mento 13 mm.
Hab. : Pará (Villa Nova).
(Não conheço esta especie).
b1. Megachile trigonaspis n. sp.
(Fig. 4 VI, pg. 152 Escudo nasal, clypeo e mandibula)
P Nigra, capite albo-fuscoque hirto, mesonoto
et scutello pilis nonnullis nigris erectis oblectis,
pleuris et segmento medio albo hirtis abdomine base
albo hirta, segmentorum inarginibus fascus albidis
caducis ciliatis; antennis tegulique fuscis, als
subhyalinis apice paulum infuscato. Clypeo late-
ribus densius, medio inconspicue punctato, margi-
ne antico simecirculariter vel minus exciso in
medio subdentato; sculo nasali triangulari haud
punctato ; antennarum aiticulo tertio brevissimo ;
vertice pone oculos subliliter punclulato. Mesonoto
scutelloque creberrime punctats, punctis mesanoti
crassis, confluentibus, punctis sculelli sublilioribus ;
abdomine punctulato ; pedibus postics calcaribus
testaceis ; nervis recurrentibus alarum ab angulis
cellulae cubitalis secundae fere aeque distantibus.
Long. corp. 12-12,5 mm.; lat. abd. 4-4,2 mm.
O clypeo liso no meio e chanfrado na margem
anterior bem como o scutum nasale triangular, liso
e sem pontuação distincta, permiltem reconhecer
facilmente esta especie. O vertice tem uma pon-
tuação muito fina e espalhada, no mesonoto porem,
os pontos são extremamente grossos e confluentes
formando rugosidades ; no scutellum a pontuação é
muito mais fina do que no mesonoto, mas sempre
densa e forte. O abdomen tem una fina pontuação
uniforme.
Hab. : Est. de S. Paulo; Paraguay ; Argen-
tina (Missiones).
Mus. Paul.: Q (Typo) Rincäo, Fevereiro 1961.
58. Megachile inquirenda n. sp.
2 Nigra, griseo-hirta, clypeo, vertice scutel-
loque pilis nonnullis fuscis intermixtis ; abdomine
breviter fusco-hirio, marginibus apicalibus segmen-
torum 2° — 4 flavescenti-crliatis ; scopa ventral
pallida ; pedibus nigris breviter cinereo-lurtis, cal-
caribus testacers ; tegulis fuscrs, als parum infus-
catis, nervulis fuscis ; angulo postico mesonotr inter
suturam scutellarem et tegulas utriusque macula
pubescentiae albæ ornato. Clypeo toto dense cre-
breque punctato, margine antico subtiliter denti-
culato; mandibulis quadridendatis ; scuto nasale
subtilius tamem densissime punctato; antennarum
articulis tertio quartoque brevissimis ; vertice me-
‘sonoto scutelloque opacis, crebre punctalis ; abdo-
mine sparse subtiliterque punctato et microscopice
punclulato ; tebiws tarsisque posters angustis ; ner-
ves recurrentibus alarum ab angulis cellulæ cu-
bitalis secundæ aeque distantibus. Long. corp.
11 mm.; lat. abdom. 3,4 mm
Pela conformação do clypeo assemelha-se esta
especie à .M. verrucosa, da qual differe pela falta
de pubescencia branca na sutura entre o mesonoto
e o scutello, pela disposição das nervuras alares e
outros caractéres menos visiveis. Os denticulos na
margem anterior do clypeo são menores em M. in-
quirenda e cobertos pelos pellos do clypeo; para
distinguil-os é necessario levantal-os com um pe-
queno pincel.
i muito interessante a biologia desta especie
descoberta pelo senhor H. Liiderwaldt; a nidifi-
cação foi descripta pelo mesmo senhor na Zeit-
schrift fiir wissenschaftliche Insektenbiologie, 1910.
Hab. : Est. de S. Paulo.
Mus. Paul.: Q Raiz da Serra (Typo), Ypi-
ranga.
59. Megachile urbana Sn.
1879 — M. urbana Smith, Descr. New Spec.
ym po tO, no do Pd:
© Preta, a cabeça e o thorax opacos, o ab-
domen com ligeiro brilho. A cara de cada lado do
clypeo com um pouco de pubesceneia fulvo-pallida
e em cima do clypeo com leve pubescencia preta.
A margem anterior do clypeo chanfrada ; as bo-
chechas com pubescencia cinzenta. O thorax e tam-
bem a cabeça muito densamente pontuados; a mar-
gem do pronoto e a margem basal do segmento
mediario cobertas com uma curta e espessa franja
de pubescencia branca; as pernas côr de breu aver-
melhado-escuro ; as azas subhyalinas com uma nu-
vem fusca na magem anterior; as nervuras pretas ;
as margens apicaes dos segmentos abdominaes côr
de breu avermelhado-escuro ; o escova ventral branca.
Comprimento 11 mm.
J Preto. A cara densamente coberta com pu-
bescencia fulvo-pallida; a das bochechas, do corpo
em baixo e das pernas é cinzenta; os tarsos / ama-
rello-avermelhados, pallidos, os outros são mais es-
curos, e todos elles ciliados com comprida pubes-
cencia branca; uma estreita linha de tomento branco
cruza o thorax entre as azas; estas são como na
femea. A margem apical dos segmentos abdominaes
com uma estreita franja de pubescencia branca, ge-
ralmente mais ou menos obliterada; os dous seg-
mentos apicaes cobertos com pilosidade brancaconta ;
o pygidio chanfrado no meio. Comprimento 6,5 ~ -
8,7 mm.
Hab.: Pará (Santarem).
(Não conheço esta especie).
60. Megachite brethesi Schrotiky
1909. — M. brethesi Schrottky, Anal. Soc.
Cient. Argentina, LXVII, p. 220 9.
1910 — M. atricostifera E. Strand, Zool. Jahrb.
XXIX, pag. 534, n. 118 9.
P Preta; o clypeo convexo, densamente pon-
tuado e com poucos pellos fuscos; a cabeça em
geral densamente branco-pilosa; as antennas pretas.
O mesonoto muito densamente pontuado, anterior-
mente no meio com uma Jinha longitudinal impresa,
fusco-piloso ; atraz das tegulas uma mancha de to-
mento branco; o metanoto com uma linha trans-
versal de pubescencia branca ; as pleuras branco-pi-
losas, mais densamente na parte posterior; as per-
nas pretas com curta pubescencia branca; as te-
gulas ferrugineo-escuras ; as azas hyalinas, no apice
da cellula mediana, na cellula radial e no apice das
azas ennegrescidas. O abdomen é opaco, muito fi-
namente pontuado, a margem apical dos segmentos
1 — 4 com franjas brancas caducas pouco conspi-
cuas; a escova ventral brancacenta. Comprimento
11 mm., largura do abdomen 3 mm.
Fab. : Paraguay (Assumpção).
Esta forma é talvez apenas uma subspecie da
anterior; ê porém, singular que não se conheça
ainda nenhuma das duas formas nas regiões inter-
medias.
61. Megachile ypiranguensis n. sp.
@ Mara, albo-hirta, face, pronoto segmen-
toque medio densius albo-pitosis ; segmentis abdo-
minalibus 1.º — 5.º margine apical: fulvo-cihatas,
segmentis 5.º 6.°-que totis breviter pulvo-pilosis,
scopa ventrali fulva ; pedibus tegulisque nigris me-
tatarsis intermedrs posticisque obscure rufis ; ales
subhyalinis celiula radiali apiceque valde anfus-
calis, venulis mgris. Mandibulis d-dentatis, dente
apicali (antico vel externo) reliquis conspicue lon-
grre; clypeo in hoc genere brevissimo, crebre
punctato margine antico trrequlariter anguloso-
sinualo ; sculo nasali sparsius punctato ; articulis
basalibus flagelli brevissims. verlice crebre pun-
ctato ; sincipite inflato, margine postico profunde
excavalo ; ocellis posticis ab oculis fere duplo quam
inter se remolis ; mesonoto sculelloque crebre pun-
ctatis; abdomine subtilius tamen conspicue sat
dense punctato ; calcaribus fuscis; nervo recur-
rente primo ab angulo antico cellule cubitalis se-
cunde imagis remoto quam nervus secundus ab
angulo postico ejusdem cellule. Long. corp. 14mm.;
lat. abdom. 4 mm.
Esta especie é caracterizada pela conformação
extraordinaria da cabeça com a parte situada atraz
dos olhos summamente larga, o clypeo porém tão
curto como em nenhuma outra especie que conheço.
No colorido não differe da maior parte de suas
congeneres, mas a sua estatura é, em relação ao
tamanho, mais graciosa e esbelta.
Hab.s-Mst. ide 5 Elano:
Mus. Paul.: 9 Ypiranga (Typo).
62. Megachile squalens 7al.
1836 — M, squalens Haliday, Trans. Linn. Soc.
XVI; spp d205,. Ney ln Qu
(2) 1902 — AL. apicipennis Schrottky, Rev.
Bus’ Pank Vi"p.2 442 miri 200
(?) 1908 — al. pleuralis Vachal, Revue d Ento-
MODE LD. 201, 0. ot © dg:
P Ginzento-pilosa, as faixas do abdomen bran-
cas; a veia costal das azas ennegrecida. Preta, de
de estatura pequena, as tegulas e as pernas pretas.
As azas hyalino-escuras, com o apice fusco, as ner-
vuras fuscas e a veia costal largamente ennegrecida.
Comprimento 11 mm., expansão das azas 17 mm.
2
_ A descripção de Haliday é certamente muito
insufficiente ; não obstante acredito tel-a bem inter-
— 196 —
pretado, visto que na região typica (S. Paulo) não
existem muitas especies com o colorido descripto
das azas. Infelizmente ignoro o paradeiro da colle-
cção de W. W. Saunders para mandar comparar
exemplares de M. apicipennis com o typo. Quanto
à M. pleuralis não duvido que seja identica com a
especie por mim descripta, mas contendo a descri-
pção de Vachal ambos os sexos, julgo util tradu-
zil-a tambem.
Q Differe da M. rava pelas dimensões meno-
res, pela metade superior das pleuras com pellos
pretos (o dorso do mesonoto é glabro), pela base dos
segmentos dorsaes sem pellos pretos erectos ; da
M. gomphrenoides differe pelo tamanho, pelo clypeo,
pelo sterno, pelo lado externo de todas as tibias e
dos metatarsos II e III com pellos pallidos e pelo
sexto segmento com pilosidade avermelhada ; differe
da M. neutra pelas dimensões menores e pela
metade superior das mesopleuras com pellos pretos;
differe das tres especies mencionadas por um pe-
queno chanfro entre dous botões no meio da mar-
gem apical do clypeo. O lado anterior da mandibula
é tão reluzente como sua margem anterior. O arti-
culo 3 das antennas apenas mais comprido do que
O quarto.
< Com a cara vestida de branco, o vertice
com compridos pellos pretos, o dorso com pilosidade
cinzenta misturada com compridos pellos erectos
pretos, uma grande pennugem preta debaixo das
azas; as faixas dorsaes amarellas nos segmentos
2a 5, o quinto tem alem disso uma faixa basal de
pilosidade amarellenta, o sexto coberto de uma pi-
losidade semelhante, os segmentos ventraes 2 a 4 com
faixas cinzentas no apice. A mandibula tem debaixo
de seu lado externo um dente triangular, os me-
tatarsos são pretos, não dilatados, o espinho coxal
curto e preto, a metade apical do lado anterior do
femur I descolorido, a crista do segmento anal com
lados convergentes para atraz e a ponta um pouco
chanfrada. 9 Comprimento 10,5mm., largura 3,5mm.,
aza 7, omm. co Comprimento 9 mm., aza 6,5mm.
Hab.: S. Paulo; Santa Catharina, Rio Grande
do Sul. Argentina (Buenos Aires).
Mus. Paul.: Q Est. de S. Paulo, Ypiranga.
30-X 11-93, Santa Catharina: Col. Hansa; Rio Grande
do Sul: Col. S. Lourenço.
63. Megachile parsonsiae n. sp.
Q Parva, nigra, facie, pronoto, macula pone te-
gulas segmentoque medio albo-hirtis ; cingulis abdominis
flavescentibus, scopa ventrali fulva ; tegulis ferrugineis
fusco-muculatis, alis subhyatinis cellula radiali valde in-
fuscata ; pedibus nigris breviter grisec-pilusis, calearil us
testaceis. Clypeo conrexo, creberrime punctato, mar-
gine ontico levi, irregulariter via conspicue sinuoso, scuto
nasali subtilius dense punctato; antennarum articulo
quarto brevissimo, tertio parum elongato ; verlice dense
punctato ; ocellis posticis ab oculis paulum magis quam
inter se remotis ; mesonsto scutelloque creberrime pun-
ctatis ; abdomine ubique sat dense purnctulato; alarum
anticarum nervo recurrenti secundo cum nervo transverso=
cubitali secundo fere interstitiali, nervo recurrenti primo
pauium ab angulo antico cellulae cubitalis secundae re-
moto. Long. 9-10 mm., lat. abdom. 2,8-5 mm.
& Similis, sed capite antice denstssime flavido hirto,
infra longe albo-barbate ; epipygio apice semicirculari-
ter emarginato, utriusque spina dupla maiore prope emar-
ginationem et spina parva acuta (vel. spinis plurimis
minusculis) lutere armato; coxis anticis spina magna
obtusa apice sursum curvato munitis ; tarsis anticis fla-
vidis, vix dilutatis extus tamen pis longis albis ciliatis.
Long. 8,5-9mm.; lat. abdom. 2,2-2,4 mm.
Hab.: Argentina (Missiones). Paraguay (As-
sumpção, Encarnacion ete.)
Esta especie muito commum em todo o Para-
guay tem sido caçada muito perto da fronteira bra-
zileira, mas não consta até hoje nenhuma localidade
brazileira para ella; não obstante deve existir pelo
menos nos Estados do Paraná e Matto Grosso. Visita
de preferencia as flores de Parsonsia mesostemon
(Kéhne.) Lythracege.
Mus. Paul.: 9 o& Paraguay, Villa Encarna-
‘C10N.
— 148 —
64. Megachile xanthoptera n. sp.
Q Nigra, breviter sordide pilosa, segmentis abdo-
minalibus quarto quintoque pilis flavis oppressis fasciam
sat latam formantibus ornatis, segmentis quinto sextoque
omnino pilis brevibus flavecentibus cbtectis, scopa ven-
trali fulva, peaibus fuscis, calearibus testaceis ; tegulis
ferrugineis, alis flavescenti-hyalinis apice infuscato,
costa ferruginea, venulis testaceis. Clypeo creberrime
punctato, margine antico denticulato ; scuto nasali crasse
crebreque punctato, antennarum articulis 2.º, 3.°, 4.°—
que aequalibus, brevibus ; vertice mesonoto scutelloque
erebre punctatis ; abdomine subtiliter punctulato ; nervis
recurrentibus alarum cb angulis celluiae cubitalis se-
cundae primo magis secundo minus remotis. Long.
corp. 10,5 mm.; lat. abdom. 5 mm.
Hab.: Paraguay (Hohenau); provavelmente
tambem no Est. Parana.
65. Megachile bertonii Schrotiky
(Fig. 4, VII, pag. 152 Eseudo nasal, Clypeo e Mandibula)
1908 — M. bertonii Schrottky, Anal. Soc. Cient.
Argentina LXV, p. 235 ©.
@ Preta, com escassos pellos pretos muito cur-
tos; a cabeça e o thorax opacos, rugoso-pontuados é
© clypeo mais escassamente pontuado, sua margem
anterior com um denticulo no meio (algumas vezes
ha de cada lado deste denticulo um pequeno tuber-
culo); as tegulas ferrugineas, as azas subhyalinas
com a margem anterior ennegrecida ; os segmentos
abdominaes 1 — 3 inconspicuamente fusco-ciliados,
os dous seguintes com faixas de pellos amarellos
na margem apical; a escova ventral fulva; as per-
nas pretas, fusco-pilosas, os tarsos em baixo fulvo-
pilosos, os calcares fuscos. Comprimento 9 mm.,
largura do abdomen 3 mm.
S Semelhante, mas a margem anterior do
clypeo densamente coberta com pellos amarellentos,
os lados da cara com pellos amarellentos mais cur-
tos, o lado inferior da cabeça com barba de com-
pridos pellos brancos. As coxas J completamente
inermes, os metatarsos / finos e simples. O seg-
mento mediario com a base concava e sem pon-
tuação. O pygidium termina em dous espinhos
agudos, entre os quaes existe um chanfro semicir-
cular, sua superficie é totalmente coberta com pu-
bescencia fulva. Comprimento 8,5 mm., largura do
abdomen 2,3 mm.
Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni).
Mus. Paul.: 9 Paraguay.
66. Megachile barbatula Si.
1879 — M. barbatula Smith, Descer. New Spec.
Hymen per 0/n 27"
& Preto, com dous, algumas vezes com tres
dos segmentos basaes do abdomen ferrugineos. A
cara com pubescencia fulva; na base do clypeo uma
pennugem transversal de preto e a parte anterior
com pubescencia branca; o flagello das antennas
fulvo em baixo. O thorax com pubescencia fulva em
cima, mais pallido nos lados e em baixo; as coxas,
os trochanteres e os femora em baixo mais ou
menos ferrugincos ; as coxas 7 armadas com fortes
espinhos ferrugineos ; os tarsos 7 amarellento-palli-
dos e largamente dilatados, o articulo basal estirado
em um processo oblongo, que passa além dos arti-
culos seguintes; tcdos os articulos cobertos com
curta pubescencia branca em cima e com uma grossa
e comprida franja de pubescencia branca posterior-
mente, com a respectiva margem vivamente fulva ;
o primeiro articulo do tarso é delicadamente mar-
ginado de fusco anteriormente; os tarsos /// têm
em baixo pubescencia vivamente fulva, o primeiro
articulo uma pennugem branca na base; as azas de-
bilmente fulvo-hyaliuas com a margem apical um
pouco escurecida. O abdomen é encurvado no apice ;
os segmentos ferrugineos tem a margem mais ou
menos preta e têm tambem faixas de pubescencia
— 200 —
fulva adeante das margens pretas; o pygidium é
emarginado no meio. Comprimento 13 mm.
Hab. : Amazonas (Ega).
(Não vi esta especie).
67. Megachile curvipes Sn.
(Fig. 6 A-E; A. Coxa T; B. Metatarso e articulo 2.º
dos tarsos J; ©. Femur e tibia III; D. Tibia IF;
E. Articulos 12 e 13 das antennas)
1853 — M. curvipes Smith, Cat. Hym. Brit.
Mns7 po 487 np asi
S Preto, a cara densamente coberta com pu-
bescencia vivamente amarello-dourado, na base do
clypeo uma linha transversal de pellos pretos; o
flagello fulvo em baixo; as bochechas têm em baixo
uma linha marginal de pubescencia branca. O disco
do thorax escassamente coberto com curta pubes-
cencia fulva, que nos lados do segmento mediario
é cinzenta; as azas fulvo-hyalinas, as tegulas e as
nervuras ferrugineas; as pernas J e 1] amarellento-
avermelhadas, os tarsos 7 largamente dilatados, o
articulo basal (metatarsc) estirado no apice, formando
um lobulo arredondado na extremidade; o tarso
inteiro tem uma grossa franja de pubescencia branca,
fulva na margem; as coxas / armadas com fortes
espinhos; os tarsos 1) e as pernas J/J em frente
têm uma franja branca de pubescencia fraca porém
comprida; os femora 2/1 têm um dente curto perto
do meio em baixo, a tibia 7/7 arcuada. O segmento
basal da abdomen coberto com pubescencia fulva,
os tres segmentos seguintes com franjas da mesma
côr; o segmento anal tem uma depressão profunda
no meio, sua margem é chanfrado. Comprimento
11 — 12 mm.; largura do abdomen 4 mm.
Hab. : Argentina (Missiones) ; Paraguay; Est.
S. Paulo. Goyaz, Bahia.
Mus. Paul.: & Est. S. Paulo, Rincäo II—901,
Jundiahy II—0O0: Campos do Jordão 3—1II—06 ;
Est. Pará, Santarem (Friese det.).
ee =
68. Megachile manaosensis n. sp.
(Fig. 6 F-L.; F. Coxal, G. Coxa II, H. Metatarso e articulo
2.º dos tarsos I, I. Articulos 2, 3 e 4 dos tarsos Le
Femur III, Z. Articulos 12-13 das antennas)
& Nigra; clypeo, scuto nasali lateribusque faciei
dense aureo-pilosis, mandibulis ferrugineis dimidio ba-
sali et imo apice nigris; vertice mesonotoque breviter
fulvo hirtis,
pedibus fuse
co-ferrugi-
neo-variega-
LOS, | tarsis
omnino a!-
bescentibus,
metatarsis
anticis luba-
tas; coxis an-
ticis spinam
megnam ob-
Fig. 6 tusam el co-
Megachile curvipes (A-E); Megachile manaosensis (F-L.) xis interme-
dus spinam
parvam acutam ferentibus ; femoribus pcsticis in medio
subtus dentatis, tibiis posticis curvatis; alis subhialinis,
renulis tegulisque ferrugineis. Aldomine creberrime
punctulato, semi-opaco. bast scrdide albo-hirta, segmentis
2-5 apice breviter [ulvescenta-vibrissatis , segmento anala
emarginato (carinom transversalem in medio emu ginatam
ferenti). Long. 13 mm., lat. abdom 3.5 mm,
Especie summamente semelhante a M. cur vipes ;
as differenças são morphologicas e visiveis na fi-
gura à. O colorido é o mesmo em ambas as especies.
Hab. : Est. Amazonas.
Mus. Paul.: Manãos (Typo).
69. Megachile crassipes Sn.
1879 — M. crassipes Smith, Descr. New Spec.
Hymen p. 71, n. 31 dg.
& Preto, com os femora 7/11 engrossados; a
cara com pubescencia pallida desde o clypeo até o
— 202 =
ocello ante:ior; no vertice a pubescencia é cinzenta,
no clypeo branca com uma linha transversal preta ;
o flagello é fulvo em baixo. O thorax com pubes-
cencia cinzenta; as azas fulvo-hyalinas, as nervuras
ferrugineas, as tegulas vermelho-amarellentas; as
pernas 1 em baixo vermelho-amarellentas, os femora
dilatados, o apice das tibias amarellento em cima;
os tarsos pallido-amarellentos, dilatados, com os ar-
ticulos 1.º e 3.º estirados em grandes lobulos, tendo
o primeiro uma estria longitudinal fusca; todos os
articulos atraz com franjas compridas de pubescencia
branca, marginada estreitamente de fusco ; as coxas
armadas com espinhos pretos; os femora J/ são di-
latados e em baixo côr de breu avermelhada, como
tambem as tibias; os tarsos vermelho-amarellentos
com o apice dos articulos fusco-avermelhado. O ab-
domen é brilhante, as margens dos segmentos fina-
mente franjadas com pubescencia cinzenta; a mar-
gem apical do pygidium debilmente franjada no meio.
Comprimento 13 mm.
Hab. : Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença).
(Não vi esta espccie).
70. Megachile tupinaquina 2. sp.
(Fig. 7 A— C; A— Coxa I; B — Metatarso e articulos 2
e 3 dos tarsos I; 0 — Tibia TJ).
JS Nigra, capite dense aureco-pilcso, clypet basi pilis
erectts aureis, vertice mesonotoque fulvo-hirtis, mesosterno
in melio spinam acutam ferenti; pedirus rufis, coxis
nigris, tirsis pallide flavis ; coxis antices spinam longam
sursum curvatam ferentibus; metatarsis anticis latis,
lobatis ; tibiis intermedii: brevibus apice paulum incras-
satis dentem obtusum subquadratum formantibus ; calcar
d'est ; tibics posticis vix curvalis; tegulis rufis; alis
subhyalinis, venulis fuscis. Abdomine opaco, basi fulvo-
piloso, segnenturum marginibus fulvo-vibrissatis, ano
rufo apice emaryinats; segmento ventral: primo longi-
tudinaliter carinato atque ante apicem transverse sulcato.
Long. 10 mm., lat. abd. 5,8 mm.
Pelo colorido assemelha-se a M. curvipes, dis-
tinguindo se della facilmente pela férma differente
das tibias JJ e Ili e pelo espinho pequeno no meio
do mesosterno que nenhuma das outras especies que
conheço possue.
Hab.: Est. S. Paulo.
Mus. Paul.: & Jundiahy J, 1900, (Typo! )
71. Miegachile vernoniz 7. sp.
(Fig. 7 D— F; D Coxa I, E Metatarso e articulo 2.º dos
tarsos I, FW Tibia JZ)
S Nigra ; capite u que ad ocellos posticos densis-
sime aureo-piloso ; vertice, mesonoto scutellcque dense
punctatis atque breviter fusco-hirtis; callis humeralibus,
angulis anticis scutelli, segmento media» ct basi abdominis
albo-ptlosis; pedibus ferrugineo-fusco-flavescentique va-
riegatis, tarsis anticis lobatis, coxis spinam longam acu-
tam ferentibus; timis intermediis bidentatis, dente primo
magno, in medio sito, long? fuscescenti-fimbriato, se-
cundo minore, prope apicem tbiæ sito, ejusdem modo
sed brevius fimbriato; alis “yalinis, cellulis ra liali cubi-
talibusque infuscatis, violaceo micantivus. Abdomine al-
bido pruincs) et breviter fusco-hirto, segmento anali apice
bidentato inter dentes fere semicirculariter emarginato.
Long. 13 mm., lat. abd. 3,7 mm.
As figuras permittem reconhecer esta especie
que pelo colorido se assemelha muito à M. strenua.
O sr. E. Strand descreveu em Zool. Jahrb. 1910
uma especie que talvez seja identica com vernontae
e que denominou M. fum costa; mas a descripção
menciona dous espinhos nas coxas I e um só dente
nas tibias II, caracteres que não correspondem 4
M. vernoniae. Provavelmente esta pertence a uma
das especies de vasta distribuição, cuja femea é
completamente preta.
Hab. : Paraguay (Assumpção, Puerto Bertcni)
em flores de Vernonia sp. (Compositae).
72. Megachile jundiana 7. sp.
(Fig. 7 G— I; G Coxa I, H. Metatarso e articulo 2.º dos.
tarsos I, J Tibia IT)
S Nigra, capite densissime auieo, thorcce abdomi-
neque fulvescenti-hirtis ; pedibus nigris, tarsis interme-
diis posticisque fulvo-ferrugineis, anticis albidys, kbatis,
coxis an-
licis spi=
nam bre-
vem acu-
tam fe-
renti bus;
tibiis an-
terme diis
aoe ante api-
Meg. tupinaquina A-C. — Meg, jundiana G-T. cem spt-
Meg. vernoniae D-F — Meg. chamacoco K-M nam Lre-
vem acutam, apice alteram longiorem obtusam ferentibus ;
tegulis fuscatris, alis subhyalinis, renulis fusris. Aldo-
mine pilis fuscis longioribus atque fulvescentibus brevio-
ribus mixtis ; marginibus segmentorum fulvo-fi~briatis,
epipygio fulvescenti-sericeo, apice nunc latius nunc an-
gustius emarginato. Long. 11.5-13 mm., lat. abd.
3,7-4 mm.
A forma particular da coxa J e da tibia 17 nao.
permittem confundir esta especie com outra. O co-
lorido e a pubescencia são sujeitos a certa variação.
Hab. : Est. S. Paulo.
Mus. Paul. : 4 Jundiahy, /—00; Botucatu
29- VII-00. Outro exemplar, cedido em permuta ao
autor, provinha de Franca, XI— 02.
73. Megachile chamacoco 7. sp.
(Fig. 7 K— M; K Coxa I; L Metatarso e articulo 2.º
dos tarsos Z; M Tibia IT)
& Nigra, capite densissime aureo-piloso ; vertice,
mesonoto, scutello, segmento medio pleurisque breviter
fulvescenti hirtis ; sterno albo-piloso ; pedibus ferrugineis ;
tarsis anticis flavidis lubatis ; coats anticis spinam ma-
gnam, obtusam, planam, paulum sursum curvatam fe-
rentibus ; tibiis intermediis ante apicem dentem brevem,
latum apicem versus curvatum et apice spinam acutam,
aliquid longiorem ferentibus; tegulis ferrugineis ; alis
subhyalinis, venulis fuscis. Abdomine crebre punctulato,
pilis sat longis fuscis apicem versus hirto, basi segmento-
rumque marginibus fulvo fimbriatis, epipygio in lami-
nam trapeziformem apice leviter emarginatam producto.
Long. 10,5 mm, lat. abd. 5,5 mm.
Hab. : Paraguay (Assumpção).
74. Megachile sancti-pauli n. sp.
(Fig. 8 I—L; I Coxa I; K Metatarso e articulo 2.º dos
tarsos T; L Tibia II).
& Nigra, fulvo-pilosa; clypeo lato; mandibulis
ferrugineis. ayice fuscis ; genis spina obtusa conspicua
armatis ; pedibus ferrugineis, tarsis anticis aliquid di-
latatis tamen vix lobatis, coxis anticis spinam magnam
acutiusculum ferentibus ; tibiis intermediis subtus pilis
longis pallidis ciliatis ; tarsis posticis fusco-hirtis; te-
gulis testaceis, alis flavescenti-hyaiinis, venulis ferru-
gineis ; abdomine breviter fulvescenti-hirto, precipue <eg-
mentis quarto quintoque, hoc puis fuscis intermictis ;
segmento anali apice profundo semicirculariterque emar-
ginato. Long. 13 mm., lat. abd. 4,4 mm.
As figuras mostram as differenças morpholo-
gicas que as separam das especies visinhas ; pelo co-
lorido e tamanho assemelha se tanto a M. gigas,
que talvez possa ser o macho della ; sem observação
directa, entretanto, não é possivel affirmal-o.
Hab. : Est. S. Paulo.
75. Megachile melochiæ n. <p.
(Fig. 8 E—H; E Coxa I; F Metatarso e articulo 2.º dos
tarsos I; G, H Differentes formas do pygidium)
& Nigra ; capite aureo-piloso ; genis armatis, ni-
veo-hirtis ; vertice parum crebre punctato ; thorace griseo-
piloso, pedibus nigris ; tarsis anticis critinis, lobatis, aibo-
ciliatis ; ecxis anticis spinam longam. gracilem, fere re-
ctam ferentibus ; tiliis intermediis calcare longo, pallido,
obtuso et postice denticulo brevi, acuto armatis; tegulis
fusco-ferrugineis, alis hyalinis, cellula radiali apíceque
obscuratis, venulis fuscis. Aldomine dimidio antico grisco,
— 206 —
postico fusco-hirto, marginibus segmentorum albido-vibris-
satis, segmento anali in medio emarginato utriusque
o—d denticulato. Long. 11 — 142,5 mm., lat. abdom.
3,2 — 3,6 mm.
Hab. : Argentina (Mendoza); Paraguay (En-
carnacion). Deve ter uma distribuição vasta. Visita
as flores de Melochia pyramidata, Stercul acece.
Mus. Paul.: & Paraguay.
76. RMiegachile helie tarsus 7. sp.
(Fig. 8 A— D; A Coxa IT; B Metatarso e os articulos 2.º
e 3.º dos tarsos J visto de cima, C os mesmos com
o articulo 4.º visto de lado; D Tibia JJ).
J Nigra; capite aurco-piloso ; clypei basi linea
transecrsa pilorum fusecrum erectorum ornata, vertice,
mesonotoque fwus-
co-hirtis; segmen-
to medio sterno-
que albido-hirtas;
pedibus nigris,
ferrugineo-varie-
gatis; coxis anti-
cos spinam obli-
cuamsubquadra-
tam ferentibus,
prope basin ejus
breviter fusces-
centi-crinitis vel
selosis; tarsis an-
ticos fortis vix
lobatis nee valde
Fig. 8 dil rae j
slatatis emi =
Meg. helicitarsus (A — D) — Meg. melochiæ (E — H) Aste Ze Ê SA
Meg. sanctipauli (I— L) ribus intermediis
post cisque an-
crassatis; tegults ferrugineis, alis hyalinis, renulis fuscis.
Alidomine fulvescenti ml si, precipue marginibus se-
gmertorum ; ano rufo emarginsto. Long. 46 mm., lat.
ahdom. 47mm.
Pela forma singular dos tarsos I esta especie
sera facilmente reconhecida. O grande tamanho me
faz suspeitar que seja o macho da M. friesei ; são
porem, indispensaveis observações biologicas, sem as
quaes nada se poderá decidir a respeito.
Hab. Est. S. Paulo.
Mus. Paul. 3 Jundiahy, 29-1-00 (Typo !).
77. Megachile lobitarsis Sn.
1879 — M. lobitarsis Smith, Descr. New Spec.
Hymen. p. 76, n. 44 o.
& Preto, a cara densamente vestida com pu-
bescencia pallido-dourada, no vertice a pubescencia
é escassa e fulva; antennas ferrugineas, em cima
debilmente fuscas ; as bochechas franjadas com pu-
bescencia branca. O thorax escassamente vestido de
fulvo, nos lados e em baixo a pubecencia é branca ;
as azas são fulvo-hyalinas, as nervuras e as tegulas
ferrugineas; as pernas são ferrugineas em baixo,
sendo o par anterior o mais pallido, mais ou menos
fusco em cima; as tibias I com uma linha preta;
os tarsos I dilatados, amarellentos, o metatarso oblon-
go estirado no apice em um lobulo projectado ; os
articulos seguintes são muito pequenos € estirados
cada um em um lobulo saliente e longo; os tarsos
com uma comprida franja branca, encurvada com a
respectiva margem fusca; os tarsos II e II quasi
brancos; as coxas 1 armadas com um espinho rombo.
O abdomen brilhante; a margem dos segmentos com
uma estreita franja de escassa pubescencia pallida ;
a margem apical do pygidium profandamente emar-
ginada. Comprimento 1! mm.
Hab.: Amazonas (S. Paulo de Olivença).
(Não conheço esta especie).
78. Megachile hilaris Sn.
ENE aid hilaris Smith, Descr. New Spec.
Elymema po. i2,n. 99.4.
& Preto; as pernas ferrugineas; os tarsos I
dilatados; o abdomen com faixas pallidas. A cara
com pallida pubescencia vivamente dourada, a do
— 208 —
vertice e do disco thoraxico é fulxa, a das boche-
chas e do thorax por baixo branca; o flagello é
fulvo em baixo. O segmento mediario com pube-
scencia pallida; as pernas Il e lll cor de breu aver-
melhada, mais escuras em cima, os tarsos pallidos,
amarelio-avermelhados ; os tarsos I amarellentos ; os
articulos dilatados com uma grossa franja de pu-
bescencia branca, que é fulva em baixo; os cutros
tarsos com uma escassa franja branca; as coxas I
com fortes espinhos rombos; as azas hyalinas com
uma nuvem fusca na margem apical; as nervuras
ferrugineas, as tegulas amarello-avermelhadas. O ab-
domen muito fino e densamente pontuado; o se-
gmento basal com pallida pubescencia fulva, as mar-
gens apicaes dos segmentos com faxas pallidas, o
quinto segmento tem pubescercia muito curta e pal-
lida na base e preta na metade apical, o segmento
inteiro, com pellos pretos, espalhados e compridos ;
o sexto segmento com curta pubescencia paliida mis-
turada com outra comprida da mesma côr; a mar-
gem apical chanfrada. Comprimento 13 mm.
Hab. : Est. do Pará (Santarem).
Segundo a opinião do autor esta especie que
não vi, é o macho da M. compacta.
rise Megachile strenua Sm.
1879 — M. strenua Smith, Descr. New Spec.
Hymen. p. 73,n. 34 ¢.
& Preto, com as pernas ferrugineas ; os tarsos
I dilatados. A cara coberta com viva pubescencia,
amarello-dourada, a do clypeo e das bochechas mais
pallida, no vertice existem alguns escassos pellos
pretos. O vertice e o disco do thorax são densa-
mente pontuados ; uma mancha de pubescencia branca
atraz das tegulas; o segmento mediario com pube-
scencia branca; os tarsos I amarellento-pallidos, o
articulo apical ferrugineo ; os articulos dilatados
franjados atraz com pubescencia brancacenta; a
margem da franja é fusco ferruginea ; as pernas II
e Ill com manchas fuscas, os tarsos em cima
o E
— 20) —
escuros; uma larga nuvem fusco-escura na margem
anterior das azas. O abdomen densamente pontuado ;
na margem apical dos primeiros tres segmentos
existe uma pennugem de pubescencia branca late-
ralmente. Comprimento 10 mm.
Hab. : Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença).
A descripçäo não menciona os espinhos das
coxas I, os quaes porém, devem existir. Não acho
tão pouco mencionada a forma do pygidium, a das
tibias Il e outros detalhes indispensaveis para o re-
conhecimento da especie.
80. Megachile lentifera Vach.
1909 — M. lentfera Vachal, Revue d'Ento-
mologie, p. 10 n. 53 d.
Os tarsos 1 dilatados, amarellentos com franja
comprida branca exteriormente. O abdomen com
franjas pallidas na margem apical dos segmentos.
Todos os metatarsos amarellento-pallidos. A tibia
I preta com o apice vermelho. O articulo 13 das
antennas dilatado, arredondado; a margem interna
do metatarso I dilata-se no apice para supportar a
projecção apical do angulo interno; o articulo 2.º
mais dilatado para dentro da pequena carena lon-
gitudinal. O femur JI menos dilatado do que na
M. rectipalma, a excavação apical em parte com
compridos pellos. O dorso dos segmentos basaes do
abdomen menos piloso do que na especie menc onada.
O espinho das coxas | co:2prido e agudo. Compri-
mento 10-11 mm., aza 7,7 mm.
Hab. Rio Grande do Sul.
E' talvez identica ou muito alliada à especie
seguinte ?
8l. Megachile bernardina 7. sp.
Fig. 9, H-K; H, Coxa I; J. Metatarso e articulo 2.º
dos tarsos I; K Tibia II)
3 Nigra, facie densissime aureo-pilosa ; ver-
fice mesonotoque breviter fulvo-hirtis, crebre et sub-
—— 210 —
tiller punctatis ; abdomene segmentorum margini-
bus fulvo-finbriatis, pygid o aureo-piloso apice se-
micirculariter emarginato, pedibus fuscis, tras
maxime ferrugineis, tarsis pallide flavidis, albo-
fimbriatis, anticis dilatatis, eatus dense albo-fim-
briatis ; coxis anticis spinam longam, acutam, ni-
gram, leviter sursum curvatam ferentibus ; tibis -
intermedriis incrassalis, in dentem latum, trian-
gularem terminatibus (calcar deest) ; antennis mi.
gris, articulo apicali pauluin dilatato ; «lis subhy-
alinis, tegulis venulisque ferrugineis. Long. 13-14
mm., lat. abdom. 3,8 mm.
E” indubitavelmente muito semelhante à especie
precedente e talvez identica. Será necessario com-
parar o typo da M. lentifera, para verificar si a
tibia IT é formada do mesmo modo como na M.
bernardina e si tambem carece do calcar, etc. A
differença no colorido das pernas é, sem duvida, de
pouco valor.
Hab.: Est. de S. Paulc; Paraguay; (San Ber-
nardino).
Mus. Paul.: J Est. de S. Paulo, Jundiahy
TO:
82. Megachile pallipes Sm.
1879 — M. pallipes Smith, Descr. New Spec.
Ely men: (pet lion. 30) dE |
4 Preto, as pernas ferrugineas com os tarsos
amarellos. A cara com viva pubescencia amarello-
dourada; as antennas pretas com o articulo apical
comprimido e dilatado. A pubescencia no disco do
thorax é densa, curta e de viva cor amarello-dou-
rada, no segmento mediario é mais pallida e em
baixo brancacenta ; as azas fulvo-hyalinas, as ner-
vuras ferrugineas, as tegulas amarello-avermelha-
das; os tarsos dilatados, franjados atraz com pu-
bescencia branca que é fusca em baixo; as coxas |
com espinhos pretos. As margens apicaes dos pri-
meiros quatro segmentos do abdomen com delicadas
faixas de pubescencia fulva; o sexto segmento co-
oe IE et
berto com pubescencia branca, a margem apical chan-
frada no meio; os segmentos ventraes ciliados com
pubescencia branca. Comprimento 13 mm.
Hab. Amazonas (S. Paulo de Olivença).
(Não vi esta especie).
83. Megachile framea 7. sp.
S Nigra, facie densissime aureo pilosa, ver-
tice mesonotoque breviter fulva-hirtis pilis nonnullis
fuscis ntermitis ; barba pectoreque albido-lanu-
ginosis ; abdomine segmentis quatuor primis mar-
gine apicali dense fulvo-fimbriatis, quinto toto fulvo-
piloso, sexto breviter griseo-hirto, apice profunde
emarginalo; antennis fuscis, artículo apicalr com-
presso tamen haud dilatado ; coxis anticis spinam
perparvam im pubescentia absconditam ferentibus ;
tabiis intermedirs longe albo-pilosis, calcare dilute
testaceo; tarsis omnibus flavidis, anticis densius
reliquiis sparsius albo-ciliatis ; metatarso antico
elongato angulo apical: interno in lobulum acu-
tum producto; alis subhyalinis, venulis tegulisque
[usco-ferrugmers. Long. 10,5 mm., lat. ald. 3,6 mm.
Entre as especies de tarsos amarellentos, a pre-
sente pode ser facilmente reconhecida pelos espinhos
coxaes extraordinariamente curtos; em verdade es-
tão de tal modo escondidos debaixo da pubescencia
que sómente removendo esta ultima, elles appare-
cem. No colorido é muito semelhante às especies
precedentes.
Hab. Est. S. Paulo.
Mus. Paul. : & Jundiahy, XI. 00 (Typo!)
81. Megachile rectipaima Pac.
1909 — M. rectipalma Vachal, Revue d'En-
tomologie p. 11 n. 54 d.
S Differe da M. lentifera pelo articulo apical
das antennas não dilatado. A margem interna do
metatarso I em linha direita, antes reentrante do
que dilatada, o appendice terminal pequeno. O ar-
= 2 22 oS
ticulo 2 do tarso I não dilatado com a carena in-
distincta. Este tarso é menos amarello, cor de pa-
lha. A excavação do femur Il lisa; o espinho coxal
mais curto e rombo. Comprimento 10-11 mm., aza
7,7-8 mm.
Hab. : Goyaz.
(Não conheço esta especie).
85. Megachile elavispinis Puch.
1909 — M. clavispinis, Vachal, Revue d'En-
tomologie, p. 14, n. 99, d.
& Differe da M. anasitsi pela margem interna
dos tarsos I, tendo sómente franjas ordinarias muito
pequenas; o trochanter I sem espinho; o meta-
tarso Il com franjas muito curtas; o angulo basal
da expansão da mandibula é applicado por baixo das
bochechas, escondido na pubescencia e sem larga
lamina sobresaliente. A crista anal com o fundo
largo quasi transverso. O metatarso I é truncado
obliquamente no apice, o angulo apical interno muito
agudo, não passando da metade do articulo seguinte;
a elevação no meio dos artículos 2 e seguintes é só-
mente visivel em forma de um pequeno tuberculo
no apice de cada articulo ; a metade apical do quinto
segmento abdominal e o lado dorsal do sexto com
pellos pretos. O calcar da tibia I é um pouco alar-
gado e muito preto no apice. Comprimento 11-11,5mm,
aza 8 mm
Hab. : Goyaz (?)
A julgar pela descripçäo trata-se de especie
muito chegada ou talvez identica 4 seguinte.
86. Megachile botucatuna 7. sp.
(Fig. 9 C-G; C Tibia II; D Coxa I; C Metatarso e
articulo 2.º dos tarsos I; F. Mandibula; G
articulos 2.º, 3.º e 4.º das antennas)
S Negra, fulvo-hirta; facie densissime au-
reo-ptlosa, sutura inter clypeuin et scutum nasa-
lem longe nigro-pilosa ; vertice mesonotoque fulvo-
hirtis, sterno dillutiore. Abdomine segmento prime
Meg. cupra (A-B) — Meg. bernardina (H-K)
Meg. botucatuna (C-G) — Meg. minuscula (L-N)
fulvo-hirto ; secundo terticque apice oppresso /ul-
vo fimbriatis ; quarto dimidioque basal quintr
fulvo-tomentosis ; dimidio apicali quinté nigro-pi-
loso ; sexto nigro, pilis nonnullis nigris, apice pro-
funde emarginato; ventre tenuibus cilas albis.
Antennis ferrugineis, supra fuscis ; pedibus fer-
rugineis ; tarsis anticis, flavidis, dilatat s, lobatis
extus densissime albo-ciliatis, cilia margine fusca.
Coxis anticis spinam nigram, obtusam ferentibus ;
tibs intermedus apice calcare testaceo claviforine
muntis ; metatarsis posticis pilis sat longis fer-
ruginers obleclis ; tegulis testacers ; alis fulve-hya-
linis, venulis dilute ferruginers. Long. 10,5 mm.
Lat. abd. 3,4 mm.
A forma obtusa do calcar das tibias II, o api-
ce preto do abdomen e os dous primeiros articulos
do flagello das antennas muito curtos são caracte-
risticos para a especie, que deve ser muito chegada
à anterior.
Hab.: Est. de S. Paulo.
Mus. Paul. & Victoria de Botucatu, 15-X-00
(Typo !}.
87. Megachile denticalata Sn.
1893 — M. denticulata Smith, Cat. Hym. Brit.
Mus. 1, p 185, n. 125 &.
& Preta, a cara coberta com pubescencia
branca, o clypeo nu, as bochechas com barba com-
prida de pubescencia branca; as pleuras vestidas e
as pernas franjadas com pubescencia da mesma côr ;
os tarsos alongados, os articulos apicaes ferrugineos,
os calcares amarellentos ; as azas fulvo-hyalinas, as
tegulas e as nervuras amarello-avermelhadas. O
abdomen chato, os segmentos com faixas de pube-
scencia branca; o pygidium com pubescencia se-
melhante, com a margem irregularmente denticu-
lada; no lado ventralas faixas marginaes continuam
nos segmentos segundo, terceiro e quarto. Compri-
mento 8,5 mm.
Hab.: Est. do Pará (Rio Tapajoz).
(Não vi esta especie).
88. Megachile orba n. <p.
3 Ngra, pedibus ferrugineis; facie pallide
ochraceo pilosa, vertice thoraceque fuivo-hirta ;
sutura inter mesonotum et scutellum albido tomen-
tosa ; abdomine bast fuscescenti-pilosa, segments
reliquis fere nudis, leviter albo-pruinosis, margi-
nibus apicalibus tenuiter albo-vibrissatis ; pygrdio
carina transversal integra vel inconspicue sinuala,
basi carinula longitudinale adreviata, imo apice
(sub-carina transversal) duobus dentibus parvis
acutis armato ; segmentis ventralibus albo-ciliats ;
antennis nigris ; coxis unticis spinam nigram bre-
vem ferentibus ; tarsis omnibus albido-fimbriatas ;
bibiis intermedius calcaratis, calcare testaceo ; te-
gulis testaceis, alis subhyalinis apice infuscato, ve-
nulis fuscis. Long. 9,5-11 mm., lat. abd. 3-3,7 mm.
Hab. Paraguay (Puerto Bertoni).
Mus. Paul. & Paraguay.
89. Megachile capra 7. sp.
(Fig. 9 A, B; A Coxa 1.°, B. Metatarso e articulo 2.°
dos tarsos I)
fi Nigra; facie densissime aureo-pilosa; ver-
tece thoraceque fulvo-hirtis; barbe sternoque albo-
pilosis; abdomine dense fulvo-hirto, marginibus
apicalibus segmentorum densius fulvo ciliatis, se-
gmento quinto pilis longioribus fuscis setoso, py-
gidio obcure ferrugineo, albo-pruinoso (forma
verosimiliter ut in plurimis speciebus generis, à. e.
apice emarginato ; in unico specimine typico pygi-
dium monstruose deformatuim et ejus forma haud
distinguenda est). Marginibus segmentorum ven-
tralium longe albo-ciliatis ; antennis n gris, arti-
culo apicalt compresso, paulum dilatato ; pedibus
ferrugriners, dimidio basal: femorum intermediorum
et posticorum nigro ; coxis anticis spinam breve
aculiusculam ferentibus ; tibs antermedris calca-
ratis, calcare curvato, testaceo ; tarsis anticis in-
termedusque breviter, posticis longius sordide al-
bido-fimbriatis ; alis hyalinis, tegulis venulisque
dilute ferrugineis. Long. 43 mm., lat. abdom.
4,1 mm.
Esta especie não tem apparentemente relação
com nenhuma outra. Os tarsos I não dilatados e
os espinhos curtos das coxas I afastam-na das do
grupo M. bernardina, etc, às quaes entretanto
muito se parece à primeira vista.
Hab. : Est. S. Paulo.
Mus. Paul. 4 Jundiahy 1-00 (Typc! )
99. Megachile paranensis n sp.
S Nigra ; facie densissime aureo-pilosa ; ver-
tice, mesonota scutelloque fusco-hirtis ; sulura in-
ter mesonotum et sculellum albo-tomentosa ; se-
gmento medio sternoque albo-pilosis ; abdomine
segmentis qualuor primis margine sordide albido-
cialis, segmentes quinto sextoque fulvescenti-se-
receis ; pygidio apice emarginato ; marginibus api-
calibus segmentorum ventralium breviter albo-ci-
latis, antennis elongatis nigris. articulo apical:
compresso tamen haud dilatato; vertice mesono-
toque sat dense punctatis; pedibus nigris, tibis
tarsisque posticis obscure ferrugine’s ; coxis an-
bois spinam brevem latam ferenhibus ; t biis in-
En
termediis breviter calcaratrs, calcare testaceo; alis
hyalinis, apice parwmn infuscato, tegulis venulisque
fuscis. Long. 19 mm. lat. abd. 3,4mm.
Julguei ser este o macho da M. paulistana,
mas nao foi encontrado ainda em nenhuma remessa
de materiaes do Estado de S. Paulo. Em vista disso
resolvi consideral-a por emquanto como especie
differente.
Hab. Paraguay (Puerto Bertoni).
91. Megachile rubicunda Sm.
1879 — M. rubicunda Smith, Descr. New Spec.
Hymen. p. 73, n. 36 ¢.
S Preto, com as pernas e o abdomen em
baixo e na base ferrugineos. À cara com densa pu-
bescencia fulva, a do clypeo é dum vivo branco-
amarellento; a das bochechas é pallida como a das
pernas e do corpo em baixo. (O thorax tem em
cima pubescencia fulva, a do segmento mediario é
pallida. As azas fulvo-hyalinas, as nervuras ferru-
gineas, as tegulas pallido-amarello-avermelhadas ;
as tibias e os femora | com uma estria preta atraz;
as coxas preias. (O segmento basal do abdomen é
“ ferrugineo e, como tambem os tres segmentos se-
guintes tem faixas marginaes fulvas, os segmentos
seguintes cobertos com curta pubescencia fulva, a
margem do pygidium inteiriça; os segmentos ven-
traes são marginados com pubescencia pallida. Gom-
primento 10 mm.
Hab.: Est. Amazonas (S. Paulo de Olivença).
(Não conheço esta especie).
92. Megachile agilis Sn.
1879 — M. agilis Smith, Descr. New Spec.
Hymen. p. 73 n. 35 d
J Preto, com a base e o apice do abdomen
ferrugineos. Um pouco de pubescencia branca entre
as antennas c o clypeo; a da cara e nos lados do
clypeo é brancacenta, mas mesclada de preto; a do
vertice é preta; as bochechas têm uma barba
comprida de pubescencia branca; o flagello é fulvo-
escuro em baixo. O thorax densamente pontuado, o
disco escassamente salpicado com curtos pellos pretos;
a pubescencia do segmento mediario é fulva e pal-
lida, a do sterno comprida e branca; as pernas
são cor de breu avermelhado-escuras em baixo, o
par 1 em baixo ferrugineo, os tarsos Il e III
da mesma cor; as azas fulvo-hyalinas com uma
nuvem fora das cellulas cubitaes, as nervuras e as
tegulas amarello-avermelhadas. As margens apicaes
dos segmentos do abdomen franjadas com pube-
scencia fulva : o pygidium chanfrado no meio. Com-
primento 7,9 mm.
Hab. : Est. do Amazonas (S. Paulo de Olivença).
(Não vi esta especie).
95. Megachile nigribarbis Vach.
1909 — M. nigribarbis Vachal, Revue d' En-
tomologie p. 6,n. 47 d.
& Os tarsos I simples, não dilatados; o py-
gidium com uma crista, chanfrada no meio. As
mesopleuras sem pellos pretos; mas debaixo da
base das mandibulas, na metade basal do clypeo, na
parte anterior do vertice e a franja posterior dos
metatarsos III com pellos pretos. Avermelhados
são: o flagello em baixo, as tegulas, o apice de
todas as tibias, o calcar da tibia Ill, e o I inteira-
mente (que é franjado exteriormente de branco), os
articulos 3-5 dos tarsos Il e III, a parte dobrada
para baixo dos segmentos dorsaes 1-4, a margem
apical da crista anal. A margem do segmento ven-
tral 4 apparece amarella debaixo da franja. O me-
sonoto e o segmento abdominal 6 tèm pellos bas-
tante curtos e deitados, de cor cinzento-amarella. O
metatarso II ciliado com pellos brancos muito com-
pridos posteriormente. O chanfro do pygidium é
da forma de uma abobada elliptica transversal, seus
angulos são menores que um angulo recto. O me-
sonoto é coberto de uma pontuação densa e assaz
— 218 —
grossa; a base da parte central do scutello quasi
lisa. Comprimento 12-12.5 mm., aza 9,5 mm.
Hab. : Matto Grosso.
(Não vi esta especie).
91. Megachile giraffa n. cp.
& Nigra; facie dense ochraceo, pilosa ; ver-
tice mesonoloaue fusco-hirtis ; sutura inter meso-
notum et scutellum sordide albido-tomentosa ; se-
gmento medio sternoque albo-hirtis ; abdomine base
albido, apice breviter nigro-setoso, marginibus se-
gmentorum appresse albo-ciliatis; pygidio rufo,
crista fere nulla subintegra; ventre rufo, segmen-
torum marginibus albo-ciliates ; antenms nigris,
elongates, articulo apicalt compresso; cox an-
ticis absolete transversum carinatis, haud spinosis ;
tarsis anticis intermedisque postice, posticis an-
tice albo-fimbriatis, omnino, quam partibus reliquis
obscurioribus ; tegulis testaceis ; alis hyalinis cel-
lula radiali apiceque anfuscatis venulis fuscis.
Long. 9,6 mm. ; lat. abd. 3 mm.
Em colorido muito semelhante a M. orba, mas
sem espinhos nas coxas I e no pygidio.
Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni).
95. Megachile lamnula Vach.
1908 — M. lamnula Vachal, Revue d’Ento-
molog.e p. 227, n. 11 dg.
& Como M. encongrua mas sem espinho na
coxa 1; a franja externa do metatarso I preta; os
segmentos abdominaes 5 e G com muito pequenos
pellos brancos, deitados, pouco densos e a crista do
pygidium quasi nulla e sem chanfro. As pernas
ferrugineas; as faixas dos segmentas abdominaes
1-4 interrompidas no meio ; o scutello entumescido
na base; os pellos do vertice, a parte posterior do
mesonoto e do scutello com pellos pretos; a base
do scutellum lisa. Comprimento 9,5—10 mm. ; lat.
abd. 3,8 mm., aza 8 mm.
Hab. : Brazil (Goyaz ?) ; Paraguay.
96. Megachile minuscula 1. sp.
(Fig. 9 L-N ; L. Coxa I; M. Tibia e metatarso I; N. Pygidium).
S Nigra; facie densissime aureo-pilosa ; tho-
race dense fulvo-hirto, sublus dilutiore ; abdom ne
basi fulvo-hirta, marginibus apicalibus segmento-
rum appresse fulvo-fimnbriatis, segmento quinto na-
gro-setoso; pygidio breviter fulvescenti-sericeo,
pilis nonnullis fusces antermmatis, apice leviter
emarginalo ; ventre conspicue punctalo, fere nudo,
segmentorum maqginibus breviler albido vibrissatis ;
antennis elongatis, articulo apicals compresso, pe-
dibus nunc ferrvgineis nunc nigris, tibs antrcis
semper nigris, dilalalis, exlus nigro-ciltatis ; tarses
omnibus tenuibus, posticis longe fulvescente-fim-
briatis ; coxis anticis inermibus ; tibes intermedrurs
calcaralis ; calcare testaceo; als hyalims, legulis
cenulisque testaceis. Long. 7-10 min. ; lat. abd. 3 mm.
Examinei uma duzia de exemplares sem en-
contrar differenças especificas entre os com pernas
ferrugincas c os com pernas pretas, nem en're os
exemplares de Minas Geraes e os do Paraguay.
Parece, porém, que os exemplares menores e com
as pernas pretas predominam em Minas e os maio-
res e com as pernas ferrugincas no Paraguay. As
tibias I dilatadss, os tarsos finos e as coxas sem
espinhos distinguem esta especie.
Hab. : Minas Geraes, Rio de Janeiro; Para-
guay ; Argentina (Missiones).
Mus. Paul. : gg Est. Minas Geraes (Mar de
Hespanha; 2-XI-08); Paraguay (Puerto Bertoni,
2-I11-09). Est. Rio de Janeiro: Campo Itatiaya.
97. Riegachile exaltata Sy.
1853 — M. exaltata Smith, Cat. Hym. Brit.
Mus. 1, p. 189, n. 126 &.
& Preto; a cabeça grande, mais larga do que
o thorax; a cara densamente coberta com pube-
scencia de um vivo amarello pallido, a das boche-
chas é comprida, densa e branca. O thorax forte-
— 220.
mente pontuado ; as azas hyalinas, uma nuvem fus-
ca occupa a cellula radial e passa à margem apical ;
as tegulas amarellentas, as nervuras ferrugineas ;
as pernas ferrugineas. Os tarsos II 3 III pretos,
as unhas ferrugineas. O abdomen curto e obtuso.
no apice; em cada lado as margens tem uma curta
franja de pukescencia branca, muito estreita, mas
inteira no quinto segmento; a margem do pygidium
inteira; os segmentos ventraes 3-5 franjados de
branco. Comprimento 7,5 mm.
Hab.: Est. do Pará (Rio Tapajós).
(Não conheço esta especie).
98. Megachile thygaterella n. sp.
g Nigra; capite sordide albido-hirto ; bast
clypei longissumis pilis nigris vestila ; vertice me-
sonotoque densissime fulvo-ferrugineo-pilosis ; pleu-
ris fusco-pilosis ; abdominis segmentis 1=5 fascus
latis flavis ornatis ; pygidio longe nigro-piloso ; pe-
dibus ferrugineis, metatars:s nigro-hirtis ; tabs in-
termediis, calcaratis calcare dilute ferrugineo ;
coxis anticis anermibus, alis flavescenti-hyalinis,
tegulis venulisque ferrugineis. Long. !0 mm., lat.
abdom. 3 mm.
O aspecto desta especie não é o de uma Mega-
chile, entretanto ella pertence bem a este genero.
Em colorido é muito semelhante a uma pequena
Anthophorida, Thygater bifasciata (Sm.) ¢, mas a
sua estructura é naturalmente differente.
Hab. : Paraguay (Puerto Bertoni).
Este estudo já estava quasi terminado quando
recebi o trabalho do sr. Embrik Strand nos «Zoolo-
gische Jahrbiicher» 1910; descreve numerosas espe-
cies novas do Paraguay que não me teria sido possivel
incluir no presente trabalho sem transformar funda-
mentalmente as chaves synopticas e a maior parte
do texto. Por isto limito-me a chamar a attenção.
do leitor, que se interessar pelo assumpto, 4 minha
= 22 Mu
publicação do anno de 1911 —sob o titulo «Las es-
pecies Argentinas del genero Megachile» e que trata
d'um modo analogo como o presente, de todas as
especies conhecidas até agora das Republicas Ar-
gentina, Uruguay e Paraguay, tendo em conta tam-
bem as das regiões visinhas.
A direcção do Museu Paulista, cuja collecçäo
já é bastante rica, receberá com prazer novos ma-
teriaes de todos os Estados brazileiros, compromet-
tendo-se estudal-os promptamente, para que possam
ser incluidos no Catalogo geral das abelhas brazilei-
ras, trabalho este que já tenho elaborado e que em
breve será publicado como VI volume dos «Cata-
logos da Fauna Brasileira» editados pelo Museu
Paulista.
REGISTRO ALPHABETICO
(Os synonimos em grypho)
agilis..
andromorpha ..
anisitsi
anisitsi (lacta)
anomala ..
anthidioides
apecipennis
arechavaletae..
armigera .
assumptionis Se
atahualpa (nudiv entris)
atricostifera
aureiventris
barbatula..
bernardina
beroni. REN ahs
beroni (rubricata).
bertoni
bicegoi
botucatuna
brethesi
campinensis
capra..
catamarcensis .
chamacoco
clavispinis.
coelioxiformis
c elioxoides
collaris
compacta ..
constructrix
crassipes ..
curvipes
denticulata
exaltata
198 e
208 e
216
174
175
JT
164
180
195
INA 17
SR O
|
166 |
|
186 |
91194
|
|
|
ferrugineipes..
fiebrigi
flabellata ..
fossoris à
fossoras (leucocentra)..
framea
friesei
fumicosta..
gigas.
girafa .
gomphrenae
gomphrenae ..
gomphrenoides
gracilis
guaranitica
guaranitica
pyge)
guar anitica (wr uguay-
ensis) .
guayaqui..
helicitarsus
hilaris.
hypocrita..
iheringi
incongrua..
inquirenda
itapuae
jundiana ..
laeta ..
laeta (anisitsi).
lamnula
lentifera .
leucocentra
leucocentra (fossoris)..
levilimba..
174 e 2
180 e
a
levimarginata.
Emide. M Pas
lobitarsis ..
luederwaldti ..
manaosensis
melanopyge (guarani-
tica).
melochiae..
minuseula.
moderata..
neutra.
nigribarbis
nigropilosa
nudiventris
nudiventris atahualpa.
opifex.
orba
pallipes
paraguayensis..
paranensis
parsonsiae
paulistana
pilosa..
planiceps..
planula
pleuralis ..
possograndensis
propinqua.
proserpina.
pseudopleuralis
pulchra
pullata ..
155
170
214
210
1k
215
197
184
160
154
181
196
172
184
156
190
159
182
rava aid
rectipalma. …
rubicunda.
rubricata ..
rubricata beroni ..
rubriventris
ruficornis ..
rufula.
sancti-pauli
separata
simillima..
squalens
stenodesma
strenua
sussurrans.
tergina
terrestris ..
thygaterella
trigonaspis
tuberculifera ..
tupinaquina
urbana
uruguayensis (g
nitica) ..
ventralis ..
vernoniae .
verrucosa...
vigilans
xanthoptera
EMO MOC po À nc
ypiranguensis .
uara-
177
211
216
167
166
158
161
168
205
185
183
195
182
208
163
155
187
220
19
188
202
193
168
159
203
185
161
198
186
194
Diagnose de uma Eucoela (ilymenopt, Cynipida)
Parasita das moscas das fructas
POR
RODOLPHO VON IHERING
Em 1905 eu havia creado varias vezes um
Cynipida parasita das larvas das moscas das fructas
que eu então estudava pela primeira vez.
Varios exemplares foram enviados ao dr. Ho-
ward, que os fez classificar pelo especialista dr.
Ashmead. Pouco depois tive communicação de que
se tratava de uma nova especie da subfam. Hucoe-
lanae e que o nome sob o qual seria descripta pelo
dr. Ashmead seria Hexamerocera brasiliensis. Nas
minhas publicações ulteriores servime pois desse
nome, como tambem o fizeram varios outros au-
ctores que se occuparam dos parasitas das Trypa-
neidas, suppondo que a respectiva diagnose seria
publicada mais cedo ou mais tarde pelo auctor.
Entretanto hoje o operoso hymenopterologista norte-
americano já é fallecido e o nome por elle es-
colhido já foi empregado paia designar outra es-
pecie do mesmo genero, descripta pelo P.º J. J.
Kiefer (Eucoela brasiliensis n. sp. do Pará, «Descer.
de nouv. Cynipides gallicoles», Bull. de la Soc.
d'hist. nat. de Metz. Vol. 26, 1909, pag. 74).
Segundo este ultimo auctor Hexamerocera
Kieff. é apenas um subgenero de Eucoeta Westw.
Desta forma, como até agora só haviamos em-
pregado um «nomen nudum», hoje preoccupado,
a nossa especie em questão deve receber outra de-
nominação. Limitamc-nos a modifical a em
Eucoela (Hexamerocera) eobrasiliensis 7. sp.
Hexamerocera brasiliensis Ashm. in lit. (nec
Kieffer, 1909).
Idem, 1905, R. von Ihering, As Moscas das
fructas, Folheto da Secretaria da Agricult. do Est.
de S. Paulo, pag. 12 sine descript..
Idem, 1910, Silvestri, Bol. Lab. Zool. Portici,
Bol. IV, pag. 243, n. nudum.
Idem, 1912, Rodolpho von Ihering, op. sup.
cie ed pepe at. fie. I.
idem JBI2 A. L. . Quaintance U. S. Dep.
Agric. Bureau of Entomol. Circular n. 160, pg. 16.
Q Length 1,75 mm. Polished brownish pi-
ceous, antennae reddish brown, except the scape
which is light brownish yellow like the mandibles;
legs yellowish.
Antennae 13- jointed, not extending beyond
the middle of abdomen; the first joint of funicle
the longest; 5 club-joints, alls strongly fluted, the
first oblong, the second more ovated, the following
moniliform ; these club chaped joints provided with
stronger and more close-set hairs as the other ones.
Scutellum closely punctured ;
the cup of scutellum ovate, an-
teriorly «pediculated», smooth
and polished, with a single
round fovea on posterior part.
Wings hyaline, ciliated, the
veins yellowish brown. Abdo-
men witb a distinct but nar-
row griseous pubescent girdle
at base.
d Length 1,50 mm. An-
tennae 15-jointed, extending
nearly to the tip of wings;
Eucoela (Hexam.) eobrasiliensis; all joints except the first,
com aza e antennas do macho e fluted: otherwise as in the
da femea, ?
female.
São Paulo, from maggots of fruitílies (Try panei-
dae : Ceratitis capitata or Anastrepha fraterculus?).
Oviposition observed at 20-J1-905; four specimens
eclosed at 17 & 19-III. Four days after an Anastre-
pha fraterculus from the same peach. Silvestri, loc.
sup. cit. supposed them to be parasits of Drosophila,
as he knows an other Cynipid (Gnasis mustis Rond.)
as parasit of these little decayed-fruit flies.
O genero Parachartergus R. v. Ih.
(Vespas sociaes)
POR
RODOLPHO VON IHERING
Quando em 1904 (Rev. Mus. Paul. VI pag. 118)
estabeleci o genero «Parachartergus», tomando por
typo a especie que então tambem me parecia nova
(P. bentobuenoi— P. fulgidipennis Sauss.) assim pro-
cedi a exemplo de K. Moebius que egualmente havia
separado genericamente a vespinha Lerpomeles la-
mellaria, baseado em caracter identico; em ambos
os casos os palpos labiaes constam apenas de 3 ar-
ticulos, quando, sem outras excepções nesta familia
de hymenopteros, a regra é serem esses palpos
quadriarticulados. Alem desse caracter morpholo-
gico accresce ainda outro, oecologico, da forma dos
ninhos: tanto cs de Leipomeles lamellaria como
os de Parachartergus fulg:d'pennis são laterini-
deos, inteiramente diversos dos que até então se
conhecia.
Em trabalho posterior o sr. A. Ducke mostrou
que tambem varias outras especies que eram con-
sideradas como pertencentes ao genero Chartergus
possuem o mesmo caracter de palpos triarticulados,
a saber: Ch. frontalis, colobopetrus, sin thi, wa-
gnerr e apcals.
Mais tarde o mesmo auctor, em seu trabalho
«Revision de Guêpes soc. polygames d'Amerique,
1910, Ann. Mus. Nat. Hungar. VIII, pag. 527»
ampliou muito a diagnose do genero Paracharter-
gus, de forma a comprehender não só as especies
com o caracter supra citado, como tambem especies
com palpos labiaes quadriarticulados, como Chart.
compressus e pusillus, Pseudopolybia vesp ceps e
Parachart. dfficilis Ducke. Assim procedeu te-
mendo não se poder distinguir snfficientemente, só
por meio do caracter mencionado, as diversas es-
pecies, que apparentam analogia geral.
Ao meu ver devemos entretanto restabelecer a
distincção, de accordo com minha diagnose original,
mórmente como tambem a nidificação, agora co-
nhecida para quasi todas as especies do grupo, con-
firma essa diversidade, que consideramos generica.
Assim as diversas especies em questão agru-
par-se hiam da seguinte forma :
PARACHARTERGUS À. v. Th. com palpos labiaes
5-articulados, segue em sua nidificacäo o typo la-
terinideo. P. fulgid pennis e frontalis fazem ni-
nhos com pouca differença eguaes ais de ZLeipo-
meles ; P. ap'calis e colobopterus, obedecem a ar-
chitectura bem diversa, sem que no emtanto seja
difficil reconhecer o mesmo principio commun, isto
é laterinideo; P. smithr & especie tão chegada ao
P. colobopterus, que o proprio sr. Ducke acredita
que o respectivo ninho, atê agora desconhecido, não
poderá apresentar grande diversidade; finalmente de
P. wagner: nada se sabe da nidificação.
PsEUDOPOLYBIA Sauss. A especie typica P.ves-
piceps, descripta por Saussure (Melanges Hymen.,
II, 1865, pg. 67, fig. 27) fora estabelecida origi-
nalmente como «Polybra, Division Pseudopolybia»;
os palpo labiaes são 4-articulados; o ninho é do
tvpo rectinideo. Além de P. vespiceps estão nas
mesmas condições: P. drfficilis Ducke e P. com-
pressus Sauss. e ainda P. pusillus Ducke ; só desta
ultima ainda não se conhece o ninho.
Comquanto sempre tivesse a preoccupação de não
augmentar o numero dos generos aliás já bastante
elevado na subfam. Vespinae, neste caso não po-
demos deixar de separar estes dous grupos, diffe-
renciados ao mesmo tempo pela morphologia e pela
oecologia.
— 228 —
Em seu «Catalogo das Vespas sociaes do
Brazil» (Vol. V dos Catalogos da Fauna Brazileira
editados pelo Museu Paulista) ora no prelo, o sr. A.
Ducke adoptou essa nossa divisão generica; mas já
anteriormente, comquarto mantivesse reunidas todas
as especies de que aqui se trata, sob a denominação
generica Parachartergus, o nosso distincto collega
estabeleceu a differenciação destes dous grupos, sob
ponto de vista da nidificação. Assim em sua arvore
phylogenetica das vespas sociaes, no trabalho ja
mencionado (Revision des Guepes soc. polygames)
à pagina 404, viu-se obrigado a distinguir as es-
pecies de nidificação rectinidea «Parachartergus I»
(equivalente a Pseudopolybia Sauss.) das outras,
laterinideas, «Parachartergus Il» (R.v. Ih.,s. str.)
Na mesma arvore phylogenetica o sr. Ducke
tambem já previa a necessidade de separar as es-
pecies de «Stelopolybia J», de ninho gymnodomo,
das outras «Stelopolybia Il» de ninho calyptodomo
rectinideo. Agora em seu Catalogo acima mencio-
nado, o sr. Ducke estabeleceu o nome generico
novo Gymnopolybia para o primeiro destes Gous
grupos.
Ementes ao Gatalogo das Ghrysididas do Baal O
POR
ADOLPHO DUCKE
(Entomologo do Museu Goeldi — Para)
Tendo sómerte agora a continuação (paginas
172-178) da obra n. 12 da literatura enumerada no
Catalogo das Chrysididas, (R. du Buysson, Vespides
et Chrysidides em Embrik Strand, Zoolog. Jahrbii-
cher) verifiquei tornarem-se necessarias as seguintes
modificações no systema das especies do genero
Holopyga.
14. Holopyga kohli Buysson 1901.
Holopyga kohli Baysson, 1910.
Holopyga pallidolimbata Ducke 1913.
Holopyga piliventris (exemplaria maioria) Du-
cke 1910.
Holopyga kohli var. piliventris Buysson 1910.
Distr. : Amazonia inferior (19), Ceará (Serra
de Baturitê «Brazil» (1).
14,a. Holopyga wagnereila Buysson 1904
Holopyga wagnerella Buysson 1910.
Holopyga piliventris Ducke 1907.
— Holopyga pilivantris (exemplaria minoria) Du-
‘ke 1910.
(*) As presentes notas destinadas a serem impressas em
appendice no proprio «Catalogo das Chrysididas», publicado
‘como Vol. IV dos Catalogos da Fauna Brazileira editados
pelo Museu Paulista, chegaram-nos à mão quando o fasci-
«culo já estava sendo distribuido. — Eprr.
— 230 —
H. kohli piliventris Ducke, Cat. Chrysidid. 1913
pg. 14.
Distrb.: Estado do Maranhão (Codó, Caxias,)
E. do Ceara (Caridade), E. de Minas Geraes (12),
Rep. Argentina, Mendoza (12).
Mus. Paul. : E. do Maranhão, Codo.
14, b. Hlolopyga obsoleta (Say)
Hedychrum obsoleluin Say 1836.
Hedychrun. z immerimanni Dahlbom 1845.
Holopyga obsoleta Mocsäry 1889.
Holopyga obsoleto Buyssin 1910.
Distv.6.: E. U. da America: Illinois, Pennsyl-
vania (26), «Brazil» (12).
16. HHEolopywga maculata (Fabricius)
Chrys's maculata Fabricius 1798.
Hedychrum inaculatum Lepeletier 1806.
Holopyga maculata Mocsáry 1889.
Holopyga maculata Buysson 1910.
Holopyga dohrni Dahlbom 1854.
Holopyga ventralis Mocsäry, 1889, ex-parte
(não Hedychrum ventrale Say).
Holopyga boutheryi Brèthes 1902.
Holopyga anaculata var. boutheryi Buysson
1910.
Holopyga dohrn; Ducke, Cat. Chrysidid. 1918,
g. 14
À Dstrb.: E. U. da America: Baltimore (9),
Haiti (5), Mexico, (12), Guyana Franceza (12)
Amazonia inferior (!9), Maranhão (22) Ceará (22),
Rep. Argentina: San Juan (2), e Mendoza (1,9).
Mus. Poul: : Bridor Pará Paro:
s
Os Bugios do genero Alouatta
POR
HERMANN VON IHERING
(Com duas estampas ns. IV e V)
As poucas especies de «bugios» (simios do
genero Alcuatia (*) que habitam a America do Sul e
Central ainda não foram até agora bem estudadas,
e isto, em boa parte, devido às multiplas difficul-
dades materiaes com que sempre tiveram de luctar
os naturalistas. Mencionaremos apenas o dimor-
phismo sexual, as diversidades do aspecto das pelles
determinadas principalmente pelas variantes do co-
lorido conforme o sexo e a edade do exemplar exa-
minado e ainda o numero em geral reduzido de es-
pecimens completos de que se dispõe para tal fim.
Devido a estas e a outras circumstancias analogas,
ainda nestes ultimos annos tem sido descriptas pre-
tendidas especies novas, augmentando assim a con-
fusãc. Em vista disto resolvi dar publicidade, desde
ja, às minhas observações a respeito, adiantando deste
modo um capitulo da Monographia dos Mammife-
ros do Brazil meridional.
A especie que, hoje em dia, se qpresenita co-
mo a mais intrincada e o bugio Alouatta belzebul
L., aliás ha tanto tempo conhecido.
Possuindo o Museu Paulista uma boa serie de
pelles e craneos desta especie, colligidos no Mara-
(*) O Thomas escreve «Alouatta», Trouessart conserva
a forma «Alouata»; não disponho da necessaria literatura
para examinar a questão.
nhão, tive opportunidade de sujeitar a um exame
critico a exposição recentemente publicada pelo Sr.
G. Dollman (*) sobre este mesmo assumpto.
Os especimens maranhenses da nossa collecçäo
provêm de Miritiba, onde o sr. Æ. Schwanda tein
reunido bons materiaes para o nosso Museu. Se-
cuindo as minhas indicações, este colleccionador foi
aperfeiçoando os seus methodos de preparação, de
modo a nos fornecer boas pelles ; mas, como não raro
acontece aos principiantes, houve confusão das pelles
com a respectivos craneos. Foi preciso tomar em
consideração os varios caracteres de sexo e edade
bem como outros siguaes, taes como os da bala ou
chumbo, para poder rectificar os enganos; mas ainda
assim por este motivo dous exemplares tiveram de
ser excluidos das considerações comparativas.
O sr. Ferdnand Schwanda prestou durante
muitos annos relevantes serviços ao Museu Paulista
e por isto registramos aqui, com pezar, o seu fal-
lecimento, occorrido em Miritiba (Maranhão) no dia
10 de Junho de 1913.
Como mais adeante todas as medidas do corpo
e do craneo se acham reunidas em forma de tabella,
é dispensavel repetil-as ao descrever cada uia dos
exemplares; limito-me pois à descripção do colorido
das pelles.
Vejamos primeiro os exemplares do sexo mas-
culino.
O especimen mais novo da serie parece ser o
de n. 2750; os orgãos genitaes são os do macho,
ainda que o craneo que o acompanhava não com-
binasse.
Os pellos do dorso são bruno-escuros no meio,
nos lados mais pallidos, bruno-pardos com pontas
amarello-claras, e de brilho sedoso ou dourado. No
alto do dorso ha um rodopio de pellos bruno-ama-
rellados divergentes entre os hombros bruno-pretos.
A nuca e o vertice da cabeça são bruno-escuros
(E) D. G. Dollman, a & Mag. of Nat. History
eer. 8, vol. VI, 1910, pe. 422 — 494:
— 233 —
com pontas amarelladas ; na testa encontra-se outro
rodopio de pellos divergentes. A barba curta é
preta como tambem o braço; o ante-braço vae to-
mando colorido bruno mais claro, a mão é bruno-
avermelhada, os dedos tem pellos amarello-claros.
Sobre o meio das costellas passa uma larga faixa
denegrida. A metade basal da cauda é de côr bruno-
avermelhada, pallida, com salpicos amarellados; a
metade apical é bruno-clara.
N. 2749 é um individuo adulto mas que ainda
não tem o colorido definitivo. Os cabellos da mar-
gem anterior da testa são erectos mas só em uma zona
estreita. A côr predominante das costas é bruno-
avermelhada, os pellos pela maior parte são ligeira-
mente encrespados e providos de pontas amarellas.
A barba e as extremidades são bruno-escuras, os
pèse as mãos tem pellos bruno-vermelhos, pallidos.
O queixo e a barba são bruno-pretos, a cauda é
bruno-vermelho-clara tornando-se mais avermelhada
para a ponta.
N. 274% assemelha-se muito ao individuo pre-
cedente, mas o seu colorido é bem mais escuro.
Cabeça e nuca são pretas com pontas de pellos bruno-
vermelhas. Os cabellos longos dos flancos são bruno-
vermelhos, claros, a cauda é preta com ponta bruno-
vermelha, denegrida.
N. 2484 é “de colorido bruno- “pallido nas costas,
mais escuro no meio. Os pellos longos dos flancos
são em parte vermelho-amarellados, pallidos, em
parte tem pontas douradas. As extremidades são
bruno-escuras ou mesmo quasi pretas. A cauda é
preta com pellos bruno-vermelhos entermeiados,
pellos estes que se tornam mais claros para a ponta.
Os pellos da margem da testa são erectos, formando
franjas. A pelle abaixo e atraz da orelha é bruno-
amarellada, pallida. Pés e mãos tem pellos bruno-
vermelho-pallidos, mais amarellados junto aos dedos.
Esta pelle corresponde, portanto, bem ao que
foi descripto com o nome de A. d'scolor.
N. 2879 é um grande especimen, typico de A.
belzebul com pellos pretos brilhantes no lado dorsal,
— 234 —
que gradativamente tomam a côr ruivo-escura ao
passar para os flancos. À cauda é preta quasi uni-
forme, só na metade apical entremeiada com poucas
cabellos curtos, bruno-avermelhados. Dessa mesma
cor são os cotovellos, e os pellos das orelhas, dos
pês e das mãos. Na margem da testa uma larga
faixa de cabellos erectos, terminando lateralmente
junto ao bordo externo das orbitas.
Em comparação com o exemplar anterior, este
aqui descripto mostra ser de individuo mais velho,
com o tupete (nimbus), bem desenvolvido. As cris-
tas temporaes approximam-se no seu prolongamento
sobre o frontal, distando entre si apenas 19 mm. ;
no exemplar n. 2747 esse intervallo é até de 11 mm.
apenas. quando na maior parte dos craneos de exem-
plares machos adultos essas cristas distam de 22 a
29 mm. umas das outras.
N. 2747 é typicamente a forma belzebul, fa-
zendo-se abstracção do colorido mais claro dos flan-
cos; a dentição está quasi tão gasta como a do
exemplar 2879, mas q tupete ainda é baixo, pouco
desenvolvido.
Entre os exemplares de sexo feminino a nossa
serie contem especimens bem mais novos que entre
os machos.
“A pelle n. 2907, do mais novo dos individuos
presentes é de côr bruno amarellada, com alguns
tons bruno-vermelhos, principalmente atraz dos hom-
bros; no meio das costas ê um tanto mais escuro.
As extremidades são brunas, os pês e as mãos de
côr bruno vermelha, clara, a cauda bruna, entre
meiada de pardo-amarellado, com a metade apical
bruno-vermelha clara. O tupete já se acha regu-
larmente desenvolvido com pellos bruno-amarellados
e adiante, no meio pretos. No respectivo craneo
ainda faltam os dous molares posteriores.
N. 2881 é a pelle de um exemplar pouco mais
velho que o precedente; a côr é bruno-amarellada,
mais escura na cabeça, extremidades e a cauda, bem
como no meio da costa. As mãos e os pés são
vermelho-amarellados, na base um tanto averme-
lhados ; a ponta da cauda é mais clara, pardo-ama-
rellada. Os cabellos da testa formam tupete.
Mais ou menos semelhantes são os especimens
de n. 2485 e 2486, bem como 2751 e 2753.
N. 2754 tem côr ruiva predominante, os ca-
bellos, especialmente dos flancos são um pouco cres-
pos, longos com ponta dourada. O tupete é largo e
quasi de egual comprimento, um pouco inclinado para
traz. A metade apical da cauda é ruiva uniforme.
O n. 2748 tem o tupete reduzido a um trian-
gulo estreito entre os olhos; os respectivos pellos que
se encontram formam uma crista. A côr geral da pelle
é pardo amarellado-clara. nos flancos com tons bru-
no-avermelhados, com pontas amarellas, côr de ouro.
N. 2752 tem tupete reduzido a uma orla es-
treita; a côr geral é bruno-avermelhada, apagada,
misturada com pardo; a barba, os hombros, a base
das extremidades e a cauda são bruno-pretas; pelo
meio da cauda passa uma faixa bruno-avermelhada.
O couro n. 2880 é quasi inteiramente preto, ou
preto-bruno, restando-lhe apenas os tons averme-
lhados do vertice e parte do dorso.
A metade apical da cauda, os pés e as mãos
tem pellos bruno-avermelbados. O tupete é estreito,
reduzido à região entre os olhos.
Com relação aos craneos, observa-se que as
cristas temporaes dos machos são bem desenvolvi-
das, mas bastante diversas quanto à respectiva ap-
proximação. Ha tambem craneos femininos com
cristas temporaes bem desenvolvidas, mas estas fi-
cam bem distantes entre si.
Os craneos são em sua forma geral, um tanto
achatados, os ossos nasaes são longos e só bem pouco
concavos na raiz. A margem orbital superior é
delgada em geral só com 2mm., de espessura.
Bastante caracteristico tambem é o angulo da cur-
vatura dos ossos palatinos, levantados atraz. Os ca-
ninos fracos e as menores dimensões do craneo fe-
minino são os principaes distinctivos confrontados
com os primeiros machos; tambem os ossos na-
saes do craneo feminino são mais curtos e concavos.
— 236 —
Tabella das dimensões do corpo e do craneo de A. belzebul
: Dimensões do corpo Dimensões do craneo |
adido E Es |sels 22, |
E |BEI|S Es | 83 | SL | RE | 285
2900, 380 450) 11} 92,5) 71 iol 51
2881| 420) 515 12 S| O(2 50 10 ATO tg
2485) 500 990, 12] . 03 80, 12) 52,5 ol
2751] 460 920, LH 202) t8L, 511 dd 46 301
2486, 450) 565, 11,5] 105 84 10) 5L5 31)
2753} 460) 540 11,5) 104 80! 1} 46,5 51
2754) 490} 575 13] 108 85). 13) 51,5/(32) 33
2880 450} 490 12,3) 109) Soltt3l 51] 305)
|
9748| 460| 500! 110] — | 101125] 50 3
2749) 540) 530] 12,6] 123,8] 104158) 52 35
2847| 530} 590] 14,0] 125] 104165] 54 37
2484 570) 600] 140] 127,5) 105) 15) 54 35
2879! 590 590] 13,5] 126,5] 105,5] 15,5] 54] 36,8)
Comparando as medidas dos craneos da tabella
supra com os caracteres dos couros, verifica-se que
estes animaes que alias cohabitam a mesma região,
pertencem todos a uma só especie. Nem os cra-
neos fornecem dados que pudessem auctorizar uma
separação especifica, nem tão pouco a côr do pello,
visto como as variantes observadas devem ser at-
tribuidas em boa parte à edade dos respectivos in-
dividuos. A phase inicial do colorido é um tom
pardo-amarellada com a parte mediana do dorso:
mais escura. Depois em alguns casos o pello tor-
na-se mais ruivo (ns. 2749, 2748, 2754), com as
pontas dos cabellos reluzindo a seda ou ouro, o que
é bem característico. Taes exemplares correspon-
dem ao Stentor stramineus Geoff. ou Simia stra-
minea Humb. Em geral o tom pardo-amarello con-
serva-se por mais tempo, aecrescendo certos tons
bruno-avermelhado, principalmente nos flancos e esta
é a forma que Spix denominou Alowatta discolor.
Finalmente os especimens como o nosso n.
2750 parecem-se com A. palliata Gray, emquanto
os de n. 2747 e 1879, 2870 e 2752 representam
a forma adulta de A. belzebul. Observa-se entre-
tanto, que esta ultima phase do colorido em alguns
individuos é alcançada mais cedo, em outros só vem
mais tarde, e assim explica-se porque tambem se
encontra individuos velhos ainda com o pello de
forma de A. discolsr. Da mesma forma como o
colorido, tambem o desenvolvimento do tupete não
corresponde sempre à edade do respectivo especimen.
Por todos estes motivos cheguei à conclusão de
que o colorido caracteristico do A. belzebul só o
tem os individuos relativamente velhos e que A.
straminea Geoff. e discolor Spix. representam a
roupagem dos especimens mais novos e semi-adultos
e assim consideramos refutadas a asserção de Doll-
man quando attribue a A. dscolor os carecteris-
ticos de especie bem differenciada.
Estes resultados do meu estudo no laboratorio
concorda perfeitamente com o que observou o nosso
colleccionador em suas caçadas. O sr. F. Schwan-
da me escreve a este respeito :
«Quanto ao colorido dos bugios, ao meu vêr a
affirmação do sr. G. Dollinan não corresponde a
realidade, visto como nos bandos constituídos por
7 ou, no maxime, 9 individuos, ha especimens de
qualquer das variantes : pretos, ruivos e bruno-par-
dos. Creio que a côr do pello independe de qual-
quer outro factor e nem mesmo tem relação com a
edade, porque tambem se encontram filhotes que
não combinam com as suas mães no colorido.
Os bugios em geral vivem na matta virgem
Junto aos rios, mas sempre de forma que haja perto
a terra firme.
Onde não ha agua, elles tambem não param.
De madrugada, ao amanhecer elles roncam, em
geral todos reunidos sobre uma das arvores mais
altas; depois vão procurar o alimento e pelo meio
— 238 —
dia recolhem para lugares sombrios, nas arvores e
entre as trepadeiras, descançando assim durante as
horas mais quentes. Pelas 3 horas da tarde vão no-
vamente em busca do que comer, para depois se
reunirem todos sobre uma arvcre frondosa, onde
tem lugar o concerto da tarde. No tempo das
chuvas os bugios tambem roncam muitas vezes du-
rante o dia, indo acquecer no sol, principalmente
quacdo estão molhados.»
Antes de passar ao estudo detalhado de cada uma
das especies sul-americanas de Alouatla e de sua
distribuição geographica, precisamos ainda tomar
em consideração varios caracteres osteologicos mais
importantes.
Convenci-me de que as nossas especies podem
ser agrupadas de accordo com a estructura da mar-
gem superior da orbita. O primeiro destes grupos
tem uma margem orbital fina, tenne, com apenas
1,9 a 2,5 mm. de espessura, sem rebordo. São estes :
A. belzebul, seniculus e straminea. Margens or-
bitaes grossas, de 3 a 6 mm. de espessura tem 4,
fusca > caraya. Estas duas especies divergem, en-
tretanto, na conformação deste detalhe de estructura:
a margem orbital de A. caraya termina na gla-
bella, emquanto que em A. /usca ella se prolonga
em forma de bordo entumecido por sobre a glabella,
em direcção à do lado opposto. Átraz deste rebordo
tranversal da glabella a testa é concava, emquanto
que ella é quasi uniformemente plana em A. caraya.
Alem disto estas duas especies que habitam a região
ao sul da Amazonia ainda tem de commum a confor-
mação da metade posterior do osso palatino, que é
quasi horizontai, emquanto que nas especies ama-
zonicas, especialmente nos machos adultos este osso
soffre atraz uma curvatura para cima.
A crista nasal da À. caraya & quasi rectilinea ;
em A. fusca eila é concava, em forma de sella.
Entre as especies da margem septentrional do Ama-
zonas tambem A. siraminea tem o osso nasal curto
e concavo, emquanto que as cutras especies o tem
apenas muito pouco curvo, quasi direito.
Hensel deu certo valor à forma do maxillar
inferior, isto é à grande proeminencia do mesmo
em A. fusca em comparação com A. seniculus ;
entretanto na nossa serie ha craneos em que esta
differença não existe e tainbem a largura dos in-
cisivos tão pouco como o comprimento da serie dos
molares não tem valor differencial.
Em geral os caracteres especificos bem pronun-
ciados observam-se melhor nos machos velhos e
durante os meus estudos apreciei, em especial, o
valor dos seguintes caracteres: a conformação da
margem orbital superior e dos ossos palatinos e
nasaes. Alem disto verifiquei que ainda um outro osso,
que até agora não hava sido estudado, deve ser
tomado em consideração: é o osso hyo de. A por-
ção principal deste osso que designamos como sendo o
corpo, é entumecida na sua parte anterior-superior,
por onde se estende a cavidade geral. A margem
inferior d-sse corpo, de onde, de cada lado partem
os longos e bem desenvolvidos cornos posteriores,
é que menos tranformações soffreu.
Ainda que em todas as especies de Alouatia
esse osso hyoide tenha passado pelas modificações
necessarias para a sua funcção de capsula resonante,
comtudo a respectiva forma é caracteristica para
cada especie, de modo que só por elle é possivel
fazer a classificação dos especimens. No proprio
corpo do osso, na sua porção entumescida, encon-
tram-se diversidades, como sejam o estreitamento
posterior, que falta apenas em A. belzebul, especie
esta que aliás entre todas tem o osso hyoide mais
entumescido. À porção mais caracteristica é em
especial a margem posterior e a lamella que, partin-
do dahi vae ter em cima à abertura larga do corpo,
lamella esta que denominaremos «tentorio». Em A.
sen culus este tentorio é pronunciadamente arqueado-
convexo com margem anterior ou superior recta.
Em A. belzebu! elle é concavo, en A. fusca
chato ou ligeiramette concavo, de modo que a
margem livre superior é quasi sempre convexa.
Em A. caraya o tentorio falta de todo ou, havendo
vestigios, é chato, baixo, com margem superior recta.
A margem posterior do tentorio entre os dous cor-
nos trazeiros é chanfrada em A. caraya, estreita
em A. belzebul, um tanto larga em A. fusca e muito
larga e arqueada em A. seniculus.
Fig. A
Larynge e osso hyoide de Alouatta fusca, vendo-se emcima o osso
com a sua abertura dirigida para d'ante ; dos processos posteriores parte O
«ligamento», pelo qual se une à larynge.
Caracteristica tambem é a altura do tentorio
considerada na proporção da abertura de resonancia,
como se o verifica pela tabella seguinte. Expri-
mem essa relação em percentagem da altura da
abertura de resonancia os seguintes algarismos da
altura do tentorio: A. caraya 0-11; A. belze-
bul 35, A. fusca 48-66; A. seniculus 71, sempre do
sexo masculino.
E” evidente que assim A. senzculus com ten-
torio extraordinariamente longo e muito arqueado
bem como A. caraya com tentorio muito reduzido
ou de todo ausente se distinguem sem difficuldade
das demais especies.
Si tomarmos em consideração tambem os exem-
plares femininos e juvenis vemos que os tentorios
nestes casos são sempre muito baixos ou faltam in-
teiramente, o que explica a forma deste orgão em
A. caraya. Nas femeas adultas de A. belzebul o
tentorio tem apenas metade da altura que se obser-
va no macho, e na femea de 4. fusca elle é pro-
porsionalmente ainda mais baixo; na femea de À.
caraya o tentorio falta inteiramente. Em um ma-
cho novo de A. fusca n. 40%, ao qual ainda fal-
tam os dous molares posteriores, tambem o ten-
torio ainda não existe.
Para melhor comprehensão do que fica exposto
com relação a estas particularidades do osso hyoi-
deo, reproduzo desenhos desses orgãos de todas as
espacies brazileiras; quanto aos detalhes relativos
às dimensões, reunimol-os na seguinte
Tahella das medidas do osso hyotdeo
ESPECIE | Ee EE = É Si E
Zé | E2 | = JEES| EESER
Werbelvebul) game gh. Elid a 39,0 3D
AL phelzebul’ Qui vse.) > BAhox2B8hdo eee 20 30
A. fusca 2204 gy. .| 58) 32/14,5] 30 48
AtGfusca.. 22080 Setesiie 62/88) 21811227; 0066
Motes Glad: sey 4411028400 Gre 22 27
A. seniculus q . .| 66|39,5| 18,5) 26 71
A. caraya g . . .158,5| 33,5) 4,5) 40,5 11
Aicaray antqdesar WN 54) «52 One 0
Aa VD, er) «Bb 0
— 242 —
Das especies Alouatta vllosa e palliata infe-
lizmente não disponho de material. Será facil ve-
rificar pelo respectivo exame si os ossos hyoideos das
especies central-americanas pertencem ao grupo de
sen.culus ou de caraya. Entre os numerosos ossos
hyoideos de A. caraya do Museu Paulista ha um
exemplar com uma estreita lamella transversal en-
tre os cornos posteriores e ainda um outro especi-
men com lamella identica, atraz da qual se encaixa
uma exigua cavidade em forma de sacco.
A margem posterior é arredondada em A. se-
nevlus e belzebul, rhomba ou um tanto chanfrada
em A. fusca e nitidamente chanfrada em A. caraya.
Uma outra questão que ainda deve ser men-
cionada é a feição dos cabellos frontaes, dispostos
em rodopio mais ou menos triangular e que des:-
gnamos como o «tupete»; já o mencionei ao des=
crever A. belzebul e observo que tambem nos exem-
plares de machos velhos de A. seniculus e stra-
minea da nossa serie os tupetes estão bem desen-
volvidos.
A’ maior parte dos exemplares de A. caraya
que tenho presentes elle falta, mas Sclater o figura
em seu trabalho nos Proc. Zool. Soc. London, 1872,
p. 6 e tambem Burmeister menciona-o na Descri-
ption phys. I], 1879, p 48. Mais adiante à pa-
gina Ol Burmeister acha que o tupete falta à es-
pecie 4. fusca, o que entretanto devo desdizer à
vista dos nossos exemplares. Evidentemente Bur-
me ster não conheceu exemplares machos bastante
velhos e assim tambem & de suppor que, ao ser
examinada uma boa serie de machos velhos de 4.
v.llosa, se verifique ser erronea a opinião de Sclater,
quando diz faltar o tupete a esta especie. E” pre-
ciso tomar em consideração que é muito bem pos-
sivel que taes caracteres proprios aos individuos mais
velhos, em alguns delles nunca cheguem a se de-
senvolver.
Esse conjuncto de caracteres que até aqui vi-
mos estudando, uma vez examinado com relação a
— 243 —
todas as especies do genero, permittirá o agrupa-
mento natural das mesmas.
Tomandc em consideração só as especies bra-
zileiras podemos, nesta base, estabelecer dous gru-
pos, dos quaes um abrange as especies do Brazil
medio e meridional, emquanto que ao outro perten-
cem as especies amazonicas. O primeiro delles tem
uma margem orbital larga, emquanto que na se-
gunda ella é fina. Caso isto levasse au estabeleci-
mento de dous subgeneros, Alouatla s. str. com-
prehenderia as especies amazonicas que são as que
ha mais tempo foram descriptas, inclusive os typos
dos varios nomes genericos propostos.
Por outro lado A. caraya contrasta com todas
as demais especies, principalmente com relação à
forma do osso hyoideo. Nestas circumstancias e
emquanto não disponho de informações precisas
sobre as especies central-americanas, prefiro deixar
apenas apontadas estas questões, para resolução ul-
terior.
A grande dificuldade nesta discussão é que nos
faltam em absoluto quaesquer dados para a apre-
ciação do desenvolvimento phylogenetico do orgão
de resonancia em que se transformou o osso hyoideo.
Varios outros macacos, como por exemplo os Ateles
possuem dilatações analogas da garganta ou da la-
ringe mas não ha ahi nenhuma interferencia do osso
hyoideo. Não podemos esperar que obtenhamos
esclarecimentos da parte de achadcs paleontologicos
e assim apenas nos resta a comparação morpho-
logica como base para a discussão. Evidentemente
os saccos de resonancia a principio da frente se
justapuzeram ao corpo do osso hyoideo, vindo a
ficar collocados, depois, em uma simples depressão
do mesmo, o que successivamente conduziu a uma
concavidade e finalmente redundou nessa entume-
scencia do corpo do osso hycideo.
A ultima phase desta transformação parece ter
consistido no desenvolvimento da parte posterior da
cavidade e assim ainda hoje esta porção do orgão
é pequena ou falta de todo em A. caraya.
O grande crescimento deste recesso posterior,
a conformação arredondada e entumescida da mar-
gem posterior e o desenvolvimento da lamella as-
cendente são as ultimas phases deste processo evo-
lutivo. Está de accordo com esta interpretação o
que vimos nos especimens femininos, em que este
orgão não sO é menor, como tambem a lamella
ascendente, isto é o tentorio, ê muito mais curta e
o recesso posterior menos volumoso. F7 que a fe-
mea se assemelha mais neste respeito à forma ju-
venil commum aos dous sexos, ou por outra, as fe-
meas mantem durante toda a vida os caracteres
juvenis, emquanto que nos machos quanto mais
velhos, tanto mais pronunciadamente nelles se evi-
denciam as particularidades caracteristicas da especie.
Do que fica exposto resulta que, sub ponto de
vista phylogenetico ha a distinguir no desenvolvi-
mento do genero — Alouatta duas phases, distinctas
com relação à transformação peculiar do osso hy-
oideo ; por emquanto nos é conhecida só uma
dellas, a da formação do tentorio com o recesso
posterior que elle inclue.
Este ultimo processo já é a phase final e on-
togeneticamente elle se repete, visto como o tentorio
ainda falta nos machos novos; é muito provavel
que nas femeas novas se dê o mesmo, mas infe-
lizmente não pude examinar taes especimens. As
femeas conservam-se durante toda a vida nesta phase
de macho novo e em uma das especies, 4. caraya
geralmente nem nos machos velhos o tentorio não
se desenvolve. Neste sentido A. caraya apresenta
a modalidade mais primitiva desta evolução e, pa-
rece-me que tambem quanto aos demais caracteres,
em especial aos do colorido, podemos suppor o mes-
mo. Deste modo deveremos considerar aquellas es-
pecies, cujos machos velhos tomam um vivo colo-
lorido vermelho, como as que soffreram as modi-
ficações mais profundas.
O colorido primitivo do genero Alouatta seria
portanto semelhante ao que actualmente ainda obser-
vamos em A. caraya, isto é pardo ou pardo-ama-
rellado nos individuos novos e nas femeas velhas
e bruno-escuro até quasi preto nos machos velhos.
Um exame meticuloso das bolsas resonantes e
dos outros caracteres que vierem ao caso nos ge-
neros Zriodes, Cebus e outros affins tomando em con-
sideração tambem as formas juvenis, dará certa-
mente os melhores resuitados, no sentido de se poder
concatenar as modalidades, que se observarem nesses
generos aparentados, com as que ficam descriptas para
Alouatia, cujo osso hyoideo transformado, portanto,
ainda se nos afigura como um caso isolado.
Para facilitar a classificação das especies da
mossa fauna, elaboramos a seguinte
Chave de classificacao das especies brazileiras do genero Alouatta
segundo caracteres osteologicos
A Margem orbital superior
grossa, com 3 a 6 mm.
de espessura; face dos
palatinos horizontal,
margem inferior do osso
hyoideo chanfrada ; ten-
torio curto ou ausente:
a Margem orbital supe-
rior entumescida, ex-
tendendo-se até a gla
bella; ossos nasaes cur-
tos, concavos: tentorio
não muito longo, em
geral plano ou concavo. A. fusca
aa Margem orbital superior
pouco entuinescida, ter-
minando aquem da gla-
bella; ossos nasaes alon-
gados, quasi planos;
tentorio ausente ou mui-
tO pequenos === À. “caraya
AA
CC
bb
— 246 —
Margem orbital supe-
rior fina, com 2-3 mm.
de espessura ; margem
inferior do osso hyoide
arredondada ou alarga-
da; tentorio bem des-
envolvido.
Face dos palatinos cur-
vada para cima; ossos
nasaes longos, apenas
ligeiramente concavos :
Frontal acima da gla-
bella plano; compri-
mento basilar nos ma-
chos de 111 a 113 mm.;
recesso posterior do osso
hyoideo largo, tentorio
longo e convexo.
Frontal acima da gla-
bella ligeiramente con-
cavo, muitas vezes la-
teralmente com covinha
antes do inicio da crista
temporal; comprimento
basilar do macho de 101
a 106 mm. (excepcional-
mente até 111mm), Re-
cesso posterior do osso
hyoideo de tamanho re-
gular, tentorio concavo.
Face dos palatinos ape-
nas curvados para cima
quasi horizontaes. Ossos
nasaes curtos, fortemen-
te curvados, concavos.
Frontal acima da gla-
bella quasi plano ; com-
primento basilar de 90
a 100 mm. Osso hyoi-
deo desconhecido
e
A,
As
seniculus
belzebul
straminea
Parte especial das especies brazi-
leiras do genero Alouatta
Alouatta fusca Gcofr.
São synonymos desta especie Myceles urs nus
de Wied e Hensel, c tambem a figura publicada
por Humboldt representa o mesmo animal, emquanto
que a descripçäo do mesmo auctor se refere a uma
outra especie. Em consequencia deste equivoco,
isto é por ter sido a descripçäo de uma especie do
Orinoco, acompanhada da figura deste nosso bugio,
o nome especifico ursinus frequentemente tem sido
mal applicado.
Esta especie occorre 20 Brazil meridional desde
o Rio Grande do Sul ao longo da Serra do Mar,
até a Babia, e segundo Burmeister até ao rio S.
Francisco.
Desta forma temos no Estado de S. Paulo a
especie 4. fusca na região littoral, emquanto que
na região do Oeste vive A. caraya.
Em geral só os exemplares machos adultos,
mais velhos adquirem a côr ruiva-viva, emquanto
que os mais novos são mais escuros; nas femeas
predomina o colorido bruno, quasi preto.
Pelo exame do material da collecçäo do nosso
museu distingo duas formas locaes; uma meridional
que occorre entre o Rio Grande do Sul e o Rio
de Janeiro e outra septentrional, da Bahia, Espirito
Santo e regiões adjacentes de Minas Geraes. A esta
ultima forma refere-se Juhl, segundo o qual no
Museu de Paris havia destes especimens trazidos
pelo principe Wied. Tambem a descripçäo mais an-
tiga de Geoffroy refere-se a esta subspecie, como
se deprehende da indicação de que as pontas dos
pellos dorsaes são de côr amarello-dourada.
— 248 —
Os nossos exemplares do Espirito Santo e
de Theophilo. Ottoni, todos da região do rio
Doce, comquanto de
colorido variavel, tem
a particularidade ca-
racteristica em am-
bos os sexos de ter-
minarem os pellos
dorsaes em longas
ra 1 pontas amarello-pal-
lidas. Nas femeas em
geral o colorido é
mais escuro. A côr
Secções mediaria: do osso hyoide Alo- ruiva quando mais
ualta fusca fusca Geoffr. (fig. 1) e Al. fusca
gugriba Ih. (fig. 2), machos adultos. Osal- avi 2 ] =
garismos estao collocados no recesso poste- evidente, à; Malls 78s
dente aa fama membrana sseer” cura do que na varie-
dade meridional.
Ao contrario, nesta ultima, predomina nos ma-
chos o tom ruivo e bruno-vermelho e as femeas
são bem mais brunas, denegrides, quasi bruno-pre-
tas. A esta subspecie meridional damos a denomi-
nação de ALOUATTA FUSCA GUARIBA subsp. n.
Os machos velhos tem um tupete bem desen-
volvido ; varios auctores o puzeram em duvida, mas
“sem razão. EK’ muito provavel que não haja especie
alguma de Alowatta na qual os individuos mais
velhos, ou ao inenos parte delles, não adquira um
tupete.
Alouatta caraya Hunb.
Esta especie foi descripta em 1811 com o no-
me de Simia caraya por A. v. Humboldt e em
1812 como Stentor niger por E. Geoffroy ; ambos
os auctores referem-se à descripção de Azara. Troues-
sart reuniu correctamente a synonymia; accre-
scentaremos que H. Winge (E Museu Lundi, VI,
2, p. 4) empregou para a mesma o nome Mycetes
seniculus. A. caraya & especie do Brazil central,
occorrendo tambem na Bahia e nas regiões occi-
dentaes dos Estados de São Paulo e Paraná. Na Ar-
— 249 —
gentina encontra-se segundo Burmeister no Grão
Chaco e em Corrientes. Conhece-se esta especie
ainda de varias regiões do Matto Grosso, e da Bo-
livia e Paraguay. A indicação de Trouessart, de
que A. caraya tambem se encontre em Borba, no
curso inferior do rio Madeira, baseia-se em indica-
ção erronea. Entretanto é certo gue os afluentes
da margem direita do Amazonas são habitados em
seu curso inferior por outras especies de bugios que
não as do curso superior. Desta forma a expedição
de Castelnau obteve A. caraya no curso superior
do rio Araguaya e A. belzebul no curso inferior ;
Natterer que caçára o A. sen'culus no rio Madeira
obteve o A. belzebul
proximo a emboca-
dura do mesmo rio.
O. Thomas mencio-
j na A. caraya de
Inambari do sudeste
de Perú e EL. Festa
a L (Boll. Mus. Zool. To-
LORIE rino, A VII, n. 438,
sg. 3e E 8 AO
Secções medianas do osso hyoideo de 1903, P- 3) obteve
Alouatta caraya Hemb., machos adultos. Os 4 k li -
algarismos estão collocados à esquerda da exemplar Es do Ho
Fe Jamina ascendente do tentorium, que ral do Equador perto
alta no n. 4. 1/2 do tamanho natural. zs
de Vinces, estabele-
cendo para os mesmos a subspecie equatorialis.
Como se deprehende de nosso mappa, as zonas de
distribuição de 3 especies diversas de Alouatta con-
finam na região de Chapada no Matto Grosso e
circumvisinhanças, portanto das cabeceiras do rio
Paraguay e ao norte dellas. Comprehende-se, pois,
que as varias expedições que percorreram essa zona
tenham obtido ahi especies diversas de bugios. Nat-
terer colleccionou A. caraya nas cabeceiras e no
curso superior do rio Paraguay, emquanto Castelnau
menciona A. chrysura ou siraminea dessa zona.
E' muito provavel que nesse caso a proveniencia do
exemplar tenha sido mal indicada, porque o espe-
cimen, que alias é A. seniculus, não fora obtido nas
cabeceiras do Paraguay mas na zona adjacente do
systema do Amazonas. Em geral mesmo as rotula-
ções de Castelaau devem ser acceitas com certa
reserva, como o mostra o caso de uma concha do
genero Lela do systema Araguaya, que aquelle
auctor menciona como proveniente do Rio de
Janeiro.
Alouatta belzebul L.
Ja demos acima informações detalhadas sobre
esta especie; a distribuição da mesma limita-se à
zona dos afiluentes da margem direita do Amazonas,
do rio Madeira até o littoral. Cope recebeu-a de
Herbert-Snuth, de Chapada no Matto Grosso. O
que Cope affirma com relação à direcção dos ca-
bellos da testa, não é exacto, ou antes é uma ge-
neralização menos acertada de um caso isolado.
Natterer caçou esta especie em Borba no curso in-
ferior do Rio Negro. Do Pernambuco ella foi men-
cionada já em 1648 por Marcgrave e Piso, mas
de então para cá nunca mais houve confirmação a
respeito. Seria tempo que o governo de Pernam-
buco dedicasse alguma attenção à exploração scien -
tifica da flora e fauna do respectivo Estado, o que
ja agora ha mais de 250 annos não se faz. Spix
obteve esta especie no rio Tocantins, Castelnau no
rio Araguaya.
Alouatta straminea ‘pz
Foi Spa quem em 1823 primeiro descreveu
esta especie, segundo exemplares do nordeste do
Brazil, isto é do Amazonas superior e do rio Negro.
Seis annos mais tarde E. Geoffroy deu-lhe o nome
de Mycetes chyrsurus descrevendo exemplares da
Colombia; habita tambem a Venezuela, de onde
procede o nosso exemplar. O respectivo couro, cuja
cor geral é bruno-vermelha, tem no dorso e na
metade apical da cauda, os pellos terminados em
pontas amarello-douradas. Não se trata apenas de
uma variante do colorido de A. sen'culus porque
3
o craneo é sensivelmente menor. As cristas tempo-
raes ficam um pouco mais distantes umas das ou-
tras do que em A. sen'culus, ainda que, como
nessa especie, ellas se prolonguem sobre a margem
orbital externo. A margem orbital externa é fina,
só pouco engrossada e prolonga-se sobre a glabella
em direcção à do
= lado opposto. Os
rae palatinos mostram
ap2nasligeira cur-
vatura posterior.
São de notar as
pequenas dimen-
sões e a forma
concava dos ossos
nasaes. Neste sen-
tido a presente
especie approxi-
Secções medianas do osso hyoide de 4.
belzebul (fig. 5) e 4. seniculus (fig. 6). Os alga- ma-se Mais de vale
rismos estão collocados no recesso posterior, li- : a De
mitado à direita pela curta Jamella a-cendente fusca, especie es
do tentorium; figuras de machos velhos, 1/2 de ta na qual Os
tamanho natural.
ossos nasaes dos
machos velhos não medem senão 19-20mm., em-
quanto que em A. seniculus, alem de medirem 20-26
mm., são apenas ligeiramente curvos. Para o fim
de facilitar a comparação dos craneos damos a se:
guinte
Fig. 5 e 6
Tabella das medidas dos craneos de Alouatta straminea e A. seniculus
|
ESPECIE
res superiores
silar
bital
—
Ss
=
Comprimento to-
Comprimento ba-
Largura inter-or-
Largura maxima
Série dos mola-
Comprimento dos
OSSOS nasaes
Numero
A straminea & B.20 116, 100 a 50,0] 36,8] 17,8
A. seniculus “| 769! 133,5] 112) 14| 52,5] 38,5] 25,5
A. seniculus | 771) 134] 110) 15/50,4] 30) 26
A. seniculus Q| 766} — | &8 12,8) 52,5) 33) 16
A. seniculus ¢| 773) 115) 89,5) 11) 52! 36/ 19,8
— 252 —
Alouatta seniculus L.
EK” uma especie amazonica, que falta apenas nos
afluentes da margem direita do Amazonas, entre o.
rio Madeira e o littoral, sendo que ahi é substituida
por A. belzebul. Quanto às affinidades de À seni-
culus com a especie septentrional A. straminea,
veja-se o que ficou dito acima, ao me referir a esta
ultima.
Ao que parece a presente especie é mais ow
menos constante no seu colorido ; ha comtudo va-
riedades com pello dorsal ruivo claro, mas não com
metade apical da cauda amarellada. Humboldt dew
a esta especie o nome wrsina, e por engano illus-
trou sua diagnose com uma figura do bugio do
Brazil meridional; dahi, como já o dissemos, provêm
os frequentes enganos de ser dado o nome wrsinæ
à nossa 4. fusca. Em geral a synonymia estabelecida
por Trowessart & correcta, com excepção de A. seni-
culus Winge, que pertence à synonymia de A. caraya.
Um incidente engraçado deu-se ainda ultima-
mente com relação a exempiares desta especie.
D. G. Elliot (Annals and Magasin of Natural
History, 8 Sec., Vol. V, London 1910, p. 80) des-
creveu especimers do rio Juruá como representan-
tes de uma especie nova, que elle denominou A.
juara porque como explica, provinham do rio Juara
em seu curso em territorio peruano. Tão pouco se trata
de uma especie nova, nem mesmo de uma subspecie
indescripta, como não ha nenhum rio com o nome
de «Juara». Alem disto Ællot não consultou nem
mesmo mencionou a unica publicação existente com
relação aos simios da zona do Juruá e que fora
por mim publicada no Vol. VI desta revista, 1904,
pg. 408.
Finalmente o auctor em questão nem de passa-
gem se refere aos exemplares de A. seniculus que por:
este museu foram enviados ao Britsh Museum, a
cuja collecçäo entretanto se refere. Entretanto foi
especialmente com o fim de evitar desatinos como.
este aqui exemplificado que o vffereci ao mur
— 253 —
seu londrino uma serie quasi completa dos dupli-
catas da nossa collecçcäo de macacos do Juruá. E
ainda que o British Museum tivesse recebido effe-
ctivamente bugios da região peruana do rio Juruá,
teria sido necessario, a bem do estudo mais apro-
fundado da questão, comparar esse material com os
exemplares recebidos do Museu Paulista e colligidos
pelo sr. Ernesto Garbe. Ao quanto eu saiba não
houve outra exploração scientifica da região do
Juruá, alem da que foi promovida pelo Museu Pau-
lista e si portanto as indicações do sr. [ll oi se re-
ferem aos especimens colligidos por esta occasião,
tambem é falso que exemplares de macacos em
questão provenham da região peruana do Juruá,
visto como o sr. Ernesto Garbe trabalhou apenas
em territorio brazileiro, do mesmo afiluenle do
Amazonas.
A respeito das duas especies central-americanas
A. palliata e villosa qre talvez devam ser consi-
deradas como der:vadas ou de A. belzebul ou de
A caraya, nada posso adiantar aqui, por me fal-
tarem os necessarios dados sobre os seus caracteres
osteologicos.
A distribuição geographica dos bugios
A distribuição geographica dos simios tem im-
portancia capital para a apreciação da historia da
região neotropica e suas provincias e de entre as
respectivas especies, é em especial o genero Alouattu
que mais nos deve interessar, porque ao menos uma
parte desses bugios não vive adstricta à região das
mattas virgens. (Queremos crer que o mappa da
distribuição geographica de Aloualta à qual aqui
damos publicidade tambem poderá ser considerada
como typica para os demais macacos, bem como
outros animaes que habitam as florestas.
Tomando por base as considerações acima ex-
postas e confrontando no mappa a distribuição das
— 254 —
varias especies de Aloualla, verifica-se desde logo
o facto de que em cada uma das zcnas geographicas
assignaladas não se encontra senão uma unica es-
pecie do genero em questão. Naturalmente, nas
regiões limitrophes as duas especies confinantes co-
habitam a mesma zona, em extensão variavel, mas
ainda assim com certas restricções, porque as con-
dições de vida favorave's para cada especie variam.
Assignalamos neste sentido o que se observa com
relação ao bugio preto, A. caraya, que tempora-
riamente pode adaptar-se à vida nas caatingas e
que mesmo chega a emprehender a travessia
das regiões dos campos. À enorme area de dis-
persão dos bugios pretos que, atravessando todo o
continente, se extende desde a região cafeeira do
Estado de S. Paulo até os cacoaes do Equador,
explica-se em virtude do modo de vida desses ma-
cacos, como deixamos assignalado ; atravessando os
campos ou seguindo a vegetação das margens dos
rios ou vivendo mesmo nas capoeiras, foi-lhes pos-
sivel realizar taes migrações.
Uma zona inteiramente a parte habita a es-
pecie das mattas virgens da serra do Mar do Brazil
meridional, Alowatla fusca.
Está claro que a zona actualmente occupada
por estas especies & apenas uma pequena parcella
da antiga area, extensissima, e que o centro de
dispersão das especies de Aloualta devem ter sido
as mattas tropicaes do pé da cordilheira dos Andes
da Bolivia, do Perú e Equador. E singular que a
especie venezuelana evidencie maiores affinidades cra-
neologicas com a especie do Sul do Brazil do que
com A. seniculus, principalmente no que diz res-
peito à forma dos ossos nasaes e palatinos; por
outro lado A. fusca occupa uma posição isolada
pelos caracteres das margens orbitaes da glabella.
Evidentemente existiram antigamente formas de
transição e precursores desses bugios ruivos; delles
descende A. fusca, que veiu ter ao Brazil meridio-
nal, emquanto que na região em que elle se origi-
nou, essa raça se extinguiu.
— 255 —
Ha ainda varios outros dados zoogeographicos
que tambem nos assignalam a antiga existencia de
uma zona de mattas ou pelo menos de terras altas
que se extendiam da Bolivia pelo Matto Grosso até
São Paulo e Rio de Janeiro; mais tarde a solução
d: continuidade foi acarretada pela formação dos
valles dos rios Paraguay e Parana.
Gorroborando taes conclusões, podemos lembrar
a distribuição dos generos de caracoes Strophochei-
lus ou Bulimaus; a este respeito fiz uma communi-
cação à Academia de Sciencias de Paris apresentada
pelo pref. E. Bous.er, (Compt. Rend. 1911, n. 16,
p. 1065-1067).
Os animaes que habitam as mattas e que são
dotados de meios de dispersão limitados, são detidos
em suas migrações, tão bem pelos campos abertos
como pelos mares. Si portanto existirem especies
identicas ou affins em mattas separadas por esta
forma, devemos suppór que ao tempo da respectiva
dispersão, as zonas de mattas e campo devem ter
apresentado outra configuração.
E' isto justamente que nos mostram as condi-
ções zoogeographicas da America do Sul e Central,
e, quanto mais adiantada se revelar a distintção es-
pecifica dos elementos faunisticcs hoje em dia iso-
lados, tanto mais antiga deve ser a separação dessas
zonas.
EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS
ESTAMPA IV
Ossos hyoides de bugios vistos de frente, com
a margem posterior para baixo. Tamanho natural.
Fig. 1. Hyoide de A. fusca Geoffr. n. 2201, 4.
Fig. 2. Hyoide de À. susca guar.ba lh. n.
ROME.
Fig. 3. Hyoide de A. fusca guarba lh. n.
413 q.
Fig. 4. Hyoide de A. fusca guar.ba jh. n.
PRE eee
— 256 —
ESTAMPA V
Com excepção da figura 7, em que o osso é
visto do lado, as demais figuras representam o osso
hyoide de frente. Tamanho natural.
Fig. 5. Hyoide de A. seniculus L. ¢
Fig. 6. Hyoide de A. belzebul L. ¢.
. 7. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1472, g.
Fig
Fig. 8. Hyoide de A. caraya Humb. n. 1401, q.
Die Briillaffen der Gattung Alouatta
VON
H. VON IHERING
(Mit Taf. IV u. V)
Der sexuelle Dimorphismus, die mannigfachen
Veränderungen, welche das Fell, mamentlich in Be-
zug auf seine Färbung, nach Geschlecht und Al-
tersstadien durchläuft, die zumeist ungeniigende Zahl
der untersuchten Exemplare und andere ähnliche Ver-
haltnisse haben dahin gefiihrt, dass man gegenwirtig
über die wenigen Arten von Brüllaffen, welche in
Súd-und Mittel-amerika leben, noch ganz unvoll-
kommen unterrichtet ist. So ist es gekommen, dass
man noch in den letzten Jahren die Zahl der ver-
meintlichen Arten vermehrt hat und es scheint mir
daher angemessen, meine eigenen Erfahrungen, welche
ich in der begonnenen Monographie Jer Säugetiere
Siidbrasiliens niederlegen will, schon jetzt hier kurz
mitzuteilen.
Die schwierigste Art ist zur Zeit wohl die
am längsten bekannte A. bezebul L. Gerade von
dieser Art aber besitze ich jetzt eine gute Serie von
Bälgen und Schädeln aus Maranhão, welche mich in
die Lage verserzt, die kürzlich veróffentlichte Darstel-
lung von G. Dollman (1) einer kritischen Priifung
unterziehen zu kônnen.
Die erwähnte Sammlung stammt von Miritiba
im Staat Maranhão und ich verdanke dieselbe dem
fiir unser Museum erfolgreich tätig gewesenen Natu-
raliensammler Herrn F. Schiwanda, dessen Tod wir
aufrichtig beklagen. Derselbe hat meinen Anwei-
(1) G. Dollman, Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser. 8, vol.
VI, 1910, pag. 422-424
— 258 —
+
sungen entsprechend allmahlich sich in der Prärpara-
tion der Felle vervollkommnet, leider aber, wie das
Neulingen nicht selten passiert, die Schidel zum
Teil verwechselte. Ich habe daher nach den Ge-
schlechts — und Alterscharakteren der Felle und Schã-
del, Schusswunden usw. eine sorgfältige Kritik geübt
und zwei Exemplare aus der Betrachtung ausgeschie-
den. Die weiterhin gegebene Liste von Massen tiber-
hebt mich einer eingehenden Besprechung der einze-
nen Exemplare, und ich gebe daher hier nur die Far-
benverhältnisse der verschiedaen Felle an. Zunächst
die Exemplare männlichen Geschlechts: Das jüngste
der mir vorliegenden Individuen ist mutmasslich N.º
2750, durch das anhängende Scrotum als Männchen
erwiesen, aber mit falschem Schädel versehen.
Das Riickenhaar ist in der Mitte dunkelbraun,
an den Seiten blass graubraun mit hellgelben Spitzen
von Seiden — oder Goldschimmer. Am Anfang des
Riickens liegt zwischen den schwarzbraunen Schultern
ein Wirtel gelbbrauner, divergierender Haare. Nacken
und Oberkopf sind dunkelbraun, mit gelblichen Spi-
tzen, ein kleinerer Wirtel divergierender Haare hegt
vorn auf der Stirn. Der kurze Bart ist schwarz wie
auch der Oberarm; der Unterarm wird heller bräun-
lich, die Hand ist rostbraun, die Fing r sind blassgelb
behaart, über die Riickenmitte zieht ein schwärz-
licher, breiter Streifen. Die Basalhilfte des Schwanzes
ist blass-rotbraun, mit gelblicher Sprenkelung, die
Endbälfte dos Schwanzas hellbraun.
N. 2749 ist ein erwachsenes, aber noch nicht
ausgefärbtes Individuum. Die Haare am Vorderrand
der Stirn sind aufgerichtet, aber nur ia schmaler
Zone. Die vorherrschende Farbe am Riicken ist rot-
braun, die Haare sind grossenteils leicht gekrau-
selt und mil goldigen Spitzen versehen.
Die Extremitäten sind dunkelbraun, ! üsse und
Hinde blass-rotoraun behaart. Kinn und Bart schwarz-
braun, der Schwanz hell-rotbraun, gegen die Spitze
mehr rótlich.
N, 2747 schliesst sich unmittelbar an das vo-
rausgehende Individuum an, ist aber von bedeutend
= Ugo
dunklerer Färbung auf Kopf und Nacken schwärz-
lich mit rotbraunen Spitzen. Die langen Haare der
Flanken sind hell-rotbraun, der Schwanz schwarz
mit diister-rotbrauner Spitz.
N. 2484 hat auf den Rücken blassbraune Fär-
bung mit dunklerer Mitte. Die langen Haare der
Flanken sind teils blass-rotgelb zum Teil mit gold-
gelben Spitzen, die Extremitäten dunkelbraun bis
Schwärzlich. Der ScEwanz schwärzlich, mit rot-
braunen Ilaaren durchsetzt, die nach der Spitze
etwas heller werden. Die Haare am Vorderrande der
Stirne sind in schmalen Streifen vertikal aufgerichtet,
das Fell nater und hinter demOhr ist blass-gelbbraun.
Hände und Füsse sind blass rotbraun, behaart
nach den Fingern hin mehr gelblich. Dieses Tell
entspricht somit ziemlich gut jenem der A. discolor.
N. 288) ist ein grosses, typisches Stück von
A. belzebul mit glinzend schwarzem Haar auf der
Oberseite, welches an den Flanken in dunkel-kas-
tanienrot iúbergeht. D:r Schwanz ist fast einfarbig,
schwarz, nur in der Endhilfte sparsam mit kurzen
rotbraunen Haaren durchsetzt. Ellenbogen, Ohrrand
sowie Hiinde und Füsse sind rotbraun behaart.
Eine ziemlich breite am Aussenwinkel der Augen
endende Binde aufwärts gerichteter Haare nimmt
den Vorderrand der Stirne ein.
Im Vergleiche zu dem vorhergehenden Yelle
erweist sich dieses durch den Stirnschmuck aufgeri-
chteter Haare, den Nimbus wie ich ihn im Folgenden
nennen werde, als iilter. Die Temporalcristen nähern
sich einander in ihrer Verlingerung über das Stirn-
bein auf1) mm., aber bei n. 2747 bis auf 11 mm.
wahrend sie bei der Mehrzahl der erwachsenen männ-
lichen Schädel 22-25™ von einander entfernt bleiben.
N. 2747, welches von der helleren Seitenfär-
bung abgesehen, ganz dem typischen belzebul gleich-
kommt, hat das Gebiss fast so stark abgenutzt wie
n. 2879, aber die Stirnplatte aufgerichteter Haare
ist noch niedrig nnd wenig entwickelt.
Unter den Individuen weibiichen Geschlechts
liegen mir jiingere Stadien vor als bei den Männchen.
— 260 —
Das Tell n. 2900, das jiingste der mir vorlie-
genden, ist von gelbbrauner Farbe, zum Teil na-
mentlich hinter den Schultern rotbrann überlaufen.
Uber der Riickenmitte etwas dunkler. Die Extremitã-
ten sind braun, Hiinde und Fiisse blass-rctbraun, der
Schwanz braun und gelbgrau gesmischt, in der End-
halfte blass-rotbraun Auf dem Kopfe ist der Nim.
bus schon deutlich, indem die Stirnhaare, welche
gelbbraun und nach hinten und aussen anliegend
sind. An dem zugehórigen Schädel sind die beiden
hintersten Molaren noch nicht durchgebrochen.
Das nächst-ältere Fell n. 2881 ist von grau-
gelber Farbe, am Kopfe, den Extre nitäten und dem
Schwanze sowie auf der Rückenmitte dunkler.
Hände und Füsse sind rotgelb, respective an der
Basis rôtlich tiberlaufen; die Schwanzspitze ist hel-
ler, graugelb gefärbt. Die Haare in der Mitte des
Vorderrandes der Stira sind aufgerichtet.
Mehr oder minder ähnlich sind die Felle n.
2485 und 2486 swie 2751 und 2754.
N. 2054 ist von vorherrschend rotgelber Farbe,
die Haare, namentlich an den Seiten, leicht gekräuselt,
lang, mit goldiger Spitze. Breit und fast ebenso tief
ist der Nimbus, dessen Haare aufrecht sind. Die
- Endhälfte des Schwanzes ist einfarbig heil rotbraun.
Bei n. 2148 ist der Nimbus auf eine schmale,
dreieckige Stelle zwischen den Augen beschränkt und
bilden die zusammenstossenden Haare eine Crista. Die
Gesammtfarbe des I elles ist hell gelbgrau, nach den
Seiten hin rotbraun, vielfach mit goldgelben Spitzen.
N. 2752 hat den Nimbus auf einen schmalen
Saum beschränkt; die Grundfarbe ist ein mattes
Rotbraun mit Grau durchmischt; Bart, Schaltern, die
Basis der Extremitäten und des Schwanzes sind
schwarzbraun, über die Mitte des Schwanzes läuft
ein rotbrauner Streifen, die Endhälfte des Schwan-
zes ist gelbraun.
Das Fell n. 2880 ist fast ganz schwarz oder
schwarzbraun und hat die rotbraune Fárbung auf
den Scheitel und die unregelmässigen Partien des
Rückens beschrânkt.
— 261 —
Die Endhälfte des Schwanzes, Füsse und Hinde
sind rotbraun behaart. Der Nimbus ist schmal, auf
die Gegend zwischen den Augen beschränkt. Was
die Schädel betrifit, so sind die Temporalcristen bei
Männchen wohl entwickelt, aber in ihrer Annihe-
rung erheblich verschieden. Es gibt auch weibliche
Schädel mit deutlich entwickelten Temporalcristen,
die aber etwas weit auseinander stehen.
Die Schädel sind im ganzen etwas niederge-
drückt, die Nasenbeine sind lang und an der Wurzel
nur wenig konkav. Der obere Orbitalrand ist fein,
meist nur 2mm. breit. Besonders auffallend ist auch
der Winkel, in welche; die Gaumenbeine nach
hinten aufwärts gebogen sind. Die schwicheren
Eckzihne und die geringeren Dimensionen des Schä-
dels lassen denjenigen der weiblichen Tiere leicht
von den minnlichen unterscheiden. Auch sind die
Nasenbeine am weiblichen Schiidel kürzer und konkav.
Tabelle der Schädel und Kôrpermasse
von A. belzebul
—== |]
| Kôrpermasse Schädelmasse
|
=
ES Ee . IE IE D
= ER =< “o = — co — =] co
G| 2900] 380] 450] 11] 92,5] 71] 10) 51] ?
9881} 420) 515] 12, 97] 72,5! 10/475] 2
2485] 500] 550) 12) 103] 80] 12525 31]
j 8751] 460] 525] 11) 102) 81,5) 11| 46 30
2486] 4£0| 565] 11,5] 105] 84] 10) 51,5 3
“| 2753] 460] 540) 11,5) 104] 80} 11] 46,5 31
2754| 490] 575) 13) 108, 85) 13) 51.5) (32) 33
2880] 450) 490) 12,3} 109} 85118] 51 30,5
9748] 460] 500| 11,0) — 101] 12,5] 50 33
| «| 2749) 540] 530} 12,6] 123,8] 104] 15,8] 52 35
d'| 2847] 530] 590 14,0) 125) 104] 16,5) 54 37
2484] 570| 600} 14,0] 127,5| 105] 18] 54 35
3 2879) 590) 590} 13,5] 126,5] 105,5] 15,5) 54] 36,8
ee ee AE mae nan
— 262 —
Kine Vergleichnng der Schiidelmasse der vor-
stehenden Tabelle und der Charaktere der Felle weist
darauf hin, dass diese zusammenlebenden Tiere einer
und derselben Species angehóren. Es ist aus den
Schiideln keinerlei Anbalt zu gewinnen fiir eine Tren-
nung verschiedener Species und die beträchtlichen
Variationen in der Farbe des Felles hängen gros-
senteils vom Alter der Individuen ab. Das Anfangs-
stadium der Färbung ist ein graugelber Ton mit
dunklerer Rückenmitte. Weiterhin wird die Far-
bung bei einzelnen Fellen lebhafter gelbrot (n
2749-2748-2754), wobei der Seiden-oder Goldgianz
der Haarspitzen besonders auffällt Dies ist Stentor
stranuneus Geoffr. oder Simia strammea Humb.
In der Regel erhilt sich lingere Zeit der graugelbe
Ton, unter Beimischang von rotbraun, besonders
an den Seiten und dies ist die Form, welcbe Spx
A. discolor nannte. Felle endlich, wie n. 2750
ähneln A. pzlliata Gray, wogegen die Felle n. 2747
und 2879, 2880 und 2652 die ausgebildete Form
von A. belzebul darstellen. Es ist hierbei zu be-
merken, dass die letzte Alierstufe der Färbung bei
einigen Individuen friiher, bei anderen spiiter er-
reicht wird, und so erklärtes sich, dass man auch
alte Exemplare im Kleide von A. discolor antrifft.
Ebenso ungleich wie der Uebergang zur Altersfär-
bung vollzieht sich auch die Ausbildung des Nimbus
ober der dreieckigen Stirnplatte von aufgerichteten
Haaren. Ich komme hiernach zu dem Ergebnisse,
dass dis charakterische Färbung von A. belzebul
erst in relativ hohem Alter erreicbt wird, und dass
A. straminea Geoffe. und discolor Spix das Kleid
der jiingeren und mittleren Alterstadien repriisen-
tleren.
Die Darstellung von Dollman, wonach A. dis-
color als gute Species anzuerkennen wire, ist somit
als unrichtig zurückzuweisen.
Dieses Ergebniss meiner im Laboratorium ange-
stellten Studien steht ganz im Einklang mit den von
dem Sammler im Walde gewonnenen Erfahrungen.
Herr F. Schwanda schreibt mir Folgendes dariiber :
— 263 —
«Was die Haarfarbe der Briillaffen anbetrifft,
ist die Behauptung des Herrn G. Dollman nach
meiner Ansicht nicht zutreffend, da in den sich
zusammen haltenden Familien (bis 7 oder hôchs-
tens ) Stick) sich Individuen mit ganz verschiedenen
Farben befinden, schwarz, gelbrot und graubraun.
Ich glaube die Pelzfarbe ist ganz unabhingig, weil
man auch Junge findet, die mit ihren Miittern in
der Iarbe tibereinstimmen.
Die Briillaffen leben meistens bei den Fliissen,
jedoch so, dass irgendwo in der Nihe festes Land
ist, wo sie bequem Friichte holen kônnen. Wo kein
Wasser vorhanden ist, halten sie sich nicht auf.
In der Frühe bei Tagesgrauen brüllen sie gewühn-
lich, versammelt auf einem der hóchsten Bäume,
dann gehen sie der Nahrung nach und um die Mit-
tagszeit suchen sie schattige Bäume und Schlingplan-
zen auf und ruhen während der heissen Zeit. Um
3 Uhr gehen sie wieder essen und versammeln sich
auf einem hohen Baum zum Abendkonzert. In der
Regenzeit brüllen sie auch beim Tage sehr oft und
wirmen sich gerne an der Sonne, besonders wenn
sie nass geworden sind.»
Bevor ich auf die einzelnen südamerikanischen
Arten von Alouatta und deren Verbreitung niher
eingehe. müssen noch einige Angaben über die ent-
scheidenden, csteologischen Charaktere gemacht wer-
den.
Meinen Erfahrungen zufolge zerfallen diese
Arten nach der Beschaffenheit des oberen Randes
der Orbita in zwei Gruppen. Bei der ersten der-
selben ist der Orbitalrand fein, diinn, meist nur
1,5-2,9 nm. dick, nicht aufgeworfen.
Hierhin gehóren A. belzebul. seniculus und
straminea. Stark verdickten, 3 bis 6 mm. breiten
oberen Orbitalrand haben A. fusca und caraya.
Letztere beiden Arten verhalten sich aber darin
verschieden ; bei A. caraya endet der Orbitalrand
an der Glabella, bei A. fusca setzt er sich als wuls-
tig vrdickter Streifen auf dieselbe fort in der
Richtung gegen jene der anderen Seite. Hinter
— 264 —
diesem queren Glabellarwulst ist die Stirne konkav,
wihrend sie bei caraya fast gleichmässig eben ist.
Diese beiden, siidlich des Amazonengebietes lebenden
Arten stimmen unter einander auch darin überein,
dass die hintere Hälfte des Gaumens fast horizontal
verläuft, wiihrend sie bei den Amazonas-Arten be-
sonders bei erwachsenen Männchen hinten aufwärts
gekriimmt ist. Der Nasenrücken ist fast gradlinig
bei caraya, sattelformig konkav bei fusca. Von
den nôrdlich des Amazcnas lebenden Arten hat
straminea eine ebenfalls kurze und konkave Gestal-
tung der Nasenbeine, während dieselben bei den
anderen beiden Arten schwach gebogen, fast ge-
rade sind.
Hensel hat auf die Form, respective das starke
Vortreten des Unterkieferwinkels, bei A. fusca im
Vergleiche zu A. sen culus Wert geleget, aber unter
meinen Schideln befinden sich solche, bei denen die-
ser Unterschied nicht zutrifft und auch die Breite
der Schneidezihne bietet keine sicheren Anhaltspunkte,
ebenso wenig wie die Linge der Backenzahnreihe.
Im Allgemeinen sind die unterscheidenden Art-
charaktere am besten bei alten Mirnchen ausge-
bildet und habe ich, wie oben bemerkt, von beson-
‘deren Wert die Beschaffenheit des oberen Orbital-
randes sowie der Palatina und Nasalia gefunden.
Daneben hat sich éin andere:, bisher nicht beach-
teter Knochen als wichtig herausgestellt, das
Zungenbein. Der Kôrper desselben ist durch die
an seinem Vorderteile nach obenhin eindringende
Hohlung blasig aufgetrieben. Am wenigsten Ver-
anderungen hat der Unterrand dieses Kürpers er-
fahren, von welchem an jeder Seite die langen und
mächtigen hinteren Horner entspringen.
Das Zungenbein hat zwar bei allen Arten von
Alouatta die gleiche Tmbildung in eine Schallblase
erfahren, aber dis Ausbildung ist im Einzelnen
charakteristisch verschieden, sodass man die Arten
danach unterscheiden kann. Schon der aufgeblasene
Teil des Kürpers bietet Verschiedenheiten dar und
ist in dieser Hinsicht namentlich die Verschmäle-
— 265 —
rung nach hinten bemerkenswert, welche nur bei
A. belzebul vermisst wird, welche Art überhaupt
den breitesten, am meisten aufgeblasenen Zungenbein-
korper besizt. Charakteristisch ist nun vor allem der
Hinterrand und die von ihm ausgehende, zur weiten
Offnung des Kôrpers hin aufsteigende Lamelle, welche
ich im Folgenden als Tentorium bezeichnen werde.
Dasselbe ist bei A. seniculus stark gewülbt mit grad-
linigem, vorderem oder oberem Rande. Bei A. bel-
zebul ist es konkav, bei A. fusca flach oder leicht
konvex, so dass der freie obere Rand fast immer
kovex ist. Bei A. caraya fehlt das tentorium in der
Regel gänzlich und wo es sich findet, ist es flach, nie-
drig, mit geradem Oberrande. Der Hinterrand des
tentorium zwischen den beiden hinteren Hórnern ist
zugescharft bei A. caraya, schmal bei A. belzebul
ziemlich breit bei A. fusca, sehr breit und gewólbt
bei 4. seniculus.
Charakteristisch ist auch die Hohe des tentorium
im Vergleiche zu jener der Schallüffnung, wie sich
das aus der beiliegenden Tabelle ergiebt. In Pro-
zenten der Héhe des Schalloches beträgt die Hohe des
tentorium bei A. caraya O-11, bei A. belzebul 35,
bei A. fusca 48-66 und bei A. seniculus TI im
minnlichen Geschlecht.
Es ist hiernach klar, dass A. seniculus mit aus-
serordentlich langem, stark gewülbten und A. caraya
mit extrem reduziertem oder giinzlich fehlendem
Tentorium ohne weiteres von den übrigen Arten
zu unterscheiden sind. Von A. belzebul besitze ich
eine Serie von Exemplaren, welche eine ziemliche Va-
riabilitaet erkennen laesst. Im Allgemeinen ist das
tentorium flach und in der Mitte von einer breiten De-
pression eingenommen, ein Zungenbein aber (N. 2943)
hat das tentorium sehr gewoelbt wie bei seniculus,
ist aber doch in der Mitte concav. Bei diesem Zun-
genbein inserieren sich die Hoerner hoch am Seiten-
rand wie bei sen'culus, sie sind aber gracil, subcylin-
drisch wie bei den anderen Stuecken, denen sich dieses
Hyoidbein anch darin anschliesst, dass das Schalloch
“2 mm hoch, im Verhaeltnis zur Hoehe des Kno-
— 266 —
chens (67 mm) wie 48 : 100 sich verhaelt, waehrend
bei seniculus das Verhaelinis wie 35-40: 100 sich
gestaltet.
Wie oben bemerkt, sind die hinteren Zungen-
beinhoerner schlank, fast cylindrisch bei A. belzebul,
wogegen sie bei den anderen Arten comprimiert
sind, breit, fast bandfoermig; nur bei A. caraya
sind sie zuweilen schlank, subeylindrisch.
Von besonderer Bedeutung fuer die Unterschei-
dung ist das Schalloch. In seiner Laenge entspricht
es bei & in Prozenten der Laenge des Hyoidbeines
dieses zu 100 gesetzt, 35 — 40 º bei A. seniculus,
33-47 º/o bei A. fusca, 48-58 ‘/, bei A. belzebul nnd
69-76 º/, bei 4. caraya. Die weiblichen Tiere haben
dieselben Verhaeltniszahlen, nur bei A. fusca sind
sie groesser, 06-610/o, in Foige der geringeren En-
twicklung des tentorium. In dieser geringeren Entwi-
cklung des tentorium unterscheidet sich A. fusca
von A. seniculus im weiblichen Geschlechte, darin
der 4. caraya sich naehernd.
Die Breite des Schalloches kommt bei 4. belzebul
nahezn jener der Laenge des Loches gleich, ueber-
trifft sie aber um ein Geringes bei A. seniculus
und fusca, wogegen bei 4. caraya ihr Mass weit
hinter jenem der Laenge zurueckbleibt.
| Die beiden Unterarten von Alouatta fusca un-
terscheiden sich auch charakteristisch im Zungenbein.
Dasjenige alter Maennchen von 4. fusca fusca ist
04-97 mm lang, mit flachem, niedrigen tentorium,
dessen itoehe 10-14 mm betraegt, mit wenig ge-
schwungenen, fast geradlinigem, freiem Rande.
Bei alten & von 4. fusca guarida misst der
Knochen 61-68 mm in der Laenge, das tentorium
ist 19-20 mm hoch, meist in der Mitte bogig vor-
springend, mit stark verdicktem, etwas aufwaerts
gebogenem, freiem Rande. Nur ein Exemplar hat
das tentorium ziemlich gewoelbt und seinen freien
Rand fast geradlinig.
Ziehen wir nun auch das weibliche Geschlecht
und jugerdliche Exemplarem mit in Betracht, so
lernen wir die Verhältnisse bei A. caraya verstehen,
— 267 —
insofern nämlich das Tentorium sehr niedrig ist oder
ginzlich fehlt. Beim erwachsenen q von 4. belzebul
ist dasselbe nur halb so hoch als beim &, beim ¢
von A. fusca verhiltnissmissig noch niedriger. Dem
Q des A. caraya fehlt das tentorium gänzlich. Ei-
nem jugendlichen ~ von A. fusca N. 409, bei
welchem die beiden hinteren Molaren noch nicht
durchgebrochen sind, fehlt das Tentorium. Zum
Verständniss des hier Bemerkten gebe ich die
Abbildungen der Zungenbeine aller brasilianischen
Arten sowie eine Tabelle der beziiglichen Masse.
|
ART
Prozenten der Hohe
der Schalliftnung
genbeines
cenbeines
Hôhe des Tentorium
Grüsste Hohe des Zun-
Grüsste Breite des Zun-
Hohe der Schalloffnung
Hühe des Tentorium in
neles ul Ab 4
|
A | 40} 121355 | 35
Assbelzelml O o poda | 5 28: h:6:14. BP 30
A. fusca & 2204. | 58 | 32 [445] 30) 48
Aes inseay sg 22-32. [1062 | 38 | 18 | 27 | 66
Ae disc Os a posa Ao lit 22 Gamer 2k
A. seniculus o”. .| 661895 |185| 26| 71
A. caraya & . . | 58,5 |33,5 | 4,5 | 40,5 | 11
A. caraya ¢ | 54 | 32 0 A. dd
A. earaya O, senalbusdb 121 Deja rude
Von A. villosa und palliata besitze ich leider
kein Material. Es wird sich spiter leicht danach
entscheiden lassen, ob die Schallblase der zentrala-
merikanischen Arten in die Gruppe von seniculus
oder von caraya gehort. Unter den zahlreichen
Schallblasen von A. gra befindet sich eine mit einer
schmalen, queren Lamelle zwischen Hinterhérnern
und eine andere mit einer ebensolchen Lamelle,
hinter welcher sackformig eine schmale Héhlung
sich einschiebt.
Der Hinterrand selbst ist gerundet bei A. se-
niculus und belzebul, mehr oder minder kantig bei
SD
A. fusca, scharfkantig bei A. caraya. Ein anderer
Punkt, welcher hier noch besprochen werden muss,
ist der Nimbus. Ich habe diese mehr oder minder
dreieckige Stirnplatte aufgerichteter Haare schon
von A. belzebul erwähnt und bemerke, dass sie
auch bei den mir vorliegenden alten Minnchen von
A, seniculus und stramimea gut entwickelt ist.
Bei meinen Exemplaren von 4. caraya feblt sie
meinstens, aber Sclater bildet ste (Proc. Zool. Soc.
London, 1872, p. 6) ab, und auch Burmeister (\eser.
phys. II, 1899, pag. 48) bespricht sie. Weiterhin
pag. 9! meint Burmesster, dass dieser Nimbus bei
A. fusca fehle, was ich durch unsere Exemplare
ais unrichtig widerlegen kann. Offenbar haben
Burmeister keine alten Mânnchen vorgelegen und es
ist daher zu vermuten, dass auch Sclaters Meinung
von dem Fehlen des Nimbus be A. villosa sich
beim Studinm von Serien alter Exemplare, zumal
männlicher, als irrix erweisen wird.
Dabei ist immer zu bendenken, dass es wohh
môglich ist, dass derartige, in späterem Alter auf-
trerenden Kennzeichen bei einer Anzahl von Indi-
viduen überhaupt nicht zur Ausbildung gelangen.
Die in vorausgehenden erodrterten Verhältnisse
werden, sobald sie einmal fiir alle in Betracht kom-
menden Arten feststehen, gestatten, eine natürliche
Anordnung derselben zu unternehmen.
Bei Berücksichtigung der brasilianischen Arten
ergeben sich zwei Gruppen, deren eine dem mittle-
ren und südlichen Brasilien angehort, walrend die
andere amazonisch ist. Erstere hat einen breiten Or-
bitalrand, be: letzterer ist derselbe schmal oder dünn.
Sollte man hiernach zwei Untergattungen unter-
scheiden, so wiirde Alomata s. str. den amazonischen
Arten zugehoren, welche die am längsten bekannten
sind und fiir welche die verschiedenen Gattungsna-
men aufgestellt wurden. Andererseits ergibt sich
aber auch ein Gegensatz zwischen A. caraya und
allen iibrigen Arten, namentlich mit Riicksicht auf
die Schallblasen. Ich ziehe es unter diesen Um-
stiinden, so lange mir Genaueres iiber die centrala-
— 269 —
merikanischen Arten nicht bekannt ist, vor, die
Frage nur anzuregen.
Hine grosse Schwierigkeit fiir diese Diskussion
erwiichst aus dem gänzlichen Mangel von Anhalts-
punkten fiir die Beurteilung der phylogenetischen
Entwicklung des Schallaparats. Sackformige Ausstiil-
pungen des Kehlhopfes kommem auch bei anderen
Affen vor, wie z. B. auch bei Ateles, aber sie haben
keinerlei Beziehung zum Zungenbein. Palaeonto-
logisches Material wird nach dieser Richtung hin
kaum zu erwarten sein und so bleiben nur die mor-
phologischen Verhiltnisse für die Diskussion übrig.
Offenbar baken die Schallsiicke zuniichst von vornhe
dem Kúper des Zungenbeines sich angelagert und
sind «ann allmäblich in eine schwache Einsenkung
desselben zu liegen gekommen, die successive durch
Vergrosserung zur Aushéhlung und blasiger Auf-
treibung des Zungenbeinkirpers fiihrten.
Ver letzie Vorgang in diessem Processe scheint
die Ausbildung des hinteren Teiles des Hohlraumes
gewesen zu sein, und wir finden noch heute bei A.
caraya den hinteren Teil der Zungenbeinhühle nicht,
oder nur in geringem Grade ausgebildet.
Die Vergrésserung dieses hinteren Recessus,
die Rundung und Auftreibung des Hinterrandes uud
die Vergrósserung der aufteigerden Lamelle sind
dann die letzten Stadien dieses Entwickelungspro-
zesses.
Damit in Einklang steht es, dass die Schall-
blase des weiblichen Tieres nicht nur kleiner ist,
sondern auch die aufsteigende Lamelle resp. das
Tentorium kiirzer, den Recessus posterior weniger
umfangreich hat. Das Weibchen steht eben auch in
dieser Hinsicht der gemeinsamen Jugendform niher,
respective es behält zeitlebens infantile Charaktere,
während bei dem Männchen, je älter es wird, um so
mehr die charakteristischen Besonderheiten der Art
zum Ausdruck kommen.
Auf die Literatur neber den Kehlkopf und die
Stimmsiicke der Briillaffen gehe ich hier nicht ein.
Genaue Intormationen findet man in dem Buche von
— 270 —
Brandt: Observationes anatomicae de instrumento
vocis mammalium, Berolini 1826, p. 14, bei G. Cuvier
Leçons d’anatomie comparée, vol. IV, p. 467, T. I»
und bei Meckel, «Vergleichende Anatomie, vol. IV,
p. 725». Besonders eingehend behandelt diese
Frage das treffliche Werk von M. Weber: «Die
Säugetiere, 1904», wo p. 78 das Zungenbein, p. 223
der Kehlkopf behandelt ist und eine gute Darstel-
lung vom Larynx und Hyoid von Mycetes resp.
Alouatta nach J. Müller fig. 177 gegeben wird.
Zur Erleichterung der Bestimmung der brasilianischen Arten moge
der folgende, auf osteologische Charactere gegriindete Schliissel
dienen. Schliissel zur Bestimmung der brasilianischen Alouatta-
Arten nach osteologischen Characteren.
a Oberer (rbitalrand — stark.
3-6 mm. dick; Gaumenfliche
der Palatina horizontal ; un-
terer Rand des Zungenbeines
kantig ; aufsteigende Lamelle
kurz oder fehlend.
b Oberer Orbitalrand wulstig
verdickt und auf die Glabella
hin verlangert. Nasenbeine
kurz, bogig eingesenkt ; auf-
steigende Lamelle des Zun-
genbeinkórpers nicht sebr
lang, meist plan oder konkav. fusca
bb Oberer Orbitalrand wenig
verdickt, vor der Glabella
endend; Nasenbeine ziemlich
lang ; fast eben ; aufsteigende
Lamelle des Zungenbeinkor-
pers fehlend oder ganz klein. caraya
aa Oberer Orbitalrand diinn, 2-8
mm. dick; Unterrand des
Zungenheinkórpers abgervn-
det und verbreitert; aufstei-
gende Lamelle gut entwickelt.
— 271 —
c Gaumenfliche der Palatina
nach aufwirts gebogen;
Nasenbeine lang, nur leicht
konkav.
d Stirn über der Glabella eben ;
Basilarlinge beim Männchen
111-113 min. Recessus poste-
rior des Zungenbeines weit,
aufsteigende Lamelle lang
Wa nen O load
dd Stirn über der Glabella leicht
konkav, oft seitlich mit Grube
vor dem Ursprunge der Crista
temporalis ; Basilarlinge des
& 101-106 mm. (ausnaims-
weise bis 111 mm.) Recessus
posterior des Zungenbeines
mässig gross, aufsteigsnde
Lamelle konkav . . . . belzebul
aa Gaumenfläiche der Platina
kaum aufwärts gebogen, fast
horizontal, Nasenbeine kurz,
stark gekriimmt, konkav.
Stirn über der Glabella fast
plan; Basilarlänge 90-110.
Zungenbein unbekannt . . straminea
seniculus
Aus den vorstehenden Erürterungen ergibt sich,
dass in phylogenetischer Hinsicht in der Entwicke-
lung der Gattung Aloualta zwei verschiedene Stufen
in Bezug auf die eigentümliche Ausbildung des Zun-
genbeines zu unterscheiden sind, von denen nur eine
bis jetzt uns bekannt ist, nämlich die Entstehung des
Tentoriums und des von ihm eisgeschlossenen hin-
teren Recessus.
Dieser letzte Prozess ist das Endstadium und
er wird ontogenetisch insofern wiederholt, als bei
jungen & das Tentorium noch fehlt, offenbar auch
bei jungen ¢, die mir noch nicht bekannt sind. Bei
den © bleibt die Stufe des jugendlichen «& zeitlebens
erhalten und bei einer Art, A. caraya kommt es
auch beim alten 4 in der Regel nicht zur Ausbil-
dung des Tentorium. In dieser Beziehung hat also
A. caraya die primitiven Verhiltnisse am reinsten
erhalten und ich glaube, es steht nichts im Wege,
dies auch in Bezug auf die iibrigen Charaktere,
namentlich diejenigen der Färbung, anzunehmen,
Wir wiirden danach die Arten, bei welchen das
alte & eine lebhaft rote Färbung annimmt, als die
am meisten modifizierten anzusehen haben.
Die primitive Färbung wiirde fiir die Gattung
Alouatta ziemlich ähnliche Verhältnisse dartun, wie
wir sie heute noch bei A. caraya beobachten, grau
oder graugelbe der alten Q und jugendlichen Tiere,
dunkelbraune bis schwarzbraune bei den alten &.
Eine griindliche Untersuchung der Stimmsicke
und aller einschlägigen Verhiltnisse bei Æriodes,
Cebus und verwandten Gattungen und die Beriicksich-
tigung der Jugendstadien wird ohne Zweifel auf
dem hier beschrittenen Wege weitere Erfolge zeiti-
gen und es ermoéglichen, die vorläufig isoliert da-
stehende Ausbildung der knéchernen Schallblase von
Alouatta mit den bekannten Verhältnissen bei ande-
ren, verwandten Gattungen in Zusammenhang zu
bringen.
Ich lasse nun die Besprechung der einzelnen
Arten folgen :
A. fusca Geoffr.
Zu dieser Art gehüren Mycetes ursinus Wied
und Hensel, aber nicht die Beschreibung von Sima
ursina Humboldt, wohl aber die von demselben
veroffentlichte Figur. Infolge dieses Versehens, dass
nimlich zu einer Art des Orinoco eine Abbildurg
der siidbrasilianischen Form gegeben wurde, ist der
Speciesname wrsinus oft verkehrt angewendet worden.
Diese Art kommt in Siidbrasilien von Rio Gran-
de do Sul aus lings des Kiistengebirges bis nach
Bahia hin vor und nach Burmeister bis zum Rio
S. Francisco. So kommt es, dass in den westlichen
Gebieten des Staates S. Paulo A. caraya Iebt und
im Kiistengebiete A. fusca. Im Allgemeinen kommt
die lebhaft fuchsrote Farbe nur alten, erwachsenen
männlichen Tieren zu, die jiingeren sind dunkler,
bei den Weibchen herrscht diistere, schwarzbraune
Färbung vor. Nach dem Materiale unserer Samm-
lung muss ich 2 Lokalformen unterscheiden: eine
siidliche, von Rio Grande do Sul bis Rio de Janeiro
angetroffene, und eine nôürdliche von Bahia, Espi-
rito Santo und den angrenzenden Teilen von Minas.
Auf letztere Form bezieht sich Auhl, demzufolge
vom Prinzen Wed herriihrende Exemplare sich im
Par ser Museum befanden. Auch die ältere Beschrei-
bung von Geoffroy bezieht sich auf diese Unterart,
wie aus der Angabe hervorgeht, dass die Spitze der
Riickenhaare goldgelb gefirbt sei.
Unsere Exemplare von Espirito Santo und Theo-
philo Ottoni in Minas, alle vom Gehiete des Rio
Doce, sind zwar in der Färbung variabel, haben
aber in beiden Geschlechtern eine charakteristische
Eigentümlickeit, ziemlich lange, blassgelbe Spitzen
an den Haaren des Riickens. Das Colorit ist im all-
gemeinen bei den Weibchen dunkler. Die rotbrau-
ne Farbe, wenn sie deutlicher hervortritt, ist dü-
sterer als bei der siidlichen Varietät.
Im Gegensatze dazu iiberwiegen bei den Miinn-
chen der siidbrasilianischen Form fuchsrote und
rotbraune Tinten, und die Weibchen sind auffallend
diister braun, mehr oder minder schwarzbraun ge-
firbt. Diese südliche Unterart mõôge den Namen
A. FUSCA GUARIBA subsp. n. fiihren.
Bei alten Männchen ist der Nimbus der Stirn
wohl ausgebildet. Mehrere Auturen haben dies
bezweifelt, aber mit Unrecht. Es ist sehr wahrschein-
lich, dass es keine Art von Alouatta gibt, bei wel-
cher nicht im húheren Alter und wenigstens bei
einem Teil der Individuen der Nimbus zur Ausbil-
dung gelangt.
A. ecaraya Humb.
Diese Art wurde 1811 von A. o. Humboldt
unter dem Namen Simia caraya und 1812 von
E. Geoffroy als Stentor niger beschrieben. Beide
Autoren beziehen sich dabei auf die Beschreibung
von Azara. Trouessart hat die Synonymie richtig
angegeben, doch ist derselben hinzuzufiigen, das 71.
Winge (E Museo Lundi, 11, 2, p. 4) die Art Myce-
tes senicuius genannt hat. A. caraya gehort
durchaus dem centralen Brasilien an, kommt aber
sowohl in Bahia wie in den Staaten S. Paulo und
Parana in den westlichen Teilen ihres Gebietes vor.
In Argentinien lebt nach Burmeister diese Art im
Gran Chaco und in Teilem von Corrientes.
Man kennt sie von Bolivien, Paraguay, und
von verschiedenen Teilen von Matto Grosso. Trou-
essart's Angabe, dass die Art auch in Borba am
unteren Rio Madeira vorkomme, beruht auf einem
Irrtume. Richtig ist dagegen, dass di» südlichen
Zufliisse des Amazonas zum Teil in ihrem Unterlau-
fe von anderen Arten von Briillaffen bewohnt wer-
den als am Oberlauf. So erhielt die Expedition
von Castelnau am Oberlauf des Rio Araguaya A.
caraya, am Unterlaufe 4. belzebul und Nalterer,
welcher am Rio Madeira A. seniculus jagte, erhielt
nahe der Miindung des Flusses 4. belzebul. O. Tho-
mas erwihnt A. caraya von Inambari in Süd-ost-
Peru und # Festa (Boll. Mus. Zool: Torino, XVIII,
No 435, 1903, p. 3) erhielt Exemplare im Kiisten-
gebiet von Equador bei Vinces, fiir welche er eine
Subspecies equatorzalis aufstellte. Wie aus unserer
Karte ersichtlich ist, stossen im Gebiete von Cha-
pada in Matto Grosso und seiner weiteren Umge-
bung, also an und nôrdlich von dem Quellgebiete
des Paraguaystromes, die Verbreitungsgebiete von
> verschiedenen Arten von Alouatta zusammen. Es
ist daher begreiflch, wenn die verschiedenen Expe-
ditionen aus dieser Gegend verschiedene Arten von
Brüllaffen mitbrachten. Natterer sammelte sm
Oberlauf und im Quellgebiet des Rio Paraguay A.
caraya, Während Castelnau von dort A. straminea
angibt. Aller Wahrscheinlichkeit nach liegt hier eine
Ungenauigkeit in Bezug auf den Fundort vor und
das betreffende Exemplar, welches zu A. seniculus
gehôrt, wird nicht im Quellgehiet des Paraguay,
— 275 —
sondern im angrenzenden des Amazonas- systemes
_gejagt worden sein. Die Fundortangaben Castelnaw’s
‘sind überhaupt mit einer gewissen Reserve aufzu-
nehmen. So hat er z. B. eine bekannte Mvschel der
Gattung Leila des Araguyastromes filschlich als
von Rio de Janeiro stammend bezeichnet.
A. belzebul L.
Diese Art, über welche schon oben Niheres
mitgeteilt wurde, ist in ihrer Verbreitung auf die
südlichen Nebenflüsse des Amazonas, vom Madeira
bis ziir Kiiste beschränkt. Cope erhielt sie durch
Herbert Smith von Chapada in Matto Grosso. Was
Cope iiber die Richtung der Haare an der Stirn sagt,
ist unrichtig, respective eine unzutreffende Verallge-
meinerung eines einzelnen Befundes. Natterer
erhielt die Art bei Borba am unteren Rio Negro.
Fiir Pernambuco wurde sie schon 1648 von Marc-
grave und Piso bescrhieben, aber seitdem nicht wieder
aufgefunden. Es wire an der Zeit, dass die Re-
gierung des States Pernambuco der naturhistorischen
Erforschung des Landes diejenige Aufmerksamkeit
zuwendete, deren sie sich seit mehr als 250 Jahren
nicht mehr zu erfreuen hat. Spex erhielt die Art
am Rio Tocantins, Castelnau am Rio Araguaya.
A. straminea Spix
Diese Art wurde zuerst von Spix 1825 beschrie-
ben nach Exemplaren aus Nordwestbrasilien vom
oberen Amazonas und dem Rio Negro. Sechs Jahre
spiter gab ihr E. Geoffroy nach Exemplaren aus
Columbien den Namen Mycetes chrysurus. Sie kommt
in Venezuela vor, woher unser Exemplar stammt.
Das Fell, welches im Allgemeinen rotbraun ist, nat
an Riicken und an der Endbilite des Schwanzes
goldgelde Haarspitzen. Dass nicht blos eine Farben-
varietät von A. seniculus vorliegt, beweist der Schädel,
der erheblich kleiner ist. Die Temporalcristen stehen
etwas weiter von einander ab als bei senzculus, ver-
lingern sich aber wie dort auf den äusseren Orbi-
— 276 —
talrande. Der obere Orbitalrand ist diinn, nur schwach
verdickt und setzt sich tiber die Glabella hin gegen
jenen der anderen Seite hin fort. Die Palatina sind
nach hinten nur wenig aufwirts gebogen. Sehr auf-
fallig ist die Kiirze und die konkave Form der Na-
senbeine. Hierin passt die Art besser zu A. fusca,
bei welcher alte Männchen die Nasenbeine nicht
linger als 19-27 mm. haben gegen 25-26 mm. bei
A. seniculus. wo dieselben nur schwach gebogen
sind. Die folgende Tabelle mag zur Vergleichung
des Schädels von A. straminea mit jenem von A.
seniculus dienen.
Tabelle der Schädelmasse von A. straminea und seniculus
Q © : 1
© = e Ro] [e]
o A
bo H o ©
© a ä bi ai
bo 13 : mA :H ©
õ a Ts 2 © vo oH
= 28 5 E e A oo
E = E © a og a
a ot mn a ci dora
A pe a © :0 ta O 85
5 © a +» em os Em
A a mA A Lo) pá 4
‘A. straminea o |B 26] 116) 100) 12 90,5 36,8} 17,8
À. seniculus & | 769/133.5| 112] 14] 52,5, 58,5) 25,5
A. seniculus & | 771| 134/110| 15/50,4 39) 26
A. seniculus Q| 766) — | 88128/52,5] 33) 16
A: seniculus © | 773] 115895] 11] 52] 36) 19,8)
A seniculas L.
Es ist dieses die Art des Amazonas-Gebietes,
welche nur en den südôstlichen Nebentliissen dieses
Stromes, zwischen dem Rio Madeira und der Kiiste
fehlt, wo sie durch A. belzebul ersetzt ist. Auf die
nordliche A. straminea und das Verhältniss derselben
zu À. seniculus kam ich bei jener Art zu sprechen.
Wie es scheint, ist diese Art in ihrer Färbung
ziemlich constart, doch kommem auch Variationen
mit hell-rotgelbem Riicken vor, aber nicht mit gelber
Endhälfte des Schwanzes. Humboldt hat dieser Art
den Namen wrsina beigelegt und aus Versehen ein
— 277 —
südbrasilianisches Tier dazu abgebildet. So ist es
wohl gekommen, das manche Autoren den Species-
namen wrsina filschlich fiir die siidbrasilianische
A. fusca angewandt haben. Im allgemeinen ist die
Synonymie dieser Art von Zrouessart richtig an-
gegeben, doch gehôrt 4. seniculus Winge in die
Synonymie von A. caruya. Ein komischer Zwi-
schenfall wurde kürzlich noch durch 8. G. Elliot
geschaffen. Er hat auf die Exemplare von Rio Ju-
ruä eine neue Species gegriindet, die er A. juara
nannte, und von der er angab, dass dieselbe dem
Rio «Juara» und zwar dem peruanischen Teile die-
ses Flussgebietes entstamme. Dabei ist zu bemerken,
dass es sich nicht um eine neue Art und nicht
einmal Unterart handelt und dass es auch keinen
Juara gibt. Ferner hat Kllot die einzige Abhand-
lung über die Affen des Juruä-Gebietes. diejenige
welche ich in Band VI der Revista do Museu Pau-
lista 1904, p. 408 verüffentlicht habe, nicht berück-
sichtigt und überhaupt nicht erwähnt, dass die Samm-
lung des britischen Museums, auf welche er sich
bezieht, Exemplare von A. seniculus von mir erhalten
hat. Lediglich um Missgriffe wie den hier erwiihn-
ten zu verhiiten, habe ich dem britischen Museum
eine fast vollstândige Suite von Doubletten unserer
Juruä-Ausbeute von Affen zugesandt. Sollte tatsäch-
lich das britische Museum Brüllaffen vom perua-
nischen Gebiete des Rio Juruá erhalten haben, so
hatte es die wissenschafiliche Priifung des betref-
fenden Materiales erheischt, das Verhiltnis zu den
vom Staatsmuseum in S. Paulo eingesandten und von
Herrn E. Garbe gesammelten Exemplaren klar-
zuiegen. Ich meinerseits kenne keine andere zoolo-
gische Exploration des Juruá-Gebietes, als die von
dem mir unterstellten Museum unternommene und
wenn Hiliot’s Angaben sich auf Exemplare dieser
Expedition beziehen, so ist auch die weitere Behaup-
tung unrichtig, dass die betreffenden Exemplare vom
peruanischen Teile dieses Stromgebietes stammen,
denn Herr E. Garbe hat nur die brasilianische Re-
gion desselben besucht.
Auf die beiden centralamerikanischen Arten,
welche sich entweder von A. belzebul oder von
A. caraya abgezweigt haben mógen, kann hier
beim Mangel der nútigen osteologischen Anhalts-
punkte nicht eingegangen werden.
Geographische Verbreitung der
Brullaffen
Die Verbreitung der Briillaffen ist fiir die Beur-
teilung der Geschichte der neotropischen Region und
ihrer Provinzen von besonderer Wichtigkeit und unter
ihnen sind wiederum die Briillaffen hesonders be-
deutungsvoll, weil sie wenigstens in einzelnen Arten
nicht absolut an den Urwald gebunden sind. Es
steht zu vermuten, dass die Verbreitungskarte der
Alouatta Arten, die hier mitgeteilt wird, auch für
die übrigen Affen und waldbewohnenden Tiere sich
als tvp:sch herausstellen wird.
Wenn wir auf Grund der vorausgehenden Erorte-
rungen und unter Benutzung der beigefiigten Karte
die Verbreitung der Arten der Gattung Alouatta
untersuchen, so ist zuniichst eine Tatsache sehr
auffällig, die nämlich, dass in jedem besonderen
geographischen Bezirke nur eine einzige Art der
Gattung angetroffen wird. Naturgemäss werden an
den Grenzgebieten sich zeitweise zwei verschiedene
Arten begegnen, aber auch das nur in beschrinktem
Masse, denn die Lebensweise ist bei einigen dersel-
ben etwas verschieden. Besonders gilt dieses fiir
den schwarzen Briillaffen A. caraya, welcher sich
nicht scheut, auch in den Catingas zeitweise zu le-
ben und mithin auch Wanderungen durch die Cam-
pos zu unternehmen.
Vor der Hand bleibt das Verhältnis der beiden
centralamerikanischen Arten A. pallzata und villosa,
von denen letztere auch noch in Ecuador angetroffen
wird, zu den übrigen Arten der Gattung noch unklar.
Erst die Untersuchung von Schädeln und Schallblasen
kann darüber Entscheidung bringen.
é
Die enorm weite Verbreitung der schwarzen
Brüllaffen, welche sich quer aurch den Continent von
den Kaffeeplantagen S. Paulo’s bis zu den Cacao-
Pflanzungen im Küstengebiete von Ecuador hin er-
streckt, erklirt sich durch die oben angedeutete Le-
bensweise dieser Affen, der einzigen Art, welche
über Campos hin oder lings der Vegetation der Fluss-
liufe von einem Waldgebiete zum anderen wandert
und auch niederen Buschwald nicht verschmäht.
Ganz isoliert ist das Vorkommen von 4. fusca
in der schmalen Urwaldszone des Kiistengebirges von
Siidostbrasilien. Es ist klar, dass die heutige Ver-
breitung ein sehr diirftiger Rest einer einst weiter-
reichenden ist und dass das Verbreitungscentrum
der Aloualta-Arten die Tropenwaldungen am Fusse
der Cordilleren von Bolivien, Perú und Ecuador,
waren. Sonderbarer Weise steht die venezuelanische
Art in wichtigen craniologischen Charakteren der
stidbrasilianischen Art niher als 4. seniculus, be-
sonders in Bezug auf die Nasen-und Gaumenbeine,
wihrend andererseits À. fusca in der Bildung der
Orbitalränder und der Glabella eine isoierte Stel-
lung einnimmt. Offenbar gab es früher Ubergangs-
formen und Vorläufer dieser roten Brüllaffen, von
denen ein3 Art nach Südbrasilien gelangte und in
ihrem Ursprungsgebiete erlosch. Auch andere z00-
geographische Tatsachen weisen darauf hin, dass
von Bolivien aus über Matto Grosso ehemals eine
bewaldete Gebirgskette oder doch hüher gelegene
Landschaft nach S. Paulo und Rio de Janeiro hin
führte, welche spiterhin im Zusammenhavg mit dem
Einbruche der Flusstäler des Paraguay und des Para-
nastromes unterbrochen wurde. Besonders müge hier
noch aut die Verbreitung der Gattung Strophochecus
oder Bulimus hingewiesen sein, welche zu ganz
übereinstimenden Schlussfolgerungen führt, wie ich
ineiner von Prof. E. Bouvier der Pariser Aka-
demie der Wissenschaften vorgelegten Mitteilung
ausfiihrte. (Compt. Rend. 1911, N. 16, p. 1065-1067).
Waldtiere mit beschriinkten Verbreitungsmitteln
sind durch Steppen von anderweiten Waldgebieten
— 280 —
genau so vollkommen abgetrennt w.e durch Meere.
Finder sich gleichwohl identische oder ähnliche Arten
in räumlich gesonderten Waldgebieten, so muss zur
Zeit der Ausbreitung eine andere Verteilung von
Wald und Steppe bestanden haben. Darauf eben
weisen uns die zoogeographischen Verhältnisse von
Süd-und Mittelbrasilien hin und je weiter die spe-
zifische Sonderung der jetzt isolierten faunistischen
Elemente gegangen ist, um so linger muss schon
die Trennung bestehen.
Tafelerklárung
Alle Hyoidknochen sind von vorne gezeichnet,
mit dem Hinterrande nach unten gerichtet. Na-
tiirliche Grosse.
TAFEL V
Fig. 1 Schallblasc von Alouatta fusca Geoff.
o et Cr.
Fig. = Schallblase von A fusca guarida lh.
N. 1671, ¢
Fig. .5 Schallblase von 4. fusca guarda lh.
Ni 41, 0.
Fig. 4 Schallblase von A. fusca guarida Th.
N. 319, 9-
TAFEL VI
Karte zur Erliuterung der geographischen
Verbreitung der Brüllaffen der Gattung Alouatta.
TAFEL VII
Nur Fig. 7 ist in Seitenansicht gezeichnet ; die
úbrigen Hyoidknochen sind von vorne gesehen.
Natiirliche Grosse.
Fig. 5 Schallblase von Alowatia seniculus L., 3,
Fig. G Schallblase von A. belzebul i. 2:
Fig. 1 Schallblase von A. caraya Humb. N.
1402 dg.
Fig. 8 Schallblase von A. caraya Humb. N.
1401, a
As especies hrazileiras de Nilionidas
(Coleopteros)
e a posição systematica da familia, pelo estudo das larvas
POR
RODOLPHO VON IHERING
(Estampa III, figs. 2 e 3)
(Com um resumo em allemäo — Mit einer deutschen Zusam-
menfassung)
Os besouros da pequena familia Nilionidae, os
quaes pelo seu aspecto lembram certas especies de
«vaquinhas» (da familia Coceinellidae), têm sido
assumpto de muitas discussões relativas à posição
systematica que lhes deva ser assignalada.
Os auctores antigos divergiam muito uns dos
outros e assim collocavam os Nelzonzdae ora junto
às Coccinellas, ora entre os Tenebrionidae. Mo-
dernamente havia prevalecido a opinião de conside-
ral-os affins às familias inferiores dos Heteromeros
(ou Meloideae mihi).
Emquanto se conheciam apenas as formas adul-
tas, a systematica realmente nada mais podia fazer
senão julgar pela conformação do corpo, extremida-
des, partes buccaes, etc. ; faltava o estudo das larvas
para decidir definitivamente qual o verdadeiro paren-
tesco desses besourinhos. Foi por isto que apro-
veitamos o ensejo de termos encontrado as larvas,
para completar esse estudo de uma familia pura-
mente neotropica e sobretudo brazileira.
A classificação das especies existentes no Museu
Paulista levou-nos à revisão de todo o grupinho, do
— 282 —
qual aliás até hoje não se conhecem senão 26 es-
pecies, sendo 17 dellas brazileiras, inclusive as 9
especies novas que aqui descrevemos.
*
* *
Caracteres da Fam. Nihonidae. Corpo he-
mispherico, convexo. Cabeça vertical, bem ajustada
ao prothorax ; olhos transversaes ; antennas com 11
articulos, sendo o 3.º sempre bem maior que os
outros ; clypeo transverso ; palpos maxillares com 4,
os labiaes com 3 articulos ; mandibulas curtas, grossas,
com dous dentes apicaes. Prothorax largo, trans-
verso, nos lados foliaceo e no meio abahulado ; elytros
hemisphericos, muito convexos, com recorte semilu-
nar na margem anterior (com uma ou duas excepções
apenas), nos lados com margem foliacea (larga adiante,
atraz terminando em ponta). Abdomen com 9 se-
ementos. Pés curtos, coxes transversaes, 0 par an-
terior com intervallo minimo ou nullo; tarsos fili-
formes, com 5 articulos nos pares anterior e medio,
4 articulos no posterior.
Trata-se de um conjuncto de especies muito
homogeneo no aspecto geral e conformação do corpo.
O unico genero Nelo que constitue a familia,
pode apenas ser dividido em tres grupos de espe-
cies, tomando em consideração o caracter, aliás muito
secundario, da disposição da pontuação dos elytros.
Só uma especie, N. pusillus é um tanto aber-
rante, pela conformação do corpo, muito mais alon-
gado e menos alto (não hemispherico, senão antes
achatado). Veja-se o que fica dito a respeito à pag. 298.
Thomson e ainda o catalogo de Gemmiger e
Harold incluiam nesta familia os generos Catapotra
Thom. do Mexico e Hades Thom. de Java; mas ja
no «Coleopterorum Catalogus» de Junk e Schenkling
(Pars 2, +. Borchmann, 1910) esses dous generos
foram desligados dos Nilionidae.
Notas Oecologicas. O que até agora se sabia
do modo de vida das especies de. Nilto resume-se
quasi exclusivamente às informações de Lacordaire
— 283 —
(Ann. Se. nat. XXI pg. 152 (1) e no vol. V dos
Genera Col., pag. 919); Thomson na sua Monogra-
phia nada poude accrescentar, e não nos consta que
em literatura mais moderna se encontrem observa-
ções mais detalhadas.
Do sr. H. Luederwaldt, preparador de entomo-
logia do Museu Paulista obtive varios dados refe-
rentes a N. bouvieri mihi, observados no Ypiranga
(Sao Paulo) e nós mesrtos encontramos varias vezes
o N. lutzi com sua cria no taquarussu da Serra
da Cantareira, S. Paulo. As larvas foram encon-
tradas no mez de Maio 1912.
A larva de Nilio bouvieri mili
Long. 4 mm. Larg. 4 mm. Os lados são pa-
fallplos a começar da maior largura do prothorax
em seu bordo posterior até o 9.º se-
gmento abdominal; os segmentos res-
tantes estreitam-se gradativamente, for-
mando o 8.º segmento a curva poste-
rior, porque o 9.º segmento não
apparece quasi, visto de cima, devido
à curvatura da metade posterior do
abdomen. A caheça é egualmente
curvada para baixo, com o clypeo e
a fronte verticaes.
Fig. 1 B . o .
Larva de Nitiobou- Cabeça attingindo a maior largura
24>? maraltura. dos ocelloss um pouco» es-
treitada para traz, na frente convergindo em angulo
(1) Transerevemos as interessantes notas do celebre en-
tomologista.
« Nilio (Latr.) — Ces insectes vivent sur le tronc des
arbres, contre lesquels on les trouve collés ou grimpant len-
tement. Quand on les touche, ils se cramponnent assez for-
tement aux aspérités de l’ecorce, et ramènent leurs antennes
sous le corselet; lorsqu’on les tient, ils contractent leurs
pattes à la maniére des Coccinella et restent assez long temps
immobiles. Leur odeur est assez forte et pareille à celle des
Helops. On trouve communément au Brésil deux espéces,
N. fasciculatus et reticulatus, Dej. J’en ai rapporté une
autre qui paraît rare, N. fusculus Dej. n. sp.». Estes tres
nomes especificos são «nomina nuda»; veja-se a lista destes
no fim da enumeração das especies (pag. 300).
aa 284 =
recto; fronte quasi plana, vertice ligeiramente ar-
queado com um sulco mediano. Os desenhos das
mandibulas, dos palpos maxillares e labiaes e da
antenna dispensam-nos de descripção detalhada.
Os ocellos são em numero de 4 de cada lado;
3 dos mesmos formam um triangulo muito alonga-
do, no mesmo plano da antenna, emquanto que o
4.º ocello fica collo-
cado muito abaixo,
na face.
Com relação à an-
tenna observa-se que
o articulo basal é
mais largo quecom-
prido ; 0 2.º artículo,
de diametro circular,
torna-se gradativa-
mente mais fino em
direcção à ponta;
5 esta termina em um
c' tubercalo que póde
ou não ser conside-
rado como 8.º articu-
= lo; cousa semelhan-
te observa-se na fig.
14: Est. XIV destra-
balho de Schioedte
(1879, e na respe-
ctiva descripçäo de
Fig. 2 Lagria hirta o au-
, ize a 3 o
Larva de Nilio bouvieri n. sp. ctor diz : «art. pa nus
A — Mento e palpos labiaes ; B — Maxilla o a o
com palpo ; C, C’ — Mandibulas, direita e es- apice extremo an
A Ca nl
membranaceo».
O prothorax é egual em seu comprimento aos
dous segmentos seguintes reunidos ; em posição natu-
ral é enclinado, formando angulo de 45º com a ho-
risontal, representada pelos meso e metathorax ; destes
segmentos o primeiro é apenas um pouco mais
comprido que o segundo; comquanto pouco mais
largos, destacam-se bem dos segmentos abdominaes.
— 285 —
Destes apenas o ultimo, apical, merece menção es-
pecial, porque a respectiva forma parece ser bastante
caracteristica nas larvas dos Heteromeros. No pre-
sente caso, como se vê da fig. J, a valvula superior
deste segmento tem apenas uma incisão mediana com
os respectivos bordos só pouco divergentes, de modo
que as Guas pontas que dahi resultam, são curtas e
pouco separadas. E' com pouca differencao que se
observa em Lagria, emquanto que nas outras fami-
lias, de resto muito affins, como nos proprios Tene-
brionidae, esta valvula anal sempre offerece cara-
cteres variados, formando em geral espinhos ou gan-
chos, que funccionam como orgãos de locomoção, no
caso do retrocesso. (*)
Os pês são antes curtos e fortes, os tres pares,
com ligeira differença, eguaes entre si.
A côr geral é bruno-castanha ; nas larvas ainda
novas ha apenas a notar as linhas claras transversaes,
da divisão dos segmentos; quando um pouco mais
crescidas, nota-se uma mancha escura no prothorax,
orlada de claro e um tanto recortada no meio. Nas
larvas crescidas, a capeca, as duas manchas confluentes
do prothorax e duas faixas lateraes, do mesothorax
ao penultimo segmento anal, são bruno-averme-
lhadas, separadas pela porção mediana mais pallida.
O corpo todo, emcima, é revestido de espinhos
curtos e de longos pellos, os mais compridos com
cerca de metade da maior largura do corpo.
De um dos exemplares do nosso material estava
justamente sahindo a nympha, achando-se a chitina
larval fendida na linha mediana do thorax apenas.
(*) Interessante será, neste sentido, averiguar a posi-
ção do gen. Phymatodes, tido geralmente como Tenebrionida,
mas que tanto Erichson (Archiv f. Naturg. VIII, 1842, pg.
370) como Schiédte (Bibl. 8, 1879, pg. 521, Est. XIV, fig.
1-8) collocaram na fam. Lagriidæ. Esta classificação parece
que não prevaleceu, visto como no «Catal. Coleopterorum»
(Bibl. 2, 1910, II) este genero não foi incluido em tal fa-
milia. Entretanto o 9.º segmento abdominal da larva, «ro-
tundatum, inerme», parece, antes, indicar afinidade com
Lagritde ; comtudo ha varios caracteres aberrantes que de-
mandam estudo comparativo.
— 286 —
A nympha só pudemos estudar por esse espe-
cimen em via de eclosão e examinando as pelles
das quaes haviam sahido os besouros adultos. As
larvas, reunidas em massa compacta, em numero
de 20 a 40 sobre uma area de 2 ou 3 centimetros
quadrados apenas, depois de terem defecado, pren-
dem-se (collam-se ?) pelo segmento anal à casca da
arvore. Os pés das larvas as vezes auxiliam a fi-
xação, encravando as unhas nas rugosidades; fre-
quentemente, porém, a parte anterior fica em posi-
ção elevada, de forma que as extremidades não to-
cam a base. Pela fenda thoraxica da pelle larval
surge a nympha. Nesta,o que ha de mais caracte-
ristico são os 5 pares de «tuberculos halteriformes»
dos 5 segmentos abdo-
minaes anteriores. Muito
semelhantes aos «pro-
cessi motorii» da nympha
de Lagria hirta, figu-
rada por Nchiddte (1. s.
elit. isto XIV ie aaa):
Nympha de N. bouvieiri, segmentos ab- em Nilo bouviert E Sta
dominaes II e Ill ; os «tuberculos halteri- forma é mais pronuncia-
formes» («processi motorii» de Schiddte). :
damente a de meio halter
ou cabeça de alfinete (fig. 3, T) (1). São justamente
os O segmentos providos destes corpusculos que emer-
gem da pelle larval; os segmentos restantes não
possuem taes corpusculos.
Larvas de N. lutzr foram encontradas em Maio
nos septos abertos de taquarussú (2)e, a julgar pelo
material secco de que unicamente dispomos de mo-
Fig. 3
(1) Reservamos para um outro artigo o estudo detalha-
do destes «tuberculos halteriformes» como os denominaremos,
ao nosso vêr com mais propriedade. Comquanto ainda não
tenhamos feito o estudo histologico, parece-nos que os cor-
pusculos em questão não devem ter funeçäo motora, como o
suggere a denominação dada por Schiódte; a nympha de
Nilio não se locomove, permanecendo fixa na pelle larval.
(2) Juntamente com as larvas destes besouros foram
encontrados, nos mesmos septos, varios outros insectos, taes
como formigas (Camponotus), Fulgoridas (N. 16773) e cocci-
das da fam. Dactylopine: Ripersia taquare Hemp.
== 287 e
mento, ellas não differem das larvas de N. bouvieri,
acima descriptas senão pelo colorido. A cabeça, o
prothorax e os pês são amarello-ochre, em alguns
pontos tirante ao bruno; os demais segmentos são
pretos com ligeiro tom oliva; só nos tres ultimos
segmentos abdominaes reapparece um pouco de co-
lorido amarellado, pcrém mais denegrido. Os longos
pellos que revestem todo o corpo e especialmente
os flancos, são branco-sujos.
Affinidades da familia
Tratando-se de besourinhos que modernamente
pouco tem sido estudados, torna-se difficil dizer qual
a posição systematica que tenha preval:cido. Fazendo
abstracção dos auctores antigos, os Nilionidae foram
collocados naturalmente no grupo dos Heteromera, de
accordo com o numero de artículos tarsaes (5 nas patas
le Il,e 4 nas patas III). Neste grupo o Prof. Kolbe
distinguiu um conjuncto de «familias inferiores», com
as covinhas coxaes do prothorax abertas atraz, co-
xas anteriores cônicas e epimeros do mesothorax
alcançando as covinhas coxaes (fam. Meloidae, Py-
rechroidae, Pythidae, Anthicidae, Uedemeridae,
etc.); em um outro grupo ou «familias superiores»,
as covinhas coxaes do prothorax são fechadas atraz
pela connexão dos epimeros com o prolongamento
prosternal intercoxal; as coxas anteriores são coni-
cas, proeminentes ou esphericas e embutidas : taes
são as fam. Olhnidae, Lagridae, Cistelidae, Tene-
brionidae, Aegralitilue e Tentyrudae ; na respe-
ctiva enumeraçäo das familias (loc. cit. pag. 391)
a que aqui estudamos, foi apenas mencionada, sem
indicação quanto às suas affinidades com este ou com
aquelle grupo. Mas em um outro trabalho anterior
do mesmo auctor (Bibl. 4, pg. 140) a familia dos
Nilionidae acha-se collocada no grupo das familias
inferiores, por terem sido consideradas as covinhas
coxaes como sendo abertas atraz. Mas o exame de
um bom numero de exemplares mastrou-nos antes o
contrario; essas covinhas possuem um bordo poste-
rior que as delimita contra o mesothorax, um septo
-— 288 ——
apenas, mas que em todo caso ncs obriga a collocar
esta familia no mesmo grupo dos Zenebriomdae e
Cistelidae, ainda que nestes ultimos o bordo em
questão seja bem mais espesso. Nos Meloidae, Mor-
dellidae, ete. a covinha coxal é aberta atraz, ou in-
teiramente ou ao menos até a metade do 1ado interno.
Pelo estudo que fizemos das formas larvaes
pudemos reconhecer ainda varios outros caracteres
importantes para a posição systematica da familia ;
infelizmente, porera, não possuimos material suffi-
ciente de larvas de outras familias de Heteromeros,
nem tão pouco pudemos saber de descrirções de
larvas de varios desses pequenos grupos, egualmen-
te até hoje vem pouco estudados. De especial valor
foi-nos para tal estudo, entre os trabalhos ao nosso
alcance, a admiravel serie de publicações sobre lar-
vas de coleopteros do Prof. J. G. Schiôdte no «Na-
turhistoriske Tidsskrift» (Vol. 11, Tenebrionidae e
Vol. 12, Lagriidae).
As larvas dos Nilionidae tem innegavelmente
varios traços característicos em commum com as
dos Zenebrionidae, de modo a poderem ser consi-
deradas como mais chegadas a esta familia do que
a outros Heteromeros do grupo dos Meloideae (*).
Mas no mesmo grupe dos Zenebrioideae (*) a fa-
milia dos Nilionidae avisinha-se muito mais, pela
forma larval, da fam. Zagriüdae ; dos outros Te-
nebriordeae conhecemos larvas ou descripções destas,
apenas dos Cistelidae e Aegiahtidae, que differem
sensivelmente da familia que aqui estudamos; dos
Tentyrvidae parece-nos que se pode aftirmar outro
tanto. Assim collocamos os Nliondae entre os
Lagrudae e Tenebrronidae.
(*) Em falta de uma denominação para cada um dos.
dous grupos de familias de Heteromeros, a que o Prof.
Kolbe se refere como «familias de organização inferior» e
«familias superiores», propomos os seguintes nomes :
HETEROMERA
Sect. MELOIDEAE n. (familias inferiores com covinhas
coxaes I abertas atraz): Melandryidae, Mordellidae, Rhipi—
— 289 —
Descripção das especies novas
Nilio lutzi 7 sp.
(Estampa III, fig. 3)
Long. & mm; Lat. 7 mm.
Elytra obscure atro-viridis, caput, antennarum
art. 1-3, prothcrax, scutellum, elytrorum margines
flavi, subtus testaceus, pedes flavescentes, antennarum
art. 4-5 rufo-brunnei, caeteri nigri; caput protho-
raxque pilis aurentiis, elytra pilis stramineis obtecta.
Caput et prothoracis pars media confertim et
leviter punctulata, cujus elytrorumque latera validius.
Elytra Ôaemispherica, convexa, antice lunata, se-
riebus 148 longitudinalibus punctorum instructa, in-
ter has series levae.
Hab.: Typus (N. 16771, Mus. Paul.) Cantareira,
São Paulo.
Istam speciem novam dedico praeclaro colle-
gae Dr. A. Lutzo in die commemorationis festivae
studiorum biologicorum XXXV ennos ad glorizm
scienciae brasiliensis peractorum. 30. III. 913.
Nilio coffeatus n. sp.
Long. 8-9 mm.; Lat. 7-8 mm.
Supra brunneo-nigricans vel coffeatus, pubes-
cens ; antennae, caput, prothoracis pars media, pec-
dophoridae, Cephal idae, Oedemeridue, Pythidae, Anthici-
dae, Pidilidae, Xyl phiidae, Monommidae, ‘Trictenomidae ;
Sect. TENEBRIOIDEAE 2. (familias superiores, com covi-
nhas coxaes I fechadas atraz): Othniidae, Cistelidae, La-
griidae, Nilionidae, Tencbrionidae, Aegialitidae, Tentyriidas ;
A proposito do nome da penultima familia acima citada,
derivado do nome generico Aegialites (Mannerh. 1853), lem-
bramos a confusão que estabelece pela sua quasi perfeita
homonymia com Aegialitis (Boie, 1822, Aves, fam. Chara-
dréidae); a familia que se estabelecesse com esse genero de
ave por typo, teria egualmente o nome Aegialitidae. As
ambiguidades que dahi resultam, ja nos referimos em nosso
Catalogo das Aves do Brazil, 1907, pg. XVII, e aqui nos
limitaremos a assignalar essa falha das Regras Internacio-
naes de Nomenclatura. codigo esse que entretanto respeita-
remos incondicionalmente.
tus abdomenque nigrum, pedes nigri, art. tarsorum
ferrugiveo-pubescentes. Sutura lineola testaceo-fer-
ruginea notata; elytra ornata fasciis alternatim obs-
cure castaneis et nigris cum seriebus punctorum
colincidentibus.
Elytra haemispherica, convexa, antice lunata,
seriebus 18 longitudinalibus punctcrum instructa,
inter has series tenuiter et confertim punctulata,
caput prothoraxque aeque punctnlata : subtus pedes-
que tenuissime punctulati.
Hab.: Typus (N. 6547, Mus. Paul.) Franca,
Est. São Paulo.
Nilio bouvieri 7. sp.
Long. 6,9 mm.; Lat. 5,7 mm.
Supra fulveo-olivaceo-grisescens, vel totus pi-
lis griseis tectus ; caput nigrum simulque prothorax
in medio, ille in lateribus, elytrorum margines et
sutura testaceo-flavi, scutellum brunneam; subtus
pedesque testaceo flavi; tarsi clare brunnei, aureo-
villosi; partes buccaliae, antennarum art. 1-3 fer-
ruginei, art. 4-11 gradatim rubro-brunnei.
Prothoracis pars media elevata, tenuissime pun-
ctulata, subnitida; cujus latera, elytrorum margi-
nes crassius punctulati; elytra haemispherica, con-
vexa, quasi tantum longa quam amba sunt larga,
antice lunulata, seriebus 22 longitudinalibus puncto-
rum instructa, inter has series subtiliter punctulata;
subtus pedesque laeves.
Hab.: Est. São Paulo: Typus (N. 11510 Mus.
Paul.) Ypiranga; N. 9616, Jundiahy.
In honorem docti et professores E. Bouvieri
plena veneratione hasc species est denominata.
Nilio paralanatus n. sp.
Long. 7,5 — 8 mm.; Lat. 7,3 — 7,5 mm.
Niger; caput prothoraxque flavi, aurantii-pilosi,
laeviter punctulati; pedes obscure brunnei; elytra
nitida, extra punctulationem laevissimam cum panctis
majoribus, irregularibus, in linea recta vel flexuosa
(propius scutellum), modo in orbem aut vermicula-
tionem incedentibus, instructa; intra istas figuras
pubescentia elytrorum est flavo-viridis, extra eas
nigra. é
Hab.: Typus. Valle do Rio Pardo, Est. de S.
Paulo (E. Gounelle leg. XII, 1898); Guayrá, Est.
Paraná (CG: Schrottky leg. XI, 01910).
Nilio varius n. :p.
(Estampa III, fig. 2)
Long. 6 mm. : [eats ocmm,
Caput rufo-brunneum, prothorax in medio dito,
lateribus flavidioribus ; elytra brunneo-nigra, con-
fertim fasciolis vel maculis numerosissimis, irregu-
laribus ochraceo-flavis ornata, marginibus (neque
sutura) ejusdem coloris; antennae pedesque rufo-
testacel.
Caput prothoraxque valde et confertim pun-
ctata; elytra nitida, extra generalem punctalationem
laevissimam, punctis majoribus circum maculas tes-
taceoflavas instructa.
Pars inferior capitis aureo-pilosa, frons, pro-
thoraxque pilis nigris munita; pubescencia colore
elytrorum concordat, sic supra maculas testaceas
sunt fasciculae pilornm flavarum. Elytra haemisphe-
rica, convexa, antice quasi recta.
Hab. : Est. S. Paulo, Typus (N. 2502) Canta-
reira,S. Paulo; Raiz:da Serra:
Var. a Differt a forma typica : elytra eviden-
ter lunata; color macularum flavidior ; magnitudine
forma typica.
Hob. = São Paulo, Ypiranga (N. 720% 7224,
Mus. Paul.)
Var. b Haec forma typo appropinquat, sed
magnitudine differt: Long. 8,5 mm., Lat. 7 mm.
Hab.: Franca, Estado de S. Paulo.
t9
we)
4
| lex
CHAVE PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS
ESPECIES
Elytros com pontuação dis-
posta em 18 series regula-
ses .
Elytros com “pontuação dis-
posta em 22 series regula-
res .
Elytros com pontuação irre-
gularmente disposta, nunca
em series longitudinaes .
Especies cujas diagnoses são
deficientes, motivo pelo qual
não puderam ser incluidas
na chave supra.
Elytros sem outra pontuação
entre as 18 series.
Elytros com pontinhos me-
nores entre as 18 seres re-
gulares
Corpo e elytros amarellos
Elytros escuros.
Sem faixas longitudinaes SO
bre os elytros
Com 6 faixas longitudinaes
avermelhadas sobre os ely-
tros. :
Especie grande, 10 mm.
Especies “medias, T-Smim.
Especies pequenas, 4-Omm e
o bordo anterior dos elytros
não é concavo como de regra
Bruno-avermelhado, margens
do prothorax e dos elytros e
sutura vermelho-amarellados,
pellos ruivos; artic. das an-
tennas 4-11 pretos.
Semelhante à especie prece-
dente, mas só os artic. 6-11
das antennas pretos; a pontua-
(10)
4
(9)
1) N. testaceus
2) N. perwvianus
3) N. villosus
(7)
(6)
4, N. fulvopilosus
=1
(9,0)
10
it
13
ção dos elytros muito mais
grosseira, principalmente nos
lados e no apice.
Antennas com articulos
amarellos. . .
Antennas com articulos 1-3
amarellos. ‘
Com sutura amarella.
Sem sutura amarella : ely-
tros pretos, sua margem,
prothorax e cabeça amarellos
Cor mais escura, pontuação
dos elytros mais forte, pre-
thorax maior
Bruno menos escuro, pontua-
ção dos elytros mais o
prothorax menor
Elytros escuros, brunos ou
pretos ou pretos, com ou
sem desenho de outra côr .
Elytros vermelhos ou cas-
tanhos.
1-9
vermelho-casta-
Côr geral
nha, sem outro desenho,
7mm
‘ Or geral vermelha, articu-
culos 3-1] das antennas Ea
tos, 9 mm
Em cima o colorido é uni-
forme .
Em cima o colorido não é
uniforme; pelo menos com
sutura ou frisos de outra
cor eke ua 0 2 SOO
Corpo globoso e com lar-
gura quasi egual ao compri-
mento, que é de 4ômm.;
de côr azul metallica em
eum:
Corpo antes achatado, alon-
gado (muito mais do que em
9. N. thomson:
6. N. coccine!-
loides
(8)
(9)
mA lbs
8 N. pilosus
9. N amazonicus
(12)
(11)
10. N. rubrocas-
taneus
11. N. lafertei
(14)
(14)
12. N. aeneus
14
15
16
17
—— 294 --
qualquer outra especie do ge-
nero), 4-4,omm. de compr.
por 2,9 mm. de largura;
bruno, só com os lados do
prothorax mais claros (ama-
rello brunos) e antennas de
egual côr nos articulos ba-
saes, os seguintes cada vez
mais brunos e só os 4 ulti-
mos positivamente pretos
Com frisos de côr mais viva,
pelo menos a sutura.
Elytros sem frisos de côr
mais viva. 5 Apa EEE
Elytros brunos, com pon-
tuação mais forte entre as
18 series e no resto do cor-
po; antennas brunas, cabe-
ça e prothorax ochre, 9,5mm.
Toda a pontuação muito le-
ve; elytros e antennas de
côr preta, o resto amarello,
SD mm, ken rasder pe aeiienvt
Apenas a sutura com listra
muito delicada, as margens
dos elytros parecem amarel-
las, apenas devido à transpa-
recia ; cor de fuligem (café),
corpo, antennas, cabeça e
centro do prothorax pretos.
Especies brunas ou mais es-
curas, com colorido amarello
ou ochre abundante, tambem
na cabeça e protborax
Margem anterior dos elytros
direita (sem concavidade) ;
centro do prothorax escuro.
Margem anterior dos ely-
tros concava, elytros. (exce-
pto os frisos) brunos, protho-
rax inteiramente amarello ..
13. N. pusillus
(16)
(15)
14 0h suuralis
15240. collaras
16. N. coffeatus
17. A. lebasec
18
19
dO
ty
Subpubescente ; artic. das an-
tennas 1-3 amarellos, os de-
mais pretos; 6mm
Todo o corpo em cima com
longos pellos densos; artic.
das antennas 1-5 sesamin
45 min : :
Sem pontuação entre. as 22
series, elytros sem frisos,
antennas inteiramente bruno-
avermelhadas E
Com fina pontuação entre as
22 series, elytros con sutu-
ra e frisos destacados; an-
tennas mais claras na base,
gradativamente mais escuras
Elytros pretos umforimes (fa-
zendo-se abstracção da côr
dos pellos); cabeça e pro-
thorax amarellos
Elytros com manchas irre-
gulares, amarelladas
Pubescencia verde escura
( «viridi-obscura» Thoms. ) ;
Long. 10mm.; Lat. 8,5mm.
Pubescencia verde clara («fla-
vo virens» mihi), alternada
com tufos pretos; Long.
7.0-10mm À
À pontuaçäo dos ely tros é
irregular e independente das
manchas amarellas ; margens
dos elytros e suturas ama-
rellas .
A pontuação dos elytros for-
ma os limites de cada uma
das manchas amarellas
As manchas dos elytros são
regulares, ovaes, não muito
chegadas umas às outras e
de côr ferruginea .
18. N. sallez
19.AN. chiriquen-
SUS
20. N. brunneus
21. N. bouviere
22 UN. lanatus
25. N. parala-
nalus
24. N. maculatus
(23)
. 20. N. pantherinus
em 296 =
— As manchas dos elytros são
irregulares, de tamanho va-
rio e muito chegadas umas
às outras, de forma a con-
fluirem às vezes; a côr das
mesmas e das margens dos
elytros é amarello-testacea . 26. N. varius
24—N. fascicularis Germ. Certamente pertence ao
grupo O.
Por ser especie brazileira repetimos aqui a dia-
gnose segundo Thomsos: «Pallidus, elytris margi-
natis, disco fuscis, fasciculato pilosis; magnitudine
N. villosi; caput parum cum antennis pallidum ;
prothorax villosus, fuscis, lateribus dilatatis, palli-
dis; elytra fusca, pilis gilvis fasciculata, margine
reflexo pallido; corpus subtus totum pallidum».
— N. margmellus Erichs. Pela diagnose pode
pertencer tanto ao grupo A. como B.; talvez oc-
corra tambem na Amazonia. Será difficil reconhe-
cer esta especie e da qual o auctor diz apenas: «Ni-
ger, subtiliter aequaliterque cinereo puberulus, ely-
tris punctatissimis obsolete punctato-striatis, sutura
margineque tenuiter flavo-circumscriptis. Long. 8-9
mm. (e não «3 mm. 2/3» como escreve Thomson,
que não converteu a medida original (linhas) em
milimetros). Patria: Perú.
Fam. NILIONIDAE
Gen. NILIO Lair. 1802
Latreille, Ilist. Nat. Crust. et Ins. III, 1802,
po Mimos
Thomson, Bibl. 9, p. 5-12 e 45.
N. 1. IN. testaeeus Thoms.
Thomson, Bibl. 9, pg. 9, Est. 3, fig 10 Para.
Mus. Paul.: Para.
N.2. NW. peruvianus Thoms.
Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 45. Perú, Amazonas.
N. 3. BW. willosus Fabr.
Fabricius, Mant. Ins. II, append. 1787, pg. 579
Thomson, Bibl. 9, pg. 9. Guyane fr., Ama-
zonas.
N. 4. NW. fulvopilosus Chomp.
Champion, Bibl. 3, pg. 471, Panama.
N. 5. NW. thomsoni Champ.
Champion,, Bibl. 3, pg. 471, Est. 21 fig. 20.
America Central.
N. 6. IN. coccinelloides Cast.
DOT -
eel ys
Castelnau, Hist. nat. Col. II, 1840, pe.
Thomson, Bibl. 9 pg. 10. Brazil.
N. 720 mM Imtzit Ro volh.
R. von Ihering, cf. antea. pg. 289; Est. TIL fig. 3.
Mus. Paul.: (Typo) Cantareira, Est. S. Paulo.
N. 8. IN. pilosus (Cast.
297
Castelnau. loc. s. cit. 1840, pg 227 ;
Thomson, Bibl. 9, pg. 9 e 40. Colombia, Ama-
zonas.
N. 9. MW. amazonicus Thoms.
Thomson, Bibl. 9, Est. 3, fig. 2. Amazonia.
N. 10. NW. rubrocastaneus Thoms.
Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 1, Guya-
na fr. e provavelmente Pará.
— 298 —
N. 11. NW. laferti Thons.
Thomson, Bibl. 9. pg. 9, 11, Golombia.
N. 12. MN aeneus 70m.
Thomson, Bibl. 9, pg. 45, Amazonia.
N. 15. NN. pusillus Kuhnt
Kunht—ubi?
Mus. Paul. : (teste C. Bruch)... Rep. Argen-
tina, Prov. Jujuy.
EK’ o typo mais aberrante neste conjuncto tão
homogeneo e não extranharemos si houver quem
o separe — subgenericamente ? Nao pudemos en-
contrar a diagnose original; os especimens da nossa
colleccäo devemos ao sr. Carlos Bruch, do Museu
de La Plata.
N. 14 B®. suturalis Thoms.
Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Santa Cruz, Bolivia.
N. 15. IN. collaris Thoms.
Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 4, fig. 2, Go-
lombia.
N. 16. Ne. coffeatus fF. v. lh.
R. von Ihering, cf. antea pg. 290.
Mus. Paul.: (Typo) Franca, Est. deS. Paulo.
N. t7. MN. lebasei Thoms.
Thomson, Bibl. y, pg. 10, Est. 3, fig. 3. Co-
lombia.
N. 18. MW. sallei Zhoms.
Thomson. Bibl. 9, pg. 10, Est. 3, fig. 4, Mexico.
N. 19 N. chiriquensis Chanp.
Champion, Bibl. 3, pag. 471, Est. 21, fig. 21.
Panamá.
N. 20. N brunneus Thos.
Thomson, Bibl. 9, pg. 11, Est. 3, fig. 5, Brazil.
N. 21. MW. bouvieri ZX. v. Th.
R. von Ihering, cf antea, pg. 290.
Mus. Paul.: (Typo) Ypiranga; Jundiahy, Est.
S. Paulo.
Os especimens de Jundiahy parecem differir um
pouco dos typos do Ypiranga. Como porem a serie
destes mostra certa variabilidade no colorido (ely-
tros mais claros no meio), não pensamos que seja
o caso de distinguir subspecies.
N. 22. N. lanatus Gorm.
Germar, Ins. Spec., 1824, pg. 161 ;
Guerin, Icon. Regn. An. Cuvier, 1&43, pg.
122 Est Sl, fig. 8: Thomson, Bibk' 9) pg; 12.
Brazil.
N.25 MW. paralanatus 2. v. lh.
R. von Ihering, cf. antea pg. 290.
Mus. Paul.: (Typo) Valle do Rio Pardo, Est.
S. Paulo; Puerto Majoli, Guayra, Rep. Paraguay ;
Chaco, Miss'ones, Rep. Argentina.
N. 24. IN. maculatus Germ.
Germar, loc. s. cit, 1824 pe. 162.
Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Brazil.
N. 25. MW. pantherinas Vhs.
Thomson, Bibl. 9, pg. 12, Est. 4, fig. 3, Brazil.
N. 26. MW. warius ZX. v. lh.
R. von lhering, cf. antea, p. 291, Est. III, fig. 2.
Mus. Paul.: (Typo) Cantareira. Ypiranga,
Franca: Est. S. Paulo.
Nota-se alguma variabilidade entre os espe-
cimens das varias procedencias, sendo que as man-
chas amarellas dos elytros as vezes confluem, for-
mando estrias maiores. Sera preciso um maior
numero de exemplares para verificar si ha alguma
constar.cia que possa motivar o reconhecimento de
subspecies.
Especies incertas
MW. fascicularis Germ.
Germar, 100.8. ci 1621, pe. 1072
Thomson, ‘Bibl. 9, pes 12) Brazil
N. marginellus Zrichs.
Erichson, Wieginann’s Archiv f. Naturg. XII,
154 ep: 1205
Thomson, Bibl. 9. pg. 2, Peru.
Nomina nuda
N. RECTICULATUS Dej.—? N. maculatus Germ.
Lacordaire, Ann. Sc. Nat. XXI, 1830, p. 152.
Comte Dejean, Cat. Coleopt. 1837, pg. 220,
Brazil.
N. ruscuLous De}.
Lacordaire 1. cit; Comte Dejean loc. cit.
Brazil.
N. rascicutatus Dej.—? N. lanatus, Germ.
Lacordaire, loc cit.; Comte Dejean, loc. cit.,
Brazil.
N. pistinctus Dejean, loc. cit. Colombia.
N. romentosus Dejean, loc. cit. Cayenna.
Bibliographia
1) Catalogus Coleopterorwa, Gemmiger &
Harold, vol. VII, 1870.
2\ Coleopterorum Catalogus, W. Junk &
Schenkling. Pars 2, F. Borchmann : Nilionidae ete.,
1910,
3) Champion, Biolog. Centr. Americana, Col.
IV; E 1888 po 40;
4) Kolbe, H. J. Vergl. morphol. Untersuch.
an Coleopt. u. Grundiage zum System ; Arch. f. Na-
turg. 67, Beiheft, 1901, p. 89-- 100.
5) Kolbe, H. J. Mein System der Coleopteren,
Zeitschr. f. wiss. Insektenbiol., Vol. XIII, 1908 ;
pgs. 286 e 391.
6) Lacordaire Mem. hab. Col. Amer. merid.;
Ann. Sciences Nat. XX.
7) Lacordaire Genera des Coleopt. Vol. V,
pa 919:
8) Sehiddte, J. C. De Metomorph. Elguthera-
torum observationes; Naturhist. Tidsskrift; Vol.
XI, 1877-78 (Tenebriones, etc.); Vol. XII, 1879-80
(Lagriæ, etc.)
9) Thomson, J., Monogr. fam. Nilionides ;
Musée scientifique ou Recueil d'Hist. Nat. Paris,
1860, pg. 9-11 & 45-46.
Die systematische Stellung der kleinen
Käferfamilie der Nilioniden
Die systematische Stellang der neotropischen,
mit Vorzug brasilianischen Käferfamilie der Nilio-
niden war bisher schwankend, indem die einen Au-
toren sie den Tenebrioniden, wieder andere neuer-
dings den «niederen Familien der Heteromeren»
zuteilten. Durch die Beschreibung ihrer Larven
glaube ich neue Gesichtspunkte beibringen zu kôn-
nen, unter denen sich die Frage entgiltig erledigen
lasst.
Bei meiner Bestimmung des diesbezüglichen
Materiales im Museu Paulista ergab sich, dass von
den 26 bekannten Nilioniden-Arten einschliesslich
der 5 neuen, 17 Brasilien zugehóren. Die nachfol-
gende Zusammenfassung beschränkt sich auf das
Neue, welches der portugisische Text bringt, wah-
-rend fiir das bereits Bekannte auf die immer noch
wertvolle Arbeit Thomson's (Bibliographia, n. 9)
verwiesen sei.
Im Allgemeinen ist die Gruppe sehr hemogen
und nur eine Art, N. pusellus Kuhnt, ist abwei-
chend durch ihre viel gestrecktere und weniger
g-wôlbte Form. Die Beschreibung dieser Art war
mir nicht zugânglich und ich verdanke ihren Namen
sowie einige Exemplare dem Hrn. Carlos Bruch am
La Plata Museum.
Ueber die Lebensweise dieser Käfer hat von
den iilteren Autoren besonders Lacordaire beri-
chtet; ich selber und Hr. Lüderwaldt hatten dann
Ofters GelegenLeit, Exemplare von N. bouvieri und
lulzi zu sammeln, letztere Art speciell auf dem
R iesenbambus.
e
Beschreibung der Larve von
N. bouvieri whi
9 mm lang, 4 mm breit. Die Ränder der Kür-
perabschnitte verlaufen vom Prothorax bis zum 5.
Abd. Segmente parallel, die übrigen verschmilern
sich successive am Abdomen und schieben sich
übereinander, wodurch die Wolbung dieses Korper-
teiles erreicht wird; ebenso wülbt sich der Kopf
nach unten; er hat seine grósste Breite in der
Hôhe der Ocellen und verschmilert sich dann etwas
nach hinten. Die Stirne ist beinahe flach, der
Scheitel etwas gewolbt mit einer Furche in der
Mitte. Die Zeichnung (Fig. 2) erübrigt eine ge-
nauere Beschreibung der Mundteile.
Auf jeder Seite befinden sich 4 Nebenaugen ;
drei davon bilden ein recht stumpfwinkliges Dreieck
in gleicher Ebene mit dem Fübler, während das 4.
viel tiefer im Gesichte liegt. Betreff der Fitihler ist
zu bemerken, dass das Basalglied viel breiter als
lang ist, das zweite von kreis‘Ormigem Durchmesser,
nach der Spitze zu sich verjiingend; das an der
Spitze befindliche Külbchen endlich kann als 3.
Glied aufgefasst werden. Jedenfalls handelt es sich
um ein ähnliches Gebilde, wie es Schiüdte in sei-
ner Arbeit (Bibl. 8, 1872, Taf. XIV, Fig. 14) für
Lagria hirta bescheibt: .. «articulo segundo.......
apice extremo angustiore, globoso, membranaceo ».
Die Linge des Prothorax kommt der der bei-
den folgenden Segmente zusammengenommen gleich.
Von den Abdominalsegmenten ist nur noch das
letzte besonders zu erwähnen, weil seine Form bei
allen Larven der Heteromeren charakteristisch ist;
seine obere Klappe hat bloss in der Mitte einen
Einschnitt mit wenig divergierenden Rändera (Sei-
ten), sodass die dadurch gebildeten Spitzen nur kurz
und wenig voneinander abstehen. Es verhält sich
damit ungefähr wie bei Lagria. wiihrend bei den
anderen, übrigens nahe verwandten I*amilien, wie
den eigentlichen Tenebrionidae, die Analklappe je-
— 304 —
desmal seine characteristiche Verschiedenheit auf-
weist, indem sie im Allgemeinen in Dornen oder
Haken ausläuft, die beim Riickwiirtsgehen als Fort-
bewegungsorgane dienen. (*)
Die Beine sind ziemlich kurz und stark und
die drei Paare unter sich ungefähr gleich. Die
Hauptfarbe ist kastanienbraun, die jungen Larven zei-
gen bloss an den Segment-Absätzen helle Transver-
saliinien, wiihrend bei etwas iilteren Larven auf dem
Prothorax ein dunkler Fleck mit weissem Rande
und in der Mitte mit einem Ausschnitt erscheint.
Auf unserer Figur sieht man die Zeichnung der
ausgewachsenen Larve. Der ganze Kôrper ist oben
mit kurzen Stacheln versehen und ausserdem mit
langen Haaren, von denen die längsten etwa die
Halfte der Breite des Kürpers erreichen. Ein Exem-
plar unserer Sammlung befindet sich eben im Mo-
ment der Häutung, wobei die Nymphe gerade aus
dem mittleren Rückenspalt herauskriecht. Nur an
diesem Exemplar konnten wir die Nymphe studie-
ren. Nymphenhiiute findet man ôfters an Baumrin-
den hängen. So besitzt unsere Sammlung verschie-
dene Belegstiicke, wo man 20 — 40 Häute auf 2 —
3 qem vereinigt sieht, nur mit dem Abdominalse-
ement an der Rinde fest gekittet. Manchmal un-
terstiitzen auch die Füsse der Larve die Befesti-
vung, meist ist aber der Vorderteil des Koérpers so
zuriickgebogen, dass die Fiisse nicht mehr die Un-
terlage beriihren. Das Interessanteste an der Nym-
(*) In diesem Zusammenhange wire es interessant, auf
die Stellung des Genus Phymatodes, welches gewohnlich zu
den Tenebrioniden gerechnet wird, hinzuweisen. Erzchson
nämlich (Archiv f. Naturgeschichte VIII, 1842, fig. 370) wie
Schiédte (Bibl. 8, 1879, p. 521), stellten es in die Familie
der Lagriiden. Doch scheint diese Einreihung nicht berück-
sichtigt worden zu sein, ef. Coleopt. Catal. (Bibl. 2, 1910,
II); trotz vorhandener Verschiedenheiten passt aber die
Beschreibung des 9. Abdominalsegmentes: «... rotunda-
tum, inerme...» eher auf die Lagriiden.
phe sind die 5 Paare hantelformiger Tuberkeln (*)
der ersten 5 Segmente, welche grosse Aehnlichkeit
mit den «processi motorii» der Nymphen von La-
gria hirta nach der Darstellung Schioedte’s (I. c.
Taf. XIV, Fig. 21) haben.
Gerade diese fiinf mit den hantelfürmigen Aus-
wiichsen versehenen Segmente treten aus der Lar-
venhaut hervor, wihrend die übrigen unter der Haut
liegenden Segmente keine derartigen Gebilde aufwei-
sen.
Die Larven von N. lwtz: wurden im Mai ver-
eint mit anderen Insekten resp. Larven in dow In-
ternodien des Riesenbambus gefunden. Nach dem
mir zur Verfiigung stehenden Material unterschei-
den sie sich wenig von der vorhergehenden Art.
Kopf, Prothorax und Füsse sind ockergelb, an ei-
nigen Stellen ins Bräunliche sp'elead Der iibrige
Teil des Korpers ist schwarz, ins Olivengrüne ab-
tonend. Nur die drei letzten Abdominalsegmente
zeigen wieder eine gelbliche Farbe, aber etwas
dunkler als die Vorderteile. Die langen Haare,
welche den ganzen Korper, speciell die Flanken
bedecken, sind schmutzig weiss.
Prof. Kolbe unterscheidet unter den Heterome-
ren eine Gruppe von «nieteren Familien», bei wel-
chen die Coxal-Grübchen des Prothorax hinten of-
fen sind (Fam. Meloidae, Pyrochroidae etc.) und
eine Gruppe der «hóheren Familien», bei welchen
diese Coxalgrübchen geschlossen sind (Fam. Othnz-
dae. Lagriidae etc...). In seinem System der Co-
leopteren (Bibl. 5) sagt der Autor nicht, in welche
(*) Ich gehe hier nicht näher auf die Bestimmung die-
ser «tuberculi halteriformes» ein ; doch scheint es mir ange-
bracht, den von Schioedte vorgeschlagenen Namen durch
einen zutreffenderen zu ersetzen, da diese Auswiichse gewiss
nicht als Fortbewegungsorgane dienen. Ich hoffe gelegentlich
durch histologische Untersuchungen dieser Kérpercheu einen
niheren Einblick in ihre Funktionen zu erlangen.
— 306 —
dieser beiden Familien er unsere hier studierten
Nilioniden eingereiht sehen will. Aber in einer
älteren Arbeit (Bibl. 4) erwihnt er die Nilioniden
als zur Gruppe mit offenen Coxalgriibchen gehü-
rend (niedere Familien) Die Untersuchung einer
ganzen Anzahl von Exemplaren zeigt uns aber eher
das Gegenteil: diese Griibchen haben einen Hinter-
rand, welcher sie gegen den Mesothorax abtrennt,
ein nur unscheimbares Septum, welches aber ent-
schieden für die Stellung der Nilioniden in der Gruppe
der «hóheren Familien» spricht. Auch aus der Be-
schreibung der Larven ergiebt sich schon ohne
Weiteres, dass die Nilioniden mehr Beziehung zu
den héheren Tenebrioniden aufweisen, als zu den
mederen ‘ amilien.
Um übrigens diese unhandliche Unterscheidung
in «hdhere» und «niedere» Familien durch einen
fasslicheren Terminus zu ersetzen, schlage ich vor,
die oben als «héhere Familien» bezeichnete Gruppe
TENSBRIOIDEAE die als « niedere » bezeichneten Fa-
milien MELOIDEAE zu nennen. In der Gruppe der
TENEBRIOIDEAE weissen die Nelzonzdae in ibrer
Larvenform specielle Beziehungen zu den Lagrvidae
auf Von den anderen Familien der Tenebrioideae
kennen wir die Beschreibungen der Larve nur
von Cistelidae und Aegialitidae, welche jedoch
merklich von unserer Familie abweichen. Das Ver-
hiltnis zu den Zentyridae scheint ein Aehnliches
zu sein. Deswegen halten wir es für angebracht,
die Nilioniden zwischen die Familien der Lagriidae
und Tenebrionidae zu setzen.
George Marcgrave
O primeiro sabio gue veiu estudar a natureza do
Bracil — 1636 a 44
POR
RODOLPHO VON IHERING
O primeiro naturalista que veiu à terra de Santa
Cruz para estudar a flora e fauna, as terras e es-
trellas da nossa patria, bem merece ser conhecido
mais de perto por todos nós que nos interessamos
pelo desenvolvimento intellectual de nossa patria.
E quiz a fortuna que esse precursor dos nossos
«Meyer's» fosse uma das personalidades das mais
sympathicas e de mais ampla ilustração; George
Marcgrave, autor da «llistoria Rerum Naturalum
Brasiliae», publicada em 1648.
As infcrimações que a seu respeito encontramos
nas encyclopedias limitam-se a dizer que esse
naturalista allemão viera ao Brazil em com-
parhia do principe Mauricio de Nassau, governador
das conquistas hollandezas no Pernambuco, que aqui
re dedicou a estudos de historia natural e que, de
collaboração com William Piso, escreveu o livro
que acima mencionamos.
São, francamente, por demais laconicas taes in-
formações biographicas, em se tratando de um vulto
da nossa historia, do valor do Marcgrave, e assim
cremos que será bem acolhido um resumo do es-
tudo do dr. E. W. Gudger (Popular Science Mon-
hly. IX, 1912), em que esse scientista norte ame-
ricano reune e commeata todas as informações que
poude obter acerca do collega.
= 308 =
Julgamos ainda opportuno accrescentar alguns
dados relativos ao livro de historia natural brazi-
leira de Marcgrave, preciosidade bibliographica de
inestimavel valor, da qual se encontra um exemplar,
em optimo estado de conservação, na bibliotheca
particular do dr. H. von Ihering.
de
veorge Marcgrave nasceu em 10 de Setembro
de 1610 em Liebstadt, na Sa xonia, Allemanha, e era
filho de familia illustre — ao menos sabe-se que
tanto o pae como o avô materno de George eram
versados em theologia e sabiam latim e grego, o
que naquelles tempos certamente correspondia a ser
doutor hoje em dia. Aos 17 annos de edade, man-
daram o joven percorrer o mundo, para que culti-
vasse as suas naturaes inclinações para os estudos e
approveitasse as suas disposições musicaes e de pin-
tura. Assim esteve Marcgrave em dez universidades
(acalemias) aliemäs, onde estudou mathematicas,
botanica, chimica e medicina; por fim, não satis-
feito ainda com tanto saber, dedicou-se ao estudo
da astronomia, e assim trabalhou durante dous annos
no observatorio de Leyden, onde se distinguiu pela
ilustração e pela actividade, produzindo trabalhos
originaes que mereceram francos elogios dos seus
mestres.
Gontava Marcgrave 2% annos quando travou
relações com Jean de Laet, director da Companhia
das Indias Occidentaes, homem de grandes mere-
cimentos e apreciador da boa sciencia. Estava, pois,
o jovem naturalista bem recommendado ao conde
de Nassau, que procurava formar em Pernambuco
(ou melhor «Mauricia») a sua corte intellectual.
Effectivamente, convidado por Nassau para
prestar os seus serviços na exploração scientifica da
nova colonia hollandeza, e tentado pelas maravilhas
que lhe contavam da natureza brazileira, embarcou
Marcgrave em 3.º de Janeiro de 163%, para dahi a
a dous mezes pisar em terras pernambucanas.
t — — 309 — —
Mauricio de Nassau sentia-se bem nesta roda
de homens de sciencia e deartistas; alem de Marc-
grave, ahi estavam W. Piso, medico; o capellão
Franz Plate, ulteriormente professor de th2ologia
em Breda; IH. Gralitz, jovem geographo allemão, in-
felizmente pouco depois victimado pelas febres ; Elias
Herkman, autor de nma monographia sobre a ca-
pitania da Parahyba; Peter Post, architecto de no-
meada e tambem o irmão deste ultimo, Franz Post
pintor de merecimento e autor de numerosos quadros
de grandes dimensões, que representavam scenas da
nossa natureza, alguns dos quaes foram: offerecidos
depois a Luiz XIV.
Era este o meio intellectual em que Marcgrave
ia desenvolver a sua actividade. Pela sua cultura
variada, que se extendia mesmo à architectura mi-
litar, o conde de Nassau tinha-o em alta conta, e
assim lhe proporcionava todas as facilidades e re-
cursos de que necessitava.
Era a primeira vez que um astronomo expe-
rimentado se dispunha a estudar o céo do hemis-
pherio meridional e por isto o preclaro principe
installou um observatorio em uma das torres de
seu palacio «Freiburg», na ilha de Antonio Vaz,
(Recife). Ahi Marcgrave passava as noites a es-
tudar as constellações e os planetas. Sabe-se mais
que o conde déra ordem aos capitães de navios que
colligissem os dados astronomicos de que Marcgrave
necessitasse para completar as suas observações.
Um grande tratado de astronomia foi o resultado
desses trabalhos e o manuscripto, dividido em tres
partes, trazia o titulo «Progvmnastica Mathematica
Americana».
Desgraçadamente, porem, esse precioso ma-
nuscripto, antes de ser impresso, foi emprestado a
uns e outros dos astronomcs de reputação na Hol-
landa, e assim perderam-se duas partes do mesmo,
e só uma das tres foi impressa em 1658, o «Tra-
ctatus Topographicus et Metereologicus Brasiliæ cum
Eclipst Solaris».
Assim, pouco nos resta das primeiras obser-
vações astronomicas feitas no nosso hemispherio,
sahidas do primeiro observatorio que se erigiu na
America.
Marcgrave vrestava ainda bons serviços à nova
colonia hollandeza, traçando plantas ae cidades e
fortificações e confeccionando mappas das regiões
conquistadas. Eram de sua lavra os mappas que o
conde Nassau mandou gravar na Hollanda, mappas
estes que então muito commumente se encontravam
nas melhores casas hollandezas, como ornamento
dos vestibulos.
Mas, já na sua segunda edição, esses mappas
não lembravam mais o nome de seu autor.
Ainda a respeito de outro trabalho, muito pro-
vavelmente de Marcgrave, ha duvidas que talvez não
seja possivel esclarecer.
E” a magnifica collecçäo de aquarellas em que
são representadas innumeras especies da nossa
flora e fauna; esta série, bem como uma outra no
mesmo genero, pinturas a oleo, provavelmente de
outro artista, ao todo 1.460 figuras, acham-se na
Real Bibliotheca de Berlim. O Eleitor de Bran-
denburg adquirira as mesmas do principe Mauricio
(então governador de Berlim) pelo preço de 50 mil
thalers. Não se sabe o que deva ser attribuido a
Marcgrave, visto como tambem ha os trabalhos de
F. Post, ao qual já nos referimos, mas cujas obras
principaes, pa:zagens, etc., desappareceram.
“Assim, por toda a forma, a fatalidade, combi-
nada talvez à inveja, procurav? fazer esquecer o
nome illustre deste desventurado scientista. Resta
apenas o seu livro «listoria Rerum Naturalium
Brasilize».
Para a confecção do mesmo Maregrave em-
pregou os melhores dos seus esforços e, incangavel,
durante os seis annos que permaneceu no Brazil,
colligiu toda sorte de animaes e plantas, e descreveu
e figurou-os de forma a ssrem facilmente reconhe-
cidos; reuniu o que poude quanto a informações
biologicas interessantes, indicando sempre os res-
pectivos nomes em lingua indigena, bem como em
portuguez e hollandez. Menciona o livro ao todo
301 especies de plantas, des quaes 200 são figu-
radas, e 367 descripções de animaes, acompanhadas
de 222 desenhos.
No palacio Freiburg de Nassau, o naturalista
mantinha um pequeno jardim zoologico e acquarios
tanto para peixes do mar como da agua doce.
Dos diarios de Marcgrave (que aliás se perde-
ram depois de 1730) sonbe Manget que o nosso
scientista fizera varias excursões à Parahyba, ao Rio
Grande do Norte e para o interior; isto nos annos
de 1638 a 40. Os diarios de 1641 a 44, si existi-
ram, não foram vistos por Manget ou quem por el-
le escreveu a biographia de Marcgrave, na Biblio-
theca Scriptorum Medicorum, de 1731. Devia ter
sido immenso o material zoologico e botanico reu-
nido por esta forma ; o principe Nassau tinha verda-
deira paixão por esses estudos, não duvidando mes-
mo em transformar o seu sumptuoso palacio Frei-
burg em verdadeiro museu. Marcgrave examinou
ahi mesmo especimens provenientes da Africa, e sa-
be-se de uma expedição ao Pacifico, de onde lhe
trouxeram a lhama chilena, que vem figurada pela
primeira vez na nossa Historia Rerum Nat. Bra-
silize.
Ao regressar para a Europa o conde carregou
comsigo todas essas collecções e tantas riquezas havia
reunido o nosso Marcgrave, que sem empobrecer
as suas proprias collecções, Nassau poude presentear
os dous museus da Hollanda e ainda varios gabine-
tes de naturalistas particulares, com um sem nume-
ro de especimens.
Em 1644 Marcgrave escrevia a seus collegas
da Europa, que tencionava voltar em breve à patria,
para ahi concluir os seus manuscriptos e entregal-os
ao prélo. Mas, inesperadamente, teve ordem de
seguir para a Africa. Ahi, apenas aportou em An-
gola, foi poucos dias depois victimado pelas febres
(julho ou agosto de 1644). Era o destino que se
interpunha à brilhante carreira, que dahi em deante
estaria aberta ao jovem naturalista, então apenas
com 34 annos de edade. Os seus conhecimentos
extendiam-se por todos os ramos da sciencia natural :
e, com outro tanto de vida que lhe fosse concedido,
como sexagenario, qual Aristoteles, elle teria abran-
gido todo o saber humano de seu tempo.
Si para a sciencia do seculo XVII, a morte
prematura de Marcgrave foi lastimavel, no Brazil
esta perda avalia-se pelo estacionamento da investi-
cação scientifica, que veiu como que deplorar o
mallogrado naturalista: dois seculos quasi de luto
fechado. Effectivamente, só depois de 1820 as nossas
riquezas naturaes conseguiram attrahir novamente
scientistas de valor, como os Spixe Martius, Wied,
Castelnau, d'Orbigny, etc.
Resta-nos ainda dizer alguma cousa sobre o
grande livro de Historia Natural do Brazil do nosso
autor, unico legado scientifico pelo qual hoje em dia
podemos aquilatar os meritos de Marcgrave. E ainda
aqui predomina a triste nota do infortunio. Como |
vimos, Marcgrave não teve tempo para concluir a |
sua obra principal; o seu manuscripto consistia em
folhas esparsas, cada uma das quaes estudava uma
determinada especie e poucas são as paginas de con-
siderações geraes. Não fora a paciencia de seu
grande amigo, Jean de Laet, ao qual já nos refe-
rimos, e não teria sido possivel imprimir o pre-
cioso manuscripto. E accresciam ainda circumstancias
que difficultavam sobremaneira este trabalho já em
si tão arduo para quem, como Laet, era leigo na
materia, verdadeiros «handicaps», na expressão do
biographo dr. Gudger.
Talvez, pelo facto de serem officiaes do mesmo
officio, Marcgrave e W. Piso, o medico de Nassau,
não conseguiram manter relações de boa camara-
dagem, e o procedimento ulterior do «physicus»
parece revelar-nos que fôra o caracter pouco leal de
Piso que motivára as desavenças.
Prevendo talvez a sua morte prematura, e te-
mendo que o seu trabalho fosse usurpado pelo col-
lega, Marcgrave escrevia todos os seus trabalhos
botanicos e zoologicos em caracteres cifrados ; outro
tanto não fez em astronomia, materia à qual Piso
era inteiramente extranho.
O proprio Laet no prefacio da Historia Na-
tural diz que a decifração secundum alphabetum se-
creto relictum lhe custou trabalho insano.
Assim, por um lado a difficuldade da leitura
do manuscripto, e por outro a natural desordem em
uma monographia não concluida, teriam feito desa-
nimar quem não se consagrasse ao trabalho com a
dedicacão e a pertinacia do benemerito Laet.
Finalmente, em 1648, foi publicada a obra. As
132 primeiras paginas são da lavra de W. Piso:
«De Medicina Brasiliensi»; a Historia Natural de
Marcgrave comprehende 303 paginas, ilustradas
com 429 figuras.
Não é nossa intenção fazer aqui uma apreciação
do valor sicientifico dessa obra; nem isso seria ne-
cessario, porque varios scientistas de nomeada já se
deram ao trabalho de analysal-a ponto por pcnto.
Mencionaremos Lichtenstein, que em 1814 iden-
tificou à maior parte dos animaes descriptos por Marc-
grave e von Martius, que realizou egual estudo com
relação à botanica
Poderiamos citar ainda Cuvier e tantos outros
naturalistas que enaltecem o valor dessa obra, que tão
vantajosamente se distingue das outras congeneres,
de seu tempo.
Gesner e Aldrovandi eram os autores de maior
cotação nesse tempo.
Elles, porem, limitavam-se a citar e confrontar
os textos dos classicos e quem encontrasse a refe-
rencia mais antiga, ainda que ella fosse a mais ab-
surda, tinha dado prova da maior competencia e
erudição.
Infelizmente, não raro ainda hoje, essa erudição
medieval consegue, entre nós, offuscar... certas classes.
Marcgrave, pelo contrario, estudava no grande
livro da Natureza, onde dia por dia encontrava no-
vas maravilhas.
O perigo consistia justamente em que o natu-
ralista, tão preoccupado em observar os factos e seus
314 —
detalhes, perdesse de vista as leis geraes que o seu
espirito philosophico estava talhado para investigar ;
ou por outra, por fazer tanta analyse, poderia es-
quecer-lhe a synthese.
Devemos lembrar, porem, que Marcgrave devia
tratar antes de tudo de colligir os materiaes, para
depois, mais commodamente na Europa se entregar
às locubrações philosophicas. Temos noticia de tra-
balho iniciado nesse sentido pelo nosso naturalista :
eram considerações sobre a distribuição geographica
das plantas (test munham-no Driesen e de Laet),
thema biogeographico este que só muito moderna-
mente mereceu melhor conceito na sciencia.
Queremos mencionar ainda que Piso parece
ter ficado muito descontente com as homenagens
que Laet prestou a Marcgrave ao editar a obra
deste em 1648; ao menos em 1658 Piso reeditou
a mesma obra, já agora com outro titulo («Indiae
utriusque Re Naturali et Medica» Amsterdam). Laet
Já não contava mais entre os vivos para detender
Marcgrave e a sua obra, e assim nessa segunda
edição, Piso modificon tudo a seu sabor.
Mas alem de se apoderar da propriedade litera-
ria do collega fallecido, ao qual só se refere inci-
dentemente, o medico de Nassau deturpou de tal
forma os escriptos de Marcgrave que a cada
passo se encontram inverdades ou erros que não
existiam na primeira edição e que devem ser
attribuid's, pela maior parte, 4 falta de conheci-
mento nesses assumptos por parte de Piso. Desta
forma o companheiro de Marcgrave, em vez de co-
lher maiores louros, com essa edição de 1658,
só conseguiu baixar o conceito em que será tido
pelos seus criticos. Discutam os latinistas a inter-
pretação que devam dar aos qualificativos com que nos
prefacios da 1.º e 2.º edição elle se refere a Marcgra-
ve;anós parece que mesmo na primeira dellas já se
descobre uma pontinha de inveja mal soffreada. E por
ahi se vê que bem avisado andou Marcgrave escreven-
do os seus trabalhos em caracteres cifrados, para
evitar que alguem se approveitasse dos seus manus-
— 315 —
criptos, si por acaso viesse a fallecer antes de pu-
blical-os («si forte quid humanitus ipsi accidisset
antequam ipse illos posset publici juris facere. ..»
Laet, Prefacio 1648).
Reconhecendo, pois, cs altos meritos do natu-
ralista que nos deu a primeira Historia Natural do
Brazil, é de justiça salientar ao mesmo tempo o
quanto devemos ao Principe Mauricio de Nassau, que
proporcionou ao jovem sabio todos os meios para
escrevel-a. E ainda é a Jean de Laet, o testa-
menteiro literario do nosso autor, que devemos a
boa impressão da obra, que sem a intervenção desse
seu amigo se teria perdido.
Eis abi, em summa, o que hoje sabemos da
vida do mallogrado sabio, que com tanto enthu-
siasmo dedicära os melhores annos de sua vida à
exploração scientifica do nosso paiz.
Por mais que se procurasse, fui impossivel des-
cobrir algum retrato de Marcgrave; os restos mor-
taes, sepultados como os de um desconhecido, estão,
talvez para sempre, perdidos na costa africana.
Um monumento, porem, «aere perennius», elle
proprio se levantou — a Historia Rerum Natura-
lium Brasilice.
Quando algum dia um scientista moderno puder
escrever uma obra que venha a corresponder ao
que foi, em seu tempo, o livro do naturalista de
1640, uma obra original, illustrada, que estude o
céo e a terra, as gentes, os animaes e as plantas do
nosso paiz, quando essa obra se imprimir, o livro
de Marcgrave terá festejado seu tricentenario e te-
remos feito justiça ao seu autor.
PROTECÇÃO AS AVES
OR
HERMANN VON IHERING
O problema
O homem torna-se cada vez mais senhor do.
giobo, aproveitando todos os recursos que a natu-
reza lhe offerece. Como o direito não nasce tão
sômente da conveniencia e da reflexão, mas tam-
bem da força, e como o homem exerce o seu poder
sobre todas as riquezas naturaes, claro é, que elle está
no seu direito quando se utilisa de taes vantagens. Este
direito, entretanto, não é absoluto, impondo-se o res-
peito não só à geração actual, mas tambem às ge-
rações vindouras. Não se mata a gallinha, que põe
os ovos de ouro, e neste sentido as riquezas natu-
raes, particularmente a flora e a fauna, representam
um capital de valor inestimavel, cujo usofructo à
destinado tão bem às épocas futuras como à presente.
Infelizmente a ganancia do homem já causou es-
tragos immensos, extinguindo numerosas especies
de animaes e plantas, e entre ellas muitas de grande
valor economico.
Entre os animaes os que mais soffrem na actua-
lidade e que mais attrahem a solicitnde dos amigos
da natureza e dos governos, são as aves.
Ja se contam às centenas as especies brutalmente
extinguidas pelo homem.
Ii como si a caça desenfreada já não fosse suf-
ficiente, são innumeros ainda os factores, que di-
minuem ou destroem as condições favoraveis à exis-
tencia das aves. As estradas de ferro e as linhas
me ieee
telegraphicas e telephonicas causam a morte de in-
numeras aves, e outras tantas são victimas dos
pharoes. A cultura intensa do sólo, que cada vez mais
augmenta sua area, expulsa as aves. A destruição
de mattas, capões e cercas vivas tira-lhes os nltimos
refugios e os lugares apropriados para a nidificação.
Nestas condições comprehendeu-se por toda parte
a necessidade de oppôr obstaculos ao desappareci-
mento de tão bellas e sympathicas creaturas, mor-
mente si tomarmos em consideração, que as aves
por seu modo de viver e particularment: pelo ex-
terminio de numerosos insectos e outros animaes
nocivos à agricultura, silvicultura, etc. são valiosos
auxiliares do homem e quasi seus alliados.
Na Europa, a Allemanha, a Inglaterra e a
França são os centros desta louvavel propaganda, e
alem das leis regularisando a caça e determinando
a protecção das aves, jd existem numerosas reser-
vas florestas ou parques naturaes bem como esta-
ções de protecção ornithologica.
Iniciativas semelhantes notam-se na America
do Norte, nas Indias e na Australia. Na America
do Norte já existem 10 grandes parques nacionaes
com uma superficie total de 2.00 kilometres qua-
drados, e na Australia se contam 99 de taes re-
servas naturaes. Acontece deste modo, que as aves
têm mais protecção em Honolulu e na Nova Ze-
landia, nas Ilhas Bahamas, em Malacca e Hongkong,
do que no Brazil. Mesmo o interior da Africa
está actualmente transformado num centro de pro-
tecção aos animaes silvestres, graças a uma con-
venção internacional dos respectivos governos eu-
ropeus.
Deste modo já ha muita cousa feita em favor
da conservação de aves raras e muito perseguidas.
Nem sempre, entretanto, a fiscalisação das respe-
ctivas leis é sufficiente. Na Australia, as aves são
divididas em tres classes, que comprehendem respe-
ctivamente as que são protegidas durante o anno
inteiro, as que é prohibido matar na época da in-
cubação, e as que não gosam de protecção alguma.
As multas para as infracções da lei variam entre
1 e 25 libras esterlinas. Na maior parte dos paizes
tropicaes a lei prohibe a exportação das pelles ou
plumas de aves, como por exemplo nas Indias inglezas.
Mesmo na China, onde a matança de faisões, garças,
etc. para fins de exportação se desenvolveu tanto,
póz-se termo a este commercio. As aves de pa-
raizo, cujo exterminio estava imminente, hoje têm a
sua existencia garantida pcr convenção dos respe-
clivos governos europeus, e os unicos exemplares,
que ainda de vez em vez se caçam, são os destinados
aos museus.
Ao passo que assim nos paizes tropicaes a
protecção das aves está bem encaminhada por parte
das potencias europeas, na Europa mesmo persiste
um abuso dos mais lamentaveis e vergonhosos, a
carnificina sangrenta com que os italianos, anno por
anno, dizimam as aves de arribação.
Todos os protestos dos ornithologos e da im-
prensa do mundo civilisado não tiveram até agora o
resultado desejado, por causa da reluctancia do go-
verno italiano. Tratando da questão de uma ma-
neira imparcial, deve-se reconhecer, que ha grandes
capitaes empregados neste ramo de industria e que
não se pode exigir a prohibição desta caça sem
indemnisar os empreiteiros e proprietarios pelos
prejuizos directos, que terão de soffrer.
Na America meridional a exportação de pelles
de aves já diminuiu um tanto. Antigamente o Rio
de Janeiro exportava passaros em grande quanti-
dade, tendo o negociante Beske em Nova Friburgo
organisado a matança dos passaros em grande escala.
Nos ultimos decennios a Bahia tornou-se o
centro da exportação de plumagens de passaros, que
em geral são vendidos em leilão na Inglaterra. Ha
15 annos mais ou menos a plumagem de beija-flores
não está mais em moda, e a ave mais perseguida
é agora a garça. A respeito della existe uma grande
literatura, provocada particularmente pela Sociedade
Real de Protecção às Aves na Inglaterra, que fez
distribuir largamente um folheto intitulado «A His-
toria da Garça». A sociedade affirma que a maior
parte desta plumagem, que annualmente é vendida
nos mercados europeus, é obtida pela caça das aves,
e não pela colheita das pennas perdidas, como faziam
constar os negociantes. Uma recente publicação do sr.
A. Ménégaux, (J) do Musée d'Histoire Naturelle de
Pariz defendeu os interesses destes ultimos. Se-
gundo este autor ha no interior da Venezuela, es-
pecialmente na região do Orinoco, numerosas co-
lonias destas garças, que nidificam todos os annos,
nas mesmas mattas. E alli, que os indigenas re-
colhem as plumas tão apreciadas, conseguindo cada
um delles recolher até 25 kilos durante a es-
tação. Os donos destes valiosos «garceiros» não ad-
mittem a matança das garças. que além disso por
lei de 12 de Margo de 1910 são protegidas. A
exploração das plumas da garça é uma industria do
Estado, para o qual é uma fonte de renda. Ha gar-
ceiros tambem nos Estados de Matto Grosso e Goyaz,
cujos productos são vendidos em Buenos Aires.
Procurei debalde informações minuciosas e fidedi-
guas sobre aquella industria.
Um decreto (2) do nosso governo federal, de 15
de Janeiro de 1909 prohibe a caça das emas, gaivotas,
andorinhas do mar, jabirús e garças; mas como a
execução da lei depende das camaras municipaes, O
resultado não pode ser o desejado, sem falar na dif-
ficilima fiscalisação.
Não quero pôr em duvida a affirmação do meu
distincto collega, de que na Venezuela existam gar-
ceiros, isto é, localidades em que as garças, reu-
nidas em grande numero, nidificam em colonias, e
que em taes garceiros se recolham as celebres pen-
nas ornamentaes. Mas está fora de duvida que tam-
bem mesmo na Venezuela se mata immensa quan-
1) A. Ménégaux, La protection des oiseaux et Vindus-
: po
trie plumassière: Bull. Soc. Philom. Paris III, 1911, pags.
9-28. Veja-se tambem a publicação do mesmo auctor: «Ame-
5 . . 4 : r . r
grets as victims to fashion», Zoologist, London 2
rican egrets as victims to fasl , Zoologist, London XIII,
1909, pgs. 246-252.
2) Não consegui descobrir este decreto mencionado
pelo «Birds News».
tidade de garças, facto esse que foi provado pela
communicação ao Congresso Ornithologico Interna-
cional de Berlim, segundo o qual naquella republica
em 1898 foram mortas e exportadas 1.538.738
garças e em 1908 apenas 257.961. Faz pouco
tempo que correu pelos jornaes uma noticia sobre
o cuidado com que os indios do Matto Grosso re-
colhiam es plumas das garças. As experiencias do
pessoal deste Museu não confirmam absolutamente
taes historias e a mesma observação já foi publicada
pelo sr. Hagmann, ex-funccionario do Museu do Pará.
O nosso naturalista viajante, sr. ÆZrneslo Garbe
a meu pedido indagou a frequencia das garças e sua
caça nos Estados de Minas e Bahia ao longo do Rio
de S. Francisco. As garças alli são muito perse-
guidas, matando-se indistinctamente machos e fe-
meas. As plumas de «osprey» pagam-se com 3g a
gramma, podendo-se obter de uma ave 3-4 grammas.
Em geral o commercio de plumagens passou
por uma transformação completa no correr dos ul-
timos annos. Segundo Ménéqaux existem em Pariz
mais de OCO fabricas e ateliers, que se occupam
com trabalhos de plumas. Esta industria da pluma
emprega mais de 50.000 operarios de ambos os
sexos, importando o valor total da producção em
150 milhões de francos. Taes fabricas não se podem
utilizar da grande variedade de typos, que a caça
no exterior fornece. O que elles necessitam, são ar-
tigos mais ou menos uniformes, disponiveis em
grande quantidade, para serem beneficiados pelos
methodos mais modernos da chimica e da tin-
turaria. Deste modo consegue-se imitar os diverscs
typos de plumas, inclusive as da garça, e mesmo
passaros inteiros se fabricam com elles. O ganso,
a galinha, a marreca, o perú e outras aves domes-
ticas contribuem largamente para o supprimento
destas fabricas, para as quaes as plumagens de aves
caçadas importam apenas em 2 porcento da materia
prima empregada. Dá-se o caso, que os proprietarios
de pavões brancos delles tiram por anno e por ave
um lucro de 100 francos. No meio destas aves domes-
ticas encontram-se varias, que só de alguns decennios
para cá são oljecto de criação. Da avestruz havia
apenas uma criação de 69 aves na colonia do Cabo
em 1565, quando se começou a domestical-a. Actual-
mente alli e nas colonias vizinhas existem mais de
900.000 destas aves, que rendem para mais de 50
m'lhões de francos por anno. Nas republicas Argen-
tina e do Uruguay já se criam perto de 100.000,
dando cada uma €00 grammas de plumas por anno.
A intenção dos propagandistas e dos governus
na Europa e na America do Norte é por conseguinte
acabar com a matança de aves silvestres, destina-
das a fins commerciaes, e substituil-as por aves
domesticas ou criadas pelo homem. Deste modo
será possivel satisfazer as exigencias da moda, os
interesses do respectivo commercio e defender a
existencia das aves silvestres. Ha tendencias para
influir directa e indirectamente sobre as acções dos
governos de paizes extra-europeus, que ainda não
comprehenderam a necessidade da protecção às aves.
Mas afinal verificou-se que por este modo nada
se consegue em definitivo. Chegou-se à convicção,
que não é só o direito, mas o dever dos governos
de zelar pela conservação das riquezas ornithologicas
de seus paizes, dever sagrado este, exigido pelos
interesses economicos não sómente da geração actual,
mas tambem das gerações futuras. .
A Real Sociedade de Protecção às Aves em
Londres declarou, que os paizes que até agora menos
acautelaram esta parte de suas riquezas naturaes,
são o Perú e o Brazil. Não me consta que no Perú
já existam medidas officiaes para impedir o ex-
terminio das aves. No Brazil já foi publicado (2) o
decreto acima mencionado, de protecção de diversos
animaes uteis à agricultura. Este decreto é de
pouco valor pratico, por falta de observancia. Mas
nem por isso deixa de significar o começo de uma
nova éra de defesa das riquezas naturaes do paiz.
Actualmente pela creação do Ministerio da Agri-
cultura já se acha em funcçäo uma repartição pu-
blica, encarregada da defesa de todos os interesses
da prodvcção agricola. Que nos seja permittido
exprimir a esperança de que o ministerio não tarde
em elaborar leis sobre a caça e a protecção às
aves. Já em 1902, no volume V da Revista do
Museu Paulista publiquei um estudo : «Necessidade
d'uma lei federal de caça e protecção das aves»,
que porém até agora não produziu effeito pratico.
A merte do illustre estadista paulista Dr. José Bo-
nifacio de Oliveira Coutinho interrompeu a elabo-
ração do projecto de lei, que tencionavamos redigir
de collaboração, de modo que julguei conveniente
apresentar o meu esboço ao exmo. sr. dr. Pedro de
Toledo, então Ministro da Agricultura.
Effectivamente são grandes as difficuldades, que
se oppõem à realisação de emprehendimentos desta
natureza. Acontece as vezes que as melhores in-
tenções do governo federal são anniquiladas por dis-
posições contrarias da legislação ou da constituição.
O meio mais simples para impedir a exportação de
innumeras pelles de aves ou de immensas quantida-
des das mais bellas orchideas das nossas mattas se-
ria a creação de um imposto de exportação bastante
elevado ; mas para tanto o governo federal não tem
competencia.
Peior do que neste caso é a situação com re-
lação à caça, cuja regularisação cabe aos municipios.
Deste modo o governo federal vê-se impedido de
agir, emquanto das camaras municipaes, quando muito
um por cento dellas toma a serio o direite, que a
constituição lhes attribue. Não obstante, o assumpto
não é de aspecto tão desesperador como parece.
Incumbindo os municipios da legislação sobre a caça,
a constituição naturalmente havia comprehendido a
impossibilidade de decretar leis de caracter geral,
em vista das grandes diferenças, que existem em
clima, fauna, flora e população entre os diversos
Estados da republica. A constituição deveria entre-
tanto, ter incumbido os governos dos Estados, e
não as camaras municipaes cesta legislação, seguindo
tambem neste ponto o exemplo dos Estados Unidos.
Tomando mesno a situação tal qual é, com-
pete às camaras apenas a elaboração dos respectivos
regulamentos, emquanto que é da alçada do gover-
no federal a definição da caça e a protecção das
aves. Matar passarinhos, beija-flores, pica-paus, ants,
bem-te-vis, etc. ninguem pode considerar como caça.
E será da competencia do Ministerio da Agricul-
tura e do Congresso Legislativo da União, definir o
sentido da palavra «caça», declarar quaes sejam os
animaes de caça e animaes nocivos que se podem
matar, e proteger todos os outros. Claro é, que as
condições locaes, as quaes a constitução quer tornar
respeitadas, podem differir no mesmo Estado e em
diversos annos. Acontece, que um periquito ou
passaro em um municipio prejudica a lavoura, sem in-
commodal-a num outro vizinho. Em taes casos
pode ser permittida a destruição da especie no-
civa, mas só pelo prazo de um anno, e em taes
eventualidades não ha necessidade de recorrer aos
municipios, sendo sufficientes as providencias do
governo estadual.
Em geral das camaras municipaes do interior
dos Estados pouco se pode esperar no interesse da
regularisação da caça, e mesmo as grandes cidades
não souberam até agora desempenhar-se de modo
satisfactorio destes deveres. A camara municipal da
capital de S. Paulo, já por varias vezes mostrou seu
interesse pela protecção das aves e conseguiu pôr
termo à venda de sabiás, gaturamos, pintasilgos etc.
nos mercados. Mas no que diz respeito à caça pro-
priamente dita, ninguem se importa da respectiva
lei. Durante o anno inteiro rapazes e pessoas des-
occupadas percorrem os arredores da capital, de
espingarda ao hombro, matando não raras vezes
gallinhas e cabras ou atirando sobre os proprietar:os
que lhes prohibem a entrada em terreno particular
e cercado. O grande defeito desta lei é a falta de
fiscalisação. Sem a ajuda dos postos policiaes, sem
confiscação das armas e pagamento da metade da
multa aos guardas municipaes ou estaduaes, que
prenderem os caçadores não autorisados, não haverá
possibilidade de chegar a condições normaes neste
— 324 —
municipio da capital. Ao meu vêr ha um unico meio
para regularisar a caça : suspendel-a pelo prazo de
10 annos, dando-se deste modo aos animaes dizi-
mados o tenipo necessario para sua regeneração, e
à população a occasião de acostumar-se à nova si-
tuação. Esta medida entretanto não pode produzir
effeito, si não fôr tambem prohibida e punida da
maneira mais severa, a caça de aves por meio de
armadilhas de qualquer feitio. Nos arrabaldes de
S. Paulo, é grande o numero de moleques, que deste
modo perseguem os ultimos passaros, que por ven-
tura escaparam ao «pica pau» de caçadores desclas-
sificados.
Esta perseguição dos passarinhos chegou a tal
ponto, que no Ypiranga, por exemplo, quasi nem cor-
ruiras não existem mais.
Resumindo nossas considerações chegamos à
conclusão, que em primeiro lugar é mister, que O
governo federal se occupe da protecção das aves 2
dos demais animaes, que não são de caça, e que
por lei seja definido o sentido da palavra «caça».
Dos congressos estaduaes deve-se esperar, que com-
pletem por sua parte as disposições sobre o assumpto,
declarando-as obrigatorias para os municipios, que
não tem regulamentos de caça.
Conclusões e conselhos praticos
A’s linhas precedentes, escriptas ha mais de 2
annos, desejo accrescentar mais algumas observa-
ções referentes particularmente à legislação sobre a
caça e protecção às aves.
Quem não ê versado no assumpto, mal pode
imaginar a extraordinaria proporção que quasi em
todos os paizes assumiu a carnificina exercida pelo
homem entre os elegantes passarinhos e outras aves.
Na Europa todos os ensaios de supprimir esta ma-
tança das aves, tem sido inutil, por causa da op-
posição feita pelos governos da França e da Italia.
Calcula-se em 2 milhões o numero das codornizes
consumidas annualmente na França; não é pos-
sivel por hora pôr um termo ou ao menos dimi-
nuir a perseguição dos passarinhos. Assim, por
exemplo, na provincia de Udine (Friaul) foram ex-
portadas durante os tres mezes de Setembro até
Novemiro de 1891 ao todo 4309 kilos de passari-
nhos, correspondendo a 206.800 aves, e é certo que
o consumo local fci pelo menos tres vezes maior.
Nas portas de Brescia em 189l pagou-se imposto
por 423.792 passarinhos. Salvador: calcula que no
Trentino captura-se 1/2 milhão de passaros por anno.
Não menos exigentes são as senhoras com as
suas vaidades e doudices da moda. Assim sómente
na gare de Hendaye da França, perto da fronteira
da Hespanha entraram 149 caixas com pelles de
aves, pesando 11.000 kilos, provenientes de mais de
2.600.000 de aves. ‘Todas estas andorinhas, coto-
vias, etc. foram importadas em i895 e nos primeiros
mezes de 18Y6. A moda do bello sexo, entretanto
não se contenta com as aves europeas, importando-
as em grande quantidade do extrangeiro. Neste sen-
tido a America Meridional contribue largamente.
E' celebre e de grande actualidade a questão das
«aigrettes», de nossas bellas garças brancas (Hero-
dias egretta Gm.) cujo macho na época nupcial tem
as costas ornadas daquellas bellas e singulares pen-
nas que o commercio conhece sob o nome de os-
prey. Já na primeira parte deste escripto (pg. 319)
referi-me à defesa dos interesses dos negociantes
por parte dosr. Ménégaux.
Sabe-se que a moda já não se utilisa mais da
plumagem dos beija-flores, mas assim mesmo (se-
gundo «Bird Notes» London 1912) é facto que no
anno de 1911 nos leilões em Londres foram ven-
didas 40.000 pelles de bDeija-flores, e ao mesmo
tempo foram accumuladas grardes quantidades de
beija-flores preparados nos negocios de Berlim. Os
negociantes contam com as mudanças caprichosas
da moda, não duvidando que qualquer dia o beija-
flor venha a ser outra vez artigo de alta novidade.
— 326 —
Tanto na Europa (*) como na America do
Norte existe uma propaganda energica para melho-
rar a protecção as aves. A lei allemã sobre «Vogel-
schutz» de 22 de Março de 1888 prohibe a destruição
de ninhos e ovos, restringe a captura de aves e pro-
hibe a sua matança na epoca de 1 de Março até 15
“de Setembro, com excepção, apenas, de 14 especies
de aguias, corvos, etc. que são nocivos à agricul-
tura, silvicultura e caça. Na America do Norte é
immensa a somma de leis estaduaes sobre a caça e
protecção às aves, existindo relatorios annuaes sobre
o assumpto, e que são publicados pelo ministerio da
agricultura. Na Argentina onde o assumpto não
parece sufficientemente resolvido, as diversas leis,
decretos, etc., assim mesmo perfazem um folheto de
77 paginas, editadas pelo mesmo ministerio no anno
de 1903.
Desde 15 annos procura-se na Europa obter
combinações internacionaes sobre a protecção às aves,
servindo como base as resoluções do Congresso In-
ternacional de Ornithologia, que no anno de 1900
se reuniu em Pariz. A principal consequencia desta
propaganda foi a convenção «pour la protection des
oiseaux utiles à Agriculture» que foi assignada em
Março de 1902. Infelizmente a França foi o pri-
meiro palz a nao se importar da convenção. e a
Inglaterra, centro da mais energica propaganda a
favor da protecção das aves, até agora não conse-
guiu obter leis de caracter decisivo. E' mister re-
conhecer que questões de alta importancia como
esta, não podem ser resolvidas apenas de conformi-
dade com aspirações nobres. Um dos principaes
centros do commercio e da industria de plumas é
Londres. Calcula-se que o numero de pessoas oc-
cupedas neste ramo de industria seja de 20.00) em
Berlim e de 50.000 em Pariz. O problema está
em transformar os materiaes empregados nestas fa-
(*) Compare-se: «Comparative legislation for the pro-
tection of Birds», The gold medall Essay of the pee
Society for the Protection of Birds, London, 1909.
— 327 —
bricas, de modo que a industria não soffra e que as
aves silvestres não continuem a ser exterminadas.
Parece que se acham bem encaminhados os respe-
ctivos esforços. Antigamente matavam-se as ave-
struzes da Africa para obter as suas preciosas plu-
mas; hoje a quantidade das mesmas estä sendo
augmentanda immensamente, devido aos numerosos
estabelecimentos de criação de avestruzes que existem
em varias partes do globo.
Do mesmo modo já é grande o numero de es-
tabelecimentos nos quaes se faz a criação de jaca-
rês e tantos outros carnivoros cujos couros são apre-
ciados. Assim tambem poder-se-hão criar garças e
outras aves cujas plumas são procuradas. O que
deve acabar é a perseguição às aves silvestres e
esta convicção já está ganhando forma pratica em
varios actos legislativos. De alto valor neste sen-
tido é a nova tarifa aduaneira (Tariff Bill of the
U. S. A. de 1913) que prohibe a importação de
«aigrettes» e outras plumas bem como de pennas e
couros de todas as aves silvestres, com excepção
das que se destinam a fins scientificos e das plumas
de avestruzes e aves domesticas. As leis federaes
e estaduaes na America do Norte parecem actual-
mente bastante severas para acabar com a captura
e caça das aves silvestres.
Com energia extraordinsria procurou-se defen-
der e garantir a existencia das aves indigenas na
Australia. As respectivas leis prohibem a exporta-
ção de pelles de garças e aves de paraizo. Ao mesmo
tempo sabemos que no Egypto foi promulgada uma
lei em 1912, que prohibe matar e guardar em es-
tado vivo ou morto todas as aves protegidas, às
quaes pertencem tambem as garças das aigrettes, e
sendo fixado em 10 lbs. a licença para servir-se de
uma espingarda.
Infelizmente entre nós o interesse pela natureza
e pela sciencia natural é quasi nullo. Só ha um
ramo de sciencia em que a onda. de trabalho serio
internacional já entrou em nosso meio — a medi-
cina, facto este que registramos com grande satis-
— 328 —
facção. Pelo mesmo motivo são os estabelecimentos
do serviço medico-sanitario que mais entram em re-
lação directa com o Museu Paulista, ora precisando
in ormaçües biologicas, ora pedindo a classificação
de animaes prejudiciaes à saude, ou interessantes por
seus parasitas ou pela transmissão dos mesmos. De
egual modo recorrem sempre ás nossas collecções
os scientistas dedicados à agricultura. Assim o ser-
viço de informação do Museu já cresceu notavel-
mente. Em geral, os poucos Musens da America
meridional destinados ao estudo e à illustração da
fauna e flora e historia antiga dos respectivos pal-
zes tem cada um as suas especialidades. O Estado
de S. Paulo tem as collecgdes zoologicas mais ricas
e mais bem estudadas, possuindo alem das collecções
expostas ao publico outras muito mais amplas para
o estudo scientifico, ao lado de uma boa bibliotheca
sobre as materias de historia natural e anthropolo-
gia. Mas tudo isto parece ser desconhecido dos il-
lustres membros do Congresso do Estado, de modo
que as intenções e a utilidade do estabelecimento
foram objecto de critica severa, mas completamente
falsa, no Senado, e ainda ha pouco na Camara dos
Deputados discutiu-se a eventualidade do fechamento
do Museu. E os valiosos thesouros de ricos ma-
teriaes, illustrando a natureza e a historia do paiz,
os quaes sem a continua conservação por pessoal com-
petente se perdem — serão sacrificados, como já acon-
teceu uma ou duas vezes em Manãos ?!
A nossa cultura esta ainda naquelle estado de
infancia em que a sciencia só é respeitada de con-
formidade com os resultados praticos que fornece à
vida diaria. Debalde protestou esta revista contra
a devastação das mattas, contra o exterminio da
caça e das aves. As seccas que successivamente se
estão tornando endemicas neste Estado, são o justo
castigo a esses desmandos. A cultura do cafeeiro
tira as ultimas reservas do solo uberrimo e passa
sobre nosso Estado como uma enchente devastadora.
As fontes em grande parte seccam ou já desappa-
receram, a quantidade de agua nos rios e arroios
diminue. As estradas de ferro, que ellas mesmas
são prejudiciaes gastadoras de lenha, tornam acces-
siveis os municipios mais remotos, e assim por toda
a parte o mesmo triste espectaculo — derrubadas e
devastações, sem o minimo ensaio de regeneração
das mattas. A distribuição de mudas a particulares
é iuxo bem dispensavel: o que, porem, é indispen-
savel é a defesa, o registro e regeneração das mattas
do Governo. Ninguem melhor do que o pessoal do
Museu conhece o grão a que chegou a devastação
da fauna e flora do Brazil, e especialmente do nosso
Estado. E por este motivo mais uma vez: deve-
mos pensar no futuro e procurar salvar a fauna, as
mattas, o clima, os elementos essenciaes da produ-
cção agricola.
As pessoas que viajam de S. Paulo a Santos
ou ao Rio, tem perante a sua vista as extensas varzeas
planas que nada são do que os residuos de antigos
lagos. A deterioração do nosso clima, diminuição
das precipitações athmosphericas são factos incon-
testaveis; o solo de S. Paulo antigamente coberto
de numerosos e extensos lagos e banhados é hoje
pobre neste sentido. Portanto, se governar é prevêr,
convem com a maior urgencia oppôr-se à transfor-
mação completa do nosso clima, impedir a «serto -
nisação» do Estado, processo que já ha muito co-
meçou e que agora, por nossa culpa, rapidamente
está ganhando terreno. E” a biologia que neste sen-
tido nos deve guiar com seus ensinamentos e é ella
tambem que recentemente recommenda a protecção
das aves e a regularisação e fiscalisação da caça.
Examinando as condições da Jegislação sobre
caça e protecção às aves no Brazil, peço ao leitor
comparar o meu artigo acima mencionado, sobre a
necessidade de uma lei federal, regularisando o as-
sumpto. E’ de lastimar que se tenha escolhido a
instituição das camaras municipaes, como base para
a legislação sobre caça, visto como a experiencia
tem mostrado que ellas, em grande parte, não estão
na necessaria altura para comprehender a importan-
cia desta missão e não podem, portanto desempe-
ee
nhar-se della com habilidade. Aqui mesmo na ca-
pital do Estado o respectivo serviço deixa muito a
desejar e seriam talvez sufficientes as respectivas
disposições sobre “aga e pesca, se a observancia dos
regulamentos fosse garantida por uma fiscalisação
efficaz. Não basta a acção dos fiscaes municipaes,
particularmente nos arrabaldes da cidade. Seria neces-
sario incumbir desta missão tambem os postos po-
licises e autorizar todos estes orgãos a exercer a
fiscalização em geral e a confiscação das armas, uru-
prcas etc.; em caso de infracções às leis a metade
das respectivas multas seria o seu premio. Por toda
a parte dentro do perimetro da cidade e durante o
anno todo é continua a matança das aves por ca-
cadores não autcrizados e por-toda a parte vêm-se ra-
pazes com as suas armadilhas a capturar os ultimos
passarinhos. No mercado continua o escandalo, ven-
dendo-se os pobres dos passarinhos em gaiclas mi-
nusculas amalhados em grande numero e sem cui-
dado, sem alimento e sem agua. Exijam-se gaiolas de
50x40x40 em. com restricção do numero das aves
a um casal por gaicla ou, melhor ainda, prohiba-se
completamente a venda de aves silvestres, punindo-
se severamente a captura de passaros, e será possivel
acabar em pouco tempo com os actuaes abusos.
O que antes de tudo é necessario, é a coopera-
ção do Congresso e do Governo Federal na decre-
tação das leis e regulamentos sobre caça e prote-
eção das aves.
A opinião de que a acção do Puder Federal
seja impedida pela constituição, não é exacta, feitas
às restricções a que já ime referi As condições
aqui, essencialmente, não differem das outras de
grandes paizes da Europa e da America do Norte.
Na Allemanha existe uma lei federal de pro-
tecção às aves de 1888, mas as suas dispos:ções
são em grande parte completadas por leis estaduaes
ou provinciaes. Na America do Norte são innume-
ras as leis estaduaes de protecção ds aves. Mas ao
lado das mesmas existem nada menos de 5 las fe-
deraes tratando do mesmo assumpto. Estas são:
ma ÎLE =
1) The Lacey-Act, que regulariza a importa-
ção de animaes de caça e seu transporte de Estado
a Estado;
2) The Tariff-Act de 1897, creando impostos
sobre aves e pelles importadas do extrangeiro ;
3) as leis de caça para os districtos de Co-
lumbia, Alaska, ete, ;
4) a lei tratando da protecção às aves nas
reservas florestaes e parques nacionaes;
o) The Tariff-Bill de 1913, prohibindo com-
pletamente a importação de aves silvestres e suas
plumas,
Na America do Norte a experiencia de mais
de seculo mostrou que a disposição da Constituição
confiando a legislação sobre caça aos Estados não
foi feliz. Os varios Estados, vizinhos uns dos ou-
tros decretaram leis contradictorias, que tornaram il-
lusorios os seus fins. Na questão: servir ao inte-
resse commum ou respeitar em absoluto a constitui-
ção, o poder legislativo optou pela primeira alternati-
va. O Lacey-Act de 1900 e o Mac-Lean-Act de
1912/13 são violações da Constituição, mas que fo-
ram votados por terem sido considerados necesarios
ao interesse commum. A divisa medieval: ‘ Fiat
justitia et pereat mundus’? — (cuinpram-se as leis
embora -pereça o povo) não corresponde mais 4
nossa época, que não se deixa estrangular por laços
de papel, embora tão sagrados como o da Consti-
tuiçäo. Ha um unico ponto de vista, apenas, com-
pletamente decisive: o interesse publico ou commum.
«Alem dos poderes conferidos pela Constituição» disse
Roosevelt (*) «resta inherente à nação um poder
decisivo em todosos casos em que a acção dos Estados
falha, conferindo a força que em geral é exercida
pelas nações soberanas.»
Parece-me que entre nós taes conflictos só podem
apparecer entre as administrações municipaes e es-
taduaes, devendo vencer em taes casos a autoridade
(*) R. Th. Zillmer, The significance of the national
Bird-Law. Science, Garrison, N. Y, N.º 989, 1913, pg. 841.
== 534 =
do Governo do Estado e reservando-se aos municipios
o direito de votar modificações que por ventura se
tornarem necessarias.
Em theoria no Brazil não teremos difficuldade
com relação à legislação sobre caça e protecção as
aves, uma vez que a execução das disposições da lei
e sua fiscalisação em geral competem acs Governos
estaduaes que, alem dos seus orgãos adequados, ain-
da dispõem do auxilio da força publica.
A constituição do Brazil, em grade parte mo-
delada segundo a dos Estados Unidos da America
do Norte, poe o Governo Federal na posição de pro-
ceder de maneira egual. Se bem que os detalhes da
regulamentação da caça caibam 4 administração esta-
dual, disposição aliás muito sabia em vistas da im-
mensa diversidade climatologica e biologica dos dif-
ferentes municipios de tão vasto paiz, claro é que
cabe à União a protecção às avese a de outros ani-
maes, e por este motivo compete a este poder defi-
nir a palavra caça, dar a lista dos mammiferos, aves
etc., que é licito matar, pegar, caçar etc., estabele-
cendo deste modo as bases geraes para a legislação
subre a caça e protecção às aves. Alem disto pode
a União e respectivamente o Poder Legislativo Fe-
deral impedir ou diminuir, por meio de alto im-
posto, a importação de aves, suas pelles e plumas
e tomar a iniciativa com relação à exportação dos
artigos mencionados, bem como de orchideas e ou-
tros elementos da fauna e flora do paiz.
Duas especies novas de Peixes da
Fam. Cichlidae
Gen. CRENICICHLA («Joanninhas » )
POR
RODOLPHO VON IHERING
Crenicichia biocellata 7. sp.
215 mm.; D. XXI, 13; A. III, 9; linha lateral
=; cabeça 3 vezes no corpo; olhos 6 vezes na
cabeça e 1 1/3 no espaço inter-orbital; preoperculo
distinctamente serrilhado em sua porção mediana ;
o angulo maxillar extende-se até a vertical tirada da
margem anterior da orbita; a nadadeira dorsal ex-
tende-se até a base da caudal e a nadadeira anal é
ainda 1 diametro ocular mais curta; ha 4 series
de escamas entre a linha lateral e o primeiro raio
articulado da dorsal; pedunculo caudal mais longo
que alto : narinas muito mais proximas ao olho que à
ponta do focinho; 4 series de dentes no maxillar in-
ferior, 6 no superior; 10 cerdas na margem ante-
rior do primeiro arco branchial.
Denegrido em cima, brancacento no lado ven
tral; uma larga faixa escura extende-se da ponta do
focinho, por cima do olho, à base da caudal; neste
ponto ha uma mancha ocellada quasi do tamanho do
olho; o traço obliquo abaixo do olho é apenas per-
ceptivel ; duas grandes manchas ovaes, ocelladas na
dorsal entre os XII e XX espinhos.
Hab. Rio Doce, Est. do Espirito Santo, E. Garbe
leg. 1906.
534 =
Um outro exemplar de 185 mm., de Porto Ca-
choeiro, Rio Doce, Est. Espirito Santo, que de resto
combina bem com o typo acima descripto, differe
unicamente por ter a segunda mancha ocellada da
dorsal menos nitida ; o centro preto é um pouco apa-
gado e o annel branco que o circunda é constituido
por uma serie de manchinhas brancas.
Esta especie é muito alliada à que Hasemann
descreveu do rio Parahyba sob o nome de Cr. dor-
socellata e da qual possuimos alguns exemplares da
Lagoa Teia, Est. Rio de Janeiro, do mesmo sys-
tema do rio Parahyba (240 9 300 mm.) Nossa
especie, que talvez de futuro possa ser considerada
subspecie daquella, é o representante da forma do
rio Parahyba, differindo entretanto sensivelmente
pelo maior numero de escamas (76-77 em vez de
60-62), pela menor extensão do maxillar e por ter
duas manchas ocelladas na dorsal.
O n. 2722 mencionado por Hasemann como tal-
vez pertencente a Cr. dorsocellata e proveniente de
Santarem, certamente é especie diversa; tratando-se
de um unico especimen muito novo de 4 centime-
tros apenas, é impossivel identitical-o correctamente.
Crenicichla biocellata n. sp.
210mm. 5) D. XXI; 13/47 1159: inatas
77 scales in the first row below the lateral line;
head 3, eyes 6 in head and 1 1/3 in inter;
orbital space; preoperculum distinctly denticulated
on its median portion; maxillar extending just to the
vertical from anterior margin of eye; dorsal ray
extending just to the beginning of the cauda; anal
ray still 1 ocular diameter shorter; four rows of
scales between the lateral line and the first dorsal
rays; caudal peduncle longer than deep; nostrils
much nearer the eye than to the tip of the snout;
4 rows of tesths in the lower jaw, 6 in the upper,
10 gill-rakers on the lowcr anterior arch. Dar-
ker above white on the ventral side; a broad dark
lateral band from tip of the snout passing over the
De EE Pace
eye to the base ofthe cauda ; there is an large ocel-
lated spot; the oblique raye below the eye some-
what discoloured (faded) ; two large distinctly ocel-
lated spots between the 12th. and 28th. spines.
Hab. Rio Doce, Est. Espirito Santo, E. Garbe
leg. 1906.
Another specimen, 185 mm. Porto Cachoeiro,
Rio Doce, Est. Espirito Santo, otherwise exactly
like the type, differs only by the second dorsal spot
being not as well defined; the black spot is some-
what vanished and the white ocellus around is
brecken in several spots, instead of being sharply
defined. ‘This species is closely allied to Cr. dor-
socellata Hasem., differing only by the larger num-
ber of scales (77 instead of 60-62), the extension
of the maxillary and by having 2 ocellated dorsal
spots. By a future revision this species may be
considered as a northern subspecies of C. dorsocel-
lata Hasem. which hitherto has only been found
in the rio Parahyba, wherefrom the Museu Paulista
received also some specimens collected by M. E.
Garbe (240-300 mm., Lagoa eia, Est. Rio de Ja-
neiro). Mr. Hasemann’s n. 2722 from Santarem is
surely not the same species; it is impossible to
identify correctly that single specimen which measu-
res only 4 cm.
Crenicichla mucuryna 2. sp.
120-90; nme Do XXI-X AMS dh A ITs 837
linha lateral ==, 96-57 escamas na primeira
serie abaixo da linha lateral; cabeça 3 vezes, al-
tura 5 vezes no comprimento; olho quasi 5 vezes
na cabeça, um pouco maior que o espaço interorbital ;
a angulo maxillar extende-se até a vertical tirada
da margem anterior do olho; os dentes formam 5
series no maxillar superior, 4 no inferior; 9 cerdas
na margem anterior do primeiro arco branchial; a
altura da dorsal augmenta gradativamente até o 8.º
espinho, o qual mede 1/3 da cabeça; o ultimo (21.º)
espinho é apenas muito pouco maior; o 7. raio
= da
molle da dorsal ë o mais longo, egualando à base
da dorsal molle com mais os dous espinhos ante-
riores. Nadadeiras pectoral e ventral attingem a
vertical tirada do 12.º espinho da dorsal. Pedun-
culo caudal um pouco mais longo que alto.
A côr geral é bruna, as margens dos labios
tem uma faixa preta, um traço obliquo abaixo do
olho, outro horizontal do olho à pectoral; a partir
desta nadadeira começa uma serie de 9 faixas
verticaes, a ultima das quaes se acha sobre a pri-
meira escama do ramo inferior da linha lateral; a
começar d'ahi estas escamas com poros são brancas
na metade anterior, pretas na posterior; não ha ves-
tigio de mancha caudal. As nadadeiras verticaes
tem varias series horizontaes de manchinhas pretas
(3 na parte anterior da dorsal, 4 ou O na posterior).
Pectoraes e ventraes incolores.
Un terceiro especimem da mesma proveniencia
é um pouco maior, 135 mm.; D. XXII, 11; A. IH,
8; poros +, com 57 escamas na primeira serie
abaixo da linha lateral. A côr geral é um pouco
mais escura, bem como a dorsal, que tem apenas
algumas manchinhas entre os ultimos raios. Pare-
ce, entretanto, ser da mesma especie que aqui descre-
vemos e cujos especimens novos tem o colorido mais
vivo.
Hab. Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os
Santos, affl. do Mucury, Est. de Minas Geraes; E.
Garbe leg. 1908.
A presente especie, do systema fluvial do Mu-
cury, pertence ao grupo da Cr. saxatilis e neste
grupo mostra maiores affinidades com Cr. jagua-
rensis Hasem.
Crenicihela mucuryna n. sp.
120-90 mm. D. XXI-XXII, 11; A. II s-%;
pores $4; 56-57 scales in the first row below the
lateral line; head 3, depth 5 in length, eye nearly
9 in head, and somewhat larger than interorbital ;
maxillary extending to the anterior margins of the
= DM =
eyes; teeth forming 5 series in the upper jaw, 4
in the fower; 9 gill-rakers on the lower part of
the anterior arch. Dorsal slightly increasing to the
8 th. spine, which is three times in the head, the
21 th. only very. little longer; 7 th. soft dorsal the
longest, equal to base of soft dorsal plus 2 spines.
Pectoral and ventral extending to the vertical of
the 12th. dorsal spine. Caudal peduncle somewhat
longer than deep.
Brownish, tips of both lips black, a very short
oblique strip below the eye, another longitudinal
from the eye to the pectoral; beginning by this fin,
a series of nine vertical bars until the first scale of
the lower ramus of the lateral line; the following
scales of the lateral line are white on the anterior
half and black on the posterior; no caudal spot.
Vertical fins with several series of dark spots (three
on the anterior dorsal, four to five on the posterior
part). Pectorals and ventrals colourless.
A third specimen from the same river is so-
mewhat larger, 435 mm., D. XXII, 41; A. IILS ;
pores =>: 57 scales in the first series below the
lateral line. The general colour is somewhat dar-
ker as well as the dorsal fin, which has only some
dark spots between the soft rays. It seems how-
ever to be the same species, which has brighter co-
lours in the youth.
Hab.: Typo: Theophilo Ottoni, rio Todos os
Santos. Est. de Minas Geraes, E. Garbe leg. 198.
Our species from the Mucury-systeme, a small
river which empties into the sea above the Rio
Doce, seems to be the nearest relative of Cr. jagoa-
rensis Hasem., hitherto known only from Jagoára,
Rio Grande, from the Paraná-systeme, Minas-Geraes.
Os gamhäs do Brazil
Marsupiaes do genero Didelphis
Com resumo em aliemão
POR
DR. HERMANN VON IHERING
Já por outra occasião, isto é, ao discutir as
especies dos generos Cebus e Canis, chamei a at-
tenção ao facto singular de que muitas vezes entre
os mammiferos do Brazil, são as especies mais com-
muns e geralmente conhecidas cuja classificação
zoologica muito deixa a desejar. Uma tal cruz 4
zoologia é o genero, Didelphis, no sentido restri-
cto. Estes gambas, que por toda parte são conhe-
cidos na visinhança das habitações do homem, pos-
suem duas particularidades que difficultam o estudo
das especies: a duração illimitadada do crescimento
ao qual só a morte põe termo e a variabilidade co
colorido tão ampla como não é conhecida em ne-
nhum outro genero.
Que o crescimento é realmente continuo, mesmo
nos individuos bem velhos, vemol-o não só no couro
como no craneo. En: geral, para as respectivas especies
um comprimento total do craneo de 100 mm., para
as especies grandes pode ser considerado como a
medida typica do craneo adulto. Accresce entretanto,
que pela maior parte as suturas do craneo persistem
abertas durante toda a vida e assim não é de extra-
nhar encontrar-se tambem craneos de individuos bem
velhos, cujo comprimento importe em 116-120 mm.
Toe oo
Aqui no Museu surprehenderam-nos as Gimen-
sões extraordinarias de animaes de Did. aurila
que foram caçados na costa meridional de Sta. Ca-
tharina até S. Paulo e que taes animaes grandes e
pesados, pela maior parte de cor preta, muitas ve-
zes se distinguem por uma cauda extraordinaria-
mente grossa. Já uma vez, devido à variabilidade
das especies de Didelphis, fui induzido a descrever |
uma especie nova, a qual mais tarde não pude mais
reconhecer como bem fundamentada, e por esta razão
procedi desta vez com todo o cuidado, obtendo uma
colleeção tão rica de couros e craneos das diversas
regiões do Braz], que posso emprehender o ensaio
de definir os caracteres decisivos e a distribuição
das diversas especies. Apesar da differença acima
mencionada nas dimensões dos craneos obtem-se,
como quasi sempre em taes casos, um bom auxilio
para o julgamento da edade pelo exame da denta-
dura e particularmente da serie dos molares; estes
caracteres não enganam, visto que as dimensões cos
dentes não são alteradas pelo crescimento do craneo.
A serie dos quatro molares superiores que, mor-
phologicamente, corresponde ao ultimo premolar e
aos tres molares, fornece os melhores dados para se
julgar das dimensões do craneo. Devemos conside-
rar juvenis todos aquelles individuos nos quaes o
ultimo molar ainda não appareceu e nos quaes o
terceiro premolar ainda persiste na forma de dente
de leite ou está p:estes a ser substitu do pelo dente
definitivo.
Como adultos designamss todos aquelles exem-
plares cuja dentadura é completa e finalmente con-
sideramos como individuos de edade avançada todos
aquelles cujos premolares já faltam em parte e cujos
molares já estão, inais ou menos gastos.
A segunda difficuldade, já acima mencionada,
para o julgamento especifico representa a côr das
cerdas denominadas grannos («Grannen»). Estes pellos
rijos e compridos são encontrados em grande nu-
mero no dorso e nas costas das especies do genero
Didelphis entremeiando o pello curto mais ou menos
— 340 —
crespo. Taes cerdas são brancas em alguns exem-
plares, pretas em outros, e deste modo os respecti-
vos individuos tomam um aspecto totalmente diffe-
rente, apparecendo aquelles individuos como sendo
branco-cinzentos, os outros como sendo de côr preta.
Nada sabemos da causa de tão singular variabilidade,
que de modo algum podemos pôr em relação com
os costumes biologicos. Tanto eu mesmo, como a
maior parte dos zoologos que viajaram pelo Brazil,
sabemos por experiencia que, às vezes embora ra-
ramente, no meio dos filhótes da mesma cria ha in-
dividuos da variedade branca bem como da preta.
Qualquer que seja a razão desta variabilidade, sem-
pre podemos imaginar, que esta mesma causa pro
duza un effeito às vezes maior as vezes menor, e
que afinal as condições que provocam uma ou outra
destas variações de côr, possam prevalecer em uma
determinada especie ou em certa região. Obtem-se
assim a impressão de que nestas variações observa-
mos caracteres de especie em evolução, caracteres
que successivamente podem fixar-se dertro das di-
versas especies e regiões, de maneira que só raras
vezes o antigo colorido 1eapparece por atavismo.
Talvez a experiencia venha provar que assim
já succedeu em certas regiões e por este motivo é
necessario constatar a frequencia porcentual das fa-
zes branca e preta para cada uma das respectivas
especies e localidades.
A monographia mais antiga e tambem a melhor
sobre as especies brazileiras de Dedelphis foi pu-
blicada em 1856 por H. BURMEISTER e a sua des-
cripção é tão exacta e em quasi todos os pontos
tão certa que custa comprehenter como até agora
poude perdurar a lamentavel confusão de especies.
O. THomas em seu catalogo dos marsupiaes,
publicado em 4880 reuniu todas as especies americanas
isto é, todas as especies vivas, que se conhecem do
— 341 —
genero Didelphis, foram consideradas como sendo
uma unica especie, denominada marsupealis Linné,
procedimento summario com o qual não concordou
nenhum dos naturalistas que no Brazil fizeram in-
vestigações sobre mammiferos. Em seguida.l. A.
ALLEN, occupou-se com bom successo, em tres dif-
ferentes estudos da systematica das especies de Di-
delphis da America do Norte e mais tarde tambem
das da America meridional, mas tambem este auctor
não foi feliz com relação às especies do Brazil.
Entre estes diversos estudos de ALLEN O que para
nossos fins tem a maior importancia é o de 1902
sobre os « Opossums » da America meridional, no
qual distinguiu dous grupos de especies: o de D.
marsupials com orelhas pretas e o de paraguay-
ensis cujas orelhas são brancas ou pallido-encarna-
das com manchas escuras; menciona apenas duas
especies do Brazil, D. marsupialis aurita Wied e
D. paraguayensis Oken. Com relação a estas es-
pecies temos de observar que D. aurta é uma
especie bem caracteristica, cuja distribuição é li-
mitada ao Brazil; alem disto a sua especie D. pa-
raguayensis comprehende confundidas, duas especies
bem differentes e faceis de distinguir. Não sei por
hora se a forma typica de marsupralis Linnê, cuja
distribuição parece limitada à Venezuela oriental, ás
Guyanas, e regiões visinhas do Brazil, e que occorre
tambem no Pará, como Bm meister e Goeldi affir-
mam, talvez ainda viva no Brazil, até o Rio de
Janeiro e São Paulo. O certo é que no Museu Pau-
lista estão representadas tres especies brazileiras em
numerosos exemplares, e o fim deste estudo é dis-
cutir a sua distribuição. Observo ainda que ha dous
annos mandei à redacção dos «Proceedings of the
Zoological Society of London» um estudo sobre as
Didelphidas brazileiras, mas que não chegou a ser im-
presso devido ao parecer do meu amigo sr. O. Tho-
mas. Dou-me à esperança que em vista da dis-
cussão seguinte este meu distincto collega não tera
mais duvidas quanto à exactidão dos resultados dos
meus estudos.
= ie
Didelphis marsupialis L.
Didelphis marsupialis LixnÊ, Systema nat. X,
1798, p. 94.
Didelphis marsupialis ALLEN, Bull. Am. Mus.
Nat. Bist) MIA 022970
Didelphis marsupials GopLDI E HAGMANN,
Bol. Mus. Paraense vol. IV, 1906, p. 99 (Para.
Didelphis karkinophaga ZIMMERMANN, Geogr.
Gesch. I, 1780, p. 266; idem, ALLEN loc. s. cit.
Le Crabier Burron, Hist. nat. Suppl. III, 1776.
p. 272 (Cayenne) Pl. 54.
Didelphis concrivora GmeLIN, Syst. nat. IJ,
Li SSP pmetos:
Dipelphis cancricor a BuRMEISTER, Erl. Fauna
Brasiliens., 1856, p. 66, Taf. IV (animal); Taf. V fig.
2 und Taf. VI fig. 2 (craneo), Syst. Uebersicht. 1,
185%, p. 129"(partim):
H. Winge, E. Museo Lundi II, A, 1893, p.
49, (pertim) Pl. 1 fig. 9, (Venezuela).
O pello desta especie é mais curto do que em
qualquer das outras, valendo o mesmo tambem da
cauda. Em geral a cor do pello é amarello-parda
ou bruno-amarellada. As pernas são pardo-escuras
como tambem o pavilhão das orelhas. A cabeça é
um tanto mais clara sem faixas escuras, sómente
no vertice apparece uma mancha escura. apagada, e
outra egual ao redor dos olhos. O pello lanoso é
amarello-pardo com pontas brunas. Os grannos cur-
tos e pardos são um pouco mais claros que os outros
pellos das costas. Na barriga o colorido é um pouco
mais pallido, amarello- -pardacento.
O craneo distingue-se pela crista alta do ver-
tice e por ser o occiput largo e proporcionalmente
baixo. O comprimento total deste animal importa
geralmente em 712 até 767 mm., dos quaes 381
até 419 mm. cabem à cauda. O comprimento do
pé posterior é de 51-57, a altura da orelha 51-57 mm.
A zona da sua distribuição comprehende as
Guyanas, a Venezuela e a visinhança do Pará.
né le
Didelphis aurita Wied
Didelphis marsupralis WieD, Beitraege zur
Naturgeschichte Brasiliens, II, 1826, p. 387.
Didelphis aurita Wisp, Beitraege z. Naturg.
Bras: 11; 1826,p 1895.
Didelphis aurita BuRMEISTER, Systemat. Uener-
sicht der Thiere Brasiliens, 1854, p. 180. — Er-
laeuterungen zur Fauna Brasiliens, 1856, p. 64,
Path animal) *eioTaf: V fig. «3, i Tak. WI fig. #
(craneo),—E. Gontpr, Proc. Zool. Soc. London 1894
p. 497 (Serra dos Orgãos, Rio de Janeiro.
H. von iHERING, Mamm. Rio Grande do Sul,
1892, p. 99 (p. 6 c. s.; Rev. Mus. Paul. VI 1904.
p. 425 Rio Juruá, Amazonas.
Didelphis cancrivora Hexsez, Phys. Abteilg.
Akademie der Wissensch. Berlin, 1&72, p. 114.
Taf. I, fig. 2u.5; A. von Pezzerx. Verhandlungen
der zool. bot. Ges Wien XXXIU. Anh. 1883, p. 110
(Sapitiba); H. Winer, E Museu Lundi. II, A, 1892,
p. 44, Taf. UI, fig. 4, Taf. IV fig. 10 (partim, Lagoa
Santa).
Didelphis koseritai H. von ImerINS, Ann. Rio
Grande do Sul. 1892, p. 99 (p. 6 copia separada)
Var. nigra.
Os grannos desta especie são compridos, tam-
bem o pello da base da cauda se acha bem desen-
volvido. O colorido fundamental é pardo-escuro,
um tanto mais claro na cabeça, e com bochecha
amarello-pallida. Deante dos olhos ha uma mancha
pardo-escura, que se estende para traz da região
orbital. O meio da fronte e o vertice são pardo-
escuros; uma mancha amarella apparece por cima
dos olhos. Queixo e cantos da bocca são amarel-
lados; os grannos que nas costas, nos lados e na
base das extremidades e da cauda são bastante es-
pessos, são ora de côr branca ora preta. Accresce
“que as listas pretas da cara, muitas vezes, não são
bem distinctas e assim os especimens com grannos
brancos parecem tão differentes dos animaes escuros
e quasi unicolores-pretos, que fui induzido a dar o
ae SE
nome especial de Didelphis hoseritzr a esta forma
preta.
O comprimento total do animal importa em
680-810 mm, inclusive 300-390 mm. da cauda. Os
pés trazeiros medem 53-60, a orelha 59-55 mm.
Todavia são raros os animaes com orelhas tão com-
pridas, como os que ALLEN descreve; as orelhas,
alem disto, são menos largas do que em Did. mar-
supralas.
A distribuição desta especie brazileira esten-
de-se do norte do Estado do Rio Grande do Sul
por todo o Brazil até o Amazonas, de onde temos
varios exemplares de Manãos e do Rio Juruá, tendo
Natterer caçado a especie em Borba, Rio Madeira.
Didelphis paraguayensis Oken
Micouré premier Azara, Quad. Parag. I, 1802,
p. 209, (e 1801, p. 244, teste Allen.)
Didelphis paraguayensis Oxen, Lehrbuch der
Naturgeschichte. I]. Abt. II. 1816 p. 1147; ALLEN,
Bull. Am. Mus. Nat. Hist. XVI, 1902, p. 267, partim.
Did. azarae Temminck Mon. Mamm. 2.º
Monogr. 1825, p. 36. — RENGGEr, Naturg. Tiere
Paraguay, 1830, p. 223 (Gran Chaco, Entrerios,
- Uruguay). BURMEISTER, System. Uebersicht, 1. 1854,
p. 131. — Erl. Fauna Bras. 1856, p. 61 Taf. I.;
KR. HenseL, Phys. Abt. Akademie Wiss. Berlin, 1872,
p. Ill, Taf. 1, fig. 1 u. 4; H. von Inprine, Mamm.
Rio ‘Grande: do Sul, 1892) 'p.98(p.' S"copssepa:
Did. lechei Il. von IxERING, Mamm. Rio
Grande do Sul 1892, p. 95 (p. da cop. separ.)
Did. leucotis WAGNER, Abh. Ak. Wissenschaf-
ten, Miinchen, V, 1847 (1850) p. 127 u. Schrebers
Saeugetiere. Supp. V. 1800, p. 225.
Did. poecilonota Scuinz, Syn. Mamm. I, 1844,
p. 904 (Rio Grande do Sul.
A cabeça e o pescoço são brancos, uma listra
escura começando entre os olhos vae até a nuca .
onde, aos poucos se perde no dorso. Outra listra
estreita de cada lado passa pelo oiho até a orelha,
cuja côr é brancacenta com manchas desmaiadas,
ne =
pardo-escuras ; as costas, os lados e as pernas são
pardo-escuras, os pellos da parte inferior são ama-
rello-pallidos com pontas pardo-escuras e são estas
ultimas que assim dão à parte inferior um tom es-
curo. Nas costas, nos lados e na base das extre-
midades e da cauda ha muitos grannces compridos e
fortes, de côr em geral branca, mas às vezes tam-
bem preta. A parte núa e escamosa da cauda é
escuro-pardo-cinzenta na primeira metade, côr de
cerne na segunda.
O comprimento total varia de 793-957mm., com-
prehendida a cauda de 330-425 mm. O comprimento
do pê posterior importa em 42-54 mm., o compri-
mento das orelhas em 26-31 mm.
Didelphis albiventris Lund
Carigueya brasiliensibus MarcoravE, Hist.
Nat. Bras. 1648. p. 222 (Pernambuco).
Tai-ibr brasiliensibus MarcaravE, Hist. nat.
Bras. 1648, p. 223 (Pernambuco).
Did. albiventris Lunp, K. Dansk. Vidensk.
Selsk. Afhandl. VIII, 1841, p. 236 (Lagoa Santa).
BuRMEISTER, Syst. Uebers. I, 1851. p. 132;
Burmeister Erl. Fauna Bras. 1806, p. 62. Taf. TI
(animal) Taf. V. fig. 4-5, Taf. VI, fig. 4, (craneo).
Did. poecilotus Waaner, Archiv f. Naturg.
1842, I, p. 358 (“Angaba”, Cuyabä, Matto Grosso);
A. von PeLzELN: Verh. zool.-bot. Ges. Wien,
XXXII. Anh. 1483. p. 109.
Didelphis marsupialis var. albiventris Winck
E Mas. Lundi, ll, A. p. 46 (partim) Taf. JII, fig.
3; Taf. IV fig. 9 (Lagoa Santa).
Did. paraguayensis ALLEN, Bull. Am. Mus.
Nati dist. XVI 1902,:p: 267, -partim:
Esta especie é a mais chegada à antecedente,
mas é menor, com pello mais comprido e orelhas
maiores. A cabeça é branca com tres listras pretas,
bem distinctas e destacadas. A nuca e as costas são
pardas, a parte inferior de côr branca pura, as per-
nas são pretas. A cor dos grannos das costas e dos
lados é geralmente branca.
= BY =
O comprimento varia de 630 760 mm. inclusive
310-360 da cauda. O pé posterior mede 43-4& mm.,
a orelha 43-94 mm.
Esta especie pequena e bem caracteristica acha-
se limitada em sua distribuição à região dos campos
do interior do Brazil, de onde o Museu a recebeu
de Ituverava, Rincão e Franca; alem disto temos
especimens do Ceará e de Villa Nova, da margem
do Rio São Francisco no Estado da Bahia. Lund
descreveu-a de Minas Geraes, Natterer colleccionou-a
em Matto Grosso.
Seguem aqui algumas palavras sobre os nomes
triviaes dos marsupiaes brazileiros. As especies pe-
quenas do tamanho de ratos ou de dimensões me-
nores são designadas jupati. Metachirus oppossum
L. e especies alliadas conhecem-se sob a denomina-
ção de Cuica. Para as especies de Didelphis são
usadas varias denominações. No roteiro de Gabriel
Soares encontra-se o nome de serzgoé. B. G. Al-
meida Nogueira escreve sarigue e outros autores
escrevem sarohé ou sarigoy; Marcgrave nos da o
nome de cariqueya, palavra que no primeiro mo-
mento parece differente mas na qual no «c» falta
a cedilha, de modo que antes teriamos de escrever
sarigoea. A segunda denominação tai-ibi, ou «tai
do chão» é corruptéla de sari.
A segunda denominação, geralmente usada na
Amazonia, é «mucúra» e a mesma palavra encontra-
mos no Paraguay onde Azara escreve micuré.
Neste caso não é difficil encontrar a elymologia.
Almeida Nogueira traduz mbicu por raposa e diz que
mbracu quer dizer: dar liquido ou leite. Micu-li
significa o zorilho «todo branco» e micu-rê signi-
fica segundo Montoya e Bertoni raposa «hedionda»
ou «feia». Ne ou neme quer dizer: fedendo.
A disposição systematica das especies de Di-
delphis é ainda um assumpto dificil e controverso.
ALLEN separa as especies com orelhas brancas das
que as tem pretas. Não posso conformar-me com
tal classificação, em vistas das condições especiaes
re ee
de D. virgin'ana que tem não só as orelhas mas
tambem toda a cabeça branca. Isto é um caso de
albinismo parcial que affecta tambem a côr da ore-
lha, caso bem differente do das especies brazileiras.
Nestas se desenvolvem manchas escuras nas orelhas
brancacentas, manchas que em parte das especies,
paraguayensis e albiventris, se conservam por toda
a vida, em outras, marsupralis e aurita, confluem
successivamente, do que resulta um colorido uni-
forme preto.
A prova da exactidão desta conclusão é dada
por caracteres osteologicos. A extremidade anterior
do osso zygomatico é grossa e alta em virginiana,
marsupialis e aur ita, fina e apontada em para-
quayensis e albiventris. Alem deste caracter ha
outro que distingue os dous grupos, como já Hensel
e Winge o mostraram: a largura relativamente
grande ou pequena do terceiro premolar superior
definitivo. Este dente é estreito, comprido em pa-
raguayensis e albiventris, largo e curto nas outras
especies indicadas. Pode-se distinguir conforme este
caracter dous subgeneros :
Didelphis s. str. com Didelphis marsupralis L.
como typo e Lencodidelphis subg. n. com Didelphis
paraguayensis como especie typica. As especies do
ultimo subgenero são limitadas na sua distribuição ao
extremo Sul do Brazil, Uruguay, Paraguay e Norte
da Argentina b-m como no sertão do Brazil, isto é,
o Brazil central e Estados do Noroeste do Brazil
desde o Maranhão até Alagoas.
De grande interesse é a occorrencia de Didei-
phis marsupialis no Para ao Sul do Rio Amazo-
nas. Este facto prova que as especies das Guyanas
puderam extender-se ao Pará e taivez até o rio Pa-
rahyba ao fim da epoca terciaria e então não exis-
tia o caudaloso rio que hoje separa as regiões se-
ptentrionaes e meridionaes do Estado do Pará. Tam-
bem as especies do genero Cebus que vivem no Ma-
ranhão e Pará são encontrados nas Guyanas isto é
Cebus apella L. e C. capucinus L.
Die hrasilianischen Arten der Gattung
Didelphis (!)
Schon bei friiherer Gelegenheit, bei Diskussion
der Arten der Gattungen Cebus und Canis, hatte
ich Gelegenheit, auf die merkwiirdige Erscheinung
hinzuweisen, dass es vielfach gerade die allerge-
meinsten und bestbekannten Säugetiere Brasiliens
sind, beziiglich deren die zoologische Classification
uns mehr oder minder im Stiche lässt. Ein solches
Crux der Zoologie ist auch die Gattung Didelphis
im engeren Sinne. Diese ‘Tiere, welche überall in
der Näbe der menschlichen Wohnungen angetroffen
werden, besitzen zwei Eigentümlichkeiten, welche
das Studium der Arten erschweren: Die Zeitlebens
anhaltende Wachstumsdauer und die Variabilität
in der Färbung, die eine so weitgehende ist, wie
wir sie kaum in irgend einer Gattung kennen.
Was zunächst das Wachstnm anbetrifit, so
lässt sich dessen stete Fortdauer nicht nur an den
Fellen, sondern auch am Schädel nachweisen. Im
Allgemeinen dürfte eine Schädellänge von 100 mm.
fiir die grósseren der in Betracht kommenden
Arten als diejenige des ausgewachsenen Schädels
gelten; da aber die meisten Schädelnähte zeitle-
bens offen bleiben, so finden wir bei besonders alten
Exemplaren auch solche, deren Schädel 116-120 mm.
ir der Liinge messen. Hier im Museum fiel es uns
auf, dass von der Didelphis aurita an der Kiiste von
Säo Paulo und weiterhin bis Sta. Catharina besonders
(1) In Bezug auf die Synonymie der einzelenen Arten
hitte ich die vorausgehende Darstellung zu vergleichen.
= BAG
häufig grosse, schwere Tiere angetroffen werden, vor-
wiegend in schwarzer Phase, und häufig durch unge-
wohnlich dicke Schwaenze ausgezeichnet. Nachdem
ich einmal früher durch die Variabilitaet der Arten
von Didelphis zur Aufstellung einer Art mich habe
verleiten lassen, die ich späterhin nicht mehr anzuer-
kennen vermochte, bin ich nunmehr mit aller Vorsicht
zu Wege gegangen und bin so allmählich in den
Besitz einer so reichen Sammlung von Fellen und
Schädeln aus den verschiedensten Teilen Brasiliens
gekommen, dass ich den Versuch unternehmen darf,
die Abgrenzung und Verbreitung der einzelnen Ar-
ten zu praecisieren.
Was die oben erwähnte Differenz in den Di-
mensionen der Schädel betrifft, so hat man, wie
immer in derartigen [illen, an dem Gebisse und
besonders an der Reihe der Backenzähne ein gu-
tes Hilfsmittel zur Beurteilung der Altersverhält-
nisse, welches auch in sofern nicht triigt, als die
Dimensionen durch die erwähnte grosse Zunahme
des Schiidelsnicht beeinflusst werden. Die Reihe der
oberen vier Molaren, welche morphologisch dem
vierten Praemolar und den drei Molaren entspricht,
liefert die besten Hilfsmittel für die Beurteilung
der Schädeldimensionen. Als jungendliche müssen
wir alle diejenigen Individuen bezeichnen, bei wel-
chen der letzte Backenzahn noch nicht hervorgebro-
chen und der dritte Praemolar noch als Milchzahn
entwickelt ist oder im Begriff steht, durch den Dauer -
zahn ersetzt zu werden. Als erwachsen gelten dann
alle jenen Exemplare mit vüllig ausgebildetem Gebiss,
(adult) und als sehr alt (vetust) solche, bei welchen
die Praemolaren schon zum Teil ausgefallen und
die Molaren abgekaut sind.
Die zweite, schon angedeutete Schwierigkeit
fiir die Beurteilung der specifischen Charactere bildet
die Farbe der Grannen. Diese steifen, langen
Haare stehen bei den Arten der Gattung Di-
delphis am Rücken und an den Seiten zwischen
den übrigen kurzen, mehr oder minder wolligen
Haaren des Pelzes dicht gedriingt. Sie sind bei
einzelnen Tieren weiss, bei anderen schwarz und
dadurch bekommen die betreffenden Individuen
ein ganz verschiedenes Aussehen, indem die einen
weissgrau, die anderen schwarz erscheinen. Wir
wissen nichts von der Ursache dieser merkwiirdigen
Variabil:taet und kôünen sie in keiner Weise mit
den Lebensgewohnheiten zusammenbringen. Sowohl
ich selbst wie die meisten anderen, in Brasilien tätigen
Zoologen haben die Erfahrung gemacht, dass zu-
weilen, wenn auch selten unter den Tieren ein und
desselben Wurfes, sowohl Formen der weissen als
solche der schwarzen Phase vorkommen. Was immer
auch die Ursache dieser Erscheinung sein mag, so
kúnnen wir uns wohl vorstellen, dass eben diese
Ursache bald in geringerem, bald in stärkerem
Masse ihren Ausdruck findet und dass schliesslich
auch die Verhältnisse, welche eine der beiden
Färbungen veranlassen, in einer bestimmten Art
oder in einer bestimmten Gegend das Uebergewicht
bekommen kônnen. Wir werden uns daher vor-
stellen diirfen, dass es sich dabei um werdende Art-
charaktere handelt, welche successive innerhalb der
verschiedenen Arten und Wolinbezirke sich dermassen
fixieren werden, dass nur noch selten atavistischer
-Weise die verloren gegangene Färbung wieder
auftritt. Vielleicht werden auch Erfsbrungen dartun,
dass diess schon in einzelnen Gegenden der Fall ist
und wire daher das Prozentverhältnis der schwarzen
und weissen PEase fic die einzelnen Arten und
Oertlichkeiten festzustellen.
Die älteste und beste Monographie der brasi-
lianischen Arten von Didelphis hat uns 1856 H. Bor-
MEISTER geliefert und seine Darstellung ist so ge-
nau und fast in allen Punkten so zutreffend, dass
es schwer begreiflich erscheint, wie noch bis auf
unsere Tage die Diskussion und die Confusion der
betreffenden Arten hat anhalten kénnen. O. THomas
in seinem 1888 ver6ffentlichten Katalog der Marsu-
pialia hat alle amerikanischen Arten, d. h. aiso be-
kannte, lebende Arten von Didelphis in eine einzige
Art D. marsupialis L. zusammengezogen, ein sum-
DE ae
marisches Verfahren, mit welchem sich keiner der
Naturforscher einverstanden erklärt hat, welche in
Brasilien selbst Säugetiere studiert haben. Weiterhin
hat dann I. 4. Allen in 3 verschiedenen Abhandlungen
die Systematik, zunächst der nordamerikanischen, ua
weiterhin auch der siidamerikanischen Dzde!phis-
Arten gefordert ; seine Darsteliung ist aber in Bezug
auf die brasilianischen Arten keine glückliche ge-
wesen. Für unsere Zwecke am wichtigsten ist die
1902 veróffentlichte Abhandlung über südameri-
kanische Opossums, in welcher zunächst 2 Gruppen
von Arten unterschieden werden, die marsupials
Gruppe, deren Arten schwarze Ohren besitzen und
die paraguayensis-Gruppe, in welcher die Ohren
weiss oder blass fleischfarben mit dunklen Flecken
sind. Es werden nur 2 Arten aus Brasilien aufge-
fübrt, D. marsupialis aurita Wied und Didelphis
paraguayensis Oken. Zu dieser Darstellung haben wir
zunächst zu bemerken, dass die À. aurila eine
gut charakterisierte Art undinihrem Verbreitungs-
gebiet auf Brasilien beschränkt ist und dass in D.
paraguayensis zwei sicher und scharf zu trennende
Arten confundiert sind. Ob die typische D. marsu-
piales L., deren Verbreitung auf Ostvenezuela, Guiana
und die angr-nzenden Teile des nôrdlichen Brasilien
beschränkt ist, auch noch weiter siidlich von Pará
vorkommt, vermag ich zur Zeit nicht zu beurteilen.
Sicher ist, dass in unserem Museum drei Arten aus
Brasilien in zahlreichen Exemplaren vertreten sind
und deren Unterscheidungsmerkmale und Verbrei-
tungsverhältnisse zu erórtern, ist der Zweck der
folgenden Zeilen. Ich bemerke dabei, dass ich schon
vor 10 Jahren an die Redaktion der «Proceedings
of the Zoological Society» eme Abhandlung über
die brasilianischen Didelphiden einsandte, deren
Druck auf Wunch meines Freundes, Herrn O. Tho-
mas, abgelehnt wurde. Ich gebe mich der Hoffnung
hin, dass die folgenden Erórterungen auch bei
diesem, meinem verehrten Collegen keine Zweifel
mehr an der Richtigkeit meiner Darlegungen lassen
werden.
Didelphis marsupialis L.
Der Pelz ist bei dieser Art kiirzer als bei allen
anderen, ebenso auch die Behaarung an der Basis
des Schwanzes. Im Allgemeinen ist die Farbe des
Pelzes gelbgrau oder bräunlich gelb. Die Beine sind
dunkelbraun, die Ohrmascheln ebenso, sehr breit.
Der Kopf ist etwas heller ohne dunkle Streifen,
nur ein schattenformiger, dunkler Fleck liegt aus
dem Scheitel, em ähnlicher ums Auge herum.
Das Wollhaar ist gelbgrau mit brauner Spitze. Die
kurzen, grauen Grannen sind etwas heller gefärbt
als die übrigen Riickenhaare. Am Bauch ist die
Firbung etwas blasser, gelbgrau.
Der Schädel ist durch hohen Scheitelkamm aus-
gezeichnet und dadurch, dass das Hinterhaupt breit
und verhältnismässig niedrig ist. Die Gesamtliinge
des Tieres betrigt im Allgemeinen 712 bis 776 mm.,
wovon 381-419 «uf den Schwanz entfallen. Die
Liinge des Hinterfusses beträgt 51-57, die Hohe
des Ohres 51-57 mm. (?).
Das Veroreitungsgebiet liegt in Guiana und Ve-
nezuela und Pará: die Ausbreitung der Art in Bra-
silien, siidlich des Amozonasstromes ist noch nicht
bekannt.
Didelphis aurita Wied
Bei dieser Art sind die Grannen lang, auch
die Behaarung an der Schwanzbasis ist stark enwi-
ckelt. Die Farbung ist im Wesentlichen eine schwarz-
braune, der Kopf ist etwas heiler, mit blass gelben
Backen. Vor dem Auge liegt ein schwarz-brauner
Fleck, der sich nach hinten übers Auge fortsetzt.
Die Stirnmitte und der Scheitel sind gelblich; die
langen Grannen, welcbe am Ricken, an den Sei-
ten und an der Basis der Extremitaeten und des
Schwanzes ziemlich dicht stehen, sind b:ld weiss,
bald schwarz. Hierzu kommt, dass die schwarzen
Streifen des Gesichtes oft nicht sehr deutlich ausge-
“Te RE
prägt sind und so erscheinen die mit weissen
Grannen durchsetzten Tiere von den dunklen, fast
einfarbig schwarzen Tieren so verschieden, dass ich
dadurch veranlasst wurde, der dunklen Varietaet
einen besonderen Namen, Ldelphis hoseratza, zu
geben. Die Totallänge des Tieres wechselt von
680-810 mm, wobei auf den Schwanz : 00-390 mm.
entfallen. Die Länge des Hinterfusses beträgt
53-60, die des Ohres 39-25 mm. Doch kommen
Tiere mit so langen Ohren wie die von Allen er-
wihnten wohl sehr selten vor. Die Ohren sind
übrigens minder breit als bei Did. marsupialis.
Die Verbreitung dieser brasilianischen Art
erstreckt sich von der nordlichen Halfte des Staates
Rio Grande do Sul über ganz Brasilien bis zum
Amazonas, von wo wir Exemplare aus Manäos und
vom Rio Juruä haben.
Didelphis paraguavensis Oken
Kopf und Hals sind weiss, ein dunkler Streifen
zieht, zwischen den Augen beginnend, bis zum Na-
cken, wo er in die schwarzbraune Farbe des Rii-
ckens übergehr. Kin anderer, schmaler Streif zieht
sich jederseits durchs Auge hin bis gegen das Ohr,
dessen Farbe weisslich, mit matten, dunkelgraüen
Flecken ist; Riicken, Seiten, Beine sind schwarz-
braun, die Haare der Unterseite sind blassgelb mit
dunkelbrauner Spitze, wodurch die ganze Unterseite
ein düsteres Aussehen gewinnt. Auf dem Riicken,
an den Seiten und an der Wurzel der Extremitaeten
und des Schwanzes stehen zahlreiche, lange, starke
Grannen, deren Farbe in der Regel weiss, zuweilen
aber schwarz ist. Die nackte, schuppige Partie des
Schwanzes ist in der ersten Hälfte dunkelgrau,
in der zweiten fleischfarben.
Die Totallinge variiert von 793 bis 957, mm.,
wovon 330 bis 426 auf den Schwanz entfallen. Die
Linge des Hinterfusses beträgt 42 bis 54 mm., die
Linge des Ohres 26 bis 31 mm.
mt x
Didelphis albiventris Lund
Diese Art ist mit der vorausgehenden nächst-
verwandt, aber kleiner, mit längerem Haarkleid
und grósseren Ohren. Der Kopf ist weiss, mit 3
schwarzen, scharf abgesetzten Streifen. Nacken und
Riicken sind grau, die Beine sind schwarz, die Un-
‘terseite rein weiss. Die Farbe der langen Grannen
des Riickens und der Seite ist in der Regel weiss.
Die Totallinge variiert von 630 bis 760 mm.,
wovon 3!0 bis 360 auf den Schwanz entfallen. Die
Linge des Hinterfusses betrigt 48 bis 48 mm.,
die des Ohres 43 bis 54 mm.
Diese kleine und sehr characteristische Art ist
in der Verbreitung durchaus auf die innere Cam-
pos-Region des mittleren und nôrdlichen Brasiliens
beschriinkt. Sie wird in São Paulo im Westen an-
getroffen, von wo das Museum sie aus Ituverava,
Rincão und Franca besitzt. Unser Museum erhielt
sie ausserdem von Ceará und von Villa Nova am
Rio São Francisco im Staate Bahia; Lund beschrieb
sie aus Minas, Natterer sammelte sie in Matto Grosso.
Zum Schlusse mógen hier einige Worte über
die volkstiimlichen Namen der Beutelratten Bra-
siliens folgen. Die kleineren Arten von der Grosse
der Ratten oder noch kleiner bezeichnet man mit
«jupatir; Metachirus opossum L. und die damit ver-
wandten Arten kennt man unter dem Namen Cuica.
Die Didelphis Arten haben verschiedene Namen.
Im «Roteiro» von GABRIEL SoAREs begegnet man
der Bezeichnung seriguê. B. GC. ALMEIDA NoGUEIRA
schreibt saregue und andere Autoren sarohé oder
sarigot. MARCGRAVE hat uns den Nemen cariqueya
hinterlassen, ein Wort, das auf den ersten Moment
fremd erscheint, bei dem aber bloss unter dem «c»
die Cedilha fehlt, sodass wir eigentlich sarigueya
schreiben müssten. Eine zweite Bezeichnung tae-cbe
ist verstimmelt aus sari-ibi, was die tar des Bo-
dens dedeutet. Die zweite Benennung, welche ge-
ae Dee 3
wohnlich in Amazonas gebraucht wird, ist mucura ;
das gleiche Wort treffen wir in Paraguay wieder, wo
AzaRa micuré schreibt. In diesem Fall liegt die
Etymologie sehr nahe. ALMEIDA NoGugIRA über-
setzt mbrci mit Fuchs, Stinktier und sagt dass mbeacu
soviel wie «Milch oder Fliissigkeit geben» bedeutet.
Mbecu-ti bedeuted weisses Stinktier und mbi-cu-ré
bedeutet nach Monroya und BERTONI hässliches,
abscheuliches Stinktier; Ne oder Neme bedeutet
stinkend.
Die systematische Gruppierung der Didelphis-
Arten ist ein schwieriges und noch strittiges Pro-
blem. ALLEN scheidet die Arten mit weissen Ohren
von den schwarzohrigen. Ich kann mich mit dieser
Einteilung nicht einverstanden erklären, besonders
mit Rücksicht auf die eigenartigen Verhiltnisse
bei D. virginiana, bei welcher Art nicht nur die
Ohren weiss sind, sondern auch der ganze Kopf.
Es ist das ein Fall von teilweisem Albinismus, wel-
cher auch die Farbe des Ohres. beeinflusst, also
ganz verschieden von den Verhätnissen bei der
brasilianischen Arten. Bei letzteren entwickeln sich
an den weisslichen Ohren dunkle Flecke, welche
bei einem Teil der Arten, wie bei paraguayensrs und
albiventris sich lebenslänglich erhalten, waehrend
sie bei anderen Arten, so besonders bei mnarsupralis
und awrita ailmihlich zusammenfliessen, woraus eine
einformig schwarze Firbung resultiert.
Der Beweis fiir die Richtigkeit dieser unserer
Schlussfolgerung wird durch osteoiogische Chara-
ctere geliefert. Das Vorderende des Jochbeines ist
dick und hoch bei vergimana, marsupralis und au-
rita, schlank und zugespitzt bei paraguayensis und
albiventris. Ausser diesen Merkmalen gibt es, wie
schon HenseL und WINGE gezeigt haben, noch
ein anderes, nach welchem sich zwei Gruppen un-
terscheiden lassen: die relativ grosse oder geringe
Breite des dritten oberen definitiven Prämolaren.
Dieser Zahn ist schmal und lang bei paraguayensis
und albiventris, wo seine Breite von 3,0 bis 4,8
mm. variiert, breit und kurz bei den anderen ange-
gebenen Arten, wo seine Breite 5-6 mm. betrigt.
Hiernach kann man 2 Untergattungen unterschei-
den, von denen fiir Didelphis s. str. D. marsupialis
als Typus zu gelten hat, eee die typische Art
von Leucodidelphis subg. n. D. paraguayensis ist.
Die Arten letzterer U bre sind in ihrer Ver-
breitung auf Südbrasilien, Uruguay, Nordargentinien
und Paraguay beschränkt sowie auf den Sertäo von
Brasilien, d. h. Centralbrasilien und die Nordost-staa-
ten von Maranhäo bis Alagoas.
Von besonderem Interesse ist das Vorkommen
von D. marsupials in Pará, also südlich des Ama-
zonenstromes ; diese Tatsache beweist, dass Arten
von Guyana sich zu Ende der Tertiãr-Epoche bis
Pará und vielleicht bis zum Rio Parnahyba aus-
breiten konnten und dass somit der mächtige Strom,
welcher heutigen Tages die nôrdlichen und siidli-
chen Gebiete des Staates Para trennt, noch nicht
existierte.
Auch die Cebus-arten von Maranhão und Para,
C. appella L. und capucinus L. werden in Guyana
angetroffen.
———— (O
Insectos contra insectos
As Coccinellidas
POR
FRANCISCO [TGEESEAS
(Estampa VIII, fig. 1-a e 1-8)
A entomologia economica, estudando a biologia
dos insectos, tem procurado tirar partido dos mes-
mos. E assim que sabemos que ha insectos noci-
vos às plantas, insectos que não o são e finalmente
insectos carnivoros que se alimentam de outros in-
sectos. De posse destes conhecimentos os entomo-
logistas têm prccurado conhecer os grupos de inse-
ctos a que pertencem e determinar as varias espe-
cies destruidoras de insectos, afim de poder prestar-
lhes auxilio na sua multiplicação, em detrimento
das pragas que assolam as nossas culturas.
São os coleopteros e os hymenopteros que neste
sentido têm prestado relevantes serviços à agricul-
tura. Vamos occupar-nos, desta vez, do primeiro
grupo e, particularisando, da familia das Coccinel-
lidae.
As coccinellidas, na luta contra os inimigos da
agricultura representam, sem duvida, um papel im-
portantissimo.
A coccinellida Cryptolaemus montrouziert
Muls., anstraliana, é uma grande destruidora da
coccida branca, Dactylopius eriococcus, etc., que,
introduzida nas ilhas Hawai, se tem desenvolvido
rapidamente; esta coccinellida é actualmente um
auxiliar precioso contra as coccidas do caféeiro
(Marchal) e em particular o Pulvinaria psidir, um
dos maiores inimigos desta cultura. (*)
Coccinella repanda Thunb. alimenta-se de pul-
goes das laranjeiras, de hibiscus e da canna de
assucar.
Rhizobius litura L., come differentes especies
de pulgões; é uma das especies mais espalhadas em
França.
Rhizobius ventralis acclimatou-se admiravel-
mente na California, onde dá combate à coccida
negra da oliveira, Lecanium oleae.
E’ interessante notar que, coccinellas estran-
geiras, que já prestavam bons serviços nus paizes
de origem, naturalizam-se em outras regiões, dando
resultado esplendido. Os Estados Unidos ca Ame-
rica do Norte, onde a agricultura e tndo que diz
respeito a ella, tem progredido extraordinariamente,
collocando-se na vanguarda das nações adeantadas,
dispendem, às vezes, grandes sommas sómente para
acclimatar uma pequena coccinella, pequena na ver-
dade, mas que presta grandes serviços.
Haja visto o que aconteceu com o já celebre
Novus cardinalis. A Icerya purchasi, terrivel
praga, foi introduzida em 1X68 na California: o seu
paiz natal é a Australia, no emtanto esta coccida
“acclimatou-se de tal forma nos Estados Unidos do
Norte, e ali tomou incremente que produziu enor-
mes estragos nos laranjaes e limoeiros de toda a
região. Foram baldados todos os esforços para com-
bater o flagello. Diante dos grandes e irremedia-
veis estragos praticados pela Icerya, Riley, director
da secção de Entomologia do departamento de Agri-
cultura de Washington, pensou que o mediosre
desenvolvimento da praga no paiz de origem deve-
ria ser attribuido ac ataque de algum parasita na-
tural, que até então havia passado desapercebido ;
conseguiu um credito de 2.000 libras e determinou
que o seu agente M. Koebele, fosse encarregado da
(*) Esta especie, felizmente, não se encontra em nosso
paiz. Nota da Red.
= i ae
procura do inimigo natural da Jcerya. Dentre as
muitas coccinellidas que tronxe, tornou-se notavel 6
Novius cardinalis, que deu os resultados mais
surprehendentes na extincçäo da praga. Este pro-
cesso, mais tarde, à medida que a J/cerya ia inva-
dindo outros paizes, continuou a ser empregado,
sempre com bom exito.
Nós aqui, tambem, encontramos uma coccinel-
lida que está, mui obscuramente, prestando um bello
concurso aos nossos laranjaes e roseiraes. E” a
Neda sanguinea L. que conseguimos identificar
com o auxilio das collecções do Museu Paulista.
A primeira observação nossa sobre a Neda
sanguinea, foi numa laranjeira, onde vimos tanto
as larvas como os imagos, alimentando-se com uma
voracidade nunca vista, de aphideos, pulgões da la-
ranjeira. Mais tarde notamos que a mesma cocci:
nellida se alimentava de pulgões da roseira. Trata-
mos de estudar a biologia do insecto e para isso
fizemos criação do mesmo. Verificamos que a Veda
se alimenta de varias especies de pulgões; todos os
pulgões que conseguimos encontrar, lhe offerecemos
e ella os comeu com a costumada avidez.
A Neda sanguinea põe os seus ovos nas
folhas, proximo aos pulgões. Logo que as peque-
ninas larvas sahem, ellas começam a comer os pri-
meiros pulgões que encontram. Ccemem durante o
dia e durante a noute, crescendo com rapidez. Quando
a larva attinge todo o seu tamanho ella doira-se
sobre si, muda de cor, que se torna amarella, e
finalmente transforma-se em nyupha; da nympha
sahe o insecto perfeito ou imago.
O periodo larval pode durar mais ou menos
uns 15 dias, pois, a quantidade de alimento retarda
ou apressa o desenvolvimento da larva; o periodo
de nympha, segundo nossa observação, é de 5 a 6
dias. Observamos uma larva que começou a se
curvar (preparativo para nymphar) ás 12 horas do
dia 26 de Fevereiro; no dia 4 de Março, às 6
horas da manhã o imago sabia do envolucro da
nympha. Em falta de pulgões, nos primeiros mo-
— 360 —
mentos de vida o insecto se alimenta da casca da
nympha.
A larva mede 7 millimetros de comprimento
por 2 de largura; as 3 pares de patas são pretas,
cobertas de pequeninos pellos. A cabeça é preta
(Est. 8, fig. 1-4) luzidia, notando-se os palpos labiaes
bem desenvolvidos; dos 12 segmentos, o 1.º immediato
à cabeça, que corresponde ao prothorax, é amarello
com desenhos pretos; 0 2.º, 3.º e 4.º segmentos
têm sobre um fundo preto uma pinta amarella nos
bordos lateraes e uma no meio, no dorso; o 4.º se-
gmento é quasi todo amarello; o 5.º e 6.º só têm
uma pintasinha no dorso ;
o 7. é totalmente ama-
rello; a seguir deste ulti-
mo nota-se uma pequena
pinta que vai diminuindo
de tamanho, no dorso, até
ao ultimo segmento. À côr
da larva, emfim, é preta
com manchas amarellas
em alguns segmentos. Em
projecção horisontal os
segmentos têm os bordos
lateraes angulosos, o que
dá um aspecto todo cara-
cteristico à larva. Os se-
gmentos abdom:naes têm
i arestas, dando ideia de pi-
que Guite muementade, taade COS. de jáca, As larvas dus
Bee ans ta aa rante o seu desenvolvimen-
to mudam de pelle. Quando
deixam a pelle velha têm as patas e a cabeça kran-
cas, tornando-se pretas em alguns momentos.
Nympha. (Fig. 1) A larva ao se transformar
em nympha, curva-se e muda de côr: torna-se
completamente amarella, mais ou menos clara tendo
no dorso algumas pintas pretas.
Quando se aproxima a occasião da transfor-
mação em imago as patas e a cabeça são es-
curas.
— 361 —
O imago (Est. 8, fig. 1-8) é um besourinho
quasi semi-espherico, com os elytros de um ver-
melho bruno claro; o
thorax é preto com uma
faxa branca que orla a
frente, proximo à cabeça,
e os lados, terminando na
parte posterior, na juncção
dos elytros, em forma de
oculos; a cabeça é pequena
e preta com duas man-
chas branco-amarellas que,
às vezes, se unem tor-
nando-a toda de uma cor,
isto é, de um brazco-ama-
rellado. Os palpos labiaes
são bem desenvolvidos e
servem para fixar a victi-
ma no acto de ser comida.
(Fig. 2) Um bróto de roseira,
Mede 5,5 mm. de compri- atacado pelos pulgões.
4 _ a) larva de coccinellida, d
mento por 4 mm. de largu deco NULS DR
ra. As azas membranosas !) nympha, fixada numa folha ;
c) insecto adulto em procura de
são pretas e são cobertas pulgões.
totalmente pelos elytros.
A coccinellida em questão, tem uma cor tão de-
finida que, em vendo-se a uma vez, não se confunde,
podendo-se reconhecel-a ao primeiro golpe de vista.
E” muito facil tirarmos partido deste interes-
sante insecto. E” bastante assegurar a sua multipli-
cação e collocal-o nos laranjaes infectados pelos pul-
gões ou sobre as roseiras.
Não pense o leitor que criar estes pequenos inse-
ctos seja cousa tão difficil. Toma-se um vaso ou um
quinto serrado ao meio onde se planta uma roseira
de pequeno talhe. Cobre-se o vaso e a roseira com
uma armação rectangular, cujas paredes são de tela
metallica. De qualquer roseira infectada com os pul-
gões verdes cortam-se alguns brótos que se collocam
sobre a roseira plantada no vaso e protegida pela téla
metallica. Assim, bem resguardados, os pulgões se
multiplicam rapida e abundantemente. Quande o nu-
— 362 —
mero de pulgões for grande, então collocam-se algu-
mas coccinellidas na gaiola e estas, devido à quan-
tidade de alimento, por sua vez, se desenvolvem
extraordinariamente. Ora d'ahi é muito facil trans-
portar-se as coccinellidas, em forma de larvas, ou
como imago para as roseiras ou laranjaes atacados.
Em pouco tempo o jardim ficará isento da praga.
Como vê o leitor, é até um trabalho pittoresco que
não deixa de ter a sua
poesia e que, estou
certc, qualquer das
nossas senhoritas, po-
deria fazer, passando
assim alguns momen-
tos bem agradaveis,
no meio das flores,
desembaraçando-as dos
seus Inimigos por um
processo intelligente.
O methodo que
acabamos de propôr
(Fig. 3) Folha de laranjeira atacada para à cr1agao da coc-
Dedo MEE ee ebpedllecto We qro imel lida’ Ge ga niall
mente, indicado só:
mente em jardinagem; quando se tratar de uma
‘grande cultura invadida por uma praga de pulgões,
então podemes uzar o processo que está em voga
nos Estados Unidos. Escolhemos uma arvore que
tenha muitos parasitas e armamos sobre ella uma
especie de grande gaiola de téla metallica cujas
malhas evitem a sahida, tanto da praga como da
coccinellida. A gaiola tem a forma rectangular e
em uma das paredes lateraes tem uma porta por
onde entra o encarregado da criação. O processo é
egual ao precedente, apenas em maior escala: em
vez de ser applicado a uma planta no vaso, é no
proprio campo que se opéra, abrangendo a gaiola
às vezes duas ou tres arvores ao mesmo tempo.
S. Paulo, 16 —3-- 914.
Noias entomologicas
Em additamento a dous artigos publicados neste mesmo volume
RODOLPHO von IHERING
Mais uma especie nova do genero
Nilio (Col.)
(Veja-se pags. 281 e segs. deste volume)
Durante sua recente excursão coleopterologica
ao Brazil meridional, o Sr. E. Gounells teve a gen-
tileza de nos reservar as especies de Nílio que col-
leccionou. Recebemos assim duas especies, sendo
uma (N. 18.680) N. varius que já descrevemos 4
pag. 291 deste volume; a outra, certamente a menor
de todas até hoje encontradas, é nova, e em seguida
a descrevemos, dando-lhe o nome do illustre espe-
cialista ao qual a nossa literatura sobre Longicor-
neos deve tantas e tão valiosas publicações.
Nilio gounellei n. sp.
Copa Simm, lat. 2,0 m0. >”
Elytra viridi-cuprea, antennæ, caput, prothorax,
scutellum, elytrorum margines laterales (preecipue
antice) pedesque testaceo-brunnea, subtus fere niger
supra pubescentia aurea vestitus.
Caput obsolete, prothorax minute et confertim,
elytra valde et dense punctulata, be seriebus 18
longitudinalibus punctorum instructa que difficile
est numerari; elytra antice leviter lunata, convexa
sed minus hemisphecrica quam in ceteris especiebus ;
subtus pedesque nitidi.
Hab. : (Typus N. 18686) Jaraguá, Est. Sta.
Catharina (I. 914) ab eximio coleopterologo E. Gou-
nelle detectus mihique in 4 exemplaribus benevole
donatus.
Uma 8. especie de parasita da
Leucoptera coffeella
(Veja pags. 85 e 90 deste volume)
Devo accrescentar o nome de mais um para-
sita à lista das especies enumeradas à pag. 90 deste
mesmo volume. Trata-se de Chrysocharis lividus
Ashm., chaicidida pertencente a um genero muito al-
liado a Closteroceros (neste genero as azas têm de-
senho e as antennas constam de 8 articulos, em
quanto que Chrysocharis tem azas hyalinas e an-
tennas Y-articuladas). A unica indicação que en-
contramos com relação ao parasitismo desta especie
nas lagartas de Leucoptera acha-se no Bui. N. 3
de la Estacion Central Agronomica de Cuba, 1905,
pag. 20. A proveniencia indicada & Porto Rico.
Devemos à gentileza do Dr. Oswaldo Cruz uma
copia da diagnose original da especie em questão
e aproveitamos o ensejo para transladal-a.
Chrysocharis lividus Ashm.
(Traducção da diagnose original em: Journ. of the Linnean
Society, Zoology, vol. XXV, 1896, pag. 174-6)
«JS ¢ Comprimento 0,85 — 1 mm. Preto-azu-
« lado, sem pontuação, só os tarsos e os espinhos
“«tibiaes são brancos. Azas hyalinas. Abdomen da
« femea subsessil, oval, mais ou menos do compri-
« mento do thorax ; no macho (o abdomen) é oblongo,
«com uma mancha brancacenta na base; - as an-
« tennas têm pellos brancacentos, o primeiro arti-
« culo do flagello é o mais comprido».
« Hab. St. Vicent.»
« Descripto segundo um exemplar 4 e uma 9.»
Com relação à distribuição de Leucoptera (pag.
86) devo mencionar que tem sido descriptas algu-
mas especies norteamericanas deste genero, como
L. erythrinella Busk (criada das folhas de Æry-
thrina herbacea, e L guettardeila Busk, das fo-
lhas de Guettarda elleptica (cf. Proc. Nat. Mus.
Washington, Vol. XXIII, 1901, pag. 239).
Bioiogia de varias especies de Pinotus
de $. Paulo
POR
H. LUDERWALDT
Entomologista do Museu Paulista
Os besouros do grupo dos Lamellicorneos e em
especial os da fam. Scarabaeidae, sub-fam. Copri-
nae, a que pertencem as especies do genero Pha-
naeus e Pinotus são insectos de certa utilidade para
a agr.cultura e a vegetação em geral. Bastará
lembrarmos a sua acção como fertilizadores dos
campos, trabalho este ao qual consagram quasi toda
a sua actividade, carregando o estrume, Os excre-
mentos dos grandes herbivoros, para o subsolo.
Neste sentido são comparaveis às minhócas que
modernamente tambem tem sido rehabilitadas pe-
rante a agricultura, reconhecendo-se nelles elemen-
tos incomparavelmente mais uteis do que antiga-
mente se suppunha.
De algumas das especies do gen. Penotus, mais
frequentes no Estado de S. Paulo tomamos os se-
guintes apontamentos relativos à sua oecologia :
Pinotus nscanius — especie muito frequente
sob os excrementos, tanto do gado vaccum e ca-
vallar como do homem, e nas carniças e carcaças ;
em Abril foi visto comendo goyabas cahidas e pu-
demos verificar não se tratar de excepções mas re-
petidas vezes encontramos o besouro enterrado por
baixo da fructa, chegando elle a excaval-a de tal
forma que o seu corpo se encaixava todo na goyaba.
A bóla ou pillula de estrume, perfeitamente redonda,
acha-se na terra em profundidade variavel de 15
centimetros a 1 metro. Esta especie vôa durante
= 300
todo o anno e não raro é attrahida pelos fócos da
luz electrica.
P. speciosus — foi encontrado com frequencia
sob excrementos de vacca, nos Campos de Jordão,
a 2.200 m. de altitude ;
P. snundus — foi apanhado em S. Paulo junto
a uma carniça ;
P. mormon — sob excrementos humanos ;
P. nobilis, semiaeneus, nisus e crinicollis na
bosta de vacca e a ultima destas especies tambem
na de cavallo ;
P. singularis — que até 2gora só era conhe-
cido do Para, foi por nós encoatrado varias vezes nos
arredores de S. Paulo; as suas bólas de estrume
acham-se a 20 ou 30 cm. de profundidade na terra.
Zur Lehensweise einiger Pinotus-
Arten von São Paulo
VON
H LUDERWALDT
Entomologista do Museu Paulista
1. Pinotus aseanius Har.
Ich weiss nicht, oo der Kifer bereits als ge-
legentlicher Vegetarianer bekannt geworden ist, je-
denfalls kann aber die nachfolgende Beobachtung
eventuell als Bestätigung dienen.
In diesem Jahre (1913) im April, traf ich ihn
haufig im botanischen Garten de Musems unter abge-
fallenen, reifen, aber keineswegs angefaulten Frü-
chten der «Goyabeira» Psidium quayava Raddi.
(Myrtaceae). Fast immer sassen die Kifer flach
in der Erde unter der Frucht in einem selbstge-
grabenem Loch und ein Exemplar hatte sich in
eine solche direckt eingefressen, wie auch mehrere
andere Friichte mehr oder minder angefressen waren.
30] =
Gleichzeitig méchte ich hier ein paar Notizen
mitteilen, die ich geegentlich über diesen Kifer
gemacht habe.
Das Tier ist eine der häufigsten P inotus-arten
auf den Campos des Staates São Paulo und besitzen
wir Exemplare aus verschiedenen Gegenden, so von
Campinas, Franca, São Paulo-Stadt und Jundiahy,
ferner aus dem Staate Minas Geraes. Ausserdem
steckt in unserer Sammlung ein Stiick aus Paraguay
ohne Nennung des Gebers und ein anderes aus Co-
lumbien, von Staudinger und Bang-Haas bezogen.
Harold «Coleopterologische Hefte» XIII, 1875 pag. 66
fiihrt die Art von Cantagallo im Staate Rio de Janeiro
auf. Jedenfalls kommt sie auch in den meisten iibrigen
Staaten Brasiliens vor, doch scheinen Daten dariiber
nicht bekannt geworden zu sein. Wie in Gemmin-
ger und Harold, so ist auch im neuem «Coleoptero-
rum Catalogus» von Junk und Schenkling einfach
Brasilien als Heimat angegeben.
Gewohnlich lebt der Käfer unter Kuh-und Pfer-
dedung, auch unter menschlichen Excrementen und
zuweilen an Knochen; ebenso findet er sich oft
am Aas ein. (*)
Bei seinen niichtiichen Ausfliigen fliegt er dem
elektrischen Licht zu und selost die triibe Petrolum-
Lampe lockt ihn an. |
Seine Flugzeit scheint das ganze Jahr zu wäh-
ren, wenigstens kommen nach unseren Notizen
die Monate Januar bis April, August bis Oktober
und Dezember für ihn in Betracht.
Die etwa haselnussgressen, vüllig runden Nest-
kugeln haben unsere Gartenarbeiter beim Ausheben
von Pflanzenléchern oft gefunden und zwar in einer
Tiefe von 0,10 bis 1m.; Kanäie, welche von der
Erdoberfliche bis zu den Kammern führten, waren
nicht zu erkennen. Gewühnlich waren die «bolas»
oben zerbrochen, wurden aber von den Larven
wieder ausgebessert, wobei sich die jiingeren Zeit
liessen, wiihrend die iilteren, nahe vor der Verpup-
pung stehenden, ihre Arbeit umsomehr beschleu-
nigten. So brauchte die eine, jiingere Larve 32
Tage, eine andere, ausgewachsene, welche bereits
die gelbliche Reifefirbung angenommen hatte da-
gegen nur 7 Tage, um den Schaden auszubessern,
obwohl ihre Kugel ebenso stark gelitien hatte, wie
die der erst erwähnte.
Die Nestkugeln bestehen aus Dung und mit
demselben Stoffe suchten die Larven, welche in
ihren Kammern auf dem Riicken liegen, die Bruch-
stellen wieder zu verschliessen, begniigten sich
aber im Notfalle auch mit Kiessand. Oft stahlen
sie dies Material von den neben ihnen im Zuchtbe-
hälter liegenden anderen Nestkugeln, wobei sie oft
bis zur Hälfte ihres Kürpers aus ihrer eigenen Be-
hausung hervorkrochen. Die Arbeit geschah in der
Weise, dass sie, immer mit dem Bauche nach oben,
ihre breite Afterspalte gegen den auszubessernden
Rand drükten, dabei alle 6 Beine seitwärts weit
von sich streckend utd so den flüssigen Kot langsam
hervor pressten. In dieser Lage verweilten sie so-
lange, bis der letztere erhärtet war, was immer nur
kurze Zeit, vielleicht eine Minute dauerte, worauf
sie den After langsam nach unten hin wegzogen,
um sich wieder in eine bequemere Lage zu bringen.
Im Dezember schliipften drei Kiifer aus, doch
“bin ich nicht in der Lage Niheres über die Entwick-
Jungsdauer mitzuteilen, da die Larven, welche
ich erhielt, sich bereits in vorgeschrittenerem Al-
terstadium befanden.
2. Pinotus speciosus Water.
Diese schône, griingefirbte Art wurde uns von
Herrn Carl Felsche in Leipzig, welcher die Güte
hatte, diverse Copriden für das Museu Paulista zu
determinieren, als selten bezeichnet. Verfasser fand
sie in Januar 1906 ziemlich häufig unter Kuhdung
auf dem «Campos Jordao» (Est. de S. Paulo) in etwa
2.200 m. Hone.
(*) Lwederwaldt, H. — «Os insectos necrophagos Pau-
listas», Revista do Museu Paulista, vol. VIII, 1911, pag. 414.
3. Pinotus mundus Har.
In unserer Sammlung stecken 3 Exemplare von
Ypiranga, von denen eins ganz in der Nihe eines
Aases gefunden wurde.
4. Pinotus nobilis Watel.
Im September und November unter Pferdedung
und frischem Kuhfladen mehrfach bei Ypiranga auf
dem Camp gefangen und, wie die meisten anderen
Arten von Herrn Kelsche determiniert. Der neue
«Coleopterorum Catalogus» pag. 61 giebt nur Boli-
vien, Uruguay und Argentinien als Heimat an.
5. Pinotus mormon Ljunçh.
Eine der hãufigsten Arten bei S. Paulo im
Januar, März, Oktober und November unter mensch-
lichen Excrementen gefunden.
6. Pinotus semiaeneus Germ.
Im Oktober und November bei S. Paulo unter
frischem Kubhdiünger.
7. Pinotus singularis Kdsche
Mehrere Exemplare im Mai und Oktober in
São Paulo in der Avenida Paulista gefangen. Die
entsprechend kleinen Mistkugeln etwa 20-30 em.
tief in der Erde. Bisher war die Art nur von Para
bekannt.
8. Pinotus erinieollis Germ.
Häufig bei São Paulo auf dem Campo unter
Kuh-und Pferdedung, Februar und November.
9. Pinotus nisus Ul.
Dies ist wohl die gewonlichste Art hier unter
Viehdiinger von welcher ich nachfolgendes Idyll mit-
teilen müchte. Eines Vormittags, etwa um 10 Uhr
im Juni traf ich einen jungen, noch weichen unaus-
gefirbten Kifer (N.º 1120), welcher damit beschäf-
tigt war, in einem Campwege ein grosses Stick
frischen Rossapfels, das immerhin 3 bis 3 1/2 cm. im
Durchmesser aufwies, davonzutransportieren. Der
Zweck war offenbar der, das Excrement in Si-
cherbeit zu bringen, aber die Art und Weise, wie
der Kafer bei seiner Arbeit verfuhr, war vüllig
planlos. Er ¢chien zufrieden, wenn er seine Beute
nur recht oft umwenden konnte, aber in welcher
Richtung, das war ihm gleichgiltig. Bald ging es
rechts, bald links, bald vorwiirts, bald wieder zu-
riick, wie es sich gerade am leichtesten machte.
Der Transport selbst geschah in praktischer Weise,
indem der Kifer das Kopfschild unter das Excre-
ment schob und dasselbe hierauf gewaltsam empor-
wuchtete. Dann stemmte er die Spitze der Vorder-
schienen dagegen, um mit dem Clypeus tiefer grei-
fen zu kônnen und wiederholte dies Manéver so
lange, bis es umkippte. Mit ausgebreitetem KFühler-
ficher und lebhaft spielenden Kiefertastern spazierte
er dann hinterdrein, nicht gerade eilfertig, um seine
Bemiihungen zu wiederholen. Ich setzte das Tier
schliesslich mitsamt seinein Rossapfel auf den Camp
neben dem Wege. Dieser Eingr'ff schien es aber
nicht im Geringsten zn genieren; es machte im Ge-
genteil sich sofort wieder an seine Arbeit. In dem
niedrigen Grase quälte sich der Käfer vergebens
ab, um vorwirts za kommen und versetzte ich ihn
daher wieder an eine andere, freiere Stelle, nachdem
ich den harten Erdboden dort etwas aufgelockert
hatte, um ihm Gelegenheit zu geben, sich eingraben
zu kénnen. Etwas eingeschüchtert, blieb der Pi-
notus jetzt kurze Zeit still sitzen. Schiliesslich nã-
herte er sich dem Excremente wieder und begann
sofort zu fressen. Bei dieser Beschäftigung ver-
schwand er allmählich unter demselben, umklammerte
es dabei, auf den Rücken zu liegen kommend, um
sich in dieser Stellung wohl 10 Minuten lang un-
gestórt dem Genuss der Nahrungsaufnahme zu wid-
men. Nachdem er sich gesittigt, scharrte er sich
flach in den Erdboden ein, wo er geraume Zeit
regungslos sitzen blieb, bis ich ihn in das Sammel-
glas wandern liess.
Biologia e classificação das Cuculidas
hrazileiras
POR
HERMANN VON IHERING
E — Entroducção
A familia das Cuculidas, representada no Brazil
pelos anns, almas de gato, sacys e outros passaros
bem conheevidos, distigue-se pela propriedade biolo-
gica de que varias especies poem os seus ovos em
ninhos alheios, impondo assim a esses passaros 0
cuidado da criação dos seus filhotes. E” geralmente
conhecido que os cucos europeus, bem como muitos
outros membros da mesma familia, especialmente da
Ásia, assim o costumam fazer. Na America porem
passa-se a cousa por outra forma. Na America de
Norte conhecem-se os ninhos de todos os represen-
tantes desta familia ahi existentes; quanto 3 Ame-
rica do Sul dispomos já de :nuitas observações bio-
logicas sobre muitas especies, mas, até agora, taes
costumes parasiticos ainda não haviam sido assigna-
lados. Sobresahem varias especies de cucos da Ame-
rica do Sul pelo costume de nidificar em sociedade
ou reunir os ovos de varias femeas num ninho com-
mum. Taes ninhos, geralmente grandes, reconhe-
cem-se facilmente porque na sua construcção, e es-
pecialmente no revestimento interno, são emprega-
das folhas verdes.
Já por occasiäo anterior chamei attenção ao
facto de que ninguem ainda descrevera ninhos nem
ovos da subfamilia das Taperinas ou Diplopterinas.
Não tem isto nada de estranho com relação às es-
pecies mais raras de Dromococcyx, mas é incom-
prehensivel, tratando-se de um passaro tão commum
como o Sacy Diplopterus naevius Bodd. ou, como
a mesma especie se chama agora, Tapera naevia
Bodd.
Esse passaro é commum quasi per toda a parte,
pois apparece em caminhos, pastos, nas cercas e na
visinhança das habitações humanas. Alem disto, o
macho tem uma voz tão extranha, composta de duas
notas, muitas vezes repetidas, que não ha quem não
o conheça.
Ha alguns annos encontramos um filhote de
Tapera naevia num ninho de Synallaxis sprar Scla-
ter. Desde aquelle tempo comecei a suspeitar que
o Sacy puzesse o seu ovo no ninho da ave acima
citada. Esse ninho de Synallaxis spixi consiste em
uma agglomeração grande e confusa de pequenos
ramos seccos, espinhos e gravetos, entre os quaes se
tecem, muitas vezes à guiza de adorno, pedaços de
epiderme esfolhada de serpentes. A entrada é situada
do lado, estreitando-se logo adiante, e ao fim vae
dar numa camara central, bem abrigada. Foi em
uma tal camara que o preparador do Museu, sr. João
Lima, encontrou, aos 21 de Outubro de 1913, tres
ovos de Synallaxis, e outro um pouco maior, de
apparencia diversa por ser branco, bem liso, e sem
o tom branco-esverdeado que caracterisa os ovos de
Synallaxis. Ao preparar os ovos viu-se que estavam
bem chocados e o exame dos embryões demonstrou
caracteres da estructura do pé, tarso e cabeça, que
não deixam por em duvida a identidade desse - ovo.
O embryão de Tapera é facil de reconhecer não só-
mente pelo seu comprimento, pelos olhos grandes e
tarsos grossos e curtos, mas especialmente pela for-
mação do pé, que é bem o de uma Cuculina. O
quarto dedo é dirigido para traz, mas ainda não
tanto como na ave adulta.
Assim conhecem-se o ovo, o embryão maduro
e o filhote caracteristicamente colorido do sacy e
devo assignalar que os respectivos ovos e filhotes
não foram encontrados sinão sempre no ninho do já
mencionado Synallaxis sprxi..
aa
O ninho n. 11 de Synallaxis spriæi, no qual se
achou o ovo de Sacy, tem um comprimento de 40
om. e 20 cm. de aliura. Compoem-se de uma parte
centrsl contendo a camara para chocar e do cor-
redor, uma passagem comprida, um tanto baixa, cuja
abertura tem um diametro de 4 cm. Esta constru-
cção feita de gravetos assentava sobre uma bifurcação
de galhos de um arbusto, tendo por base um ninho
abandonado de sabia laranjeira (Zurdus rufiventris).
Ny
(Fig. 1) Ninho de Synallaxis spixi em que se criou um Sacy,
Não havia abertura supernumeraria, possuindo G
ninho como adorno externo flocos de cabéllos da
lebre, Sylvilagus minensis Thos. A camara era es-
pessamente forrada no chão com fragmentos de folhas
molles, provenientes de Solanum auriculatum. Os
tres ovos de Synallaxis tinham a forma usual, me-
dindo cerca de 20 por 15 — 16 mm. e eram de
cor pallido-branca, encima um pouco verdolenga.
Te Oa ER
O ovo de Tapera naevia mede 21 por 17 mm.
é de côr puramente branca, liso, com finos póros
sem brilho e de forma assaz regularmente oval,
sendo o pólo obtuso, sómente um tanto mais largo
que o outro.
Outro ninho de Synallaxis spixr da nossa col-
lecção (n. 23) não se distingue em comprimento e
forma do acima descripto, tendo, porém, abundante
revestimento de pedaços de epiderme do grande la-
garto, Tupinambis tequixin L. Tambem. nelle se
acham varios tufos de cabellos de lebre e um lance
composto de cabellos, provenientes duma coruja. Neste
ninho encontra-se lateralmente e bastante encima,
uma abertura accessoria de 4 cm. de diametro. A
parede do ninho tem nesse logar 6 cm. de espessura.
O ninho já havia sido abandonado. Abrimos varias
vezes durante a estação do choco um terceiro ninho
que observamos durante muito tempo, sem que a
ave o abandonasse; junto damos um desenho do
mesmo. A abertura artificial sempre de novo era
fechada pelas aves, porém mais tarde, quando os
filhotes estavam crescidos, a ave não se dava mais
a este trabalho e por isto seria possivel que o Sy-
nallaxis no fim da criação, para facilitar os cuidados
-da alimentação dos seus filhotes, por si mesmo ti-
vesse feito a abertura secundaria. Resta portanto
indagar, se o passaro faz ás vezes uma tal abertura
secundaria, se esta serve à propria próle ou se
os ninhos com os ovos de Sacy differem dos
normaes.
Quando se abre um ninho de Synallaxis sprxr,
retirando parte dos ramos seccos, pode-se facilmen-
te examinar o conteudo, o numero e a qualidade
dos ovos, sem que, por isto, a ave interrompa a
incubação ou deixe de alimentar os filhotes. Logo
depois da violação os dous passaros auxiliam-se mu-
tuamente para concertar os estragos.
Quando indagamos a maneira pela qual a fe-
mea do sacy põe o seu ovo no ninho do Synallamxs,
não se pode pensar que a ave, relativamente grande,
com o seu rabo tão longo, se possa accommodar no
Te MAS ees
interior do ninho, penetrando pela estreita abertura,
a fim de pôr ahio seu ovo e retirar-se de novo
pelo mesmo caminho. Para isto o diametro da aber-
tura não chega. Para tal fim o sacy deve retirar
parte da parede do ninho, fazendo assim nova aber-
tura, pela qual introduza na camara do ninho o ovo
recem-posto, segurando este com o bico. O casal de
Synallaxis, concertando logo o estrago feito, conti-
nuará normalmente a incubação.
Quando os filhotes tiveram sahido do ovo, a ali-
mentação colhida logo não chega mais para a próle
do Syuallaxis e do sacy, que em breve se distingue
dos outros pintos pela grande differença no tamanho e
então o intruso, sem falta, eliminará, ou de qualquer
forma porá de lado os filhotes do S'nallaxis. E” pos-
sivel que agora a femea do sacy recomece a cui-
dar da prole, fazendo uma abertura na parede do
ninho para facilitar a alimentação do seu pintinho.
Essa abertura accessoria não se encontra nunca nos
ninhos novos nem naquelles nos auaes a femea do
Synallaxis ainda esta chocando. A” observação bio-
logica fica assim reservada uma interessante taréfa,
a qual ha de indagar as demais circumstancias que
acompanham este parasitismo; por ora conten-
temo-nos com registrar os factos e pol-os em rela-
ção com aquelles já averiguados nos outros mem-
bros da mesma familia.
Este capitulo devia entrar para o prelo quando,
em boa hora, encontrei o ensaio apreciado dos Srs.
Hartert e Venturi sobre aves da Argentina (Novi-
tates zoologicae, v. XVI, Tring 1909, p. 159 -- 267).
Venturi communica ahi observações em plena harmo-
nia com as nossas proprias sobre a propagação da
Tapera naevia. O auctor encontrou 1 -- 2 ovos da
Tapera nos ninhos de Synallaxis connamomea rus-
seala no Chaco, participando que Dinellz os achou
em ninhos de Synallaxis superciliosa perto de
Tucuman. Assim completam-se as observações
feitas na Argentina bem como no Brazil sobre o
sacy, cuja denominação vulgar na. Argentina é
«cr.spin».
Ii. Aves brazileiras que poem ovos
em ninhos alheios
No capitulo anterior travamos conhecimento com
o sacy como representante dum grupo de aves, que
se distinguem pelo facto de pôrem sempre os seus
ovos nos ninhos alheios de uma determinada especie
de aves às quaes tambem confiam os cuidados de
chocal-os e criar os pintinhos. A’ mesma familia
das Taperinas da qual faz parte o sacy, pertence
ainda outro genero snl-americano com duas especies
existentes ambas no Brazil. Desse ultimo genero
Dromococcyx não se conhece nem ninho nem ovo,
o que torna verosimil, que tambem estas especies
tal qual o sacy, ponham os seus ovos em ninhos
alheios. Os dous generos concordam tambem neste
detalhe de que o grito do macho se assemelha mui-
to ao do sacy, accrescido sómente de duas outras
notas, o que alias se exprime no seu nome «sacy-
jateré».
As outras Cuculidas que constroem ninhos pro-
prios, não tem o grito caracteristico do cuco.
Alem das familias das Cuculinas, o parasitismo
de ninhos encontra-se no Brazil especialmente en-
tre as Icteridas. A maior dessas aves, pertencente
à este grupo, Cassidix oryzivor a Gm., põe os ovos
nos grandes ninhos pendentes de varias especies de
Cassicus, Ostinops e de outras Icteridas. Parece-me
que de cada vez ao menos se cria um filhote de
cada especie. Goeldi tirou d'um ninho um filhote
desta especie juntamente com um pintinho de Cas-
sedia.
Bem conhecido é o parasitismo de ninhos dos
vira-bostas de nome Molothrus bonariensis Gm., e
não ha amigo da natureza no Brazil que o não te-
nha observado. Euler suppoz que este passaro ti-
vesse a faculdade de adaptar a côr dos seus ovos
à daquelles pertencentes és aves em cujos ninhos
elle os fosse pôr, de forma a distribuir os dous ty-
pos de ovos i. e. os de côr principalmente verde e
os em que predomina o avermelhado, consoante a
+ MT
especie em que for parasitar. Isto não está de accor-
do com a minha propria experiencia; observo, to-
davia, que em São Paulo quasi exclusivamente o
tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.) é encar-
regado de chocar taes ovos alheios. Em re-
gra, O tico-tico soffre este parasitismo à custa da
propria próle, porque o vira-bosta atira os ovos da
mãe legitima para fora do ninho ou tira-lhes as
faculdades germinativas, dando bicadas nelles.
Dao-se, todavia, casos em que se criam junta-
mente os pintos legitimos e os adoptivos. Huler viu,
numa occasião, sahir da ninhada do tico-tico dous
pintinhos deste passaro e dous do vira-bosta. Em ge-
ral não sou muito inclinado a ligar, em taes casos,
grande importancia ao colorido dos ovos. Na Ar-
gentina encontram-se alem dos typos de ovos, des-
cripios pelo sr. Euler, tambem outros completamen-
te brancos e outros com salpicos escassos e finissi-
mos. Taes ovos colleccionei en mesmo no Rio Gran-
de do Sul, nunca, porém, no Estado de São Paulo.
Outra especie semelhante, Molothrus rufoaxil-
laris Cass. da região do Rio da Prata, põe os ov)s
ora nos ninhos de Anumbius anumbi Vieill., ora
nos de outras Icteridas, dando mesmo preferencia à
especie muito alliada de Molothrus badius Vieill.
Neste caso é de pouca monta a differença entre os
ovos de ambas especies e segundo o affirmam os
ornithologos argentinos, deve ser difficil sinão im-
possivel distinguir ovos e pintinhos das duas espe-
cies em questão. Euler fez a communicação (Rev.
Mus. Paul. IV, 1900, p. 36). já por mim posta em
duvida, que Molothrus badius se aproveitasse dos
ninhos de outros passaros para nelles por os seus
ovos, alias muito semelhantes aos de Mol. rufoaxil-
laris. Euler refere-se a aves do Estado de Minas,
mas menciona observações feitas na Argentina, por
que elle proprio não tivera occasião de fazel-as. Ve-
rificou-se, entretanto, que Mol. badzus não occorre
em Minas, sendo ahi representado por Mol. fringel-
larius. O ovo desta ultima especie até esta data não
=
era conhecido; só uliimamente é que foi encontra-
— 378 —
do, pelo Sr. KE. Garbe, nosso naturalista-viajante. O
mesmo Sr. observa que encontrou os ovos deste
passaro só nos ninhos abandonados de Pseudosersura
cristata Spix, cujo ninho feito de gravetos é sem
duvida o maior de tedos no grupo das Dendroco-
laptidas. Possuo uma ninhada, composta de 3 ovos,
que foi colligida em outubro de 19!3, nos arredo-
res da Cidade da Barra, no Ric São Francisco, Est.
da Bahia. Os ovos medem 22,5a 23 mm. de com-
primento e 17,9 mm. de diametro ; são pouco acu-
minados, de forma que os dous pólos não differem
muito; a côr é branca, ligeiramente esverdeeda, a
superficie é lisa, sem brilho. Talvez, em boa parte,
os ovos brancos do Mol. bonariensis da região do
Prata provinham de ninhos fechados de Anumbius
e assim Os vvos postos em taes ninhos fechados são
sempre brancos, ao passo que aquelles, postos em
ninhos abertos, são mais ou menos salpicados ou
manchados, sobre campo verdolengo ou avermelha-
do. Ridgway acceitou para as especies de Molothrus
de cor pardo-bruna, a saber badius e fiingillarius
o nome de Agelazodes, porque não só constroem
ninho proprio como tambem differem pelo colorido
e talhe da aza. Acceitando este modo de vêr, devo
observar, entretanto, que o colorido dos ovos não
pode ser aproveitado para a caracterisação biologi-
ca do genero. Em todo caso, a questão do colorido
dos ovos de Mol. benariensis tem a sua importan-
cia e necessita de investigação, tanto mais meti-
culosa, quanto à respeito ouvimos o modo por que
Euler já se manifestou. Si ao fim destes estudos fi-
car comprovado que effectivamente os ovos brancos
são postos sempre e só nos ninhos fechados, neste
caso não sera possivel outra conclusão que a de que
o passaro, até certo ponto, pode exercer influencia
sobre o colorido do ovo que quer pôr.
A's variações do colorido dos ovos, taes como
as constatamos segundo a sua distribuição geogra-
phica, correspondem outras no colorido dos passaros.
A forma typica do Mol. bonariensis da Argentina,
que occorre tambem aqui em São Paulo, não diffe-
Tha es
re no sexo masculino daquella de Mol. bonariensis
sericeus Licht. de Bahia, emquanto que as femeas
nao podem ser confundidas, por serem as do Sul
pardo-escuras, 40 passo que as da Bahia são de co-
lorido bruno-cinzento, mais pallido.
As subspecies correspondentes da Venezuela,
Mol. bonariensis atronitens Cab. e Mol. bon. cassine
Finsch distinguem-se essencialinente só pelas dimen-
sões um pouco diversas; a primeira das duas for-
mas põe ovos pequenos, verde- panies finamente
salpicados, ao passo que 0 ovo da subsp. cassint é
maior, maculado e com salpicos grossos.
Vimos assim que uma especie natural, que ha-
bita toda a região do Rio da Prata até à Venezuela
e que per toda a parte é das mais communs, encer-
ra muitas variações, que se manifestam ora nas pro-
porções do comprimento, ora na côr da ave, refe-
rentes em certos casos só a um dos sexos e que
finalmente ainda com relação ao ninho e aos ovos
variam amplamente, assumpto este que bem mere-
ce ser tomado por objecto de estndos especiaes.
=; Afinal não deixaremos de mencionar, que o Sr.
Garbe na mesma viagem pelo Rio São Francisco,
perto da Cidade da Barra, na Bahia, encontrou no
mez de Novembro de 1913 um ninho de Hluvicola
albiventer Spix que alem de 4 ovos alvacentos con-
tinha outro, sensivelmente maior e de colorido vive
Os ovos de Hluvicola (Est. VIII, sie 6) variam no
comprimento desde 17,5: 13,5 a 20: 15 mm.,a cor
é branco-suja e o menor delles tem no polo rhombo
algumas manchas redondas vermelho-pardas.
‘ O ovo maior (fig. 7) mede 25,3 mm. por 16 mm.,
a forma é oval, alongada e o pólo trazeiro relativa
mente pouco engrossado : é brilhante, pallido-aver-
melhado com manchas dispersas, pequenas, aredon-
dadas de côr vermelho-parda que se acumulam perto
ao pólo rkombo, formando ahi uma corôa.
Seria possivel que este achado represente 0 ovo
do Dromococcyx phasianellus Spix. ‘ omparando,
meticulosamente aquelle ovo com os das lcteridas
da nossa collecção, já bastante rica, não o posso
— 380 —
attribuir a nenhum membro dessa familia. Em geral
os ovos dessas aves são mais largos, e raras vezes
apparece nelles um colorido vermelho intenso, sendo
pouco commum a corôa de manchas no pólo rhom-.
bo, que então é composta principalmente de manchas
estreitas e garatujas sinuadas. Pelo tamanho e pela
forma o ovo assemelha-se bem ao de Tapera ;
campo avermelhado, manchas pardo-vermelhas, que
formam corôa no pólo rhombo, encontram-se entre
as Cuculinas. Nem o facto de o ovo ser branco
não repugna é nossa supposição, porque vemos nisto
uma adaptação à falta de luz na camera de incuba-
ção do ninho, sempre fechado, em Synallaxis. Ha
evidentemente ovos em que a côr branca é a primi-
tiva, como por exemplo nas gallinhas, Columbidas,
beija-flores etc. e outros em que a côr branca só
apparece secundariamente, por effeito de adaptação.
E' provavel que a principio não havia outra côr
para ovos de aves senão a branca; successivamente
foram apparecendo as cores variadas. mas só em
numero limitado de ordens. Tambem naquellas fa-
milias, cujos ovos são todos coloridos ou manchados,
secundariamente, e por adaptação a modalidades es-
peciaes dos ninhos, pode reapparecer a côr comple-
tamente branca. Os ovos das Icteridas da Bahia são
quasi todos bem conhecidos.
Do outro lado é mister reconhecer que ovos
avermelhado-salpiados não occorrem entre os Phoe-
mcophainas e Coccyzinas. Alem disto o Snr. Garbe
não encontrou na zona do Rio S. Francisco aves
do genero Dromococcyx nem ouviu a voz do ma-
cho. Nestas condições o parasitismo do ovo acima
descripto continua a ser problematico.
Iii — Classificação geral e biologia
das Cucalidas
Ainda hoje podemos dizer com Kiurbringer que
o agrupamento systematico especial das Cuculidas é
um dos pontos mais controversos da ornithologia;
as diflerentes tentativas de classificação divergem de
ES 381 pers
modo o mais curioso. Successivamente, foram toma-
dos em consideração um grande numero de caracte-
res anatomicos, afim de estabelecer uma subdivisão
systematica da familia, mas cada um desses dados,
tomados de por si, da em resultado um agrupa-
mento das especies que de modo algum corresponde
a um systema natural. Devemos tomar em consi-
deração especial os valiosos trabalhos de Sank
Beddard, que tomam por base o estudo da la-
rynge inferior ou syrinx, da musculatura das pernas
e da pterylose, mas que deixam a osteologia quasi
inteiramente fora de consideração. Muito ao contra-
rio Hibringer, Shufeidt e Pycraft fizeram traba-
lho osteologico mais completo, utilisando-se em es-
pecial do estudo dos ossos da cintura escapular e
da bacia, que forneceram dados valiosos para a dis-
tincção de grupos naturaes. Infelizmente estas in-
vestigações tão apreciaveis não foram utilizadas
para a divisão systematica e mesmo B. Sharpe, que
em 1873 ao estudar as Cuculidas africanas iniciava
com bom successo a separação das Cuculinas das
outras subfamiiias, voltou na sua «Handlist» ao ru-
mo pouco satisfactorio applicado por Shelley no
Catalogo do British Museum, e assim o genero
Eudynamis foi novamente unido a Cuculus, Coccy-
zus foi separado de Praya, assim como este genero
foi separado de Tapera e outros alliados.
Será portanto a nossa primeira obrigação re-
conhecer e fundamentar as affinidades naturaes dos
varios grupos de Cuculidas. Para tal fim devemos
utilizar-nos principalmente dos caracteres osteolo-
gicos. A extremidade posterior do sternum, 0 xi-
phosternum, mostra em um certo numero de espe-
cles um só recorte de cada lado, ao passo que em
cutras ha ao todo quatro dé taes incisuras ou, para
nos servirmos da terminologia de Fiirbringer os
esternos são «biincisos» e «quadriincisos». Si estas
duas cathegorias fossem sempre bem delimitadas, el-
las nos forneceriam optima base para o agrupa-
mento natural dos generos; ha entretanto uma tal
transição que o processus intermedius, que no se-
— 382 —
gundo grupo separa as duas incisuras, às vezes se
acha mal desenvolvido em alguns generos, ou por
outra, esti em via de desapparecimento. Madarasz
nos dá uma ilustração de tal caso, referente a
Cacomantis castaneiventris.
Si nos afiguramos tal desapparecimento do pro-
cessus intermedius em phase ainda mais avançada,
teremos as duas incisuras contiguas fundidas em um
só recorte grande, e certamente v exame minucioso
do genero Cacomantis nos fornecerá ainda outros
dados em apoio de tal supposição. Aos caracteres sa-
lientados por Fiirbringer accrescentou Pycraft ainda
outro, que segundo minha observação merece espe-
cial attençäo : é o desenvolvimento que tem o pro-
cessus pectinealis da bacia; nos Phoenicophainas,
Coccyzinas e Centropinas este processo se acha bem
desenvolvido, ao passo que nos outros grupos elle
se atrophiou ou não existe de todo. Fürbringer
(loc. c. p. 1324) acha que em vista de terem 0 xi-
phosterno quadriinciso, as Phoenicophainas se arpro-
ximam mais das formas ancestraes. Beddard. por
sua vez, declara que este mesmo grupo representa
as formas mais primitivas dos cucos, por terem a
formula muscular completa e o syrinx tracheo-
bronchial. Portanto segundo Beddard aquelles ge-
neros de formula muscalar incompleta com atro-
phiamento do musculo femoro-caudal accessorio e
ainda aquelles que possuem um syrinx bronchial
devem ser considerados como sendo cs membros da
familia que soffreram maiores modificações.
Corrobora este asserto o facto de que na fa-
milia Musophagidae, muito alliada às Gucculidas,
encontramos o sternum, a bacia e a musculatura tal
qual como no genero Phoenicophaes e nos que a
este se ligam. Quanto à pterylose, Beddard distin
gue dous grupos, segundo a disposição dos «tractos»
ventraes, simples (Cuculus, Piaya, etc.) ou duple
(Phoenicophaes, Crotophaga, etc.). Mais valor me
parece, devemos dar à disposição de taes «tractos»
ventracs no peito e no pescoço, visto como elles
permanecem separados até a garganta nas Coccy-
zinas, ao passo que em todos os outros grupos el-
les se fundem no pescoço inferior. Iste parece mos-
trar que as Coccyzinas conservaram neste detalhe
um caracter dos cucos archaicos, caracter este que
alem disto sé se conserva da mesma forma, inalte-
rado, nas Musophagidas. Tomando em consideração
todos estes pontos acima referidos, accrescidos ainda
dos caracteres externos que apreciamos nestas aves,
as Cuculidas podem ser subdivididas nos seguintes
grupos naturaes :
Systema das Cuculidas
1. Subfamilia: Phoenicophainae
Loros e zona orbital nus. Tarso forte, sem
plumas anteriormente, ambulatorio ; aza de compri-
mento medio, arredondada, concava; cauda com 10
rectrizes, coberteira caudal curta; tracto ventral du-
plo, fundido no pescoço inferior com o do outro la-
do; garganta com plumagem regular; sternum na
mergem posterior com 2 incisões de cada lado;
ponta pectineal forte, musculo femoro-caudal acces-
sorio presente. Syrinx tracheo-bronchial (Phoenico-
phaes} ou bronchial (Geococcyx).
2. Subfamilia: Coceyzinae.
Loros com poucas plumas, região orbital nua ;
tarso forte, sem pennas anteriormente, ambnlatorio.
Aza de comprimento medio, concava. Cauda com
dez rectrizes, com coberteiras muito longas, alcan-
cando mais ou inenos a metade do comprimento da
cauda; tracto ventral simples não se fundindo no
pescoço infer.or com o do lado opposto. Garganta
com pluiras dispostas em duas carreiras, em con-
sequencia de se manterem os tractos ventraes sepa-
rados até ahi. Sternum com duas incisões de cada
lado na margem posterior; penta pectineal forte;
musculo femoro-caudal accessorio ausente. Svrinx
tracheo-bronchial.
3. Subfamilia: Centropinze
Loros e zona orbital densamente plumosos ;
tarso forte, sem pennas anteriormente ; aza curta
arredondada, concava; cauda com 19 rectrizes, co-
berteira caudal curta. Tracto ventral duplo, fundi-
do no pescoço cem o do outro lado; garganta com
plumagem regular; sternum na margem posterior
com uma incisão só em cada lado; ponta pectineal
forte, musculo femoro-caudal accessorio, bem des-
envolvido. Syrinx bronchial.
4. Subfamilia: Crotophaginae
Loros e zona orbital nus; tarso forte, sem pen-
nas anteriormente, ambulatorio. Aza de compri-
mento medio, arredondada, concava. Cauda com 8
rectrizes, coberteira da cauda curta. Tracto ventral
duplo, fundido no pescoço inferior com o do outro
lado. Garganta com plumagem regular. Sternum
com uma incisão de cada lado na margem posterior.
Ponta pectineal ausente; musculo femoro-caudal ac-
cessorio presente. Syrinx bronchial.
5. Subfamilia: Scythropinae
Loros e zona orbital nús ou com poucas pen-
nas; tarso forte, sem pennas anteriormente, ambu-
latorio. Aza de comprimento medio, arredondada,
concava. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da
cauda curta. - Tracto ventral duplo, fundido no pes-
coço inferior com o do outro lado; garganta com
plumagem regular. Sternum com uma incisão de
cada lado na margem posterior; ponta pectineal
ausente, musculo femoro-caudal accessorio presente.
Syrinx tracheobronchial.
6. Subfamilia: Cueulinae
Loros e zona orbital plumosos ; tarso fraco, in-
sessorial, provido de pennas anteriormente, e cober-
to pela plumagem da coxa. Aza comprida, estreita
e chata. Cauda com 10 rectrizes, coberteira da cau-
da curta. Tracto ventral simples, fundido no pes-
coco inferior com o do outro lado. Garganta com
plumagem regular, sternum com uma incisão de
cada lado na margem posterior; a ponta pectineal
ausente; musculo feroro-caudal accessorio ausente.
Syrinx tracheobronchial.
As 6 familias acima caracterisadas poderão ser
consideradas como representacdo em geral grupos
nuturaes particularmente para fins praticos; só
com relação ao limite que se deverá traçar entre as
Cuculinas e Scytropinas ainda nos falta, por em-
quanto, a necessaria base. Bem sabemos que o
agrupamento que aqui apresentamoa não pode ainda
satisfazer a todas as exigencias de boa disposição
systematica, que tambem procura esclarecer as re-
lações genealogicas. Evidentemente as Crotopha-
ginas representam apenas uma subdivisão america-
na das Centropinas, que se differenciou pela perda
do processo pectineal e de uma rtctriz caudal de cada
lado. Ao meu vêr, Shufeldt tinha toda razão quan-
do reuniu as Crotophaginas às Centropinas. Caso
analogo nos offerecem as Coccyzinas que evidente-
mente são apenas uma secção americana das Phoe-
nicophainas, apresentando ‘um atrophiamento do
musculo femorocaudal accessorio e separação completa
dos tractos ventraes no pescoço. Pelo mesmo mo-
tivo é que Shelley e Sharpe nos apresentam Praya
e Saurothera directamente ligados às Phoenico-
phainas. A estas ultimas prendem-se os generos
tropicaes da Asia e da America meridional que
constituem o grupo das Neomorphinas, que alcan-
caram apenas um grão de desenvolvimento um pou-
co mais elevado pelo caracter do syrinx bronchial.
Taes processos de desenvolvimento ou atrophiamen-
to se nos deparam por toda a parte dentro da mes-
ma familia e portanto não devemos dar-lhes dema-
siado valor. Assim vemos que as Cuculinas se ap-
proximam das Coccyzinas pelo atrophiamento do
musculo femoro-caudal accessorio, ao passo que
pela perda do processo pectincal ellas se alliara às
Crotophaginas. Facto analogo encontramos no des-
envolvimento do Syrinx bronchial.
Em suas linhas geraes esta analyse nos mostra
que ha nas Guculidas duas series phylogeneticas di-
vergentes, das quaes uma é representada pelas Phoe-
nicophainas juntamente com as Coccyzinas dellas
derivadas, emquanto que a outra abrange as (en-
tropinas accrescidas das tres subfamilias divergentes
acima mencionadas.
Si passarmos a reconhecer as condições biolo-
gicas da familia, devemos considerar as Cuculidas
como sendo em geral aves insectivoras utilissimas,
que dão caça sem tregua a quantas lagartas, besouros
e gafanhotos possam encontrar. A maior parte dos
generos comprehende especies sedentarias, restrictas
a uma zona de pouca extensão; apenas o cuco eu-
ropeo (Cuculus canorus) & eximio voador, pois as
suas excursões, em que foge ao frio septentrional, o
levam até a Africa e mesmo à Australia. Como
pessimo voador mencionamos Coua, cuja carina
esternal é muito mal desenvolvida Outros generos
como Neomorphus etc. caracterisam-se pelas azas
relativamente curtas.
Ha muito que as Guculidas despertam geral
attenção pelos seus habitos como parasitas de ni-
nhos alheios. [la numercsos generos, especialmen-
te dos grupos das Phoenicophainas e Centropinas
que fazem os seus proprios ninhos segundo o sys-
tema usual e põem ovos simpiesmente brancos ; ou-
tros generos, particularmente das Crotophaginas sul-
americanas são altamente sociveis, o que se paten-
teia ora pelo costume de fazerem os seus ninhos
muito proximos uns aos outros, ora p-la deposição
dos ovos em ninho commum e a associação no chô-
co. Muito diversamente destes ha um bom numero
de generos que não fazem ninho proprio, mas que
deitam os seus ovos nos ninhos de outras aves, as
quaes assim tambem ficam encarregadas da criação
desses filhotes intrusos. ‘Taes habitos tem as Gucu-
linas e as Scythropinas, bem como os generos Ta-
on =
pera e Dromococcyx da subfamilia Coccyzinae.
Tambem os generos que por via de regra fazem
ninhos proprios, como o Coccyzus, às vezes encai-
xam dos seus ovos em ninhos alheios. Ao Cocey-
zus acontece que já sahem pintinhos da casca quan-
do a femea ainda poe o seu ultime ovo e é justa-
mente esta demora no desenvolvimento dos ovos que
occasiona o curioso parasitismo da postura. À es-
ta particularidade biologica prendem-se ainda outras
que em seguida mencionaremos.
E' de notar que todas estas aves que adqueri-
ram taes habitos parasitarios, põem ovos relativa-
mente pequenos.
Alem disto, durante o per odo da reproducção o
macho faz-se notar pel? sua voz, um grito forte, com-
prehendendo varias notas, repetido incessantemente.
As notas do canto do nosso sacy e as do cuco
europeu soam mais ou menos como:
Provavelmente o comportamento do macho du-
rante a epoca da procreação poderá servir de indi-
cação quanto aos respectivos habitos da femea, isto
é servirá para esclarecer a biologia das especies
nas quaes a mesma ainda é desconhecida. Tanto
aqui como na Europa, durante a epoca da postura
da femea, o macho permanece em uma determinada
região e o seu grito tantas vezes repetido deverá
servir para atrahir a femea, a qual por seu lado
não se prende a nenhuma zona delimitada.
Os ovos de todas as aves trepadoras são de
cor branca, mas observamos que entre as Muso+
phagidas. tão alliadas às Cuculidas, apparecem tam-
bem ovos ligeiramente azulados. () mesmo acontece
entre as Cuculidas, onde por exemplo vemos ovos
de côr azul clara no genero Coccyzus, pertencente
as Coccyzinas que em regra põem ovos brancos ;
tambem entre as Crotophaginas predomina a côr
azul nos ovos, ainda que sejam em parte recobertos
novamente com camadas de cor brarca. Nos grupos
archaicos das Phoenicophainas e Centropinas os
ovos são brancos, mas entre as Scytropinas e Cu-
culinas, grupos altamente rrodificados, predominam
os ovos de côr, muitas vezes tambem manchados.
FE’ provavel que este desenvolvimento de colorido e
de desenho dos ovos em grupos de habitos parasi-
tarios tenha a sua origem nestes mesmos factores
biologicos.
Baseado nos conhecimentos das relações sys-
tematicas dos grupos desta familia podemos agora
tentar uma discussão da distribuição geographica
destas aves. Duas das subfamilias em questão, as
Crotophaginas e as Coccyzinas, habitam exclusiva-
mente a America; limitados a principio à região
neotropica, só mais tarde, depois de estabelecida a
ligação entre as duas Americas, é que alguns ge-
neros se extenderam tambem pela America Central,
às Antilhas e uma parte da America do Norte. Mas
nenhuma destas familias pode ser considerada como
“originalmente americana e, peio contrario, devemos
reconhecer em ambas apenas uma modificação de
formas predominantes na Asia tropical. A subfamilia
Neomorphinae não pode ser mantida, tal qual foi
delimitada por Shelley, visto como ella coincide per-
feitamente com a das Phœnicophainas, abstracção
feita da modificação do syrinx. Assim sem forçar-
mos o parentesco, podemos considerar generos al-
lados Geococeyx e Neomorphus da America do
Sul e Carpococcyx de Bornéo.
A resultados muito semelhantes nos conduz a
analyse das Cuculidas da Africa. O genero Cen-
tropus, de vasta distribuição na Asia tropical, tam-
bem se acha bem representado na Africa tropical e
em Madagascar. Por outro lado ha no continente
africano um bom numero de especies indigenas do
genero Cuculus, emquanto que ellas faltam de todo
em Madagascar. Esta ultima distribuição, que ex-
clue a ilha Madagascar, enquadra-se bem no schema
zoogeographico que nos offerece a distribuição da-
quelles numerosos mammiferos asiaticos que no pe-
riodo plioceno deram entrada na Africa, sem com-
tudo alcançarem Madagascar.
Durante o periodo mioceno a fauna asiatica
encontrou franca passagem tanto para a Africa como
para. Madagascar e isto nos explica a razão de ha-
bitor o genero Pachycoccyx tanto a Africa Central
como a grande ilha de Madagascar e muito prova-
velmente o mesmo se da com r-lação ao genero
Centropus. As Phoenicophainas estão representadas
na Africa pelo genero Ceuthmochares e em Ma-
dagascar por Coua. Vemos pois que tambem a
Africa não possue nenhum elemento proprio da fa-
milia das Cuculidas e assim devemos considerar esta
familia como sendo originaria da fauna euro-asiatica;
conclue-se que no periodo mioceno ella enviou re-
presen'antes seus para a Africa, para Madagascar e
para a America do Sul, onde estas formas immi-
gradas deram origem a generos e subfamilias es
peciaes.
Com relação à America do Sul devemos re-
lembrar que, segundo os resultados das minhas in-
vestigações, para cá vieram animaes do hemispherio
septentrional em duas occasiões, em tempos diversos,
seguindo caminhos differentes. A pr'meira destas im-
migrações, realizada no periodo mioceno, trouxe-n0s os
ursos, Procyonidæ, Didelphidae, ete., typos faunisticos
estes que só tiveram entrada na America do Norte
em tempo pleistoceno, subindo da America do Sul.
A segunda das immigrações mencionadas teve logar
ao começo do pleistoceno e foi então que os Masto-
dontes, os gatos, os cães, porcos e cavallos etc. bem
como o homem vieram à America do Sul. Não
nos parece que por occasido desta segunda immi-
gração tivessem vindo Cuculidas para a America
meridional, mas o que se deu foi que subiram Cro-
tophaginas e Coccyzinas até a America do Norte.
O pouco que até hoje sabeinos da paleontologia
das aves parece concordar com este modo de vêr.
O genero Dynamopterus, que Milne Edwards descre-
veu do eoceno da França, offerece os melhores pontos
de contacto com as Phoenicophainas. Tambem
as Musophagidas não faltam no terciario antigo e
medio da Europa. Torna-se pois muito provavel
que futuros achados paleontologicos venham a con-
firmar a exposição que aqui apresentamos sobre o
desenvolvimento e a distribuição das Cuculidas.
te
Biologie der brasilianischen Cuculiden
VON
HERMANN VON IHERING
i — Hinleitung
Die Familie der Kuckucksvégel, welche in
Brasilien durch die Arts, Alma de gato, Sacy und
andere, allgemein bekannte Vogel gut vertreten ist,
zeichnet sich durch eine biologische Eigentimlich-
k it aus, die nimlich, dass manche Arten ihre
Hier in die Nester anderer Vogel legen und diesen
die Aufzucht ihrer Nachkommenschaft aufbiirden.
Allgemein bekannt ist in dieser Hinsicht der euro-
páische Kuckuck, aber auch viele andere Mitglieder
derselben Familie, besonders in Asien, haben die
gleiche Gewohnheit. In Amerika dagegen steht die
Sache anders. In Nordamerika kennt man die
Nester von allen dort lebenden Vertretern der
Familie, von Südamerika liegen biologische Beo-
bacbtungen iiber viele Arten bereits vor, aber pa-
rasitische Nestgewohnheiten wurden bis jetzt nicht
konstatiert. Besonders bemerkenswert sind eine
Anzahl der siidamerikanischen Cuculiden durch ihre
Gewohnheit, gesellig zu nisten, oder in einem ge-
meinsamen Neste die Kier mehrerer Weibchen zu
vereinigen. Diese meist grossen Nester sind auch
daran kenntlich, dass zu ihrem Bau und besonders
zu ihrer Ausfütterung griine Blatter verwendet
werden.
Schon bei einer früheren Gelegenheit machte
ich darauf aufmerksam, dass man von der Unter-
famille der Diplopterinen noch nie Nester oder Kier
beschrieben hat. Lässt sich dies fiir die seltenere
ee) ee
Gattung Dromococcyx leicht verstehen, so ist es
unbegreiflich, bei einem so gemeinem Vogel wie
dem Sacy (Diplopterus naevius Bodd.), der jetzt als
Tapera naevia Bodd. bezeichnet wird.
Es ist das ein häufiger Vogel, der sich auch
gerne an Wegen und Viehtriften, auf Kinzäu-
ri . a . T
nungen und in der Nãhe menschlicher Wohnungen
sehen lässt. Uberdies hat das Männchen einen so
auffallenden, aus zwei Tonen bestehenden, unzäblige
Male wiederholten Ruf, dass er jedermann bekannt ist.
Vor einigen Jahren nun trafen wir in einem
Neste von Synallaxis sprxt Sclater ein Junges von
Tapera naevia. Seit jener Zeit lag für mich die
Vermutung nahe, dass der Sacy sein Ki in das Nest
des ebengenannten Vogels ablegen miisse. Dieses
Nest des Synallaxis spixt ist eine grosse, ovale,
wirre Masse von ineinander gefiigten, trockenen
Astchen, Dornen und Zweigen, zwischen welche
nicht sellen zur Verzierung Stücke von abgestreifter
Schlangenhaut eingefügt werden.
Der Hingang liegt seitlich, ist eng, lang und
endet in eine centrale, gut geschiitzte Kammer. In
einer solchen nun fand der Präparator des Museums
- Hr. João Lima, am 21. . Oktoher : 1913, drei Bier
von Synallaxis und ein etwas grüsseres, welches
im Aussehen sich dadurch unterschied, dass es rein
weiss war, sehr glatt und ohne den weissgriin-
lichen Ton, welcher den Synallaxis - Hiern eigen
ist. Bei der Präparation erwiesen sich die Hier als
stark bebriitet und die Untersuchung der Jungen
zeigte im Bau von Fuss, Tarsus und Kopf charak-
teristische Unterschiede, welche an der Zugehü-
rigkeit dieses Kies zu den Cuculiden nicht zweifeln
liess. Der Embryo von Tapera ist nicht nur durch
seine Grosse, die mächtigen Augen, den dicken,
kurzen tarsus sondern vor allem durch den Fuss als
der einer Cuculide leicht zu erkennen. Die vierte
Zehe ist rückwärts gedreht.
Es ist somit sowohl das Ei. als der reife Em-
bryo und das characteristisch gefárbte Junge des
= Ba,
Sacy bekannt und zwar sind die betreffenden Kier
und Jungen nie bei einer anderen Vogelart ange-
woffen worden als eben bei Synallaxis spiaze.
Das Nest N.º 11 von Synallaxis spixi, in wel-
chem das Sacy - Ei gefunden wurde, und zwar am
21. Oktober 1918, ist 40cm lang bei 20 cm Hohe.
Es besteht aus dem centralen Teile mit der Brutkam-
mer und der langen etwas nerdrigeren Flugréhre
deren Eirgangsloch 4 em im Durchmesser hat. Die-
ser, aus diinnen Astchen zusammengesetzte Bau
sass in der Gabelung eines Bäumchens und rubte
auf einem verlasseaen Aimselnest und zwar von
Turdus rufiventris. Eine überzählige Offnung fand
sich bei ihm nicht vor; als iiusseren Schmuck hat
es nur Flocken von Haaren des Hasen, Sylvilagus
minensis Thos. aufzuweisen. Die Kammer ist am
Boden init zerbissenen und zerkleinerten Stiicken
von dicken, weichen, wolligen Blättern gefüttert,
welche von Solanum auriculatum stammen. Die 3
Kier von Synallaxis spixi waren von gewühnlichem
Bau, ungefihr 20: 15-16 mm gross, von matt
weisser, leicht griinlich überlaufener Farbe. Das Ei.
von Tapera naevia misst 24: 17 mm und ist rein
weiss, glatt, sehr feinporig, ohne Glanz und seine
Form ist ziemlich regelmissig oval,indem der stumpfe
Pol nur um ein Geringes dicker ist wie der andere.
Ein anderes, mir vorliegendes Nest von Syn-
nallaxis spixi (N.º 23.) unterscheidet sich in Grosse
und Form nicht von dem eben beschriebenen, zeich-
net sich aber durch reichlichen Belag mit Epider-
misfetzen der grossen Erdeidechse, Tupinambis te-
euixin L. aus. Auch an ibm finden sich einzelne
3üschel von Hasenhaaren und ein aus Haaren zusam-
mengeballtes Kulengewolle. An diesem Nest betindet
sich ziemlich hoch oben an der Seite eine accesso-
rische Oeffnung von 4 em Durchmesser. Die Wan-
dung des Nestes ist an dieser Stelle 6 cm dick.
Das Nest war bereits verlassen.
Ein anderes Nest, welches wir lingere Zeit
beobachteten und von dem eine Zeichnung beige-
— SEL ee
geben ist, wurde von uns wihrend der Brutperiode
Ofters geóffnet, ohne dass der Vogel es verlassen
hätte. Immer wurde die künstlich angelegte Oeffoung
bald wieder geschlossen, nur als die Jungen schon
heranwuchsen, geschah dies nicht mehr und es
wäre müglich, dass die sekundire Offnung von der
Synallaxis selbst angelegt wiirde in der Schlusspe-
riode der Anfzucht der Jungen. im Interesse der
leichteren Fütterung derselben. Es bleibt daher zu
untersuchen, ob die sekundäre Offnung immer an-
gelegt wird, ob sie der eigenen Brut dient cber ob
die mit Sacy-Brut belegten Nester sich darin an-
ders verhalten als die normalen.
Offnet man durch Entfernung eines Teiles der
trockenen Reiser ein Nest von Synallaxis spixi, so
kann man sich bequem über seinen Inhalt, Zabl
und Beschaffenheit der Hier unterrichten, ohne dass
desshalb der Vogel die weitere Bebrütung der Hier
oder die Pflege der Jungen aufgäbe. Sofort nach der
Storung wird der Schaden wieder ausgebessert, wo-
ran sich beide Vogel beteiligen. Sucht man sich
“nun die Art und Weise vorzustellen, in welcher das
Kuckuckweibchen sein Ei in das Synallaxis-Nest
einfiibrt, so ist der Gedanke ganz ausgeschlossen,
dass der Vogel mit seinem langen Schwanze durch
die schmale Zugangsréhre in das Nest-Innere ge-
langen, dort sein Ei ablegen und sich auf demsel-
ben Wege wieder entfernen sollte. Dazu istdie Flug-
rohre fiir ibn viel zu klein. Er muss also durch
Wegnahme von Zweigstiicken eine Offnung in der
Nestwand herstellen. Und er wird dann offenbar
mit dem Schnabel das kiirzlich abgelegte Ei in die
Nestkammer beférdern. Das Synallaxis-Paar wird
nach dem Eingriff rasch wieder den Schaden am
Neste ausbessern und in gewodhnlicher Weise die
Bebriitung vornehmen. Sind aber die Jungen aus-
geschliipft, so reicht die angeschleppte Nahrung
nicht fiir die eigene und fremde Brut aus und das
gefrässige Küken des Kuckucks, dessen Grôssen-
unterschied rasch zu Tage tritt, wird auf irgend
eine Weise die Mitbewerber beseitigen oder unschäd-
DAS
lich machen. Vielleicht setzt zu dieser Zeit auch
die Wirkung des Sacy-Weibchens wieder ein und
wird es aufs Neue eine weitere Offaung in der Nest-
wand herstellen, um die Fütterung zu erleichtern.
Niemals findet man bei frischen Nestern oder bei
solchen, bei welchen das Synallaxis- Weibchen noch
mit Briiten beschäftigt ist, die accessorische Offaung.
Der biologischen Beobachtung ist hier ein interes-
santes Feld erôffnet; vorläufig wird es genügen,
die Tatsache anzuführen und in der Weise unter
sich in Zusammenhang zu bringen, wie die Er-
fahrung an anderen Mitgliedern derselben Familie
es gestattet.
Dieser Abschnitt sollte gerade zur Druckerei
gehen, als mir noch rechtzeitig die wertvolle Stu-
die von Hariert und Venturi über argentinische
Vügel in die Hinde fiel. (Novitates zoologicae, vol.
16, Tring, 1909 p. 159 - 267). Venture teilt darin,
p. 230, Beobachtungen über die lortpflanzung der
Tapera naevia mit, welche ganz mit unseren über-
einstimmen. Venturi traf 1-2 Eier von Tapera in
Nestern von Synallaxis cinnamomea russeola im
Chaco und berichtet, dass Denelli sie bei Tucuman
in Nestern von Synallaxis superciliosa antraf. So
ergiinzen sich die in Argentinien und Brasilien ge-
machten Beobachtungen über den in Argentinien
«crispin» genannten Sacy.
Brasilianische Vôgel, welche ihre
Eier in fremde Nester legen.
Im vorigen Abschnitt haben wir im Sacy ei-
nen Vertreter dieser Gruppe von Vôgeln kennen
gelernt, welcher sich dadurch auszeichnet, dass er
sein Ei immer demselben Vogel zur Bebrütung und
Aufzucht anvertraut. Der gleichen Unterfamilie der
Zaperinen, welcher der Sacy angehôrt, ist noch
eine weitere südamerikanische Gattung mit zwei
Arten zuzurechnen, welche beide in Brasilien ange-
troffen werden. Von dieser letzteren Gattung Dro-
mococcyx kennt man bisher weder Nest noch Ei
TN
und es ist demnach mehr als wahrscheinlich, dass
auch sie gleich dem Sacy ihr Ei in andere Nester
legt. Damit stimmt «ann auch der Umstand übe-
rein, dass der Ruf des Miinnchens ganz jenem des
Sacy gleicht, nur durch Anhängung von weiteren
zwei oder 3 Tünen erweitert, was in seinem Na-
men «Sacy-jateré» zum Ausdruck komnit. Die an.
deren Kuckucke, welche eigene Nester bauen, haben
nicht den characteristischen Kuckucksruf.
Nächst der Familie der Cuculidae ist es jene
der Icteridae, welche in Brasilien vorzuesweise
den Nesterparasitismus aufweist. Der grósste hierher
gehórige Vogel ist Cassidix oryzivora Gin., wel-
cher sein Ei in die hingenden, beutelfórmigen
Nester verchiedener Arten von Cassicus, Ostinops
und anderer Icteriden unterbringt. Es scheint, aass
mindestens je ein Junges von beiden Arten aufge-
zogen wird. Goeldi erhielt aus einem Neste von
Ostinops decumanus ein Nestjunges dieser Art
nebst einem von uassidix,
Am Besten bekannt und von jedem Natur-
freund in Brasilien beobachtet ist der Nestparasitismus
des Vira-bosta, Molothrus bonaviensis Gm. Euler
hat die Meinung ausgesprochen, dass dieser Vogel,
die Fähigkeit hat, die Farbe seiner Eier jener der
Vogel, in deren Nest er sie ablegt, anzupassen, inso-
fern nâmlich die beiden Eitypen, diejenigen mit
vorherrschend grüner und die mit rétlicher Grund-
firbung auf verschiedene Vogelarten verteilt wer-
den. Meine eigene Erfahrung stimmt damit nicht
überein, doch muss ich bemerken, dass in S. Paulo,
wenn nicht ausschliesslich, sodoch ganz vorzugswei-
se der Tico-tico (Brachyspiza capensis Muell.)
mit der Bebrüturg dieser nestfremden Lier be-
traut wird. In der Hegel geschieht das seitens des
Spatzes auf Kosten der eigenen Brut, indem der
Vira-bosta entweder die Kier der rechtmiissigen Mut-
ter aus dem Neste wirft oder sie durch Anpicken
ihrer Entwicklungsfihigkeit beraubt. Es kommen
jedoch auch Fille vor, in welchen die legitimen
und die adoptierten Kinder neben einander anfge-
=" sae =
zogen werden. Euler sah sogar in einem Falle
aus der Brut eines Spatzennestes 2 Tico-ticos und
2 Vira-bostas hervorgehen. Im Allgemeinen bin
ich nicht geneigt, in diesen Fillen auf die Fär-
bung der Hier viel Wert zu legen. In Argentinien
kommen neben dem gewôhnlichen, von Euler
beschriebenen Tvpus der Hier auch rein weisse
vor und andere, die Weiss sind mit sparsamer, fein-
ster Sprenkelung. Ebenso helle oder weisse Hier
habe ich selbst in Rio Grande do Sul gesammelt,
niemals aber in São Paulo.
Eine ähnliche zweite Art, Molothrus rufoa-
aillaris Cassin des La Plata-Gebietes, legt ihre Kier
bald in die Nester von Anuinbius anuwmbi Vieill.
bald in die von anderen Icteriden und ganz beson-
ders von der nahestehenden Art Molothrus badius
Vieill. In diesem alle ist der ganze Unterschied
zwischen den Hiern beider Arten nicht bedeutend
und soll es nach Versicherung der argentinischen
Ornithologen schwer oder unmoglich sein, Hier und
Nestjunge beider -Arten auseinanderzuhalten. Euler
(Revista Mus. Paul. IV, 1900, pag. 36) hat die
schon damals von mir bezweifeltc Angabe gemacht,
das Molothrus badius seine Eier, welche jenen des
Mol. rufoaaillaris gleichen, in andere Nester lege.
Euler bezieht sich dabei auf Vogel aus dem Staate
Minas, citiert aber aigentinische Angaben, da er
eigene Erfahrung nicht besass. Es hat sich nun
herausgestellt, dass Mol. badius in Minas überbaupt
nicht vorkommt, sondern dort durch Molothrus frin-
gillarius Spix vertreten ist. Das ki der letzteren
Art war bisher nicht bekannt, wurde unserem Mu-
seum aber kürzlich durch Herrn E. Garbe, unseren
reisenden Naturalisten. mitgebracht. Hr. Garbe ne-
richtet mir, dass die Hier dieses Vogels, von ihm
nur in verlassenen Nestern der Pseudoseisura
cristata Spix aufgefunden wurden. welcher wohl die
erdssten aus Reisern verfertigten Nester unter allen
Dendrocolaptiden besitzt. Ich habe ein Gelege, aus
drei Eiern bestehend, welches im Oktober 1913
bei Cidade da Barra am Rio São Francisco, im
Staate Bahia, gesammelt wurde. Die Kier sind 22,5—
23 mm lang bei 17,5 mm Dicke, wenig zug spitzt,
sodass beide Pole nicht sehr verschieden sind, weiss,
schwach grünlich iiberlaufen, glatt, ohne Glanz.
Vielleicht stammen auch die weissen Hier des Mo-
lothrus bonariensis von La Plata wesentlich aus
den geschlossenen Nestern von Anumbius und wer-
den dann die in geschlossene Nester gelegten Eier
weiss, die in offene Nester untergebrachten mehr
oder weniger verschiedenartig gesprenkelt und ge-
fleckt sein, auf grünlichem oder rôtlichem Grund.
Ridgway hat für die graubraunen Arten Molothrus
badins und frengillarius eine besondere Gattung
Agelaindes Cassin angenommen, weil sie ein
eigenes Nest herstellen und auch in Färbung und
Flügelschnitt verschieden sind. Indem ich diesem
Vorgehen bDeipílichte, bemerke ich jedoch, dass
die [irbung des Lies zur biologischen Chara-
cterisierung der Gattung nicht verwendbar ist.
Unter allen Urnständen ist die Frage der Färbung
der Eier von Molothrus bonariensis eine wichtige,
welche weiterer Forschung um somehr empfohlen
werden kann, als maneinem Ausspruche von Euler
cegenilher mt seinem Bedenken sehr vorsichtig sein
muss. Sollte sich bei ferneren Studien herausstel-
Jen, dass wirklich die weissen Kner nur in ge-
schlossenen Nestern abgelegt werden, so wird man
sich der Folgerung kaum entziehen kônnen, dass der
Vcgel bis zu einem gewissen Grund auf die Färbung
der von ihm zu legenden Eier einen Einfluss aus-
üben kann oder die zuvor gelegten Kier in Nester
mit äbhnlich aussehenden Eiern transportirt.
Den Variationen der Kier, wie wir sie der ver-
schiedenen geographischen Lage nach zu konstatieren
vermochten, entsprechen andere in der Wárbung der
Vügel. Die typische Form des argentinischen Moto-
thrus bonariensis, welche wir auch hier in São
Paulo besitzen, ist im männlichen Geschlechte nicht
von jener des Mol. bonar. sericeus Licht. von Ba-
hia zu unterscheiden, während die Weibchen gar
nicht zu verwechseln sind, da dasjenige der Südform
Fn ee
dunkelbraun. jenes der Bahia-Unterart aber blass-
graubraun gefärbt ist. Die entsprechenden Formen
von Venezuela, Mol. bonariensis atronitens Cab.
und Mol. bonariensrs cassent WFinsch sind wesentlich
nur durch verschiedene Dimensionen abgesonderte
Rassen, von dener erstere ein kleines, blassgriines,
feingesprenkeltes Ei besitzt, während dasjenige von
cassini grésser, dickgesprenkelt und gefleckt ist.
So ergiebt sich innerhalb einer natiirlichen, vom La
Plata bis Venezuela reichenden, iiberall hävfigen
Art eine Summe vou Variationen, welche bald die
Grossenverhiltnisse, bald die Färbung des Vogels
betreffen, in einzelnen Fallen sich nur auf eines der
beiden Geschlechter beziehen und welche auch in
Bezug auf Ei und Nest eine ganz ausserordentlich
weite Variationsbreite erkernen lassen, die Gegen-
stand specieller Studien zu werden verdiente.
Zum Schlusse mége noch erwähnt sein. dass Hr.
Garbe auf derselben Reise, am Rio São Francisco,
bei Cidade da Barra in Bahia im November 1913
im Nest von Fluvecola albiventer Spix neben 4 weiss-
lichen Eiern ein solches fand, welches erheblich
grósser und lebhaft gefärbt war. Die Kier von Flu-
wcola variieren in Grésse von 17,0,: 15.5 bis 20:
19, sind schmutzigweiss und das kleinste von ihnen
hat am stumpfen Pole rotbraune runde Flecken. Das
grossere Ki misst 23,3: 16 mm, ist von verlingert
ovaler Form mit verhiltnismissig wenig verdicktem,
hinteren Pole, glänzend, von blassrôtlicher Farbung
mit zerstreutstehenden, kleinen, runden rotbraunen
Flecken, die sich uahe dem stumpfen Pole häufen
und zu einer Krone zusammendrängen.
Es wire méglich, dass wir h'erin das gesuchte
Ei des Dromococcyx phasinellus Spix vor uns haben.
Eine sorgfiltige Vergleichung des Eies mit unserer
reichhaltigen Sammlung von Icteriden-eiern hilt
mich von einer Zuteilung zu dieser Familie ab. Meist
ist das Ei dieser Vogel plumper; warme, rótliche
Tone sind selten ebenso ein Fleckenkranz am
stumpfen Pol, welcher dann meist aus gewundenen
schmalen Flecken besteht. In Grésse und Form
wiirde das Ei gut zu dem der Tapera passen ; rôtli-
cher Grund, braunrote -lecken, die am stumpfen
Pol einen Kranz bilden, kommen ófters bei Cuculi-
nen vor. Dass das Ei von Tapera weiss ist,
spricht nicht gegen unsere Auffassung, denn es ist,
stets im dichtgeschlossenen Nest von Synallaxis
untergebracht, dem Dunkel der Brutkammer in sei-
ner weissen Farbe angepasst.
Es gibf offenbar primär weisse Hier, wie die
der Hiihner und Taubenvogel, der Kolibris u. s. w.
und solche die erst sekundär durch Anpassung die
weisse Farbe annehmen. Wahrscheinlich waren ur-
spriinglich alle Vogeleier weiss ; successive ist es dann
zur Ausbildung von Farben gekoramen, aber nur in
einer beschränkten Anzahl von Ordnungen. Auch
in solchen Familien, deren Eier durchweg gefärbl
und gefleckt sind, kommt es sekundär durch An-
passung an besondere Verhiltnisse der Nester zur
Ausbildung rein weisser Hier. — Die Eer der in
Bahia lebenden Icteriden sind fast ausnahmslos alle
bekanüt Andererseits aber kommen rotliche ge-
fleckte Kier bei den Phoenicophainen und Goceyzi-
ner nicht vor und endlich hat Herr Garbe weder eine
Dromococcyx-art am Rio Sao Francisco erlegt noch
den Ruf des Miinnchens gehürt. So bleibt denn die-
ser Nestparasitismus bis auf Weiteres problematisch.
Allgemeine Systematik und Biologie
der Cuculiden
Fürbringer’s Ausspruch, dass die specielle Sys-
tematik der Cuculiden einer der unerguicklichsten
Punkte der Ornithologie sei, besteht noch heute zu
recht. Die verschiedensten Klassificationsversuche
divergieren in der sonderbarsten Weise. Es sind
successive eine grosse Anzahl von anatomischen
Charakteren für die systematische Einteilung der
Familie in Vorschlag gebracht worden; aber jedes
einzelne dieser Kennzeichen giebt für sich allein eine
mehr oder minder unbrauchbare Ubersicht der For-
men. Einen besonderen Grad der Beachtung ver-
d'enen die wichtigen Arkeiten von Frank Beddard,
in welchen er besonders den unteren Kehlkopf oder
Syrinx, die Beinmuskulatur und die Pterylose be-
nutzt hat, während er die Osteologie kaum fiir sys-
tematische Zwecke heranzieht. Im Gegensatz hierzu
haben ÆFürbringer, Shuseldt und Pycraft die Fa-
milie griindlich osteologisch bearbeitet und nament-
lich im Schulter-und Beckengiirtel wertvolle A nhalts-
punkte für eine Ausscheidung natürlicher Gruppen
gewonnen. Leider sind diese wertvollen Untersu-
chungen in der zoologischen Nystematik nicht be-
achtet worden und selbst B. Sharpe, welcher schon
1873 bei Untersuchung der afrikanischen Cuculiden
einen guten Anfang machte zur Abscheidung der
Cuculinen von den übrigen Unterfamilien, ist später
in der «Handlist» auf das wenig zufriedenstellende
Schema, welches Shelley im Katalog des British
Museum, angewendet hatte, zurückgekommen, so-
dass Hudynamis wieder mit Cuculus vereinigt,
Coccyzus von Praya und lelztere von Tapera und
Verwandten getren:it wird.
Es muss zuniichst unsere Aufgabe sein, die
natürlichen Gruppen innerbalb der Cuculiden ausfin-
dig za machen und zu ckarakterisieren. In erster
Linie haben wir dabei auf die osteologischen Cha-
raktere zurückzugreifen Das hintere Ende des Brust-
beines, das Xiphosternum, ist bei einer Anzahl von
Arten jederseits mit einem, hei anderen mit zwei
Einschnitten versehen, oder, um mit Fürbringer zu
reden, «biincis» oder «quadriincis». Waren diese
beiden Kategorien absolut getrennt, so wiirden sie
einen trefflichen Anhaltspunkt für die natürliche
Gruppierung der Gattungen bilden, es zeigt sich aber,
dass beide in der Weise miteinander verbundan sind,
dass der Processus intermedius, welcher bei letzterer
Gruppe die beiden Incisuren trennt, bei manchen
Gattungen unvollkommen entwickelt, respective in
der Riickbildung begriffen ist. Eine dahin gehürende
Abbildung hat Madarasz von Cacomantis castanei-
ventris gegeben.
Nehmen wir an, dass die hervorgehobene Riick-
bildung des processus intermedius noch einen
Schritt weitergehe, so ist aus den 2 benachbarten
Incisuren eine einzige, grosse geworden und eine
sorgfältige Untersuchung der Gattung Cacomantis
wird offenbar weitere Anhaltspunkte fiir diese An-
rahme bieten. Zu den von Fürbringer hervorgeho-
benen Merkmalen hat Pycraft noch ein weiteres
hinzugefiigt, auf welches ich nach meinen Erfah-
rungen besonderen Weri legen muss; die Ausbil-
dung oder Riickbildung des processus pectinealis
des Beckens, welcher bei Phénicophainen, Goceyzi-
nen und Centropinen stark entwickelt, bei den übri-
gen Gruppen aber verkiimmert, respective nicht vor-
handen ist. Fürbringer hat sich (1. c. p. 1324) da-
hin ausgesprochen, dass die Phünicophainen mit
ihrem Xiphosternum quadriincisum den Ancestra-
len am Nichsten stünden, Beddard seinerseits er-
klärt, dass sie mit Rücksicht auf ihre komplete Mus-
kelformel und den tracheobronchialen Syrinx als
die primitivsten Formen der Kuckuke anzusehen
seien. Wir haben demnach mit Beddard die Gat-
tungen, bei denen die Muskelformel unvollstindig
ist, durch Riickbildung des accessorischen Femoro-
caudalmuskels und diejenigen, bei welchen ein bron-'
chialer Syrinx ausgebildet ist, als die meist modi-
fizierten Glieder der Familie anzusehen. Mit diesen
Erfahrungen der genannten KForscher steht die Tat-
sache in Einklang, dass sich die den Cuculiden be-
kanntlich rächst verwandte Familie der Musopha-
siden in Bezug auf Brustbein, Becken und Musku-
latur ganz so verbilt wie die Gattung Phonicophaes
und verwandte Gattungen.
Beddard unterscheidet in bezug auf Pterylose
2 Gruppen, je nachdem die Ventralziige einfach sind
(Cuculus, Praya, etc.) oder doppelt (Phoenicophaes,
Crotophaga, etc.). Von noch hôherem Wert scheint
mir das Verhalten dieser Ventralziige an Brust
und Hals zu sein, insofern dieselben bis zur Kehle bei
den Coccyzinen getrennt bleiben, bei allen anderen
Gruppen am Unterhals mit einander verschmelzen.
Die Coccyzinen scheinen hierin ein characteristisches
Kennzeichen der archaischen Kuckuksvügel beizu-
behalten, welches weiterhin nur bei den Musopha-
giden sich gleichfalls unverändert erhielt.
Ziehen wir alle die eben besprochenen Momente
in Betracht, so wie jene, welche die äusseren Cha-
ractere dieser Vügel uns liefern, so gelangen wir
zur Scheidung der folgenden Gruppen der Cuculiden:
System der Cuculidae
1. Unterfamilie : i? hoenicophainae
Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig, vorn
nicht befiedert, ambulatorial. Flügel miissig lang,
gerundet, concav. Schwanz zehnfederig, Schwanz-
decken kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals
mit jenem der anderen Seite verschmelzend, Kehle
eleichmissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit
jederseits zwei Einschnitten. Pectinealstachel kraftig.
Musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy-
rinx tracheobronchial (Phoenicophaes) oder bron.
chial (Geococcyx).
2. Unterfamiliez: Coceyzinae
Ziigel schwach befiedert, Augenfeld nackt. Tarsus
kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flügel
miissig, lang gerundet, konkav. Schwanz zehnfedrig,
Schwanzdecke sehr lang, mehr oder minder, bis zur
Halfte der Schwanzfedern reichend. Ventraltract ein-
fach, am Unterhals nicht mit dem der anderen Seite
versch solzen. Kehle zwe:zeilig befiedert, da die Ven-
traltracts sich bis zu ibr gesondert erhalten. Sternum
am Hinterrand mit jederseits zwei Einschnitten. Pec-
tinealstachel kriftig; musculus femorocaudalis ac-
cessorius fehlend. Syrinx tracheobronchial.
5. Unterfamilie: Centropinae
Ziigel und Augenfeld dicht befiedert. Tarsus
kräftig, vorn nicht befiedert. Iligel kurz, gerundet,
— 404 —
konkav. Schwanz zehnfedrig, Schwanzdecke kurz.
Ventraltract doppelt, am Unterhals mit dem der an-
deren Seite vereinigt. Kehle gleich missig befiedert;
Sternuin am Hinterrand mit jederseits einem Ein-
schnitt; Pectinealstachel kräftig, musculus femoro-
caudalis accessorius gut entwickelt. Syrinx bronchial.
4. Unterfamiiie: Crotophaginae
Zügel und Augenfeld nackt. Tarsus kräftig,
vorn nicht befiedert, ambulatorial. Flügel mässig
gerundet, konkav. Schwanz achtfedrig, Schwanz-
decke kurz. Ventraltract doppelt, am Unterhals mit
dem der anderen Seite verschmolzen. Kehle gleich-
miissig befiedert. Sternum am Hinterrand mit je-
derseits einem Einschnitt. Pectinealstachel tehlend,
musculus femorocaudalis accessorius vorhanden. Sy-
rinx bronchial.
5. Unterfamilie: Seythropinae
Ziigel und Augenfeld nackt oler befiedert. Tar-
sus kräftig, vorne nicht befiedert, ambulatorial. Flü-
gel mässig lang, gerundet, konkav. Schwanz zehn-
fedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract doppelt, am
~ Unterhals mit dem der anderen Seite verschmolzen.
Kehle gleichmissig befiedert. Sternum am Hinter-
rande mit jedarseits einem Einschnitte. Pectineal-
stachel fehlend, musculus femorocaudalis accessorius
vorhanden. Syrinx tracheobronchial.
6. Unterfamilie: Cuculinae
Ziigel und Augenfeld befiedert. Tarsus schwach
vorne befiedert, vom Schenkelgefieder üb rdeckt,
insessorial. Fliigel lang, schmal, flach. Schwanz
zehnfedrig, Schwanzdecke kurz. Ventraltract ein-
fach, am Unterhals mit dem der anderen Seite ver-
schmolzen. Kehle gleichmässig befiedert. Sternum
jederseits hinten mit einem Einschnitt. Pectineal-
stachel fehlend, Musculus femorocaudalis accessorius
fehlend. Syrinx tracheobronchial.
one
Die im Vorausgenhenden characterisierten 6
Unterfamilien werden im Ganzen wohl als natiirli-
che anerkannt werden miissen, und namentlich für
praktische Zwecke dienen, wobei jedoch zu beachten
ist, dass fiir die endgiiltige Abgrenzung der Cucu-
linen und Scythropinen zur Zeit noch die unentbehrli-
che Grundlage fehlt. Vom Standpunkt der hdheren,
auch genealogische Gesichtspunkte — beriicksichti-
genden Systematik kann die vorliegende Gruppier-
ung nicht geniigen. Offenbar sind die Crotopha-
ginen nur eine amerikanische Unterabteilung der
Centropinen, welche sekundär durch Verlust des
Pectinealprocesses und des äusseren Paares der
Schwanzfedern Modifikationen erlitten haben. Mei-
ner Ueberzeugung nach ist Shufeldt durchaas im
Recht, wenn er die Crotophaginen mit den Centro-
pinen vereinigt. Ein ähnliches Verhältniss ergibt sich
fiir die Coccyzinen, die durchaus nichts anders sind
als eine amerikanische, durch Riickbildung des ac-
cessorischen musculus femorocaudalis und die kom-
plete Trennung der Ventraltrakte modificierte ame-
rikanische Sektion der Phônicophainen. Daher finden
wir denn auch Piaya und Saurothera bei Shelley
und Sharpe direkt mit den Phénicophainen verein-
igt. Unmittelbar mit letzteren zusammengehorig
sind die als Neomorphinen zusammengefassten Gat-
tungen des tropischen Südasiens und Siidamerikas,
welcke nur in ihrem bronchialen Syrinx eine etwas
hóhere Entwicklungsstufe erreicht haben. Derartige
Processe der Weiterbildung und Riickbildung be-
gegnen uns eben innerhalb der Familie tiberall und
diirfen daher nicht einseitig überchätzt werden. So
sehen wir die Cuculinen durch Riickbildung des
accessorischen femorocaudalen Muskels den Coccy-
zinen, durch Verlust des Pectinealprocesses den Cro-
tophaginen sich anschliessen. Und ähnlich steht es
mit der Ausbildung des bronchialen Syrinx.
In der Hauptsache fiihren uns somit diese Un-
tersuchungen zu dem Ergebnisse der Existenz zweier
divergierenden Entwicklungsreihen innerhalb der
Cuculiden, deren eine durch die Phünicophainen
— 406 —
nebst den von ihnen abgezweigten Coccyzinen ge-
bildet wird, wëährend die andere die Centropinen
umfasst mit den drei eben genannten, von jhnen
abstammenden Unterfamilien.
Werfen wir nun einen Blick auf die biologischen
Verhiltnisse der Familie, so müssen uns die Cu-
culiden im Allgsmeinen durch ihre Insektennahr-
ung als besonders niitzliche Végel erscheinen, wel-
che unter Raupen, Käfern und Heuschrecken mäch-
tig aufräumen. Die meisten Gattungen sind auf
ein miissig grosses Wohngebiet beschränkt und
nur der gemeine Kuckuk, Cuculus canorus, ist ein
ausgezeichneter Wandervogel, der seine winterlichen
Excursionen nach Afrika und Australien ausdebnt.
Daneben gibt es aber auch schlechte Flieger wie
z. B. die Gattung Coua, deren Brustbeinkamm sehr
wenig entwickelt ist. Andere Gattungen wie Neo-
morphus etc. zeichnen sich durch verhältnismässig
kleine Fliigel aus.
Am Meisten haben von jeber die Kuckuksvü-
gel die allgemeine Aufmerksamkeit auf sich gelenkt
durch ihre parasitischen Nistgewobrheiten. Während
zahlreiche Gattungen, besonders der Phônicophai-
nen und Centropinen ‘n gewohnlicher Art ihre Nes-
ter bauen und einfach weisse Fier legen, finden wir
bei anderen, besonders bei den südamerikanischen
Crotophaginen das gesellige Leben hochentwickelt,
welches sich bald in dicht nebeneinander stehenden
Nestern, bald in gemeinsamer Eiablage und Bebrii-
tung in Gruppennestern betätigt.
In Gegensatz dazu gibt es eine Reihe von
Gattungen, welche kein eigenes Nest bauen, son-
dern ihr Ei in die Nester anderer Vogel ablegen
und diesen somit auch die Aufzucht ihrer Jungen
aufbiirden. Hierhin gehôüren die Cuculinen und die
Scytropinen, sowie von den Coccyzinen die Gatt-
ungen Tapera und Dromococcyx. Auch die Gattung-
en, welche in der Regel ein eigenes Nest anlegen
wie das fiir Coccyzus g'lt, bringen gelegentlich Kier
in andere Nester unter. Bei Coccyzus kommt es
vor, dass schon Junge ausgeschliipft sind, wenn
aass letzte Ei abgelegt wird und eben diese langsa-
me Reifung der Hier ist die Ursache fiir den eigen-
artigen Nestparasitismus. Mit ihm stehen andere
biologische Kigentümlichkeiten im Zusammenhang.
Zuniichst sind bei allen Kuckuken, welche dieselbe
Gewohnheit angenommen haben, die Kier relativ
klein. Ferner macht sich bei ihnen zur Fortpflanz-
ungszeit das Männchen durch seinen, unziblige
Male wiederholten, lauten, mehrtonigen Ruf sehr
bemerkbar. Der Ruf des europäischen und des diesbe-
züglichen brasilianischen Kuckuks Sacy entspricht
den Tônen des untenstehenden Klichés.
Wahrscheinlich wird man für diejenigen Gatt-
ungen und Arten, deren Nistweise noch nicht bekannt
ist, aus dem Verhalten des Männchens während der
Fortpflanzang das obwaltende Verhältniss erschliessen
kônnen.
Das Minnchen, und zwar hier in Brasilien so-
wohl wie in Europa, hilt sich zur Fortpflanzungs
zeit in einem bestimmten Rayon auf und sein so oft
wiederholter Ruf dient zur Anlockung der Weib-
chen, die sich ihrerseits an keinen bestimmten Dis-
trikt binden.
Die Hier aller Klettervügel sind weiss, aber bei
den den Cuculiden so nahe stehenden Musophagiden
kommen daneben auch solche von blassbliiulicher
Farbe vor. Ebenso finden wir es auch bei den Cu-
culiden, wo z. B. innerhalb der Coccyzinen mit
durchgehends weissen Eiern hellblaue in der Gattung
Coccyzus vorkommen. Auch bei den Crotophaginen
herrscht die blaue Farbe vor, wenn auch zum Teil
durch weisse Kalkablagerungen wieder verdeckt.
Bei den archaischen Gruppen der Phünicophainen
und Centropinen sind die Kier weiss, aber bei den
hochmodifizierten Scythropinen und Cuculinen wer-
— 408 —
den vorwiegend farbige, häufig gefleckte Hier ange-
troffen. Vermutlich steht die Ausbildung der Färb-
ung und Zeichnung der Eier bei den Gruppen mit
Nestparasitismus in ursächlichem Zusammmenhang
mit dieser Lebensgewohnheit.
Auf Grund der im vorausgehenden gewonne-
nen Anschauungen iiber die systematische Unterab-
teilung der Familie kônnen wir es nunmehr unter-
nehmen, die geographische Verbreitung derselben
zu ervrtern. Zwei der genannten Unterfamilien,
diejenigen der Crotophaginen und Coccyzinen sind
auf Amerika beschränkt und zwar gehoren sie dem
neotropischen Gebiet an, von welchem aus nach der
Herstellung der Verbindung beider Amerika einige
Gattungen sich iiber Central-Amerika, Westindien
und einen Teil von Nordamerika verbreitet haben.
Keine dieser Unterfamilien kann als eine Amerika
urspriinglich eigentiimliche in Anspruch g-nommen
werden, beide sind vielmehr als Modifikationen der
im tropischen Asien vorherrschenden anzusehen. Die
Unterfamilie der Neomorphinen, wie sie bei Shelley
abgegrenzt ist. kann nicht beibehalten werden, da
sie von der Modifikation des Syrinx abgesehen, ganz
und gar mt den Phônicophainen zusammenfallt. So
-erkiirt sich auf ungezwungene Weise die Nahe der
Verwandtschaft der südamerikanischen Gattungen
Geococcyx und Neomorphus mit Carpococeyx von
Borneo.
Zu ganz ähnlichen Ergebnissen fiihrt uns eine
Untersuchung der Cuculiden von Afrika. Die im
tropischen Asien so weit verbreitete Gattung Cen-
tropus ist auch in Afrika und Madagascar gut ver-
treten. Dagegen besitzt die Gattung Cuculus in
Afrika eine Reihe endemischer Arten, aber keine
in Madagaskar. Diese letztere, Madagaskar aus-
schliessende Verbreitung passt gut in den Rahmen
der Verbreitung jener zahlreichen asiatischen Säu-
getiere, welche im Pliocaen ihren Einzug in Afrika
hielten, ohne aber nach Madagaskar gekommen zu
sein. Wihrend des Miocäns stand der asiatischen
Fauna sowohl nach Madagaskar wie nach Afrika
eine Zugstrasse offen und so wird es sich erkliren,
dass die Gattung Pachycoccyx sowohl im Innern von
Afrika wie in Madagaskar vorkommt und vermutlich
steht das Verhiiltnis ebenso in Bezug auf Centropus.
Die Phénicophainen haben in Afrika als Vertreter die
Gattung Ceuthmochares, in Madagaskar Coua. Auch
in Afrika lassen sich somit keiné eigenartiger Ele-
mente der Cuculiden nachweisen und haben wir
somit diese Familie als eine solche des europäisch-
asiastischer Faunengebietes anzusehen, welche zur
Miocänzeit Kolonisten nach Afrika, Madagaskar und
Südamerika sandte, die sich in den neuen Wohn-
gebieten zu besonderen Gattungen oder Unterfami-
len weiterentwickelten.
In Bezug auf Siidamerika sei hier daran erin-
nert, dass nach den Ergebnissen meiner zoogeogra-
phischen Studien Südamerika zweimal nordische Ty.
pen empfangen hat durch ráumlich und zeitlich ver-
schiedene Wanderungen. Die erste derselben, die
miocäne, brachte Biren, Procyoniden, Didelphiden
u. s. w. nach Südamerika, Tiergruppen, welche nach
Nordamerika erst pleistocän von Südamerika aus
eingewandert sind. Die zweite der erwiihnten
Wenderungen fällt in den Beginn des Pleisto-
äns ; sie brachte nach Südamerika Mastodon, Kat-
zen, Schweine, Hunde, Pferde u. s. w. sowie den
Menschen. Es scheint nicht, dass durch diese
zweite Wanderung Cuculiden nach Siidamerika
gelangten, wohl aber drangen umgekehrt siidameri-:
kanische Crotophaginen und Coccyzinen nach Nord-
amerika vor. Das Wenige, was wir bis jetzt úber
die Paläontologie der Vigel wissen, scheint hiermit
in Einklang zu stehen. Die Gattung Dynamopterus,
welche Milne Eduards aus dem Eocän von Frank-
reich beschrieben hat, schliesst sich am ehesten
den Phénicophainen an. Auch die Musophagiden
fehlen nicht im iilteren und mittleren Tertiär von
Europa. Es ist daher sehr wahrscheinlich, dass die
hier vorgetragene Schilderung von der Enwicklung
der Cuculiden durch weitere paläontologische Beo-
bachtungen gefestigt werden wird.
Litteratur.
1) Beddard, F. E. — On the structural cha-
racters and classification of the Cuckoos. Proc. Zool.
Soc. London, 1885, pag. 168-187.
2) Beddard, F. C.— The structure and the
classification of birds. London 1898.
3) Æürbringer, M. — Untersuchungen zur
Morphologie und Systematik der Vogel. 2 Bde,
Amsterdam, 1888.
4) Madarasz, Gyula. — Ornithologische Sam-
melergebnisse T. Biros im Neu-Guinea. Termeszet.
Füzetek vol. XXII. Buda-Pest. 1899. p. 379-428,
(p. 411 Cacomantis cast.)
o) Pycraft, W. P.— Contribuiton to the
osteology of birds. Part VI: Guculiformes. Proc.
Zoolog. Soc. London, 1903, vol. I, p. 208-291,
E RN
6) Shufeldt, R. W. — The skeleton in Geo-
coccyx. Journal of Anat. and Physiology. vol. XX,
London, 1886, p. 244-266. PI. VILIX.
7) Shufeldt, R. W. — The osteology of the
Cuckoos. Proc. Amer. Phil. Soc. vol. XL, 190.0.
Oligs Pl. E
Novas contnbuigtes para a cenbholegia do Brau
POR
HERMANN VON IHERING
(Com as estampas IV, VIII e IX)
A) — As collecções ornithologicas do
Museu Paulista
O Estado de São Paulo é, com relação à sua
avifauna o mais bem estudado de todo o Brazil. Os
nossos conhecimentos não se limitam apenas ao
registro de mais ou menos todas as especies oc-
correntes no territorio do Estado ; tambem com re-
lação é biologia e à distribuição geographica tem
sido trabalhado muito, com satisfactorio resultado.
E” verdade, que já em tempos idos, Spix, Lichten-
stein, Burmeister e outros especialistas forneceram
boas contribuições para o conhecimento da nossa
fauna ornithologica; mas, de facto, a primeira ex-
ploração systematica do territorio paulista foi rea-
lizada pelo eximio naturalista Johann Natlerer, que
percorreu o Estado nos annos de 1818 a 1223, re-
colhendo aqui nada menos de 47% especies de aves.
Os leitores de nossa Revista encontram informações
detalhadas sobre a actividade de Natterer no vol.
V, p. 13 e seg. Desde então nenhum outro viajante,
naturalista ou colleccionador, conseguiu resultados se-
melhantes: mas o naturalista-viajante do nosso Mu-
seu Sr. Ernesto Garbe, cuja fé de officio em nosso
instituto assignala uma fecunda actividade, tem fun-
dadas razões para algum dia poder igualar-se ao seu
illustre e celebre predecessor. As suas viagens abran-
geram não só as mais variadas zonas do nosso Es-
tado e das regiões limitrophes, mas estenderam-se
tambem, em excursões demoradas, ao Amazonas e
ahi especialmente ao seu afiluente o rio Juruá, e
alem disto ao Estades da Bahia, do Espirito Santo
e Minas Geraes. As duas ultimas viagens que em-
prehendeu tiveram por objecto a exploração biolo-
gica do Rio São Francisco e os resultados ornitho-
logicos dessas excursões, ao menos na parte que
encerra novidades scientificas, constituirão boa parte
do assumpto aqui desenvolvido.
Quando em 1893 me foi confiada a direcção do:
Museu Paulista, vim encontrar colleeções de aves
armazenadas por um amador, e desde logo iniciei
a respectiva classificação no que, seja dito de pas-
sagem, me auxiliou grandemente o estudo ao qual
ha muitos annos me havia dado, da avifauna do
Rio Grande do Sul. Infelizmente o então prepa-
rador do Museu, sr. G. Künigswald julgou oppor-
tuno publicar o catalogo da nossa colecção do Mu-
seu, organizado por minha ordem, dando-lhe o ti-
tulo de «Ornis von São Paulo». Esse catalogo pro-
visorio, de forma alguma isento de erros, enume-
rava o material contido na colleeção do Museu e, en-
cerrando um grande numero de aves do Brazil septer-
trional, não representava absolutamente uma lista das.
“aves de São Paulo. Em tempos já protestei contra
semelhante abuso e lastimo que então a redacção do
«Journal fiir Ornithologie» tivesse tão poucos conheci-
mentos da fauna brazileira que considerasse tal escripto
como sufficientemente amadurecido para poder en-
trar para o prélo. Tomando tudo isto em conside-
ração, não nos resta sinão deixar inteiramente de
lado aquelle primeiro escripto referente à nossa col-
lecção, de todo imprestavel. Só depois de remo-
delado quatro vezes esse catalogo, que publiquei de
collaboração com o meu filho Rodolpho, poude dar
uma idéa da nossa colleeção, encerrando ao mesmo
tempo uma boa resenha da distribuição de cada uma
das especies encontradas no Brazil.
Quem quizer dar se ao trabalho de revêr a li-
teratura ornithologica destes ultimos 5 ou 19 annos,
poderá verificar que o Museu Paulista figura sempre
citado ao lado das grandes collecções particulares dos
senhores von Rothschild e Conde v. Berlepsch, cujas
collecçôes são enormemente ricas em especie bra-
zileiras, e ao lado dos museus de Londres, Miinchen,
Vienna, Paris, ete.
Em todo o caso não é grande o numero da-
quelles museus que se avantajem ao nosso em re-
lação à avifauna brazileira. De 1801 especies e sub-
species da fauna do nosso paiz (1550 especies, 251
subspecies) já se acham representadas 1258 em nossa
collecçäo e, com relação a ninhos e ovos de aves
brazileiras, as nossas collecções serão talvez as mais
ricas. O acondicionamento e a conservação podem
ser considerados perfeitos. Os couros de aves abran-
gem dez armarios duplos, de 34 ou 36 gavetas
cada um, e as tampas destas gavetas, providas de
encaixe com macho e femea, fecham por assim dizer
hermeticamente. Tal dispositivo e ainda a constante
fiscalização e um bom envenenamento dos especimens,
preservam a nossa collecçäo contra qualquer damno
que se pcderia temer da parte das traças, besouros
e outros bichinhos nocivos. A unica difficuldade
com que luctamos, devido ao clima e à humidade
do ar, é o bolôr; comtudo tambem neste sentido a
continua vigilancia e algumas pinceladas de ether
sobre as partes do couro atacadas de bolor tem
dado resultados bastante satisfactorios. Em cada uma
das gavetas mantemos uma caixinha com um pouco
de camphora e naphtalina e um pequeno recipiente
do vidro com essencia de mirbana; preferimos esta
ultima drega (nitrobenzina) ao creosoto, porque a
sua acção contra o bolor é igualmente boa, tendo a
vantagem de não prejudicar as cores dos especimens.
Em todo o caso é certo que para o manejo das ga-
vetas uma droga liquida tem os seus inconvenientes,
e seria muito mais vantajoso poder substituil-a por
qualquer preparado solido, volatil. que nos valesse
efficazmente nessa lucta contra o bolôr.
A collecçäo de aves do Museu comprehende
duas secções distinctas. No andar superior do edi-
ficio, franqueado ao publico, figura a collecçäo de
especimens empalhados; com relação a ella esfor-
çamo-nos por substituir as peças deficientes por espe-
cimens artisticamente preparados e aos quaes pro-
curamos dar um agrupamento o quanto possivel na-
tural. Essa transformação que não póde deixar de
ser lenta, é natural que o publico não a perceba ;
comtudo em todas as secções ella progride e tende
a um aperfeiçoamento de todas as collecgdes. A
outra secção, inteiramente a parte, formando a col-
lecção de estudos, acha-se em uma das salas do andar
terreo e alem dos já mencionados armarios em nu-
mero de dez, comprehende mais 28 caixas grandes,
igualmente bem fechadas, que contêm os couros das
grandes aves. Accrescem ainda a collecçäo de ni-
nhos e mais 4 armarios com ovos. Todo o ma-
terial está bem estudado e augmenta-lhe o valor
scientifico o facto de terem passado pelas mãos dos
melhores especialistas todos aquelies especimens cuja
identificação mais dificil poderia ser objecto de du-
vida ; não queremos deixar de lembrar os nomes dos
srs. conde Hans von Berlepsch e E. C. Hellmayr,
que nos prestaram relevantes serviços neste sentido.
Por intermedio deste ultimo collega foram-nos compa-
_rados os nossos pequenos Tyrannidas, de classifica-
ção tão difficil, com os typos guardadcs nas colle-
cções de Vienna, provenientes das caçadas de Nat-
terer.
Naturalmente, no correr desses estudos tam-
bem foram por nós encontradas algumas especies
novas para a sciencia. Passarei a mencional-as na
lista seguinte, e duas das mesmas, Guracava dif-
ficuis lh. & Ih. e Phylloscartes paulista lh. &
th. figuram na estampa colorida (Est. JV) que acom-
panha este trabalho, limitando-me de resto a citar
a respectiva descripção no Catalogo das Aves, pag.
271-72. Os typos contidos na nossa colleeção de
aves são os seguintes :
Gisella theringi B. Sharpe
Monasa nigrifrons ilapurana Ih. & lh.
Galbacyrhynchus leucotis innotatus 1h.
Piaya cayana guarania Ih.
Thamnophilus juruanus Ih.
Myrmotherula pyrrhonota amazonica Ih.
Myrmotherula brevicauda juruana Ih.
Myrmotherula garbe: 1h.
Picumnus caipira Ih.
Picuinnus sagittatus sharper h.
Dendrornis juruana Ih.
Dendrocoluptes juruanus Ih.
Dendrocolaptes plagosus tardus Ih. & Ih.
Guracava dafjicilis Ih. & th.
Phyllescartes paulista lh. & Ih.
Thryothorus genibarois jurwanus Ih.
Emberizoides herbicola ypirangana Jh. & Ih.
Einberizoides herbicola itararea lh. & Ih.
Xanthornus cayanensis valenciobuenor Ih.
O fim principal dos nossos trabalhos não foi o
de descobrir especies novas, mas muito antes apro-
fundar os conhecimentos da nossa avifauna, procu-
rando esclarecer principalmente as condições biolo-
gicas das nossas aves, as suas migrações e a sua
distribuição. Varias contribuições n'este sentido en-
contram-se nos volumes precedentes desta revista e
aqui mesmo, em continuação a estas linhas, prose-
gulmos na mesma taréfa.
Uma das maiores difficuldades, tanto com re-
lação às aves como em qualquer outro trabalho de
systematica, depara-se nas complicações da nomen-
clatura e na interminavel synonymia. Nao seriam
tamanhos os aborecimentos si as regras internacio-
naes de nomenclatura fossem effectivamente obser-
vadas. Um dos primeiros desses axiomas é o em-
prego de nomes latinos, respectivamente o de nomes
de origem não latina, em fórma latinizada, Mas a
despeito disto vemos ainda hoje empregados nomes
como «colibri», «Suiri-i», «Hoazin» e outros. Por
nossa parte deixamos de acceital-os, 20 menos em-
quanto não fôr votada nova regra, peia qual os nomes
genericos terminados em «i» devam ser mudados em
«1S».
— 416 —
O respectivo conselho da regra de nomenclatura
internacional devia ser tomado por regra geral,
forma em que, quasi correntemente os autores norte-
americanos a observam e applicam.
Um outro artigo das regras de nomenclatura
estabelece que sejam aproveitados para a classificação
sómente aquelles escriptos de auctores que se utili-
zaram da nomenclatura binaria de Linné, mas não
obstante, muitos collegas norte-americanos conservam
os nomes de Brisson.
Outros auctores permittem a existencia de «Sper-
mophilus» e «Spermophila», «Pipile» e «Pipilo» etc.,
procedimento este que por si mesmo se condemna,
pois que por esta fórma se torna impossivel distin-
guir os nomes de familias e subfamilias que se eri-
girem para os grupos que tenham: taes nomes ge-
nericos por typo. Os respectivos . conselhos dados
neste sentido pelas regras internacionaes de nomen-
clatura merecem, pois, ser transformados em pres-
cripções, relevando mesmo notar, que muitos au-
ctores norte-americanos já adoptaram tal forma.
A estricta observação das normas da prioridade, não
só com relação à data da publicação das diversas
obras como tambem no que diz respeito às especies
descriptas ra mesma publicação, evita muita confusão.
De todo inadmissiveis são as correções grammaticaes
nos nomes genericos e especificos. Tal qual como
o auctor escreveu os nomes do genero ou da especie,
assim os devemos conservar na nomenclatura, sem
nos importarmos da sua forma grammatical, acertada
ou falsa, ou si elles nos parecem adequados ou so-
nóros. Nem o proprio auctor tem o direito de mo-
difical-os posteriormente, uma vez qre tenham sido
publicados. Entretanto claro está que 20 ser transferido
de um genero para outro, o adjectivo deve tomar
o genero do novo nome generico. Só em um caso
especial, em se tratando evidentemente de erros ty-
pographicos, são admissiveis as pequenas modificações
que se tornam necessarias; quando por exemplo
uma especie brazileira, dedicada ao viajante Langs-
dorff, for estampada como langsdoffi claro é que
podemos corrigil-a em langsdorffi. Da mesma forma
não se pode criticar a modificação do nome Thrio-
thorus em Thryothorus feita por Vieillot, porque o
proprio auctor corrigiu o erro typographico no
proprio volume da publicação. As melhores consi-
derações escriptas nestes ultimos tempos sobre as
questões mais discutidas da nomenclatura. são ao
meu vêr as de Gregory Matthews, nas Novitates
Zoologicae do Museu de ‘Tring, vol. XVII, 1910,
p. 492 sgs., em que entre outras defende as seguintes
proposições :
«auctores não binominaes não devem ser reco-
nhecidos» ;
«nomina nuda devem ser rejeitados».
«a lei da prioridade deve ser cumprida à risca».
Comparando bem esta orientação com a que
adoptamos em nossos escriptos na Revista e no
nosso Catalogo de Aves do Brazil, vê-se que es-
tamos de pleno accôrdo e fazemos votos para que
por este mesmo methodo se chegue à tão desejavel
ordem em questão da nomenclatura ornithologica.
Os esforços empregados neste sentido e que encerram
não pouco trabalho do mais serio, deverão servir
de base para as proximas elucidações complemen-
tares. Em todo caso é por esta fórma, combinando
OS principios a seguir, que devemos procurar a so-
lução capaz de a todos satisfazer, e não por meio
de votações ou ainda pela enumeração dos nomes
«validos», em listas computadas mais cu menos
apressadamente.
As nossas resenhas anteriores sobre as aves
occorrentes no Estado de S. Paulo fcram comple-
tadas em nosso Catalogo de 1967, a ponto de enu-
merar 697 especies paulistas. Actualmente a colle-
cção exposta ao publico consiste em 1000 especi-.
mens empalhados. emquanto que a collecção de estudo
encerra 60987 couros. Pode-se dizer que já se acham
representadas na colleeção do Museu 3/4 partes
das especies de aves brazileiras. O total de especies
de aves hoje reconhecidas como occorrentes no ter-
ritorio paulista, eleva-se a 689 especies e 6 sub-
— 418 —
species, ao todo, portanto, mais ou menos 700 for-
mas, e é certo que com a continuação dos estudos
esta c fra ainda deverá crescer Por outro lado vi-
me obrigado a eliminar da nossa lista os nomes de
certas especies que antigamente foram consideradas
como ocorrentes no Estado de S. Paulo, mas com
relação às quaes não foi possivel obter a compro-
vação indubitavel. Em todo caso, porem, esta cifra
de 700 especies é bastante elevada, tomando em
consideração o territorio relativamente restricto.
Abrangendo uma area quasi duas vezes maior, a
avifauna da Ailemanha conta apenas 490 especies,
subspecies e variedades; o total das especies de
aves dos Estados Unidos da - merica do Norte não
ultrapassa 768. Ja conhecemos sufficientemente bem
a distribuição das respectivas especies nas varias
zonas do nosso Estado e neste sentido não é muito
o que agora accrescentarei aos dados já publicados.
Em seus traços geraes temos de reconhecer z00-
eeographicamente, duas regiões distinctas no Estado
de S. Paulo, a saber, a costeira, que abrange tam-
bem as florestas das serras adjacentese a região do
sertão, occupada pela maior parte pelos campos e
cuja fauna se acha intimamente ligada à dus Es-
“tados adjacentes. Salientaremos, porém, que ao mes-
mo passo que a fauna da zona flcrestal costeira
continuamente empobrece tanto em numero de in-
dividuos como de especies, a zona do sertão é con-
stantemente enriquecida pela entrada de especies,
vindas do Oeste. E’ facto notavel e geral que a
fauna dos campos de Matto Grosso, de Goyaz e Minas
Geraes invade cada vez mais o Estado de S. Paulo.
Em certos casos o proprio povo prestou attenção ao
caso, como por exemplo o diz o proprio nome da
chamada «cobra nova», Drymobius bifossatus. Quando
Natterer viajou no Estado de São Paulo em principios
do seculo passado, em parte alguma elle encortrou
o «João de barro» (Furnarius badius Licht.), o qual
já agora tomou conta não só do valle do Parahyba
como tambem se encontra nos arredores das cidades
de S. Paulo e Campinas. Assim tambem é possivel
que muitas das 220 especies paulistas nao colligidas
por Natterer e que agora figuram nas collecções
do Museu Paulista, só tenham vindo para o Estado
de S. Paulo posteriormente a 1820.
Por toda parte, ao examinar a composição da
fauna do nosso Estado, deparamos com modificações
mais ou menos recentes. A falta de leis de caça
e protecção às aves, a extensão das zonas povoadas
a immensa devastação das mattas, a destruição da
fauna pelos trabalhadores das estradas de ferro,
tudo isto contribue para empobrecer e transformar
de modo deploravel a riqueza natural da fauna e
flora do nosso Estado. E” nosso desejo intenso poder
contribuir com este nosso appeilo para que os po-
deres competentes volvam a sua attenção a estes
problemas de conservação das nossas mattas e da
nossa fauna. como tambem já o dissemos no artigo
anterior referente à protecção das aves Nao se
trata aqui de lastimações sentimentaes, mas sim de
serios vicics economicos, problemas cujo estudo e
desenvolvimento pretendemos investigar. Até certo
ponto é dificil dizer quaes as modificações da flora
e da fauna que devemos attribuir à influencia do
homem no correr dos ultimos quatro seculos, visto
como não existem os necessarios dados sobre a nossa
historia natural nos tempos coloniaes. O unico do-
cumento do qual nos podemos servir neste sentido,
com relação ao seculo XVI, são as cartas tão apre-
ciaveis do venerando P.e José de Anchieta. São essas
epistolas que nos ensinam que naquelles tempos
existia o peixe-boi Trichechus manatus no litoral
do nosso Estado; que então, como ainda hoje, em
certos tempos appareceram ahi os pinguins, (Sphe-
niscus magelianicus Worst.) ; que os rubres guards
e papagaios de toda especie ahi eram communs.
Hoje o bello guard se acha de todo extincto nesta
zona e na Serra do Mar quando muito se encon-
tram pequenos bandos de periquitos, tendo desappa-
recido de todo os papagaios legitimos, as aráras,
tucanos e tantos outros elementos da fauna do li-
voral do Brazil meridional.
As nossas riquezas naturaes começam agora a
gozar daquella sympathia de que tanto precisam para
que sejam effectivamente conservadas, e, attingindo
ellas tambem circulos mais amplos, como já tive-
ram a sancção official pela instituição das festas das
aves e das arvores nas escolas, fazemos votos para
que estes sentimentos tão louvaveis se concretizem
em providencias judiciosas sem as quaes nunca pode-
remos alcançar os fins que nos propuzemos. Na Al
lemanha, na Hungria e nos Estados Unidos da Ame-
rica do Norte não ë mais preciso confiar tanto
na acção dos «birds days», porque os governos,
as municipalidades e a policia asseguram ahi aos
cantores plumados da floresta muito outra garan-
tia e protecção que não lhes podem proporcionar
as mais amplas sympathias e as mais bellas fes-
tas escolares.
B)— Novas observações sobreninhos
e ovos de aves do Brazil
Tendo-me dedicado com certa preferencia ao
“estudo biologico das nossas aves, já publiquei os re-
sultados de minhas observações nos volumes IV e V
desta Revista e num trabalho sobre Tyrannidas im-
presso em 1904 no periodico «Auk».
Hoje continüo nesta taréfa e à descripção dos
objectos novos da nossa collecção desejo accrescentar
algumas considerações de caracter geral. Até agora
não se fizeram estudos comparativos nem sobre os
ninhos nem sobre os ovcs das nossas aves. Os ob-
servadores limitam-se a reunir os dados e isto quasi
exclusivamente com relação aos ovos. O meu tra-
balho será outro, comparativo. Grande, e talvez
mesmo a maior parte dos ovos sulamericanos accu-
mulados em varios Museus e collecções particulares
é material comprado de commerciantes e cheio de
enganos. Não só que elles não se acham na altura
do estudo scientifico para fiscalisar os dados que
lhes foram transmittidos, mas tambem os proprios
fornecedores dos ovos causam enganos e muitas
vezes são victimas de mystificações por parte dos
caçadores, que lhes juntam um passaro qualquer ao
ninho que vendem. Foi assim que as nessas pri-
meiras publicações contem asserções menos verda-
deiras, que successivamente já foram corrigidas, e o
mesmo aconteceu ao sr. A. Nehrkorn e ao British
Museum. Frequentemente os negociantes vendem
ovos de aves que entretanto não vivem nas locali-
dades indicadas. (Comparando a verdadeira distri-
buição geographica, os enganos da synonymia e as
dimensões da ave e de seu ovo, é possivel descobrir
muitos erros. Se conhecemos o ovo de certa especie
e recebemos o de ontra congenere que é maior, o res-
pectivo ovo não pode ser menor. Em muitos generos
ou mesmc familias a confizuração do ovo e sua côr
é uniforme, caracteristica, e o conhecimento destes
factos nos pode guiar.
A base de toda a nossa classiêcação é o con-
juncto de caracteres morphologicos que o exame das
diversas especies nos fornece. Os dados biologicos
em geral não são de valor decisivo para o estudo
systematico, mas não obstante merecem a maior
attenção. A d:fficuldade não está na reunião das obser-
vações e seu julgamento criterioso, mas ella nasce
com a comparação e conseguinte penetração philo-
scphica do assumpto. Os diversos caracteres que nos
servem para o systema zoologico. muitas vezes não
se desenvolvem parallelamente ou mesmo são con-
tradictorios. O problema então está, para ficar com
nosso exemplo das aves, em decidir si a conformação
do bico, a descripçäo das remiges da aza, das rec-
trizes da cauda, dos escudos do tarso, da concre-
scencia dos dedos, etc. merecem mais attenção do
que outros caracteres. Ha numerosos caracteres
adaptivos, que reflectem a maneira de viver e que
se podem repetir dentro dos diversos grupos natu-
raes e outros que por hereditariedade são transmit-
tidos dos predecessores da familia de geração em ge-
ração. Sem conhecer a phvlogenese da familia não
podemos formar juizo certo sobre o valor systematico
dos diversos caracteres morphologicos, e estudos desta
ordem são poucos, e para maitos problemas as res-
pectivas investigações nem sequer ainda foram co-
meçadas.
Nestas circumstancias as informações que a bio-
logia nos fornece devem ser consideradas como ins-
tructivas, e às vezes são como verdadeiros fachos de
luz que iluminam o problema. No correr deste
estudo tere: occasião de illustrar esta affirmação.
Desde o anno de 1904 em que publiquei no
«Auk» o meu estudo sobre a biologia das Tyran-
nidas recebi varios ninhos novos e ovos que em
alguns pontos esclarecem a posição systematica dos
respectivos passaros. Refiro-me particularmente aos
generos Onychorhynchus e Myrobius. O ninho de
On. swainson: Pelz. que em seguida descrevo,
lembra o de Myiobius barbatus. Quem vê os ninhos
de Myrobius barbatus e naevius um ao lado do outro,
não pode duvidar que estas aves pertencem a ge-
neros distinctos. De facto as duas especies são dif-
ferentes de modo que os dous autores que trataram
da classificação das Tyrannidas no ultimo decennio,
R. Ridgway e H. o. Berlepsch insistem na neces-
“sidade de dissolver o genero, cuja especie typica é M.
barbatus. Ridgway acceitou o nome Myiophobus Rei-
chenb. para o agrupamento de M. naevius e espe-
cies alliadas. Segundo Ridgway (I. c. p. 353) o
ninho de Onychorhynchus mexicanus & «pensile,
enclosed within a mass of loose straggling material»
e o ovo branco-amarellado tem uma corda de man-
chas escuras. Na fauna de Brazil ha uma ave só que
com relação ao ninho e ovo é comparavel a Ony-
chorhynchus e esta é Myobius barbatus. O ninho
delle é uma bolsa incluida em baixo por outra, que na
parte inferior é aberta e os ovos são de côr pardo-
pallida, côr raras vezes representada nesta fomilia,
sendo os de Onychorhynchus ruivo-pardos. E” claro
que o desenvolvimento do bico e das pennas occi-
ptaes do Onychorhynchus representara uma modi-
ficação extrema e por este motivo os dados biolo-
gicos que venho de expôr são de valor para o co-
nhecimento das relações naturaes do genero.
A separação de Mizophobus e Myiobins recom-
menda-se assim tanto pela biologia como pelos ca-
racteres morphologicos. Outro pequeno grupo de
especies alliadas entre si 4 o de Myiozetets e Pr-
tangus cujos ninhos grandes e cobertos o caracte-
risam, como tambem os ovos que são do typo
dos das Elaineinas. Deixando estes dois generos
fora das T'yranninas, estas se compõem de aves
fortes com bico grosso, provido de compridas cerdas
na base, e todas ellas constroem ninhos simples ou
tigelas chatas e poem ovos densamente salpicados
cujas manchas mostram a tendencia de estender-se
no rumo axial do ovo. A's Tyranninas pertencem
os generos: Megarhynchus, Conopias, Myiodynas-
tes, Syristes, Hirundinea, Myiarchus, Empidono-
mus, Muscivora, Tyrannus.
Parece que as Platyrhynchinas, Serpophaginas,
Elaineinas e outras subfamilias de H. v. Berlepsch são
bem fundadas ou justificaveis. mas existem duvidas que
merecem ser examinadas quanto a Arundinicola, cujo
ninho coberto em forma de bolsa os approxima às Pla-
tyrhynchinas.
Outra familia para a quala biologia nos dá vali-
osas informações é a das Dendrocoloptidas e chamo
a attenção do leitor às informações dadas no respe-
ctivo capitulo.
Estou longe de dar valor demasiado aos dados
fornecidos pela biologia. Na discussão da familia dos
Icteridas o leitor ha de encontrar informações singu-
lares sobre os ovos do «vira bosta», Molothi us bona-
riensis que costuma pôr sens ovos nos ninhos de
outras aves. Na região do Rio da Prata e no Rio
Grande do Sul este passaro põe alem dos ovos salpi-
cados, outros que são puramente brancos. Provavel-
mente estes ultimos ovos são postos em ninhos fecha-
dos de Anuinbius etc; mas em todo caso a ave não
tem tal costume em S. Paulo e Rio de Janeiro. A
cor do ovo neste caso não tem importancia dentro da
mesma especie, mas em outros casos ella é constante
no genero ou para toda a familia.
A mesma especie de Molothrus é interessante
por outro caso de variabilidade, tendo no Brazil meri-
dional e na Argentina femeas bruno-escuras, ao passo
que as mesmas na Bahia (Molothrus bonariensis sert-
ceus) são pardo cinzento-claras. As femeas são diffe-
rentes e os machos são iguaes. Ligeiras differenças bio-
logicas observam-se tambem às vezes entre os repre-
sentantes da mesma especie brazileira, do Norte e d»
Sul. O ninho de Myrozetetes similis da Bahia é outro
do que em São Paulo e os ovos da Bahia são menores,
o que tambem se da com os de Zanagra sayaca.
A variabilidade das especies não se limita aos
caracteres externos da ave; ella se manifesta tam-
bem na organização interna e na sua Liologia. Por
este motivo é de desejar que o estudo biologico das
aves ganhe maior numero de amigos entre nós.
Sem o gue Huler e eu fizemos, é pouco o que resta
de dados exactos e o que não poderia ser este ramo
da sciencia se, em vez de dous, uma duzia de obser-
vadores conscienciosos, distribuidos sobre o vasto
territorio do paiz tivessem trabalhado ao mesmo
tempo!
E os que querem prestar reaes serviços à ex-
ploração scientifica do paiz devem saber que pouco,
bem pouco até agora está feito e que ama compen-
sação ideal das mais ricas espera os amigos da na-
tureza que a este assumpto quizerem dedicar o seu
tempo com paciencia, energia e perseverança. Das
aves da -matta virgem por exemplo, bem pouco é o
que sabemos.
Fam. IBIDAE
Harpiprion cayennensis (Gm.)
O sr. R. Krone descreveu o ovo no «Estado de
S. Paulo» de 10 de Abril de 1903, dizendo que en-
controu o ninho na Ribeira de Iguape em Outubro,
na altura de 5 m. sobre o chão entre os galhos de
—- 425 —
uma arvore de «pau d’alho» e que consistia n'um
simples amontoado de galhos seccos juntados sem
mais cuidado, assemelhando-se ao da garça Hero-
dias egretta (Gm.), O ovo, que mede 47: 39 mm,,
é de casca pouco lisa, com numerosos póros chatos
e de côr uniforme pardo-azeitonado.
Fam. TINAMIDAE
Crypturus adspersus vermiculatus
(Temm.)
O sr. Garbe trouxe de Itapura, S. Paulo, tres
ovos que medem 54:40 mm. e são de côr cinzento-
encarnada clara.
Fam. CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis furcifer (Vieill.)
De S. Lourenço, Rio Grande do Sul, recebi
tres posturas que mostram a variabilidade da côr, ora
branco-amarellada com mistura de cinzento, ora
amarellada com leve tom de côr de rosa. O desenho
consiste em numerosos pontos e linhas largas es-
curas. As medidas variam de 28,5 por 23,3 e 29,5
por 23 mm. Esta descripção combina com a de Oates
no Catalogo do Brit. Museum e com a de Nehrkorn
de «Macropsalis forcipata», da Argentina, especie
que não occorre naquelle paiz.
EHiwdropsalis torquata (Gm.)
Tenho presentes dois ovos de Joazeiro, Estado
da Bahia, colligidos por E. Garbe em Janeiro de
1913. O campo do ovo é pallido, amarello aver-
melhado, com manchas superficiaes, pardo-escuras e
outras profundas mais pallidas e com linhas curtas
e garatujas amarello-pardas. As medidas são 28
por 20 mm. Esta nossa descripção corresponde 4
de Nehrkorn.
— 426 —
Macropsalis creagra (bp.)
Sob o nome de Hwdropsalis psalurus Bp re-
cebi do sr. Schlüler um ovo, de Sta. Catharina, o qual
não combina com furcifer, especie que aliás não vive
em Sta. Catharina e que pelo desenho e tamanho
se distingue tambem de Æydropsalis torquata. As
dimensões, 31,5 por 2i mm., são mais consideraveis
e as manchinhas são mais numerosas e formam no
polo rombo uma larga corôa que occupa todo o
polo. Nao me coustando que de HH. torquata existisse
em Sta. Catharina uma subspecie muito maior, julgo
muito provavel que este seja o ovo de Macropsalis
creugra.
Stenopsis longirostris (Bp.)
Os ovos que o sr. E. Garbe obteve em Joa-
zeiro, Est. da Bahia. no mez de Janeiro de 1913
medem 25 por 18,7 e 24 por 18 mm. O campo é
de côr branco-amarellada, as grossas manchas e
largas linhas do desenho são de côr parda. Este
ovo é differente do typico de St. longirostris do
Chile e, não conhecendo actualmente a relação da
ave de Joazeiro com a especie acima indicada, li-
mito-me a dar a descripção do ovo.
RNannochordeiles pusillus (Gculd)
(Est. VIII, fig. 3)
A ave não é rara em Joaze:ro, onde o sr.
Garbe em Janeiro de 1915 achou 4 posturas de 1
e 2 ovos que jaziam entre os cascalhos que cobrem
o chão e cuja côr possuem. Os ovos são de forma
oval, de campo branco-amarello com numerosos
salpicos e manchinhas pardas superficiaes e pro-
fundas; só em um dos ovos este desenho forma
uma longa corda ruivo-parda perto do polo. As
dimensões são de 25 por 18 e 25 por 19 mm. e
portanto um pouco maiores do que as que Nehrhorn
indica e menores do que as da collecçäo do British
Museum.
Chordeiles acutipennis (Bodd.)
Os ovos que o sr. Garbe trouxe de Itapura me-
dem, 20,5 por LO 2.) por 20 e 30) por 20 mms,
variando tambem de côr. Acho notavel o facto de
variar o comprimento do ovo de 26,5 até 30 mm.
entre as posturas provenientes da mesma localidade.
Caprimulgus rufus (Bodd.)
(Est. VII, fig. 4)
Um ovo que temos da Argentina é brancacento,
lustroso e mede 32 por 23 mm. Os que recebi do
sr. Ænslen em S. Lourenço, Rio Grande do Sul são
de campo amarellado-pallido, um com mais, o outro
com menos manchas e medem 32,5 por 24 e 34
por 23 mm. As medidas indicadas por Nehrkorn
são por conseguinte muito diminutas.
Caprimulgus oceliatus (7:ch.)
Alem dos ovos descriptos no vol. V desta Re-
vista pag. 30, recebi outro do Salto Grande do Pa-
ranápanema, que mede 28 por 20,9 mm. Os ovos
salpica ‘os, de 20 por 17 mm., que Nehrkorn des-
creve como provenientes desta especie, pertencem
por conseguinte a outra ave; não conheço ovo tão
pequeno de Caprimulgidas brazileiras. As medidas
serão «27:20 mm» e será talvez o ovo de C. par-
vulus.
Caprimulgus parvulus (Goull)
(Est. VIII, fig. 5)
Dois ovos de Ypiranga, S. Paulo, medem 27,5
a 28 por 20 mm. e são de côr amarello-avermelhada,
pallida com salpicos, manchinhas e garatujas par-
das. Dois outros do Paraguay, do Puerto Bertoni,
que devo ao sr. Arnold W. Bertoni, medem 27,5
por 20 e são de côr clara, branco-amarella com as
manchinhas apagadas.
— 428 —
Nyctibius griseus (Gm.)
(Est. VIII, fig. 2)
Estou hoje na agradavel situação de poder com-
pletar as informações dadas anteriormente (1. c.
vol. IV p. 257) e de confirmar completamente as
observações de Goeldi. O sr. João Lima, prepara-
dor do Museu, caçou perto do Museu, na varzea, em
21 de Outubro de 1913, um sacho desta especie
que chocava um ovo, servindo-lhe de ninho a pe-
quena cóva na superficie de uma arvore secca, que-
brada, de 7 cm. de grossura. No ponto em que
quebrára o tronco da arvore morta, na altura de 2
m. havia uma pequena cova de 3,5 a 4,5 cm. de
diametro e de 5 cm. de profundiaade. Nesta cóva
sem segurança nem preparo algum jazia o ovo.
Este é de forma oval regular, um pouco mais grosso
no meio, de côr branco-cinzenta, com manchinhas
pequenas pardas e outras intensamente rouxas, que
num dos polos formam uma corôa pouco distincta.
As dimensões do ovo são 40,5 por 30 mm. Dos
dous ovos que até agora se conhecem, um esta no
British Museum e o outro no Museu Paulista.
Fam. CUCULIDAE
Tapera naevia (L.)
Já descrevemos o ovo desta especie à pg. 374
deste volume.
Fam. TROGONIDAE
Trogon viridis (L.)
Do sr. W. Æhrhardt recebemos da Colonia
Hansa, Sta. Catharina, o ninho occulto num cupim
que estava preso ao tronco de uma arvore. Os tres
ovos são brancos, pouco lustrosos com algumas
manchas amarellas desbotadas e medem 342 34,5:
20. mm.
Trogon surucura ( Vieill.)
O sr. Chr. Enslen em S. Lourenço, Rio Grande
do Sul escreveu-me que o ninho é construido dentro
da massa esponjosa de uma planta epiphyta. A ave
limita-se a excavar esta agglomeraçäo de raizes e seu
ninho está prompto. Os ovos colhidos neste ninho
de S. Lourenço medem 27,3: 23; 28: 23 e 27,9:
22,8 mm; os que o sr. Arnold W. Bertoni nos
mandou do Alto Paraná, são um pouco maiores,
medindo 29 a 30: 33 mm.
Fam. FORMICARIIDAE
Batara cinerea (Vieill.)
Sobre o ninho e ovo desta especie disse o sr.
R. Krone no «Estado de S. Paulo» de 10 de Abril
de 1903 que o ninho não é suspenso entre ramos
como o de Thamnophilus, mas construido sobre base
firme. «Este ninho é uma tigéla bastante larga, feita
sem cuidado, de talos, barba de pau e folhas nas
cipoadas quasi impenetraveis a 2 ou 3 m. sobre
o chão, bem escondido. A postura dos ovos é de
3, que são de forma regularmente oval, medin-
do 35-36,5 por 25-26 mm. O colorido destes ovos
é um branco-escuro e nota-se perto do polo rombo
uma corõa de manchas escuras bem como man-
chinhas mais escuras quasi rouxas.
Fam. DENDROCOLAPTIDAE
Em seu ccnjuncto esta familia se nos repre-
senta como bem delimitada, e, ainda a subdivisão
da mesma, segundo Selater, pode ser considerada
feliz. Como, não obstante, as opiniões dos autores
divergem com relação a varios pontos, ha toda con-
veniencia em consultar tambem os dados biologicos
que offerecem os diversos representantes da familia.
De accordo com o seu modo de vida, os gene-
ros das Dendrocalaptidas formam tres grandes gru-
pos: a) de vida terrestre, limitados em seu «habi-
tat» aos campos; à) aquelles, que habitam a matta
e a capoeira, vivendo a moda das Forinicariidas,
e c) aquelles que trepam nas arvores e tal qual
como os pica paus ahi procuram o seu alimento.
Estes grupos de generos distinguem- -se tambem uns
dos outros pelo seu modo de nidificação, bem cara-
cteristico. As Kurnariinas que em geral habitam
as planicies e os valles de rios, nidificam na terra
ou fazem ninhos de barro, como o «João de Barro»
(Furnarius). Burmeister encontrou um ninho de
Upucerthia luscinia Burm. debaixo do telhado de
uma casa, mas certamente este caso é excepcional,
porque as demais especies de Upucerthia alojam os
seus ninhos snbterraneos nos barrancos dos rios;
como Geobates, costumam fazer um longo canal no
barranco, com uma camara terminal forrada de pa-
lha e folhagem. Provavelmente os outros generos
das Furnariinas comportam-se do mesmo modo; ao
certo sabemol-o de Lochinias. So Hurnarws con-
strôe ninhos sobre as arvores, mas como elle os
faz de barrc, ainda assim pode-se consideral-o como
emquadrado no typo de construcção seguido pela
familia. Os ovos são sempre brancos.
Muito diversa é a nidificação das Synallaxinas.
Os seus ninhos encontram-se sempre sobre as ar-
vores ou no emaranhado da capoeira; para a con-
strucção empregam ora substancia vegeta! macia e
delicada, ora gravetos e espinhos. Muito frequente
é entrelaçarem caracões, cabellos, pedaços de epi-
derme de cobra ou de lagarto, à guisa de ornatos.
A camara de incubação é forrada com folhagem
macia, muitas vezes picada em pedacinhos. Os re-
presentantes de Synallaxis fazem ninhos de ma-
deira, isto é de galhos e gravetos, emquanto que as
especies de Siplornis quasi sempre escolhem pa-
lha, musgo e outras substancias vegetaes macias.
Muito interessante é que os ninhos de Synalla-
gts, já bastante grandes, se transformam nos generos
Anumbius e Pseudoseisura em ninhos colossa s
— 431 —
sem que entretanto haja qualquer modificação no
typo de construcção.
Nos generos Phacellodomus e Thripophaga a
entrada do ninho acha-se situada lateralmente, com
um alargamento em forma de antecamara. Por via
de regra é na camara central que se dá a incu-
bação, mas às vezes a antecamara serve a tal fim,
como o registraram Aplin e Venturi. Assim temos
Phacellodomus e Thrypophaga intimamente ligados,
ao passo que por outro lado, de Synallaxis, Anum-
bius e Pseudoseisura acompanhamos uma linha
evolutiva de tal forma continua, que certamente
a separação de Synallaxis e Anumbius não cor-
responde de nenhum modo às condições naturaes
de parentesco. Os ovos do grupo Synallaxis são
brancos com tom esverdeado, às vezes verde palli-
dos ou como em Phlæocryptes e Limnornis de cor
azul escura ou verde azulada.
Muito mais homogeneo se nos apresenta o
grupo das Dendrocolaplinas. A nidificação faz-se
em cavidades das arvores, forradas ou não com uma
camada de folhas seccas, pedacinhos de madeira
pôdre, etc.; os ovos são brancos. E” isto o que se
observa em todos os generos que Sclater collocou
ra subfamilia das Dendrocolaptinas. Entretanto so-
brevêm algumas difficuldades, devidas em parte ao
facto de terem sido transferidos, posteriormente, al-
guns generos para as Philydorimas, e porque tam-
bem nesta ultima subfamilia vamos encontrar, em
parte, egual systema de nidificação.
Devemos, pois, esclarecer esta ultima subfa-
milia bastante confusa, das Philydorinas. Observa-
remos desde logo que aqui encontraremos certos
generos que pelo seu modo de vida em nada diffe-
:em das Dendrocolaptinas ; taes são os generos cujos
representantes trepam nos troncos das arvores e
fazem os seus ninhos nas cavidades das mesmas :
Pseudocolaptes, Xenops, Xenicopsis e muito pro-
vavelmente ainda Helioblelus, Philydor e alliados.
Seguem-se os constructores de grandes ninhos fe-
chados, feitos de galhos seccos : Coryphostera, Anum-
— 432 —
bius, Pseudoseisura, Limnornis, Phacellodomus,
Thripophaga. A respeito do unico genero restante,
Automolus, temos observações por parte de Euler,
A. leucophthalmus (Wied), cujo ninho é subter-
raneo.
Primeiro que tudo, estranha-se neste caso que
entre as aves que nidificam nas arvores ou nas cavida-
des destas, appareça uma que tenha por habito fazer o
seu ninho nos barrancos dos rios, em galerias sub-
terraneas. Mas nem aqui não se trata de um caso
de todo extraordinario, mas de uma manifestação,
que tambem em outras familias e subfamilias se
repete. Muito instructivo é neste sentido o genero
Leptasthenura entre as Synallaxinas; L. aegitha-
loides emprega algodão, capim etc. na construcção
do seu grande ninho. feito ora entre touceiras,
ora em cavidades das arvores. Venturi observou
um ninho de L. fulginiceps paranaensis Sel. que
se achava de tal forma metido em uma cavi-
dade de uma barreira, que ainda appareciam as
pontas dos galhos empregados ra construcção. Deste
modo comprehende-se, que o primitivo habito de
nidificar em qualquer cavidade se possa transformar
na predilecção pelas cavidades ou gallerias na terra.
Alem das Furnariinas todas e do caso que acabamos
de mencionar, ha ainda outro genero cujas especies
fazem ninhos na terra, e é este o genero Sclerurus.
São passaros da matta, que vivem no chão, e a0
meu vêr, representam apenas um typo aberrante das
Dendrocolaptinas, como o confirmam as pennas cau-
daes reforçadas e com pontas salientes. Essa cauda,
que caracterisa as aves trepadoras, representava um
orgão muito util emquanto o passaro vivia sobre as
arvores, à moda dos picapaus, mas deixou de ter
toda e qualquer utilidade desde que o passaro co-
meçou a viver sobre o chão. As especies de Scle
rurus encontram o seu alimento sobre o chão, onde
com o bico viram as folhas e os galhos cahidos,
tal qual como as Grallariinas e Lochmias, em pro-
cura de insectos.
Tomando taes informações acima expostas por
base, e revêndo o systema das Dendroco:aptidas, con-
cordamos em quasi tudo com a exposição de Sclater,
salvo no que diz respeito à inclusão do grupo dos
generos alliados a Anwmbius na subfamilia das Phi-
lydorinas. Si a reunião de furnarius e Lochimas
numa só subfamilia corresponde às affinidades na-
turaes vu si por difterentes modos e em tempos
diversos houve uma ada2ptaçäo 4 vida no campo, é
assumpto que ainda está por decidir, demandando
novos estudos.
Mais ainda do que Sclater, a orientação de
Ridgway se distancia dos resultados da observação
biologica. Não ha nenhuma base morphologica que
nos obrigue a dividir as Dendrocolaptidas em duas
familias e bem assim não podemos concordar com
a separação de Margarornis e Pygarhicus das Den-
drocolaptinas, nem tampouco com a inclusão de
Xenops nas Furnsriinas. Neste sentido Ridgway se-
œuiu a orientação de Garrod,e é justamente neste
ponto que divergimos. Quando Ridgway diz: «que
as Furnariidas tem narinas schizorhinas e as Dan-
drocolaptidas as tem holorhinas», os ornithologos
que não podem formar-se uma opinião segura sobre
o valor morphologico de tal caracter, suppõem que
se trate de uma divergencia radicale decisiva. Mas
é justamente o que não se dá. Garrod não foi
feliz comparando as feições do foramen nasal do
craneo de Furnarius com a estructura correspon-
dente, mas muito differente, de Larus. Tal diver-
sidade já foi mencionada por Peddard (p. 144) e
com muito mais precisão o disse Fiibringer 4 pag.
1419: «Não ligo valor algum à diversidade da con-
formação das narinas; a configuração que se nota
nas Furnariinas pode muito. bem ser considerada
como uma differenciação secundaria da forma holo-
rhina dos outros passaros trachecphones». Deixando
para mais tarde a discussão mais detalhada deste
assumpto, menciono apenas que já o proprio Ridgway
distingue (pg. 225) especies schizorhinas nas proprias
Dendrocolaptidas. De facto tal differerça consiste
apenas em attingir a margem posterior du fora-
mi
men o apice do intermaxillar ou um pouco alem
(schizorhino’ ou se tal não se dá (holorh:no). E”,
entretanto, questão de muito pouca monta si o
comprimento do foramen méde 1 ou 2 mm. mais
ou menos.
E não tem muito maisr importancia o segundo
argumento capital em que se baseia Ridgway: o
comprimento do dedo externo; igualando elle a ex-
tensão do dedo medio isto indicaria o parentesco
com as Dendrocolaptidas, e, em sendo elle mais
curto, o passaro pertenceria ds Furnaridas. Um
milimetro a mais ou a menos no comprimento do
dedo do pê decidiria da posição do passaro nesta ou
naquella familia. Estã claro que não podemos ac-
celtar caracter de tão pouca valia como base para
o estabelecimento de familias. Nos generos Marga-
rorms e Pygarhicus a differença no comprimento
dos dous dedos externos é minima, e, não obstante,
Ridgway os colloca entre as Furnariidas.
A orientação de Sclater é sem duvida muito
mais louvavel, pois que nos seus demais caracteres
os dous generos em questão mostram toda afinidade
com as Dendrocolaptidas. Todos os representantes
dessa subfamilia tem unia tal conformação da cauda
que é evidente o seu emprego como orgão que au-
xilia o passaro a trepar nas arvores, sendo que as
pennas tem haste muito reforçada e rija, com ponta
saliente. Representa isto una evidente adaptação,
à qual devemos dar mais valor do que ao eventual
comprimento um pouco maior ou menor do dedo
externo. Ao meu vêr as Dendrocolaptinas devem ccn-
tinuar a constituir a subfamilia como a definiu Sclater,
bastando accrescentar que o comprimento do dedo
externo é egual ou quasi egual ac do dedo medio.
Resumindo essa nossa exposição, podemos dis-
tinguir na familia Dendrocolaptidae as seguintes
subfamilias :
1) Furnariinas. — Passaros dos campos aber-
tos e das capoeiras nelles comprehendidas, que pro-
curam o seu alimento no chão, pelo que possuem
um tarso longo e forte. São de temperamento vivo,
HR
antes briguentos, e dotaics de voz forte, consis-
tindo o seu canto em notas curtas e agudas, varias
- vezes repetidas em escala descendente. Tanto os ca-
racteres anatomicos como os biologicos combinam
para o estabelecimento desta subfamilia.
2) Synallaxinas. — Passaros da matta e dos
capões, que procuram o seu alimentc nas arvores e
entre a ramagem, a modo das Formicaridas e dos
passaros canóros insectivoros. A sua voz é egual.
mente forte e o grito é repetido. Nidificam sobre
arbustos e arvores, construindo ninbos ou com talos,
musgos, etc. ou com gravetos. Os ovos são brancos
com ligeiro tom esverdeado, ou as vezes são verde
claros ou mesmo verde-az>l escuros.
3) Phil: dorinas. — Apenas Automolus e Sc'e-
rurus gostam de viver no chão, onde fazem o seu
ninho; todas as especies restantes deste grupo ha-
bitam unicamente a matta. São passaros trepadores,
os quaes entretanto ainda não tem as pepnas cau-
daes engrossadas nem a respectiva ponta saliente,
ou recurvada; comtudo pela cauda e pela confor-
mação do pé devem ser considerados os precursores
das Dendrocolaptinas. Nidificam nos ôcos das arvo-
res e OS seus ovos são brancos.
4) Dendrocolaptinas. — Passaros trepadores,
da matta, com bico ora curto e cuneiforme, ora
longo, recurvado; dedo externo longo, de compri-
mento egual ou quasi egual ao dedo medio; pennas
caudaes com haste fort», engrossada e com ponte
saliente, às vezes recurvada. Nidificam sem exce-
pção em arvores Ocas e põem ovos brancos.
Furnarius assimilis (Cab. d Hcine)
Em outubro de 1913, o sr. Garbe observou este
«João de barro» perto da Cidade da Barra, Bahia,
nidificando num niaho abandonado de Pseudoseisura
cristata (Spix). Os ovos são lisos, brancos, lustrosos
e medem 25,09 : 19,6 e 25 : 19,0 mm.
== =
Cranioleuea pailida (Wel)
Em uma publicação anterior (loc. cit., vol. IV
p. 244) communiquei medidas falsas para o ovo desta
especie, baseando-me em Nehrkorn. Não posso ve-
rificar a que passaro pertence o tal ovo mencionado
por Nehrkorn, mas em todo o caso elle não é o de
C. pallida, que não occorre no Rio Grande do
Sul (cf. H. v. Ihering, Ibis, 1599 pg. 433); talvez
se trate de C. ruticilla. O ovo de C. pallida mede
20,9: 15 mm. e é de côr branca. O ninho que é
feito de lichens ou «barba de pau» (Tillandsia wsneoi-
des) representa uma grande massa espherica ou um
pouco achatada, de 25 cm. de largura, com uma entra-
da lateral. Esta não da directamente na camara dos
ovos, mas o corredor descreve primeiro uma volta
e as vezes cobra quasi em angulo recto. A camara
não é forrada feição caracteristica esta, pela qual é
facil distinguir este ninho do de Ornithzon obsolelum,
que faz uma construcção muito semelhante, um pouco
menor, empregando tambem o musgo ou «barba de
pau», mas a camara é sempreacolchoada com seda
vegetal. No jardim botanico do Museu observamos
ha dous annos o ninho desta especie de Cranioleuca,
- preso a 2,5 m. de altura no tronco de uma arvore;
o mesmo achava-se abrigado entre os bulbos de va-
rias orchideas, uma Stanhopia tigrina, e um Oncidium,
e envolvido pela ramagem de uma Bigonia trepa-
deira. A construcção quasi toda é feita com fibras
de «barba de pau» ; a abertura lateral, inferior, dá
para uma pequena camara, da qual parte um cor-
redor tortuosos, que vae dar em cima e pela direita
na camara dos ovos, que é larga, simples e não re-
vestida. O tecto do ninho, como se vê pelo accu-
mulo de excremento, parece servir de logradouro
acs moradores. No mesmo ninho o passaro creou
duas gerações no verão de 1912 a 13, mas nos
mezes de Novembro 1913 a Janeiro 1914 sahiu uma
só ninhada. A ave-mãe não se incommodava com
as pessoas que passavam junto ao seu ninho; só
quando lhe parecia que estavam examinando muito
— ie =
de perto a sua moradia, elle se subtrahia muito dis-
cretamente ao eventual perigo. Comtudo não é pos-
sivel dizer com segurança si a cabecinha que es-
preitava pela antecaimara era a da femea ou talvez
a do macho.
Cranioleuca vulpina (Pelz )
O ninho foi encontrado pelo sr. Ernesto Garbe
na cidade da Barra, Bahia, no mez de Outubro de
i913. Este ninho estava callocado à margem de
uma Jagoa numa arvore baixa pouco frondosa e
formava uma bola composta de fibras vegetaes finas
e paina. Us ovos são brancos, ligeiramente esverdea-
dos e medem 19,5: 14,5 e 20: 15 mm.
Synallaxis griseiventris Leiser
O sr. Garbe observou perto da cidade da Barra,
Bahia, em Outubro de 1913 o ninho, que é uma
grande agglomeragao de espinhos do Cactaceo «chi-
que-chique», Cereus setosus Giirk. Este ninho muito
singular tem o comprimento de um metro, inclusive
o tubo de entrada. Dos tres ovos da postura tenho
um só, que é largo, um tanto globular, de super-
ficie lisa, pouco lustrosa, e de côr verde clara. As
suas dimensões são de 21,7: 18 mm. LE’ esta a
unica especie de Synallaxis cujos ovos não são
brancos, mas evidentemente verdes, embora de côr
desmaiada.
Phacellodomus ruber (Vc.ill.)
O ninho foi observado com os precedentes em
arvores baixas, consistindo em um volumoso amon-
toado de ramos seccos. Os ovos são brancos, um
pouco esverdeados e medem 23: 17; 24: 18e 25:
{8 mm. Um ovo da Argentina de Phacellodomus
striaticollis Lafr. et D'Orb. (ruber Burmeister nec.
Vieill.) guardado em nossa collecção, mede 25: 19
mm. Até agora o ninho e os ovos desta especie
= ie
ainda nao haviam sido observados, mas ha pouca
differença entre esta e a especie mencionada da
Argentina.
Pseudoseisura cristata (Spix)
O sr. Garbe observou numerosos ninhos em
Outubro de 1913, perto da cidade da Barra, Bahia.
São construidos em arbustos ou arvores rasas, às
vezes 3-4 juntos, e neste caso só 0 mais novo é
habitado. Nos ninhos não habitados nidificam nu-
merosas outras aves. O ovo é branco, ligeiramente
esverdeado e mede 26:19, 27:19 até 27,5: 21,4
mm., sendo pois um pouco menor do queo da Ps.
lophotes da Argentina. O casal de Pseudoseisura
não admitte na arvore que supporta o seu ninho
outras aves da mesma especie, tolerando, porem, os
outros passaros. pombas, etc. que nidificam nos ni-
nhos velhos abandonados.
Fam. TYRANNIDAE
Taenioptera irupero (Vicill.)
O sr. Garbe obteve varias vezes na cidade da
Barra, Bahia, no mez de Outubro, os ovos deste
passaro. Elle nidifica em arvores ócas, em ninhos
velhos de Pseudosersura e em cupins, sem preparar
ninhos ou fórro algum. Os ovos são de côr branco-
amarellada com ou sem salpicos; o polo rombo é
bem marcado, ao passo que o outro é pontagudo.
Por este motivo e pela differença do colorido du-
vido que o ovo figurado por Oates e Reid Pl. 11,
fig. 15 pertença a esta especie. Os ovos de Taen.
irupero são só parcamente salpicados no polo rombo.
Os nossos exemplares medem 2% por 17 e 24 por
16,9 mm. e combinam com a descripçäo de Nehr-
horn, bem como com os ovos provenientes da Ar-
gentina.
= Agi =
Fluvicola albiventer (Spix)
(Est. VIII, fig. 6)
Os nossos ovos da Argentina medem 19 por
13,9 até 20,3 por 11,2 mm.;os de Santa Catharina
20 por 14,4 mm. Os salpicos do polo rombo são:
pouco numerosos e as vezes quasi que faltam.
Fluvicola pica (Bodd.)
O nosso ninho proveniente da Venezuela foi des-
cripto no vol. V, 1902, pg. 294 desta Revista. (is
ovos medem 20 por 14-15 mm., são brancos, dous
tem salpicos pardos pouco numerosos no polo rombe;
o outro exemplar é uniformemente branco.
Fluvicola climazura (Vrill.)
(Est. IX, fig. 1, ninho)
O ninho que o sr. E. Garbe nos trouxe da ci-
dade da Barra, Bahia, Outubro de 1913 é uma
bolsa que estava na margem do banhado, suspenso:
na ponta de uma arvore baixa e mede 34 cm. de
comprimento e 16 cm. de largura. E' uma con-
strucção pouco artistica, feita de raminhos seccos,
folhas de macega e talos de gramineas que no
meio incluem numerosos flocos de algodão. A en-
trada, bastante larga, prolonga-se no pedunculo de
suspensão e não ha alpendre. A camara central é
forrada com pennas, os ovos são largos no polo
rombo, pontagudos no outro, lisos, um pouco lus-
trosos, com pontos e salpicos pardos no polo rombo,
às vezes pouco numerosos e faltando às vezes com-
pletamente em um dos lados. As medidas dos ovos
variam de 18 por 14,6; 19 por 14; 2° por 14,6 mm.
Todirostrum cinereum (L.)
O ninho bem conservado que o sr. E. Garbe-
obteve na cidade da Barra, Bahia, em Outubro: de
1913, é uma bolsa sespensa na ponta de um arbusto
— 440 —
de espinhos da catinga. O comprimento do ninho é
de 42 cm. inclusive o longo apendice caudal; a sua
largura importa em 8 cm. As paredes grossas do
ninho consistem em fibras e talos de gramineas,
entrelaçando numerosos flocos de algodão. O enfeite
exterior consiste em folhas seccas. Os ovos são
brancos, de forma estreita com o polo anterior acu-
minado, pouco lustrosos e medem de 19 por {1 até
[7,9 por 12 mm.
Cyanotis rubrigaster (Vicill.)
Os ovos que tenho de Iguape medem 16,5 por
12 e 17 por 15 mm. e correspondem à descripção
dada nesta Revista, Vol. IV, p. 230.
Hemitriccus diops (Temm.)
Recebi do sr. Arnold W. Bertoni um ninho
do Paraguay, que é uma bolsa suspensa, de 20 cm.
de comprimento por 9,5 cm. de largura, feito de barba
de pão e musgo é enfeitada na superficie com fo-
lhas de fetos e musgo. A entrada, que pela parte
superior tem um alpendre, mede 42 mm. de dia-
metro.
Myiobius barbatus mastaealis (Wicd)
(Est. VIII, fig. 9, ovo e Est. IX, fig. 3, ninho)
O sr. E. Garbe teve a sorte de obter em Theo-
philo Ottoni, Est. de Minas Geraes, o ninho desta
especie, que combina perfeitamente com a descripção
de Euler, reproduzida nesta Revista, vol. IV, p. 49.
A bolsa do ninho é em baixo coberta por outra
mais larga, incompleta, aberta em baixo e que cobre
a entrada do ninho. O nosso exemplar consiste em
crina vegetal com mistura de talos, musgo e folhas
e tem o comprimento de 50 cm., sendo o diametro
exterior de 18 cm., o da bolsa do ninho de 8 cm. Os
ovos que medem de 19,2 por 13,5 e 19,5 por 14
mm. são de forma oval, com pouca differença entre
= Hi =
os dous polos e de campo pallido pardo-amarello,
com uma corôa de manchinhas pardas confluentes,
que em um ovo fica situado pouco abaixo do polo
rombo, emquanto que no outro está perto do meio
do ovo. Os ovos que no catalogo do British Mu-
seum II p. 203 são mencionados como sendo desta
especie, nada tem de ver com ella e são de Myro-
bius fasciatus.
E' singular que sejam tão differentes os ninhos
e ovos de duas especies apparentemente tão alliadas
como Mytobius barbatus e Myrobius fasciatus ou
naevius, caso já discutido na introducção do capitulo.
Pyrocephalus rubinus (Bcdd.)
Os ovos da nossa colleeção correspondem à
descripçäo e medem 16 por 13 e 17 por 12 mm.
Onychorhynchus swainsoni (P¢/2.)
(Est. VIII fig. 8, ovo e Est. IX, fig. 2, ninho)
O sr. E. Garbe trouxe de Theophilo Ottom,
Minas, um ninho com 3 ovos, que obteve em De-
zembro de 1908. Os ovos correspondem as des-
cripções publicadas, sendo porém o seu campo de
côr pronunciada ruivo-parda e medem 20 por 15,5
-16 mm. O que é novo para a sciencia é o ninho,
que forma uma bolsa suspensa, de 28 cm. de com-
primento e de 16 cm. de largura e cuja entrada
de 4,9 cm. de diametro está situada bem em baixo.
O ninho é feito de talos, barba de pão, raizes, ete.
e enfeitado por fora com folhas seccas.
Leptopogon amaurocephalus Cal.
O ninho, que «ainda não era conhecido, recebi
do sr. Arnold W. Bertoni do Paraguay, que o col-
leccionou em Setembro de 1903. E” uma bolsa fe-
chada, feita toda de musgo grosso, que tem o com-
primento de 21 cm. e a largura maior de 14 em.;
a entrada, cuja borda :nferior fica situada a 5 cm.
== AAR
do fundo, méde 5 cm. de diametro; a camara é
forrada de seda vegetal. Não se conhece os ovos.
Ornithion obsoletum (Tenn.)
Os nossos ninhos são bolsas volumosas, suspen-
sas ou fixadas entre as folhas de orchideas, com-
postas de lichen, barba de pau e talos; a camara é
forrada com paina. A entrada é simples. Os ovos
medem 17-18: 12,8-13 mm. e são brancos com uma
corôa pouco densa de salpicos e manchas puncti-
formes de côr rôxa apagada. Até agora estes ovos
eram desconhecidos.
Myiozetetes similis (S)77)
Os ninhos de São Paulo correspondem à des-
cripção de Euler, mas o que o sr. E. Garbe trouxe
da cidade da Barra, Bahia, é differente. Este ninho
é uma bolsa larga e aberta, cuja entrada grande, de
7 cm. de diametro, se acha no lado anterior. A pa-
rede posterior do ninho prolonga-se para cima em
um appendice solido de 32 cm. de comprimento e
5 em. de diametro, que estava ligado ao redor de
um grosso galho. A bolsa do ninho tem a largura
de 14 cm. e a altura de 18 cm., sendo feito, como
o appendice, de talos de gramineas, entre os quaes
se entrelaçam massas irregulares de paina. Os
ovos dos quaes tenho 12 exemplares são brancos
com salpicos pardos ora numerosos ora es-
cassos. As medidas variam entre 22:15,5 e
23: 15 mm. sendo pois menores que os que temos
de Iguape (25: 17). Não noto differenga entre as
aves de S. Paulo e Bahia e por isto estranho as
differenças apontadas entre cs ninhos e ovos pro-
venientes dos dous Estados, parecendo-me valer a
pena examinar o caso em series grandes.
Myiarchus tyrannulus bahiae Lerl.e Lev.
O snr. E. Garbe achou tres ovos chôcos numa
arvore ôca em Joazeiro, E. da Bahia, no mez de
= 445
Novembro de 1913; recebi só um dos mesmos. O
ovo differe da descripção de Oates (p. 209 PI. V
fig. 10) pela forma mais alongada, medindo 23,0.
16, 5 mm.
Empidonomus varius (Vil)
O sr. Garbe obteve em Joazeiro, Bahia, no
mez de Novembro de 19!3 varios ninhos e postu-
ras desta especie. Os ovos são conhecidos, o ninho
é uma simples construcção chata, assentada entre
os galhos divergentes de um pequeno arbusto e é
feito de tals finos de gramineas e outras plantas,
dispostas concentricamente. Este genero constrre,
pois, o ninho simples, pequeno e chato, à maneira
dos generos Myiarchus e Tyrannus.
Fam. COTINGIDAE
Xenopsaris albinucha (Bum.)
(Est. VIII, fig. 10)
O sr. Garbe observou este passaro em Joazeiro
em 1911 e na cidade de Barra em 1913, nos me-
zes de Outubro a Dezembro.
Não os encontro1 fora desta epoca, em que
era bastante commum na catinga, onde no alto dos
arbustos espinhosos constroe os ses ninhos, uma
simples tijela rasa de 8 cent. de diametro, feito de
talos finos, algodão. folhes e pennas. Os ovos são
de forma oval-conica, brancos ou brarco-amarellos
sem lustro, com numerosas manchas pequenas e sal-
picos de côr parda, mais numerosos no polo rombo,
onde formam uma larga coroa que às vezes é pouco
distincta. Os ovos medem 16,5: 12 mm. até
[RD Simm.
Ao meu ver Ridgway tem toda razão excluindo
esta especie da familia das Tyrannidas, visto que o
tarso é taxaspideo. Na face posterior do tarso dis-
tinguem-se duas series de escudos relativamente
grandes. As Tyrannidas tem sempre 0 tarso exas-
pideo.
— Jp
Pachyrhamphus viridis (Viiil.)
Na cidad2 da Barra, no mez de Outubro o sr.
Garbe observon o ninho construido na ponta de ga-
lhos. Os ovos são de côr cinzento-parda, clara, pouco
lustrosos com o polo anterior agudo, o posterior
pouco grosso. Manchinhas e garatujas de côr pardo -
desbotada formam em baixo do polo rombo uma
larga corda. bem desenvolvida e larga em alguns
exemplares, estreita e pouco visivel em outros e
algumas manchas se encontram às vezes ainda no
meio do ovo. s dimensões dds ovos são 20,5: 14
ate CU tae oy:
O ovo que o catalogo do British Museum fi-
gurou com este nome (PI. VI, fig. 9) é de outra
especie. Provavelmente vem do sr. R. Krone, que
me induziu a descrever nesta mesma Revista, Vol.
VI, p. 233,sob o nome de «Legatus albicollis» um
ovo de Pachyrhamphus.
Agora deu-se um caso semelhante com o Bri-
tish Museum. Assim todo o material de ovos com
procedencia de Iguape deve ser posto em quaren-
tena, até que observadores exactos e conscienciosos
próvem a sua authenticidade.
Pachyrhamphus rufus (bodd.)
O sr. Garbe trouxe de Baurû um ninho, ob-
tido em Novembro de 1900, gue consistia em uma
grande massa de material macio, suspenso entre tres
galhos divergentes e medindo 18: 21 cent.
A entrada de 4,5 cent. de diametro acha-se
collocada na parte inferior, a camara estende-se
para o fundo. O material de que o ninho é :on-
struido consiste em musgo, crina vegetal, paina e
por fóra o ninho é revestido com algumas folhas
é talos.
O ninho continha 4 ovos que medem 21-22:
16 mm. O campo do ovo é de côr de chocolate
claro, mais escura do que na especie precedente e
a corôa de manchinhas escuras no polo rombo é
i
larga e as manchas confluem e estendem se sobre
grande parte do ovo, o que causa a impressão de
um ovo mais escuro do que é em realidade em re-
lação ao seu campo.
Chasmorhynchus nudicollis (Vcill.)
O sr. R. Krone publicou no «Estado de S.
Paulo» de 10 de Abril de 1903 a descripção do ni-
nho e do ovo; segundo taes dados esse ninho tem
a forma de uma tijela rasa, que no seu feitio lembra
os ninhos dos pombos, tendo o diametro de 16 cent.
O ovo é de forma mais ou menos oval e mede
38: 29 mm., sendo a sua cor parda vermelhada, e
tem no polo rombo uma corôa formada por manchas
de côr pardo-escura.
Fam. MIMIDAE
Mimus saturninus arenaceus Cli.
Segundo as observações do sr. Garbe feitas em
Joazeiro, Bahia, em Novembro de 1913, este pas-
saro põe os seus ovos ora om ninhos que constroe
em arbustos, ora em ninhos velhos de Pseudoseisu-
ra cristata. Os ovos são lustrosos, de forma alon-
gada ou subglobular, com salpicos menores ou maio-
res, às vezes com uma corda de manchinhas con-
fluentes no polo rombo. As dimensões communs
são de 28:21mm., mas ha tambem de 29:20,5 e ou-
tros que medem 21 :21 e 25,5 :21mm.
Fam. SYLVIIDAE
Polioptila leucogastra (Wid)
(Est. VIII, fig. 12)
O sr. Garbe trouxe ninhos e ovos da Cidade
da Barra, Bahia, obtidos em Outubro de 1913. O
ninho é uma simples tigela chata, feita de talos de
gramineas e outras plantas, dispostas concentri-
AIDES
camente; por fora a construcção é ornada de al-
cumas folhas. (is ovos são brancos, ligeiramente
esverdeados com salpicos e manchinhas pardas, que
formam uma corda no polo rombo; as suas dimen-
sões são de 16:12 12,7 mm.
Fam. TANAGRIDAE
Cypsnagra hirundinacea (Less.)
(Est. VIII, fig. 11)
O sr. Garbe obteve um ninho com 3 ovos em
Novembro de 1904, em Itapura, E. de S. Paulo.
O ninho estava collocado entre tres galhos diver-
gentes e fixado por teias de aranha e o3 respecti-
vos saccos de ovos. O ninho é construido de talos
finos de raizes e forrado de seda vegetal. O re-
vestimento externo consiste em teias de aranha,
pappus de compositas e pennas de aves. A abertu-
ra da tigela tem um diametro exterior de Sômm. e
o interior de 52 mm. e a sua altura é de 70 mm.
Os ovos são de forma oval, pouco lustrosos, de côr
pallido-azul com manchinhas e salpicos pretos no
polo rombo, onde formam uma corda. Alguns sal-
picos encontram-se tambem no resto do ovo. Às
dimensões variam de 22 : 16,9 a 225: 16 «e 25
17 mm.
Fam FRINCGIELIDRE
Myospiza aurifrons (Spix)
O ninho que o sr. E. Garbe trouxe do Rio
Juruá, Amazonas, é uma tigela profunda, construida
de talos e raizes, cujo diametro exterior é de 10
cm. e em outro tanto importa a sua altura. Os
ovos são um pouco lustrosos, brancos e medem
19,5-20 : 15 mn. Os ovos da Argentina que no
Catalogo do British Museum são descriptos sob o
— =
nome ae peruana bp. nao pertencem a esta espe-
cie, mas a uma outra, M. manimbe Licht.. Nosso
Museu possue M. aurifrons do Rio Juruá mas
do resto do Brazil desde o Rio Grande do Sul até
Matto Grosso e Maranhão só temos M. manimbe.
A culpa da classificação falsa do British Museum
cabe à respectiva Handlist, cujas indicações de loca-
lidades são demasiado superficiaes.
O genero Myospiza encerra apenas duas espe-
cies, ambas da America meridional e será mais ra-
zoavel considerar M. aurifrons como subspecie
amazonica de M. manimbe. Os ovos de Myospiza
são brancos, os de Ammodromus genero da America
do Norte, são salpicados. O Catalogo de A. Nehr-
korn descreveu por engano um ovo de Ammodro-
mus como sendo o de Myospiza e proveniente do
Brazil.
Coryphospingus pileatus (lcd)
O sr. E. Garbe achou em Joazeiro, E. da Ba-
hia, o ninho que se achava collocado em um ar
busto e continha dous ovos. Estes são de forma
oval com pouca differença entre os polos, pouco
lustrosos e de côr pallido-azul, medindo 19 : 14, 8
e 19,5 : 15 mm. Dous ovos que a nossa collecção
possue da Venezuela medem 19 : 15e 20 : 16mm.
e são brancos, mas é possivel que tenham perdido
a cor azulada. Até agora não era conhecido o ovo
desta especie.
Cory phospingus cristatus (Gm.
Scbre os ovos desta especie divergem as opi-
niões. Burmeister, Euler e Allen dizem que o ovo
é branco-azulado com numerosos salpicos pardos, e
Nehrkorn descreve-o como sendo branco e medindo
18 : 14 mm. A differença das medidas de Allen
(21-22 : 16 mm.) é muito grande e talvez o ovo
mencionado por Nehrkorn seja o de G. pileatus.
= MS —
Paroaria dominicana (L.)
O ninho que o sr. Garbe observou em Cidade da
Barra, Bahia, no mez de Outubro, costuma ser con-
struide em arbustos de espinhos, bem escondido en-
tre as suas folhas. Os ovos, que se encontram em
numero de 2-3 em cada ninho, medem em geral
24 : 16 mm.; 'vanando de: 21: 16 jaté 24 90d
mm. O campo do ovo é branco-esverdeado, lus-
troso e por toda a parte densamente coberto de
salpicos pardos, que no polo rombo formam às ve-
zes uma corôa pouco distincta.
Neus Betvdee zur Qmithologie Brasilins
(Mice ar. TEL: VEL. 1
A—Die ornithologischen Sammlung-
en des Museu Paulista
Der Staat São Paulo ist in bezug auf seine
Vogelwelt der best kekannte Brasiliens. Nicht nur,
dass wir im Wesentiichen die im ‘Territorium des
Staates lebenden Vügel so ziemlich alle kennen, sind
wir auch schon recht weit in der Erkenntnis
von deren biologischen Gepflogenheiten und ihrer
geographischen Verbreitung fortgeschritten. Wenn
auch schon in älterer Zeit durch Spix, Lichtenstein,
Burmeister und andere Fachgelehrte gute Beiträge
zur Kenntnis unserer ornithologischen Fauna gelie-
fert wuerden, so verdanken wir doch die erste sy-
stematische Durchforschung des Gebietes unseres
Staates nur dem ausgezeichneten Naturforscher Johann
Natierer, welcher in den Jahren 1818 bis 1823 den
Staat bereiste und nicht weniger als 477 Arten von
Végeln in São Paulo erbeutete. Die Leser unserer
Zeitschrift sind durch meinen Artikel in Band V
p. 13 über Natterer's Wirksamkeit unterrichtet. Seit
jener Zeit hat nie wieder ein anderer Reisender,
Forscher und Sammler einen ähnlichen Erfolg auf-
weisen kúnnen, wie Natterer ; aber der reisende
Naturalist unseres Museums, Herr Ernst Garbe, wel-
cher schon auf eine äusserst fruchibare Titigkeit
im Dienste unserer Anstalt zuriickblicken kann, hat
begriindete Aussicht, dem Beispiele seines beriihm-
— 450 —
ten Vorgängers würdig zu folgen. Seine Reisen
galten nicht nur den verschiedensten Gegenden un-
seres Staates und der Nachbarstaaten, sondern er-
strecken sich in grüsseren Expeditionen auch zum
Amazonas und besonders seinem Nebenflusse, dem
Rio Juruá, ferner nach den Staaten Bahia, Espirito
Santo und Minas Geraes. Seine letzten beiden Tou-
ren galten der biologischen Erforschung des Rio
São Francisco und die ornithologischen Resultate
dieser Expeditionen, soweit sie fiir die Wissenschaft
Neues enthalten, sollen in Folgendem mitgeteilt
werden.
Als ich 1893 mit der Leitung des Staatsmu-
seums betraut wurde, fand ich als Grundstock eine
eróssere, von einem Liebhaber zusammengebiachte
Sammlung von ausgestopften Vügeln vor, zu deren
Klassifikation ich sofort schritt, ein Unternehmen,
das mir ausserordentlich erleichtert wurde durch die
im langjährigen Studium der Ornis von Rio Grande
do Sul gewonnenen Erfahrungen. Leider beliebte es
dem damaligen Präparator der Anstalt, G. Konigs-
wald, den in meinem Ausftrag entwo:fenen Kata-
log unserer Sammlung unter dem Titel einer: Or-
nis von São Paulo zu verdffentlichen. Jener provi-
sorische Katalog, der keineswegs frei von Irrtii-
mern ist, enthält die damalige Sammlung des Mu-
seums, nicht aber diejenige von São Paulo, sodass
zahlreiche nordbrasilianische Arten darin als hier
heimisch aufgefiihrt sind. Ich habe friiher gegen die-
sen Missbrauch protestiert und bedauere es, dass die
Redaktion des “Journal fiir Ornithologie” so wenig
Erfahrung in bezug auf die brasilianische Fauna
besass, dass sie jenes Schriftstiick für druckreif
erachtete. Unter diesen Umstiinden bleibt nichts
anderes übrig, als diese erste, unbefugte und. un-
brauchbare Bearbeitung der Saremlung unseres Mu-
seums von der literarischen Benutzung auszuschlie-
ssen. Erst die vierte, vollkonmene Umarbeitung
unseres Kataloges, die ich in Verbindung mit mei-
nem Sohne Rudolf herausgegeben habe, gibt ein zutref-
fendes Bild unserer Sammlung und zugleich eine
— PO TT
i
gute Ubersicht über die Verbreitung der einzelnen
Arten im Inneren von Brasilien.
Wer sich der Mühe unterziehen will, die orni-
thologische Literatur der letzten 5 bis 10 Jahre
durchzusehen, wird darin ausser den grossen Pri-
vatsammlungen der Herren von Rothschild und
Graf Berlepsch an Museen, deren Sammlungen her-
vorragend reich an brasilianischen Arten sind, ne-
ben jenen der grossen Museen von London, Wien,
Paris, Miinchen u. s. w. das Museu Paulista regel-
missig berücksichtigt finden. Jedenfalls ist die
Zahl derjenigen Museen, welche in bezug anf die
brasihanische Vogelwelt dem unsrigen überlegen
sind; keine sehr grosse. Von mehr oder minder
1801 Arten und Unterarten (1550 species und 250
subspecies) der brasilianischen Fauna sind 1238 in
unserer Sarnmiung bereits vertreten und in bezug
auf Nester und Wier brasilianischer Vogel diirfte
unsere Sammlung wohl den ersten Rang einnehmen.
Sie befindet sich in trefflichem Zustand der Erhal-
tung und ist in zehn Doppelschrinken, jeder von
34 bis 36 Schubladen untergebracht, deren mit
Glasdeckel versehene Schubladen mit Nut und Fe-
der schliessen. Dieser gute Verschluss in Verbin-
dung mit regelmässiger Kontrolle und ausreichen-
der Vergiftung hat uns in den Stand. gesetzt, uns
gegen Motten, Käfer und andere tierische Schädlinge
der Sammlung vollkommen sicher zu stellen; die
einzige Schwierigkeit, mit der wir stets zu kämp-
fen haben, ist, dem feuchtwarmen lima entspre-
chend, der Schimmel. Regelmissige Behandiung
der praparierten Bälge und Nachpinselung der an-
gegriffenen Stellen mit Ather hat aber schliesslich
zu einem recht befriedigenden Resultat geführt. In
jeder einzelnen Schublade bewahren wir in einem
Schächtelchen etwas Kampfer und Naphtalin und
in einem Glasgefässe Nitrobenzin, oder Mirban Es-
senz, das wir dem Kreosot entschieden vorzie-
hen, welches ebenso günstig gegen Schimmel wirkt,
wie jene Drog , aber keinen schiidl chen Einfluss
auf die Farbe ausübt. Immerhin muss es betont
— 452 —
werden, dass das Vorhandensein von Flüssigkeit im
Innern von Kasten unbequem ist und dass wir noch
immer der Hoffnung leben, eine flüchtige Droge
von fester Consistenz zu erlangen, welche uns im
Kampfe gegen den Schimmel noch kraftiger unter-
stützen soll.
Die Vogelsammlung des Museums ist eine dop-
pelte : zunächst diejenige, welche im oberen Stock-
werk des Gebäudes dem Publikum ausgestellt ist,
bezüglich deren es stets unser Bestreben ist, weni-
cer gelungene Präparate durch bessere zu ersetzen
und die isolierten Stiicke zu lebensfrischen Gruppen
zu vereinigen. Diese langsame Verinderung in der
ausgestellten Sammlung wird vom Publikum ver-
hältnismässig wenig bemerkt, geht aber in allen
Sektionen stetig vor sich; zweitens die Studien-
sammlung, welche in einem Saale des unteren Stock-
werkes untergebracht ist, und ausser den schon
erwähnten 10 Schränken noch 28 grosse, herme-
tisch schliessende Kisten für die grosseren Bilge
einnimmt. Dazu kommen, ausser der grossen Samm-
lung von Nestern, noch 4 grosse Schränke mit
Hiern. Die ganze Sammlung ist vollkommen durch-
cearbeitet und dadurch von ausserordentlichem
wissenschaftlichen Werte, dass alle in bezug auf
-ihre Bestimmung zweifelhaften Stiicke nach Europa
sesandt und von hervorragenden Specialisten, na-
mentlich von den Hr. C. H. Hellmayr und Graf
Hans Berlepsch untersucht wurden. Die besonders
schwer zu unterschcidenden klefen Tyranniden
wurden von Hrn. Hellmayr in Wien mit den Typen
von Pelzeln respektive mit der Sammlung von
Natterer verglichen.
Natiirlich sind im Laufe der Zeit auch einige
fiir die Wissenschaft neue Arten von uns aufge-
funden worden, die ich im Folgenden namhaft ma-
che und beziiglich deren ich anch auf unseren Ka-
talog verweise. Zwei dieser neuen Arten Guraca-
va difficilis Ib. & Ih. u. Phylloscartes paulista th.
& lh. gebe ich im Anschluss an diese Arbeit in
farbigen Abbildungen (Tafel. IV), wieder, im übri-
eS
gen auf die Beschreibungen in unserem Katalog p.
271-272 verweisend. Diese, durch typische Arten
in unserer Sammlung vertretenen Vogel sind im
Vorausgehenden p. 415 aufgefiihrt. Emige von ihnen
sind von verschiedenen Autoren in die Synonymie
anderer Arten eingereiht, einige, von mir als Spe-
cies angesehen, gelten nun als Subspecies und um-
gekehrt. Im Ubrigen verweise ich in Bezug auf
schon friiher vorgenommene Anderungen auf meine
in Bd. VI dieser Zeitschrift p. 446 ff. gemachten
Bemerkungen.
Im allgemeinen kau es uns weniger auf die
Entdeckung neuer Arten als darauf an, die Kennt-
nis unserer Vogelwelt zu vertiefen und nament-
lich ihre biologischen Verhältnisse, ihre Wanderun-
gen und ihre Verbreitung zu ermitteln. Verschiede-
ne Beiträge dieser Art wurden in den vorausge-
henden Banden dieser Revista schon gegeben, und
ein weiterer folgt in dieser Abhandlung.
*
* *
Eine ausserordentliche Schwierigkeit bietet,
wie überhaupt in aller systematischen Arbeit, so
besonders auch be: den Vôügeln, die komplizierte
Nomenklatur mit ihrer endlosen Synonymie. Dieser
unerquickliche Zustand würde nicht bestehen, wenn
die internationalen Nomenklaturregeln wirklich beach-
tet wiirden. Eines der ersten Axiome dieser
Art ist die Anwendung der lateinischen Namen
respective auch von barbarischen Namen in latini-
sierter Form. Trotzdem seen wir in der Litera-
tur bis auf unsere Tage Namen wie “Colibri”, “Sui-
riri”, “Hoazin” und andere sich erhalten; solange
nicht etwa eine neue Regel acceptiert wird, wo-
nach die auf “2” auslautenden Gattungsnamen in
“is” umzuändern waren, sehen wir von der Ver-
wendung solcher regelwidrigen Namen ab.
Ein anderes Axiom der Nomenklaturregel ist
die Verwertung nur solcber Schriften für die Klas-
sifikation, deren Autoren sich des binären Systems
SAME
von Linné bedient haben; aber nichtsdestoweniger
behalten viele nordamerikanische Kollegen die Na-
men von Brisson bei. Andere Autoren lassen Na-
men wie Spermoplilus neben Spermophila, Pipile
neben Pepilo u. s. w. gelten, ein Vorgehen, das
schon um deswillen aufs Entsch'edenste zu verur-
teilen ist, weil die aus solchen Genusnamen gebil-
deten Bezeichnungen von Famihen-oder Unterfami-
lien-Namen sich nicht von einander unterscheiden
lassen.
Der betreffende ‘“‘Ratschlag” der internationa-
len Nomenclaturregel verdient zur Regel erhoben
zu werden, wie er ja denn auch vielfach von den
nordamerikanischen Autoren beachtet, respective
durchgefiihre wird.
Die strenge Befolgurg der Priorität nicht nur
in bezug auf Werke verschiedener Jahre, sondern
auch in bezug auf Arten, welche in ein und dem-
selben Werke beschrieben werden, lässt viele Ver-
wirrung vermeiden: — Gänzlich unerlaubt ist die
grammatikalische Korrektur der Art-und Gattungs-
namen. So wie der Autor den Namen einer
Gattung oder einer Art geschrieben hat, so accepti-
ren wir ibn in der Nomenklatur, ohne uns darum-
zu kiimmern, ob er grammatikalisch richtig ist
oder nicht, ob er zutreffend und schôn befunden
wird. Nicht einmal der Autor hat das Recht, den
von ihm in die Wissenschaft eingefiihrten Namen
nachträglich abzuändern. Natürlich richtet sich bei
Ubertragung einer Art von einer Gattung in eine an-
dere das Adjektiv nach dem Geschlecht des neuen
Gattungsna vens. Nur in einem Falle sind kleine
Anderungen an den Bezeichnungen fiir Gattung und
Art zulässig, da namlwh, wo offenbare Druckfehler
vorliegen. Wenn z.B. eine brasilianische dem Rei-
senden Langsdortf gewidmete Art, langsdotfi ge-
druckt ist, so ist die Korrektur in langsdorffi selbst-
verstândlich. Ebensowenig kann man an der von
Vieiilot vorgenomenen Anderung des Namens Thr10-
thorus in Thryothorus etwas auszusetzen haben,
M da
weil der Autor noch in d: mselben Werke die Druck-
fehlerberichtigung vorgenommen hat.
Das Beste, was seit Langem iiber die schwe-
bende Nomenklaturfrage geschrieben wurde, sind
meines Erachtens die Darlegungen von Gregory
Matthews in den Novitates zoologicae des Museum
of Tring, vol. XVII 1910 p. 492 ss., worin er un-
ter anderen die folgenden Sätze verteidigt :
«nicht binominale Autoren sind nicht beriick
sichtigt»,
«nomina nuda sind zurückgewiesen»,
«das Prioritätsgesetz ist streng betolgt worden».
Eine sorgfiltige Vergleichung dieser Grundsät-
ze mit denen, welche wir in dieser Revista und
in unserem Kataloge der brasilianischen Vogel be-
folgt haben, wird ohne Weiteres die Ubereinstim-
mung unserer Ansicht dartun und es steht zu hoffen,
dass auf diese Weise es bald zu einer Klärung der
ornithologischen Nomenklatur kommen müge. Je-
denfalls sind diese seit Dezennien schwebenden No-
menklaturbestrebungen, in denen ein wichtiges Stiick
ernster Arbeit verwirklicht ist, die Grundlage
fiir weitere ergânzende Bestimmungen; denn nur
auf dem Wege der Verstindigung über die zu be-
folgenden Prinzipien, nicht aber durch Abstimmang
und mehr oder minder rasch zasammengestellte Lis-
ten lässt sich erwarten, dass ein Ergebnis erzielt
werden kann, welches allseitig befriedigt.
x
* *
Unsere früheren Aufzeichnurgen über die im
Staate São Paulo lebenden Vogel wurden im Jahre
1907 durch unseren Katalog so ergänzt, dass sich
die Zahl der in unserem Staat angetroffenen Arten
auf 697 erhôhte. Augenblicklich umfasst die Schau-
sammlung des Museums 1 000 ausgestopfte Vogel und
die Studiensammlung €587 Bilge. Wir kônnen an-
nehmen, dass nahezu 3/4 der Vogelarten Brasiliens
bereits in der Sammlung unseres Museums vertre-
ten sind. Die bisher im Staate Não Paulo nachge-
om
wiesenen Vogelarten belaufen sich euf 689 Arten
und 6 Unterarten, mehr oder minder also auf 700
Arten, eine Zahl, die begreiflicherweise bei Fortset .
zung unserer Studien noch wachsen muss. Ande-
rerseits aber habe ich mich gezwungen gesehen,
noch eine Anzahl von Arten, welche als im Gebie-
te des Stasts São Paulo lebend aufgeführt wur-
de, zu streichen, weil keine unzweideutigen Belege
oder Bestätigungen dafür bisher aufzutreiben wa-
ren. Jedenfalls aber ist schon die Zahl von etwa
706 Arten auf dem verhältnismässig kleinem Ge-
biete des Staates São Paulo eine relativ sehr gros-
se. Auf fast doppelt so grossem Areal werden in
Deutschland nur 450 Arten angetroffen und die
cesamte Liste der Végel Nordamerikas übersteigt
nicht 768 Arten. Verhältnismässig gut sind wir
schon über die Verbreitung der angefiihrten Vogel-
arten im Territorium unseres Staates unterrichtet
und haoe ich den früher gemachten Ausführungen
wenig hinzuzufiigen. In der Haptsache zerfallt in
zoogeographischer Hinsicht der Staat Sao Paulo in
zwei Gebiete, dasjenige der Küste und der damit
in Zusammenhang stehenden Gebirgswaldungen und
dasjenige des vorzugsweise von Campos eingenom-
- menen Sertão-Bezirkes, dessen Fauna unmittelbar
mit jener der benachbarten Staaten zusammenhingt.
Wahrend nan aber die Fauna des Waldgebietes
der Küste eine bestândige Verarmung an Arten
und Individuen erleidet, erhôht sich die Zahl der
Arten im Sertão bestândig durch Zuzug von Wes-
ten her. Es ist eine allgemeine und auffallende
Erscheinung, dass die Campos-fauna von Matto
Grosso, Goyaz und Minas Geraes immer mehr
ihren Einzug in São Paulo hält. In Einzelfällen
ist das sogar dem Volksemofinden zum Bewusst-
sein gekommen, so z. B. in der successiven Aus-
breitung der als “cobra nova” bezeichneten Schlange
Drymobius bifossatus. Als Natterer im Anfang des
vorigen Jahrhunderts den Staat São Paulo bereiste,
hat er nirgends den “João de barro (Lehmhans”),
Furnarius badius Licht. angetroffen, welcher unter-
== ag
dessen nicot nur das Parahyba-Tal besetzt hat, son
dern schon gelegentlich in der Nihe der Städte São
Paulo und Campinas beobachtet worden ist. Gar
manche andere unter den 220 von Natterer im
Staate von São Paulo nicht gesammelten Arten,
welche jetzt im Museu Paulista figurieren, múgen
nach 1820 in unserem Staate aufgetreten sein. U-
berall, wo wir den Blick iiber die Tierwelt unseres
Staates schweifen lassen, stossen wir auf Verände-
rung in ihrer Zusammensetzung. Der Mangel an
Gesetzen über Jagd und Vogelschutz, die Ausbrei-
tung der Besiedlung, die ungeheure Waldverwii-
stung, die Vernichtung des Tierlebens durch die
Bahnarbeiter, alles trägt dazu bei, die Tier-und
Pilanzenwelt unseres Staates in beklagenswerter,
trostloser Weise zu verarmen und zu verändern.
Môchte doch unser Appel zu Gunsten der Schonung
unserer Waldungen und unserer Tierwelt, wie er
auch in unserem vorhergehenden Anfsatz über Vo-
gelschutz seinen Ausdruck gefunden hat, in mass-
gebenden Kreisen Beachtung finden! Es sind nicht
sentimentale Lamentationen, es sind ernste volks-
wirtschaftliche Misstände und Probleme, zu deren
Studium und Behandlung anzuregen unser Bestre-
ben ist. Bis zu einem gewissen Grade ist es ja
schwierig, über die Veränderungen sich Rechen-
schaft zu geben, welche das Eingreifen des Men-
schen im Laufe der letzten 4 Jahrhunderte in unse-
rer Tier-und Pflanzenwelt zustande gebracht hat ;
denn es fehlep naturwissenschaftliche schilderungen
aus älterer Zeit. Die einzige Quelle, die unserer
Erkenntnis nach dieser Richtung hin fiir das sech-
zehnte Jahrhundert zu Diensten steht, sind die Briefe
des vercienstvollen Geistlichen Padre José An-
chieta. Durch sie wissen wir, dass in jener Zeit
ander Küste unseres Staates noch der “peixe boi’,
Trichechus manatus L. (Manatus) lebte und wie
noch heute, zu gewissen Zeiten Pinguine, Sphenis-
cus magellanicus Forster an unserer Kiiste er-
schienen, dass rote Ibisse, Guards, und Papageien
aller Art gemein waren. Jetzt ist der Ibis ausge-
— 448 =
rottet und in der Serra do Mar trifft man hóch-
stens noch kleine Schwärme von Periquitos, aber
die echten Papageien, Araras, Tukane und so viele
andere Elemente der ostbrasilianischen Kiistenfauna
sind verschwunden. Môchten die Sympathien, wel-
che sich der Erhaltung unserer Naturschätze ge-
genwirtig in weiteren Kreisen zuwenden und wel-
che auch von Seite unserer Staatsregierung durch
die Einftihrung von Arbor-und Birds-days ihre offi-
cielle Weihe erhalten haben, in nicht zu ferner
Zeit sich zu denjenigen verstiindigen Massregeln
verdichten, ohne welche wir niemals das gesteckte
Ziel erreichen kénnen! In Deutschland, in Ungarn
und in den Vereinigten Staaten braucht man keine
Birds-days mehr, weil Regierung, Gemeindebehor-
den und Polizeimassregeln den gefiederten Sängern
der Gehülze einen weit sichereren Schutz garantie-
ren als ihn Sympathien und Schulfeste zu leisten
im Stande sind.
B) — Neue Beobachtungen uber bra-
silianische Vogelnester und
Vogeleier
Mit einer gewissen Vorliebe habe ich mich
seit Langem dem biologischen Studium unserer
Vogel gewidmet und die Ergebnisse meiner Beo-
bechtungen im 4. und 5. Band dieser Zeitschrift
und in einer Arbeit über die Tyranniden im
“Auk, Jahrgang 1904 verdffentlicht.
Heute setze ich meine Arbeit fort, will aber
der Beschreibung neuen Materials unserer Samm-
lung einige Betrachtungen allgemeiner Art voran-
schicken. Bis jetzt hat man weder iiber die Ne:
ster noch über die Hier unserer Vügel vergleichende
Studien angestellt. Die Beobachter “beschränken sich
eewohplich. darauf, Tatsachen und das fast aus-
schliesslich mit Riicksicht auf die Kier zusammen-
zutragen. Meine Aufgabe soll eine andere, verglei-
chende sein. Ein grosser, ja vielleicht der grósste
D. des
Teil der südamerikanischen Vüge!l, welcher in den
verschiedensten Museen und Privatsammlungen auf-
gehäuft liegt, ist von Händlern aufgekaufte Waare,
wobei eine Fülle von irrtimlichen Angaben mit in
den Kauf genommen za werden pflegt. Nicht al-
lein, dass de Verkäufer nicht auf der Hohe des
wissenschaftlichen Studiums stehen, um die ihnen
vemachten Angaben prüfen zu künnen, so bereiten
ihnen die eigentlichen Lieferanten von Eiern auch
Irrtiimer, deren Opfer diese hiinfig seitens der Jä-
ger sind, welche ihnen zu einem Neste einen be-
liebigen Vogel mitverkanfen. So kam es, dass un-
sere ersten Arbeiten auch falsche Angaben enthal-
ten, welche nach und nach schon berichtigt wur-
den. Das Néimliche passierte auch dem Herrn A.
Nehrkorn und dem Britischen Museum. Häufig
verkaufen die Hiindler Eier von Vôgeln, die an den
bezeichneten Ortlichkeiten gar nicht vorkommet.
Vergleicht man die wirkliche geographische Ver-
breitung, die Irrtiimer der Synonymie, die Maasse
der Vügel und die ihrer Eier, so ist es môglicb,
hinter viele falsche Angaben zu kommen. Wenn
man z. B. das Ei einer bestimmten Art kennt und
nun ein solches von einer anderen Art, welche
aber grosser ist, erhiilt, so kann das Ei derselhen
nicht Kleiner sein. Bei vielen Gattangen und selbst
bei Familien zeichnen sich die Kier durch glei-
chen characteristischen Bau und iiberemstimmende
Farbe aus. Die Kenntnis von derlei Iatsachen
kann uns bei der Bestimmung dienl ch sein.
Die Grundiage fiir unsere ganze Klassifikation
bildet die Gesammtheit der morphologischen Charac-
tere, welche die Priifung der verschiedenen Arten
uns liefert. Die biologischen Merkmale entbehren
im Allgemeinen eines entscheidenden Wertes für
das systematische Studium, verdienen aber dessen-
ungeachtet die grósste Aufinerksamkeit. Die
Schwierigkeit liegt nicht in der Zusammentragung
von Beobachtungen und ihrer kritischen Verwer-
tung, sondern sie beginnt erst mut der Verglei-
chung und konsequenten pbilosophischen Durchdrin-
— 460 —
gung des Stoffes. Die morphologischen Charactere,
welche uns zur Aufstellung des zoologischen Syste-
mes dienen, entwickeln sich oft nicht gleichmiissig
oder widersprechen sich sogar. Dann besteht die
Aufgabe,—bleiben wir bei unserem Beispiel von den
Vogelu—, zu entscheiden, ob die Schnabelbildung,
die Beschaffenheit der Schwungfedern, der Steuer-
federn, der Tarsus-Schilder, der Verwachsung der
Zehen u. s. w. eine grüssere Beachtung verdieat
als andere Merkmale. Es giebt zahlreiche Anpas-
sungscharactere, welche die Lebensweise widerspie-
geln und die sich innerhalb verschiedener natürli-
cher Gruppen wiederholen kénnen und andere, wel-
che auf dem Wege der Vererbung von den Vor-
fahren der Fa-uilie von Geschlecht za Geschlecht über-
liefert werden. Ohne Kenntniss der Phylog nie kônnen
wir uns kein sicheres Urteil über den systematischen
Wert der verschiedenen morphologischen Charactere
bilden. studien in dieser Hinsicht liegen aber wenige
vor uni fiir viele Probleme hat man die betreffen-
den l'orschungen noch nicht einmal begonnen.
Unter diesen Umstinden müssen wir die Auf-
klirungen, welche uns die Biologie liefert, als
lehrreich betrachten, sie sind zuweilen wahre Licht-
quellen, welche das Problem beleuchien Im
Verlauf dieser Studie werde ich Gelegenheit haben,
diese meine Behauptung näher zu begriinden.
Seit dem Jahre 1904, in dem ich im “Auk”
meine Studie über die Biologie der Tyranniden ver-
offentlichte, empfing ich verschiedene neue Nester
und Kier, welche in mancher Hinsicht die syste-
matische Stellung der betreffenden Vügel näher be-
stimmen. Ich beziehe mich besonders auf die Gat-
tungen Onychorhynchus und Myobius. _ Das
Nest von On. swainsoni Pelz, das im Folgenden
niher beschrieben wird, erinnert an das von Ayr-
obius barbatus. Wer die Nester von Myiobius bar-
batus und naevius, neben einander liegen sieht,
kann nicht daran zweifeln, dass beide Vogel ver-
schiedenen Gattungen angehóren. Wirklich sind die
beiden Arten derart verschieden, dass die zwei Au-
— 461 —
toren, À. Ridgway und H. v. Berlepsch, welche
im letzten Jahrzehnt über die Klassifizierung der
Tyranniden schrieben, die Notwendigkeit der Au-
flósung der Gattung, deren typische Art Adyzo-
bius barbatus ist, dartun; Ridgway hat den Namen
Myiophobus Reichenb. für die Gruppe des Myiobius
neevius und verwandter Arten angenommen. Nach
Ridgway (1. e p. 395) ist das Nest von Ony-
chorhynchus mexicanus hiingend, in eine Masse
losen Gezweiges eingeschlossen. Das weissgelbe Hi
weist einen Kranz von dunklen Flecken auf. In
der Fauna von Brasilien giebt es nur einen einzi-
gen Vogel, der, was sein Nest und sein Ei anlangt,
dem Onychorhynchus verglichen werden kann.
das ist Myzobius barbatus. Sein Nest besteht aus
einer, in eine zweite eingeschlossenen Tasche, wel-
che in ihrem unteren Teil offen ist. Die Kier von
Myiobius sind blassbraun, von einer Farbe, welche
sonst selten in dieser Familie vorkommt, die von
Onychorhynchus sind rótlich-braun. Die Ausbildung
des Schnabels und der aufrichtbaren Hinterhaupts-
federn von Onychorhynchus stellen selbstredend eine
extreme Modifikation dar, so dass die biologischen
Tarsachen, welche ich soeben anseinandergesetzt
habe, von besonderen Wert für die Kenntnis der
natirlichen Beziehungen der Gattungen sind. Die
Trennung von Myiophobus und Myiobius wird so-
mit sowohl durch die Biologie wie durch die mor-
phologischen Charaktere gefordert. Eine andere
kleine Gruppe unter sich verwandter Arten ist die
von Myiozetetes und Pitangus, deren grosse, bedeck-
te Nester sie charakterisieren ebenso wie auch
die Hier, welche in ibrem Typus denen der Elai-
neinen entsprechen. Sieht man von diesen zwei
Gattungen ab, so setzen sich die ‘Tyranninen aus
starken Vôgeln mit dicken Schnibelo, die am Grun-
de mit langen Borsten versehen sind, zusammen ;
sie alle bauen einfache flache Nester und legen dicht
gesprenkelte Hier, deien TIlecken sich in der
Axenrichtung auszudehnen streben. Zu den Tyran-
ninen gehyren die Gattungen Megarhynchus, Co-
ES Abe oe
nopias, Myrodynastes, Sirystes, Hirundinea, My-
iarchus, Emprdonomus, Muscivora und Tyrannus.
Wie es scheint, sind die Platyrhynchinae, ~er-
pophaginae, Elaineinae und andere Unterfamilien,
welche H v. Berlepsch aufgestellt hat, gut be-
griindet oder begrüudbar : Zweifel, die einer Nach-
priifung wert sind, bestehen nur in Bezug auf
die Gattung Arundinicola, deren geschlossenes Nest
in Gestalt einer Tasche sie in die Nihe der Platy-
rhynchinae bringt. Eine andere Fainilie, über wel-
che uns die Biologie wertvolle Aufschlüsse giebt,
ist die der Furnariiden und ich verweise den Le-
ser auf die Angaben, welche in dem betreffen-
den Abschnitte zu finden sind.
Ich bin weit daven entfernt, die Tatsachen
der Biologie zu überschätzen. In der Besprechung
der Familie der Icteriden wird der J eser eigenar-
tige Beobachtungen über die Kier des “Vira-bosta”,
Molothrus bonarensis finden, welcher dieselben
in die Nester anderer Vogel zu legen pflegt. Im
Geoiete des Rio La Plata und in Rio Grande
do Sul legt dieser Vogel ausser den gewodhnlichen
gesprenkelten Eiern auch rein weisse. Wahrschein-
lich legt er die ar in die geschlossenen Ne-
ster vor Anumbius u. - keinesfalls aber hat der Vo-
gel in den Staaten a Paulo und Rio de Janeiro
eine derartige Gewohnheit, In diesem Falle hat die
Farbe des Kies innerhalb derselben Art keine be-
sondere Bedeutung, in anderen Fiillen ist sie aber
in der Gattung oder in der ganzen Familie kon-
stant,
Die gleiche Art von Molothrus ist noch durch
einen anderen Fall der Variabilität interessant. Die
siidbrasilianische und argentinishe Fauna hat braun-
schwarze Weibchen, wiihrend die von Bahia (M.
bonariensis sericeus) hellgrau-braun sind. Wir ha-
ben da also verschiedenfarbige Weibchen und gleich-
farbige Miinnchen in derselben Art. Kleinere bio-
logische Unterschiede beobachtet man hin und wieder
auch unter anderen Vertretern derselben brasiliani-
schen Art im Norden und im Siiden. Das Nest von
Myioseteles sinulis von Bahia ist anders als das
von Sao Paulo und die Eier von Bahia sind klei-
ner, was auch bei denjenigen von Tanagra sayaca
zutrifft.
Die Variabilitit der Arten beschränkt sich
nicht auf die iiusseren Charactere des Vogels; sie
offenbart sich auch in seiner inneren Organisation
und in seiner Biologie. Aus diesem Grunde wiire
es zu wiinschen, dass das biologische Studium der
Vogel eine grossere Anzahl von Ireunden unter
uns fiinde. Sieht man von dem ab, was Euler
und ich darüber verôffentlicht haben, so bleibt we-
nig an exactem Tatsachenmaterial übrig, was aber
nicht der Fall wire, wenn anstatt zweier eine
grôssere Anzahl gewissenhafter, über das weites
Landgebiet verteilter Beobachter zur gleichen Zeit
vearbeitet hätten. Diejenigen schliesslich, welche
der wissenschaftlichen Erforschung des Landes wirk-
liche Dienste leister wollen, miissen wissen. wie
wenig, herzlich wenig bis jetzt geleistet wurde. So
wissen wir z. B. recht wenig von den Vügeln des
Urwaldes nnd besonders von ihrem Leben. Eine
reiche ideale Belohnung winkt cen Freunden der
Naturforschung, welche mit Geduld. Energie und
Ausdauer sich dieser anziehenden Beschiifugung wid-
men wollen.
Fam. IBIDAE
Harpiprion cavennensis (Gm.)
Herr R. Krone beschreibt das Ei dieses Vogels
im “Estado de S. Paulo” vom 10. April 1903 also:
Das Nest wurde am Ribeira — Fluss bei Iguape im
Monat Cktober in einer Hühe von 5 m über dem
Erdboden zwischen den Zweigen eines Baumes na-
mens “pão d'alho” (Knoblauchbaum) gefunden; es
bestand aus einein einfachen Haufen, ohne besondere
Sorgfalt zusammengetragener, trockner Zweige, ähn-
lich dem des Reihers (Herodias egretta Gm.). Das
Ei misst Ci: 39 min, besitzt eine wenig glatte
Schale mit zahlreichen flachen Poren und ist von
eintônig olivenbrauner Farpe.
Fam. TINAMIDAE
Crypturus adspersus vermiculatus
(Temm.)
Herr Garbe brachte uns von Itapura, Staat Sac
Paulo, drei Hier, deren Masse 54: 40 mm. sind und
die sich durch eine hell graurote Farbe auszeichnen.
Fam. CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis furcifer (Vieiil.)
Aus S. Lourenço, Rio Grande do Sul, empfing
ich drei Gelege, welche Farbenwechsel, bald gelb-
lich weiss mit grauen Tünen, bald gelblich mit
einem Stich ins Rosarote, zeigen. Die Zeichnung
besteht in zahlreichen Punkten und breiten schwar-
zen Linien. Die Masse wechseln zwischen 28,5:
23,3 und 29,5 : 23 mm Die obige Beschreibung
stimmt ganz mit der von Oates im Catalog des
British Museums gegebenen und derjenigen von
Nehrkorn über “Macropsalis forcipata” aus Argen-
tinien, einer Art, welche nicht in Argentinien vor-
kommt, überein.
Hydropsalis torquata (Gm.)
Davon sind mir zwei Hier von Joazeiro, Staat
Bahia, zu Händen, welche Hr. E. Garbe im Januar
1913 dort gesammelt hat. Der Grund des Kies ist
blass rotgelb mit dunkelbraunen Flecken dariiber
und anderen blasseren darunter, sowie mit kurzen
Linien und gelbbraunen Sprenkelungen. Die Masse
sind 28 : 20 mm. Unsere Beschreibung entspricht
genau der Nehrkorn’s.
Macropsalis creagra (/p.)
| Unter dem Namen Hydropsalis psalurus Bp.
erhielt ich von Hr. Schtiiter ein Ei, das nicht mit
dem von furcifer, iibereinstimmt, einer Art, welche
in Sta Catharina nicht vorkommt und welche sich
auch durch Zeichnung und Grosse von demjenigen
der Hydropsalis torquata unterscheidet. Die Masse,
31,9 : 21 mm., sind beträchtlicher und die Flecken
sind zalilreicher und bilden am stumpfen Pol einen
breiten Kranz, der den ganzen Pol einnimmt. Da
mir nicht bekannt ist, dass von H. torquata in St.
Catharina eine gréssere Unterart existiert, halte
ich es fiir wahrscheinlich, dass dies das Ei von
Macropsalis creagra ist.
Stenopsis longirostris (27.
Die Eier, welche Hr. E. Garbe in Joazeiro,
Staat Bahia, im Monat Januar des Jahres 1915
sammelte, messen 25 : 18,7 und 24 : 18 mm. Der
Grund ist gelblich weiss, während die grossen Fle-
cken und breiten Linien der Zeichnung braun sind.
Dies Ei unterscheidet sich von dem des typischen
St. longirostris Chile's und da ich gegenwirtig die
Beziehung des Vogels von Joazeiro zu dem eben
genannten nicht kenne, so beschrânke ich mich
darauf, eine Beschreibung seiues Kies zu geben.
Nannochordeiles pusillus /Gould)
(Taf. VIII, fig. 3)
Dieser Vogel ist in Joazeiro nicht selten, wo
H. Garbe im Januar 1913 vier Gelege von 1 u. 2
Hiern zwischen Kieselsteinen, deren Farbe sie auch
besitzen, fand. Die Eier sind oval, im Grund
weissgelb mit zahlreichen Flecken und oberflächli-
chen und tieferen dunklen Schatten ; nur auf einem
von den Eiern bildet die Zeichnung einen langen
rotlich braunen Krarz nahe am Pol. Die Masse sind
25 : 18 und 25: 19 mm., folglich ein wenig grós-
ser als die von Nehrkorn angegebenen und klei-
ner als diejenigen der Sammlung des British Mu-
seums.
Chordeiles acutipennis (DBodd.)
Die Kier, welche Hr. Garbe von Itapura mit-
brachte, messen 26,5 : 19; 28,5 : 20 und 30 : 20
und zeigen auch Farbenunterschiede. Die Tatsache
der grossen Schwankung in der Grüsse des E'es
von 26,5 bis 30 mm. unter den Gelegen derselben
Ortlichkeit scheint mir besonders bemerkenswert zu
sein.
Caprimulgus rufus (Lodd.)
(Taf. VII, fig. 4)
Ein Ei aus Argentinien ist weisslich, glänzend
und misst 32 : 23 mm. Die, welche ich aus Rio
Jrande do Sul vom Herrn Enslen in S. Lourenço
empfing, sind auf dem Grunde blassgelb, eines mit
mehr, das andere mit weniger Flecken und messen
432.5: 24 mm. und 34.: 23 mm. Die von Nehr-
korn angegebenen Masse sind dsher sehr klein.
Caprimulgus ocellatus (Tsci.)
Ausser den im V. Bande unserer Revista, p.
301 beschriebenen Eiern erhielt ich noch ein wei-
teres aus Salto Grande do Paranapanema, welches
28 : 20,5 mm. misst. Die gesprenkelten Hier mit
den Massen 20 : 17, welche Nehrkorn als vor die-
ser Species herriihrent beschrieben hat, gehóren
infolgedessen einem anderen Vogel an; ich kenne kein
so kleines Ei von den brasilianischen Caprimulgiden.
Es muss offenbar 27 : 20 mm. heissen und ist es
wohl ein Ei von C. parvulus.
Caprimulgus parvulus (Gould)
(Taf. VIII, fig. 5)
_ Zwei Hier aus Ypiranga, São Paulo messen
27,9 bis 2& : 20 und sind von blass rótlich gelber
Farbe mit Tupfen, Flecken und bräunlichen Stri-
chen. Zwei andere aus Paraguay, welche ich dem
Hr. Arnold W. Bertoni verdanke, messen 27,5 :
20 und sind von hellerer, gelblich weisser | arbe
mit blassen Flecken.
Nyctibius griseus (Gn.)
(Taf. VII, fig. 2)
Ich befinde mich heute in der angenehmen
Lage, meine friiheren Angaben (1. c vol. IV p.
257) ergänzen und die Beobachtungen Goeldi’s
bestätigen zu kúnnen. Hr. João Lima, der
Präparator unseres Museums, erjagte nale beim
Museum, in der Sumpfmiederung am 21. Oktober
1913 ein Männchen dieser Art. das eben ein Ei
bebriitete, wobei ihm als Nest eine kleine Vertie-
fung in der Oberfläche eines diirren, abgebrochenen
7 cm. dicken Baumes diente. An der Bruchstelle
des abgestorbenen Baumes, in einer Fühe von 2 mn.
befand sich die kleine Vertiefuny von 3,9 bis 4.0
em. Durchmesser und 5 cm. Tiefe. Darin lag ohne
weiteren Schutz das Ei. Es ist regelmiissig oval,
em wenig dicker in der Mitte, von weissgrauer
Farbe mit kleinen, braunen und anderen stark vio-
letten Fiecken, welche an einem der Pole eine nur
schwach sichthare Krone bilden. Die Masse des
Kies sind 40,5 : 30 mm. Von den zwei Hiern, wel-
che man bis jetzt kennt, befinde: sich das eine im
Britischen Museum, das zweite im Museu Paulista,
Fam. CUCULIDAE
Tapera naevia (L)
Das Ei dieser Art wurde auf Seite 393 dieses
Bandes beschrieben.
Fam. TROGONIDAE
Trogon viridis (L.)
Von Herrn W. Ehrhardt erhielten wir von
der Kolonie Hansa in Staate Sta. Catharina das
Nest, welches in einem, an einem Baumstamm be-
festigten Neste verborgen war. Die drei Kier sind
weiss, schwach glänzend mit einigen blassgelben.
Flacken und messen 34—34,5 : 25 mm.
Trogon surucura (Vi)
Herr Chr. Enslen in S. Lourenço, Rio Grande
do Sul, schrieb mir, dass das Nest in der schwam-
migen Masse einer Epiphyte sich befindet. Der
Vogel beschränkt sich darauf, die betreffende Zusam-
menhiufung von Wurzeln auszuhéhlen und sein
Nest ist fertig. Die in diesem Neste angetroffenen
Hier;, messem 2759), 1/2545. 026 15.25 und 2a eee
mm ; diejenigen, welche uns Hr. Arnold W. Ber-
toni von Alto Parana, Paraguay schickte, sind ein
wenig grôsser und messen 29-30 : 23 mm.
Fam. FORMICARIIDAE
Batara cinerea (Vicill.)
Uber Nest und Ei dieser Art sagt R. Krone
im “Estado de São Paulo”, dass das Nest nicht an
Zweigen aufgehangt wird, wie das von Thamno-
philus, sondern auf einer festen Unterlage errichtet
ist. Es ist eine ziemlich grosse Schale, die ohne
Sorgfalt aus Zweigen, Baumflechten und Blättern
in fast undurchdringlichem Gewirre von Schling-
pflanzen 2 bis3m. über dem Boden, gut verborgen
hergerichtet wird. Das Gelege besteht aus 3 Eiern
von regelmissiger Form und 35-36,5 : 25-26 mm.
Grôsse. Die Färbung dieser Hier ist schmutzig
welss und man bemerkt nahe am stumpfen Pol ei-
nen Kranz von dunklen Flecken sowie von kleinen
schwarzen, beinahe violetten Fleckchen.
Fam. DENDROCOLAPTIDAE
Im Ganzen muss diese Familie ebenso als eine
wohlbegrenzte gelten, wie ihre Unterabteilung durch
Sclater als eine gelungene zu bezeichnen ist.
Die Art, wie gleichwohl die Ansichten der Autoren
in vielen Punkten divergieren, liisst es ratsam er-
scheinen, die biologische Gliederung der Familie zu
rate zu ziehen.
Nach ihrer Lebensweise zerfallen die Gattung-
en der Dendrocolaptiden in drei grosse Gruppen:
eine, welche an den Aufenthalt im Camp gebunden
ist, eine von Vügeln der Waldungen und Gebii-
sche, welche da nach Art der Forimicariiden lebt
und eine, welche, den Spechten gleich, an Bäumen
klettert und trommelt. Diese verschiedenen Gruppen
von Gattungen sind auch in ihrer Nistweise charac-
teristisch verschieden. Die Furnariinen, welche
zumeist die freien Ebenen und Flussnicderungen be-
wohnen, nisten in der Erde oder bauen Nester aus
Erde, wie der Tóptervogel (Furnarius). Burmeister
fand ein Nest vou Upucerthia luscinia Burn. un-
ter dem Dache eines Hauses, wohl ein ausserge-
wohnliches Vorkommen, da die übrigen Upucerthia-
Arten in den Uferbéschungen ihre urterirdischen
Nester anlegen. Sie bauen ebenso, wie Geobates
einen langen Kanal in die Boschung, der sich am
Ende zu der mit trockenen Grashalmen oder Laub
ausgepolsterten Brutkammer erweitert. Wahrschein-
lich verhalten sich die anderen Gattungen der
Furnariinen ebenso, sicher wissen wir das von Loch-
meas. Nur Æurnarius baut freistehende Nester,
aber sie sind aus Lehm gebaut, sodass der Bau-
plan der Familie eingehalten wird. Die Hier sind
stets weiss. |
Ganz anders verhalten sich die Synallaxinen.
Ihre Nester sind stets auf Bitumen oder im Ge-
strüpp der Büsche errichtet und zwar bald aus wei-
chem Pflanzenmaterial, bald aus diirren Astchen
oder Dornen gebaut. Sehr oft werden leere Schne-
ckenschalen, Haare von Siugetieren, Epidermisfe-
— 470 —
izen von Schlangen und Eidechsen als Zierrat
eingeflochien ; die Brutkammer ist mit weichen, oft
zerkleinerten Blittern gefiittert. Bei den Vertretern
von Synallaxis sind die Nester aus Holz gebaut.
d. h. aus dürren Astchen, wihrend die Siptornis-
Arten fast immer Grashalme, Moos und weiches
Pflanzemmaterial ieniitzen. Von hohen Interesse
ist nun die Art, wie die schon mehr als kopfgros-
sen Banten von Synallaxis sich bei den Gattungen
Anumbius und Pseudoseisura zu Riesennestern
ausgestalten, ohne dabei in ihrer Bauart Anderung
zu erleiden. Bei den Gattungen Phacelodomus
und Zripophaga liegt der Eingang zum Nest seit-
lich und ist zu einer Vorkammer erweitert. In
der Regel ist die versteckte zentrale Kammer der
Brutraum, aber bisweilen dient auch die Vorkam-
mer fiir diesen Zweck wie Aplin und Venturi
angeben. So schliessen sich einerseits Phacello-
domus und Tripophaga eng aneinander, anderer-
seits geht von Synallaxis za Anumbius und Pseu-
doseisura eine so ununterbrochene Enwicklungslinie,
dass die Trennung von Synallaszæis und Anumbius
etc. gewiss nicht den natiirlichen Verwandtschafts-
bedingungen entspricht. Die Kier sind in der
Synallaxis-Gruppe weisslich mit grünlichem Tone,
zuweilen blassgriin oder selbst wie bei Phloeocrcyptes
und Limnornis tiefblau oder blaugriin.
Am gleichférmigsten legen die Verhältnisse
bei den Dendrocolaptinen. Als Niststiiten dienen
Baumhóhlen, bald mit, bald ohne Unterlage von
einigen trockenen Blitern, Stiicken morschen Holzes
u. s. w.; die Kier sind weiss. So ist es bei allen
Gattungen, wehche Sclater zur Unterfamilie der
Dendrocolaptinen stellte. Schwierigkeiten entstehen
nun einerseits dadurch, das man verschiedene Gat-
tungen später zu den Philydorinen gebracht hat
und andererseits dadurch, dass bei letzterer Unter-
familie zum Teil die gleiche Nistweise besteht. Wir
haben daher die Rumpelkammer der Philydormer
hell zu beleuchten.
Zunächst treffen wir in dieser Unterfamilie
= PE
Gattungen, welche in ihrer Lebensweise sich nicht
von den Dendrocolaptinen - unterscheiden. Dahin
gvehoren folgende Genera, welche an Biiumen des
Waldes klettern und in ihren Hôühlungen nisten :
Pseudocolaptes, Xenops, Nenicopsis und ihnen
werden sich héchst wahrscheinlich Helcobletus,
Philydor und Verwandte anschliessen. Dann
kommt die an Synailaxis anschliessende Gruppe
von Erbauern grosser geschlossener Nester, welche
aus dürren Astchen errichtet werden: Coryphoste-
ra, Anuinbius, Pseudosesura, Linnornis, Phacel-
lodomus, Tripophaga. Uber die einzige noch
restierende Gattung Automolus sind wir durch
Euler's Beobachtungen an A. leucophthalmus
(Wied) unterrichtet; ihr Nest ist unterirdisch
angebracht.
Es fallt uns hier zunächst auf, dass unter den
auf und in Bäumen nistenden Végeln einer erscheint,
welcher in Uferbüschungen sein Nest in einer
Erdgalerie unterirdisch anlegt. Wir haben es aber
hier nicht mit einem aussergewohnlichen Ausnahmefall
zu tun, sondern mit emer Erscheinung, die auch in
anderen Unterfamilien und Gattungsgruppen sich
wiederholt. Besonders instruktiv ist in dieser Hin-
sicht die Gattung Leptasthenura unter den Synal-
laxinen. L. aegithaloides baut aus Gras, Wolle
u. s. w. ein grosses Nest, bald in Gestriippe, bald
in Baumhohlen. Venture beobachtete das Nest von
L. fuliginiceps paranensis Scl., welches in einer
Lehmwand so in einer Hohlung eingebaut war,
dass die diirren Zweige, aus denen es zusammen-
gesetzt war, zum teil ausserhalb der Büschung
standen. So wird es begreiflich, wie aus einem freien
in einem beliebigen Hoblraum angebrachten Nest ein
in der Erde verborgenes hervorgehen kann. Ausser den
simtlichen Furnariinen und dea eben besprochenen
Fillen gibt es noch eine weitere Gattung, deren
Arten ihr Nest in der Erde anlegen, Sclerwius
nimlich. Dieser auf dem Boden des Waldes lebende
Vogel ist meines Erachtens nichts als eine aberrante
Dendrocolaptine. Darauf weisen die verdickten, am
= AB
Ende vorstehenden Schifte der Schwanzfedern hin.
Der Kletterschwanz diente dem Vogel als wertvolles
Organ, solang er an Bäumen auf und absteigend
nach Art der Spechte lebte, verlor aber alle Be-
deutung als die Anpassung an das Leben auf dem
Boden erfolgte. Die Sclerurus-Arten suchen ihre
Nahrung am Boden, wo sie nach Art des Grall-
arunae und von Lochmias abgefallene Zweige
und Blatter mit dem Schnabel umdrehen, auf der
Suche nach Insekten. Sehen wir uns auf Grund der
vorausgehenden Krürterungen das System der
Dendrocolaptiden an, so haben wir an jenem von
Sclater wesentlich nur die Einbeziehung der Anum-
bius-Gruppe zu den Philydorinen auszusetzem. Ob
die Vereiniguag von Æurnarius und Lochmias in
eine Unzerfamilie natiirlichen Beziehungen entspricht
oder ob die Anpassung an das Leben im Camp
mehrmals und zu verschiedenen Zeiten vor sich
ging, das zu entscheiden, mag weiterer Forschung
anheim gegebem werden.
Noch mehr als Sclater setzt sich Ridgway mit
den Erfahrungen biologischer Forschung in Wider-
spruch. Die Trennung der Dendrocolaptiden in zwei
Familien wird nicht durch die Ergebnisse morpholo-
gischer Forschung erheiscnt, und die Lostrennung
vor Margarornis und Pygarrhicus von den Den-
drocolaptinen kann ebenso wenig gebilligt werden,
wie die Einreihung von Xenops unter die Furna-
riinen. Ridgway ist darin der Aregung von Garrod
gefolgt, aber gegen diese Auffassung eben muss ich
mich erkliren. Wenn Ridgway sagt: die Fur-
nariiden haben die nares «schizorhin», die Dendro-
colaptiden, «holorhin», so nimmt der Ornithologe,
welcher nicht in der Lage ist, sich über den Wert
anatomischer Merkmale ein eigenes Urteil zu bilden,
an, es handle sich um durchgreifende Unterschiede.
Das ist aber nicht der Fall. Garrod war wenig
elúcklich, als er die etwas verlängerte Form der
roramina nasalia des Schädels von Furnarius mit
dem sehr differenten bei Larus verglich. Schon
Beddard hat (p. 144) auf diese Diffe:enzen hinge-
Et de
wiesen und deutlicher hat Æärbringer die Sache
abgethan, wenn er p. 1419 sagt: «auf die nasalen
Verschiedenheiten lege ich kein Gewicht; die Con-
figuration bei den l'urnariinae dürfte sich leicht
als sekundire Diflerenzierung von der Holorhinie
der anderen Tracheophonen ableiten iassen. « Indem
ich mir vorbehalte, hierüber spiter Weiteres zu be-
richten, bemerke ich nur noch, dass schon Redgivay
selbst schizorhine und holorhine Arten bei den
Dendrocolaptiden (p. 225) erwähn hat. Tatsächlich
handelt es sich nur darum, ob das ovale foramen
nach hinten bis zum Ende des Intermaxillare reicht,
respektive etwas darüber hinaus (schizorhin) oder
nicht (holorhin). Die Liinge des foramen um 1-2
mm mehr oder weniger ist aber ein Umstand ohne
weiteres Interesse.
Nicht anders steht es mit dem zweiten wesent-
lichen Argumente von Ridgway, der Linge der
äusseren Zehe. Kommt sie der Mittelzehe an Aus-
dehnung eleich, so haben wir es mit Migliedern der
Dendrocolaptiden zu tun, ist sie kürzer, so handelt
es sich um eine Furnariide. Ein Millimeter Zehen-
lange mehr oder weniger und der Vogel wird in
eine andere Familie gesteckt. Familien von so schwa-
cher Begriindung kann man nicht acceptieren. Bei
den Gattungen Margarornis und Pygarrhicus ist
die Differenz zwischen beiden Aussenzehen eine ge-
ringe, trotzdem bringt Redgiway sie zu den Furnarii-
den. Das Vorgehen von Sclater verdient offenbar mehr
Billigung, denn in ibren iibrigen Charakteren schlie-
ssen sich beide Gattungen den Dendrocolaptinen an.
Alle Dendrocolaptinen haben einen ausgeprigten
Kletterschwanz mit vorstehenden Spitzen der steif
verdickten Schafte der Steuerfedern. Das ist eine
ausgeprigte Anpassung, die húher anzurechnen ist.
als eine etwas gréssere oder geringere Liinge der
Aussenzehe. Meines Erachtens sind die Dendrocolapti-
nen als Unterfamilie im Sinne Sclaters beizubehalten
und ist bei der Definition zu sagen, dass die äussere
Zehe der mittleren an Liinge ganz oder nahezu
gleichkommt.
=i
F'assen wir die Summe unserer Darlegungen kurz
zusammen, so haben wir innerhalb der tamilie der
Dendrocolaptinae folgende Unterfamilien, zn unter-
scheiden : |
1) Furnarunae. Vogel der offenen Ebenen
und ihrer Buschwaldungen, welche ihre Nahrung
am Boden suchen und daher durch langen, star-
ken Lauf ausgezeichnet sind. Sie bauen ihre Nes-
ter aus Lehm oder im Boden und legen weisse
Kier. Sie sind lebbhaft, streitsiichtig und mit lauter
Stime begabt, deren schrille kurze Téne meist oft-
mals nacheinander und in abwärts steigender Scala
wiederholt werden. Anatomische und biologisch?
Charaktere vereinen sich in der Anerkennung dies-
ser Unterfamilie.
2) Synallaxinae. Vogel des Waldes und der
Waldinseln des Campes, welche nach Art der For-
micariinen und der insektenfressenden Singvégel
auf Biumen und Biischen ihre Nathrung suchen.
Auch sie machen sich durch eine laute Stimme be-
merkbar und hiiufige Wiederholung ibres Rufes.
Sie bauen auf Sträuchern und Biiumen grosse Nes-
ter, bald aus Halmen, Moos und so weiter, bald
aus dürren Zweigen. Die Kier sind weiss mit blass-
orünhchem ‘Tone, bisweilen hellgriin oder selbst
dunkelgriinbiau.
>) Plulydorinue. Mit Ausnahme von Automo-
lus und Sclerurus, welche Vogel gerne sich am
Boden aufhalten und in ihm ibr Nest anlegen, sind
die Arten dieser Gruppe an den Wald gebunden,
Klettervogel, denen noch die starke Verdickung
der Schiifte der Steuerfedern und ihre weit vorste-
hende, oft eingebogene Spitz fehit, welche aber so-
wohl im Schwanz, wie in der Fussbildung als die
Vorläufer der Dendrocolaptinen erscheinen. Sie nis-
ten in Baumhülen und legen weisse Hier.
1) Dendrocolaptinae. Klettervogel des Waldes
mit bald kurzem, meisselformigem, bald langem ge-
kriimmten Schnabel, langer Aussenzehe, welche der
mittleren an Linge ganz oder nahezu gleichkommt,
und starken verdickten Schiiften der Steuerfedern
ae A
des Schwanzes, deren vorstehende Spitze oft einge-
Xrümmt ist. Sie nisten ausnahinslos in hohlen biu-
men und legen weisse Hier.
Furnarius assimilis (Cal. Hin)
Herr E. Garbe beobachtete im Oktober 1915
diesen “Lehmhans” nahe bei Cidade da Barra in
Bahia, wo er in einem verlassenen Nest der
Pseudoseisura cristata Spix nistete. Die Hier sind
glatt, weiss, gliinzend und messen 25, 5 : 16, 6
und: 2908 19.5, mm.
Cranioleuca pallida (Wied)
Friiher habe ich nach Nehrkorn die Masse
des Eies unrichtig angegeben (|. c. p. 244). Von
welchem Vogel das von Nehrkorn erwähnte Ki
stammt, ist nicht klar, keinesfalls von C. pallida,
die in Rio Grande do Sul nicht vorkommt (cf. I.
v. Ihering, Ibis, 1909, p. 433), wahrscheinlich von
C. ruticilla Cab. Heine. Das Ei von CG. pallida
misst 20, 5 : 15 mm. und ist weiss. Das Nest
ist aus Flechten oder Bartmoos, Tillandsia usneoides,
gebaut. Es ist eine grosse, kugelige oder etwas
abgeflachte, 25 cm "breite Masse von weichem
Porn Reno in welchem sich seitlich der
Eingang befindet, welcher jedoch nicht direkt zur
Srutkammer, sondern in sanft aufsteigendem Bogen
oder fast im rechten Winkel zu ihr hinftihrt. Die
Kammer ist nicht gefiittert und dadurch lisst sich
das Nest leicht von jenem von Ormnitheon obsoleluin
unterscheiden, welches etwas kleiner und ebenfalls
aus Ilechten gebaut, dagegen aber innen mit
Pflanzenseide ausgepolstert ist. Ein Nest dieser
nue Art beobachteten wir seit zwei Jahren
m botanischen Garten unseres Museums, wo es in
25 m. Hohe an einem Baumstamm angebracht ist
zwischen den Blattbasen resp. Bulben von drei
verschiedenen, dem Stamme angewachsenen Orchi-
deen, einer Stanhopia tigrina, einem Oneidium und
— 476 —
noch einer anderen, überwuchert von den Ranken
und Bliittern einer kletternden Bigonia. Die untere,
seitlich liegende Offnung fiihrt in eine kleine
Kammer, aus welcher ein gewundener Gang nach
oben und rechts in die weite, einfache, nicht gefiit-
terre Brutkammer leitet. Das Dach des Nestes,
reichlich mit Excrementen bedeckt, lisst es als
beliebten Ruheplatz fiir Jung und Alt erscheinen.
Der Vogel führte im selben Nest im Sommer 1912-
1913 zwei Bruten aus, dann im folgenden Sommer
nur eine, von November 1913 bis Januar 1914.
Das briitende Weibchen liess sich durch Passanten
nicht stóren, entfloh nur in sehr geschickt versteck-
ter Weise, wenn man liingeren Aufenthalt vor
seiner Behausung nahm. Ob freilich der aus der
Vorkammer lugende Kopf jener des Weibchens
war oder etwa der des Minnchens, lisst sich nicht
sagen.
Cranioleuca vulpina (Pelz.)
Hr. Garbe fand das Nest bei Cidade da Barra,
Bahia im Monate Oktober 1913. Es befandt sich
am Rande eines Sees auf einem spiirlich belaubten
Baum und bildete eine aus feinen Pflanzenfasern
nnd Pflanzenseide zusammengesetzte Kugel. Die Hier
sind weiss, etwas ins Griinliche schimmernd und
messen dO 9/0 14 9 und 20 elo,
allaxi riseiventris (/eiser
Synall sg ent (R )
Hr. Garbe beobachtete bei Cidade da Barra in
Bahia im Oktober 1913 dieses Nest, das aus einem
Conglommerat von Dornen des Cactus “chique-chi-
que”, Cereus setosus Gurki, besteht. Dieses einzig-
artige Nest hat eine Grüsse von 1 m. inclusive
der Kingangsréhre. Von den drei Hiern des Gele-
ves besitze ich bloss ein grosses, ein wenig kugel-
formiges mit glatter, etwas glinzender Obertliiche
und hellgriiner Farbe. Die Masse sind 21,7 : 18
mm. Es ist die einzige Art von Synallaxis, deren
Kier nicht weiss sind, sondern hellgriin, wenn
zuweilen auch etwas verwaschen.
Phacellodomus ruber (Vicill.)
Das Nest becbachtete man mit dem voraus-
gehenden auf niederen Bäumen: es besteht aus
einem grossen Haufen von trockenen Zweigen. Die
Kier sind weiss, ein wenig ins Griine spielend und
messem).2o,: 19%), 24%: 18 und 29,: 18 mm. Fin
Ki aus Argentinien von der Phacellodoinus striati-
collis Lafr. et @Orb. (ruber Burmeister nec Vieill.)
befindet sich in unserer Sammlung und misst 25
19 mm. Bis heute wurden Nest und Eier dieser
Art noch nicht beobachtet, aber es besteht wenig
Unterschied mit der erwiihnten argentinischen Art.
Pseudoseisura cristata (Spir)
Hr. Garbe fand zahlreiche Nester im Oktober
1913 bei Cidade da Barra in Bahia. Sie befinden
sich an Sträuchern oder kahlen Biumen, bhisweiler
3 bis 4 beisammen, wovon in diesem alle nur
das jiingste bewohnt ist. In den nicht beniitzten
Nestern pflegen verschiedene andere Végel zu nis-
ten. Das Ei ist weiss, etwas griinlich und misst
Clee DO ep 1 Qebist2 iso: ay 2 Arm es: iste also
ein wenig kleiner als das von Ps. lophotes aus
Argentinien. Das Pseudoseisura-Pirchen duldet
auf dem Baume, wo es nistet, keine anderen Vogel
derselben Art, wiihrend es sich mit den übrigen
Voegeln wie Tauben u. s. w,, welche in seinen al-
ten, verlassenen Nestern nistep, ganz gut vertrigt.
Fam. TYRANNIDAE
Taenioptera irupero (Vicill.)
Hr. Garbe sammelte verschiedene Male bei
Cidade da Barra im Monat Oktober die Hier dieses
Vogels. Er nistet auf kahlen Béiumen, in alten
Nestern der Pseudoseisara und in Ameisenhaufen,
Me ds
ohne sich ein Nest zu bauen und ohne jede Aus-
fiitterung. Die Hier sind weiss-gelblich mit und
ohne Flecken; der stumpfe Pol ist kräftig mar-
ktert, wibrend der andere zugespitzt ist: Aus die-
sem Grunde und wegen des Unterschiedes in der
Firbung zweitle ich, dass das bei Oates und Reid
abgebildote Ei, Tafel Ill, Fig. 15, dieser Art zu-
gehort. Die Kier von Taenioptera irupero Vieill.
sind nur spiirlich am stumpfen Pol gesprenkelt.
Unsere Exemplare messen 23 : 17 und 24 : 16,5
mm. und stimmen zur Beschreibung von Nehrkorn
ebenso wie zu den Hiern aus Argentinien.
Fluvicola pica (Dodd.)
Das aus Venezuela starmmende Nest unserer
Sammlung wurde in dieser Zeitschrift Bd. V. 1902
p. 294 beschrieben. Von den Hiern, deren Masse
20 : 14 - 45 mm. betragen und welche weiss sind,
haben zwei vereinzelte, braune Spritzer am stumpfen
Pole, das andere ist einfórm'g fleckenlos.
Fluvicola albiventer (Spiz)
(Taf. VIII, fig. 6)
Unsere Eier von dieser Art stammen aus Ve-
nezuela und warden im V. Band, 1902 pag. 294
dieser Zeitschrift beschrieben. Sie messen 20 : 14
mm, sind weiss; zwei haben einige wenige,
braune Flecken am stumpfen Pol, ein drittes Ex-
emplar ist ganz weiss.
Fluvicola climazura (Vicill.)
(Taf. IX, fig. 1, Nest)
Das Nest, welches Hr. Garbe in Cidade da
Barra, Bahia, im Oktober 1913 sammelte, besteht
in einen Sacke, der am Rande eines Sumpfes an
der Spitze eines niedrigen Baumes aufgehängt war
und misst 34 cm in der Linge und 16 cm in der
Breite. Es ist ein wenig kanstvoller Bau aus
a ea
trockenen Zweigen, Blittern von Unkraut und
Grasstengeln, welcher in der Mitte von zahlreichen
Baumwollbiischeln ausgepolstert ist. Der ziemlich
breite, weite Eingang verliingert sich bis in den
Stil, woran das Nest aufgehiingt ist und hat kein
besonderes Vordach. Die Zentralkammer ist mit
Federn ausgefiittert, die Hier sind an enem Pol
stumpf und breit, am anderen zugespitzt glatt, ein
wenig glinzend mit braunen Punkten und Flecken,
hin und wieder mit nur wenigen, während sie
zuweilen vollig fehlen. Die Masse der Hier
schwanken zwischen 18 : 14,6 - 19 : 14 und 20 :
146 mm.
Todirostrum cinereum (L.)
Das gut erhaltene Nest dieser Art sammelte Il.
Garbe in Bahia bei Cidade da Barra im Oktober 191%.
Der Sack befand sich an der Spitze des Katinga-Baumes.
Die Liinge des Vogelnestes beträgt 42 cm, ein-
schliesslich des langen, schwanzfórmigen Anhanges.
Seine Breite betrigt 8 em. Wie dicken Wände des
Nestes bestehen aus Fasern und Grasstengeln, in die
viele Baumwollbüschel verwebt sind. Der äussere
Schmuck bestehet aus trockenen Blättern. Die Bier
sind weiss, von gedrungener Form mit spitzem,
vorderen Pol, wenig glinzend und messen 15 : 1!
Bice poss tl cosine:
Cyanotis rubrigaster (Vicill.)
Die Hier, welche wir aus Iguape erhalten haben,
messen 16,5 : 12 und 17:13 mm und entsprechen
der Beschreibung in dieser Zeitschrift, Bd. IV p. 230.
Hemitriccus diops (7emm.)
Ich empfing von Hrn. Arnold W. Bertoni ein
Nest aus Paraguay. Es ist eine aufgehingte Tasche
von 20 cm. Länge und 9,5 cm Breite, gänzlich
ere 480 ==
aus Baumbart und Moos gefertigt und an der Aus-
senseite mit den Blittern von Farnen nnd Moos ver-
ziert. Der Zugang, der in seinem oberen Teil von
einem Vordach überragt wird, misst 42 mm im
Durchmesser.
Myiobius barbatus mastaealis (Wicd)
(Taf. VIII fig. 9, Ei u. Taf. IX fig. 3, Nest)
Hr. E. Garbe hatte das Gliick bei Theophilo
Ottoni, im Staate Minas Geraes das Nest dieser Ari
zu finden. Es entspricht vollkommen der Beschrei-
bung von Euler, die im Band IV. p. 49 dieser Zeit-
schrift abgedruckt wurde. Das eigentliche Nest
ist unten von einem anderen liingeren, unvollständigen,
unten offenen Sack, der den Nesteingang verbirgt,
bedeckt. Unser Exemplar besteht aus PHanzenhaaren
mit Zweigen, Moos und Blättern und hat eine Linge
von 50 cm bei einem vorderen Durchmesser von 18
und innerem Sackdurchmesser vor 8 cm. Die Kier
welche 19,2 : 13,5 und 19,5 : 14 mm messen, sind
oval, fast ohne Unterschied zwischen den zwei Polen
und haben eine blasse, braun gelbe Grundfarbe mit
einem Kranz von ineinander fliessenden, braunen Fle-
“cken, der bei einem Ei ein wenig unter dem stum-
pfen Pol liegt, wiihrend er bei dem anderen bei-
nahe in der Mitte des Kies sich findet. Die Kier,
welche im Cataloge des British Museum II, 203 als
zu dieser Art gehorig erwäbnt sind, haben nichts
damit zu tun, gehoren vielmehr zu Myiobvus fasciatus.
Es ist sonderbar, wie gross der Unterschied der
Nester und Eier von zwei offenbar so nah verwand-
ten Arten wie Myiobius barbatus und Myiobius fas-
ciatus oder naevius ist, ein Fall, den wir schon in
der Einleitung des Kapitels erótert haben.
Pyrocephalus rubinus (Bodd.)
Die Eier unserer Sammlung entsprechen der
Beschreibung und messen 16:13 und 17: 12.
— 481 —
Onychorhynchus swainsoni (Pelz.)
(Taf. VIII fig. 8, Ei u. Taf. IX, fig. 2, Nest)
Hr. Garbe brachte aus Theophilo Ottoni in
Minas ein Nest mit drei Eiern im Dezember 1908
mit. Die Kier entsprechen den bekarnten Beschrei
bungen, sind aber in ihrer Grandfarbe von ausge-
sprochen rotbrauner Farbe und messen 20 : 15,5 —
16 mm. Was für die Wissenschaft neu ist, das ist
das Nest, welehes eine aufgehingte Tasche von 28
em Lange und 26 cm Breite bildet bei einem Durch-
messer des Zugangs von 4,9 cm, der ganz unten
liegt. Es ist aus Zweigen, Baumbart, Wurzeln u.
s. w. gefertigt und von aussen mit trockenen Blit-
tern verziert.
Leptopogon amaurocephalus (Cab)
Das Nest, das bis jetzt noch unbekannt war,
empfing ich von Herrn Arnold W. Bertoni, der es
im September 1903 gesammeli hat. Es ist eine ges-
chlossene Tasche, ganz aus dickem Moos, von 21
cm Linge mit einer gréssten Breite von 14 cm.
Sein Eingang, dessen unterer Rand 5 cm über dem
Grund liegt, misst 3 cm im Durchmesser. Die
Brutkammer ist mil Baumseide ausgepolstert. Die
Kier kennt man nicht.
Ornithion obsoletum (Temm.)
Unsere Nester von dieser Art bilden grosse
Taschen, welche an den Bliittern von Orchideen
aufgehingt und aus Flechten, Baumbart und
Zweigen zusammengesetzt sind. Die Nestkammer ist
mit P flanzenseide gefüttert. Der Eingang ist einfach.
Die Hier messen 17-18 : 12,8-13 mm und sind
weiss, mit einem schwachen, verschwommezen
Kranze von Flecken und Piinktchen. Bis jetzt waren
die Eier dieser Art unbekannt.
— 482 —
Myozetetes similis (Spix)
Die Eier von São Pauio entsprechen der Be-
schreibung von Euler, aber die, welche uns Hr. Garbe
von Cidade da Barra brachte, sind davon verschieden.
Das Nest ist eine grosse, off ne Tasche, deren gros-
ser Eingang von 7 cm sich auf der vorderen Seite
befindet. Die hintere Seite des Nestes verlingert
sich nach oben in einen festen Anhang von 32 em.
Linge und 5 cm Durchmesser, der um einen dicken
Ast geschlungen war. Die Tasche des Nestes hat
eine Breite von 14 cm und eine Ilôhe von 18 cm;
sie ist ebenso wie der Anhang aus Grashalmen,
zwischen welche Baumwoile in wirren Massen ver-
webt ist, verfertigt. Die Eier, deren ich 12 besitze,
sind weiss mit braunen, bald zahlreicheren, bald
spärlicheren Flecken. Die Masse schwanken zwi-
schen 22:15,5 und 24:15 mm, sind also kleiner
als die aus Iguape (20-17). Ich kann keinen Un-
terschied zwischen den Végeln von São Paulo und
Bahia merken, und wundere mich daher über die
Unterschiede zwischen den Nestern und Kiern in den
zwei Staaten, was mir der Mühe wert scheint, fer-
nerhin näher zu prüfen.
Myviarchus tyrannulus bahizse
(Berl. & Lev.)
Hr. Garbe fand drei bebritete Eier in einem
hohlen Baum in Joazeiro, Staat Bahia, im Monat
November des Jahres 1913, wovon ich nur eines
besitze. Es stimmt nicht mit der Beschreibung von
Oates p. 209 Tafel V, Fig. 10 überein, wegen seiner
verlingerten Form ; es misst 23,5 : 16,5 mm.
Empidonomus warius ( Veil/.
I
Hr. Garbe sammelte bei Joazeiro, Bahia, im
November des Jahres 1913 verschiedene Nester und
Gelege dieser Art. Die Kier sind bekannt. Das Nest
ist ein einfacher flacher Bau zwischen den auseina-
derstrebenden Zweigen eines kleinen Strauches ; es ist
aus feinen Gras-und anderen P flanzenstengeln, die kon-
zentrisch angeordnet sind, zusammengesetzt. Diese
Art baut sonach ein einfaches, kleines und flaches Nest
nach Art der Gattungen Miyzarchus und Tyrannws.
Fam. COTINGIDAE
Xenopsaris albinucha (Bum,
(Taf. VIII fig. 10)
Hr. Ernst Garbe beobachtete diesen Vogel ke:
Joazeiro im Jahre 1911 uud bei Cidade de Barra,
3ahia, im Jabre 1913 in den Monaten Oktober his
Dezember.
Man traf ibn nicht ausser dieser Epoche, wo
er dann auf dem Katingabiumen ziemlich gewübnlich
ist. Er baut auf den Gipfeln dieser dornigen Sträu-
cher auch sein Nest, eine einfache Vertiefung von
S em Durchmesser aus diirren Zweigen, Baumwolle
Blättern und Federn. Die konisch ovalen Hier sind
weiss oder weissgelb, ohne Glanz, mit zahlreicher
kleinen Flecken und braunen Tupfen, die besonders
zahlreich am stumpfen Pol sich häufen, wo sie einen
breiten Kranz bilden, der zuweilen wenig sichtbar
ist. Die Masszahlen der Eier sind 16, 5: 12 bis 17,
NEA À 45
Meines Erachtens hat Ridgway sehr recht, wenn
er diese Art von der Familie der Tyranniden aus-
schliesst, weil ibr Tarsus taxaspid ist. Auf der hinte-
ren Seite des Tarsus unterscheidet man zwei Reiler
von ziemlich grossen Schildern. Die Tyranniden ha-
ben immer einen exaspiden Tarsus.
Pachyrhamphus viridis (Vieill.)
Bei Cidade de Barra fand Hr. E. Garbe im
Oktober das Nest dieses Vogels auf der Spitze von
Aesten. Die Hier sind graubraun, ins Weisse spie-
lend, wenig gläuzend mit einem spitzen vorderen
iis 484 om
und wenig dicken hinteren Pol. Fleckchen und braune
verwischte Spritzer bilden unterhalb des stumpfer
Poles einen bald gut entwickelten breiten, bald schma-
len, wenig sichtbaren Kranz ; einige Fleckchen finden
sich zuweilen auch mitten auf dem Ei. Die Masse
der «Bier sind 20235244 his 202 ee
Das Ei, welches der [Katalog des Britsh Mu-
seum unter diesen Namen abgebildet hat, (PI. VI,
Fig. 5), gehôrt einer anderen Art an. Wahrschein-
lich kommt es von Herrn R. Krone, der mich ver-
leitet-hat, in dieser Zeitschrift Bd. IV, P. 233 unter
den Namen Legatus albicollis cin Ei von Pachy-
rhamphus zu beschreiben. So miissen alle Hier, wel-
che von Iguape kommen, unter Quarantiine gestellt
werden, bis gewissenhafte und exacte Beobachter
thre Autenticität beweisen.
Pachyrhamphus rufus (edd)
Herr Garbe brachte aus Bahuru ein Nest, das
er in November 1900 sammelte. Es bestand aus
einer grossen Masse von weichem Material, das zwi-
schen drei auseinander strebenden Zweigen aufge-
hängt war und 1&: 21 cm. mass. Der Zugang mit
einem Durchmesser von 4,5 em befindet sich unten,
die Brutkammer erstreckt sich nach unten und
hinten. Das Baumaterial des Nestes besteht aus Moos,
Pflanzenhasr und Baumwolle, nach aussen ist es mit
einigen Blättern und Zweigen bekleidet. Das Nest
enthielt 4 Hier, welche 21-22: 16 min messen.
Die Grundfarbe des Kies ist braun oder hell cho-
kolatfarben, dunkler wie das der vorhergehenden
Art. Der dunkle Fleckenkranz am stumpfen Pol
ist breit, die Klecken fliessen zusammen und brei-
ten sich iiber einen grossen Teil des Eies aus, was
ihm ein dunkleres Aussehen gibt, als es in Wir-
klichkeit in seiner Grundfarbe aufweist.
Chasmarhynchus nudicollis (Veil)
Hr. R. Krone hat am 10. April 1 03 im «Ks-
tado de São Paulo» die Beschreibung von Nest
und Ei dieser Art verôfientlicht, wonach das Nest
die Form einer einfachen, flachen Vertiefung besitzt.
welche in ihrer Gestalt an Taubennester erinnert
und einen Durchmesser von 16 em hat. Das Ei ist
mehr oder weniger oval uud misst 38: 29 mm;
es ist rotlichbraun und hat am stumpfen Pol einen
Kranz von dunkelbraunen Flecken.
Fam. MIMIDAE
Mimus saturninus arenaceus (Chap.)
Nach den von Herrn Garbe in Joazeiro, Staat
Bahia, im November 1913 gemackten Beobachtu-
ngen legt dieser Vogel seine Hier entweder in Nes-
ter, welche er selbst im Gebiische baut, oder in
alte Nester von Pseudoseisura cristata. Die Eier
sind glânzend, von verlingerter oder subglobularer
Form mit kleineren oder grüsseren Tupfen, zuwei-
len mit einem am stumpfen Pol geschlossenen
Fleckenkranz. Die gevéhnlichen Masse sind 2&
21 mm, aber es gibt auch Stiicke mit 29 : 20,5
und andere, welche 24 : 21 und 25,5 : 21 mm.
messen.
Fam. SYLVIIDAE
Polioptila leucogastra (Wied)
laio Vill ners, le
Herr Garbe brachte uns Eier und _ Nester
dieses Vogels von Cidade da Barra, Staat Bahia,
mit, wo er sie im Oktober 1913 gefunden hat.
Das Nest besteht aus einer einfachen, flachen Ver-
tietung aus Grashalmen und anderen Pflanzen in
konzentrischer Weise zusam nengeftigt; nach aussen
ist das Ganze mit einigen Blittera verziert. Die
Kier sind weiss und etwas ins Grüne spielend mit
brannen lupfen und Flecken, welche am stumpfen
Pol einen Ring bilden. Die Grüssenverhältnisse
bewegen sich zwischen 16 : 12 bis 12,7 mm.
Fam. TANAGRIDAE
Cypsnagra hirundinacea (Less.)
(Taf. VIL, fig. 11)
Herr Garbe gelangte im November 1904 bei
Itapura im Staate São Paulo in den Besitz eines
Nestes mit drei Hiern. Das betreffende Nest befand
sich swischen drei divergierenden Zweigen und war
mit Spinnengeweben und den beziiglichen Kiersäcken
befestigt. Das Nest ist aus feinen Zweigen und
Wurzeln gefertigt und mit Pflanzenseide ausgefiit-
tert. Die äussere Bekleidung hesteht aus Spinnen-
gewebe, Pappus von Compositeen und Vogelfedern.
Die Brutkammer hat einen äusseren Durchmesser
von 80 mm und einen inneren von 52 mm, bai
einer Hühe voh 70 mm. Die Eier sind oval, wenig
elânzend, von blass-bläulicher Farbe mit schwarzen
Flecken und Tupfen am stumpfen Pol, wo sie ei-
nen Ring bilden. Einige Tupfen finden sich auch
an allen anderen Stellen des Kies. Die Masse
schwanken von 22: 16,5 und 22,5: 16 und 23: 17 mm.
Fam. FRINGILLIDAE
Myospiza aurifrons (Spix)
Das Nest dieser Art stammt von Hr. E.
Garbe, der es am Rio Jurua, Amazonas, fand; es
ist eine tiefe Schale (Mulde), aus Zweigen und
Wurzeln mit einem äusseren Durchmesser von 10 cm
und ebensoviel beträgt seine Hohe. Die Eier sind
etwas glinzend, weiss und messen 19,5-20 : 15 mm.
Die Eier aus Argentinien, welche im Katalog des
British Museum unter dem Namen M. peruana Bp.
beschrieben sind, gehüren micht zu dieser Art, sor-
dern zu einer anderen, nämlich M. mamimbé Licht.
Unser Museum besitzt M. aurifrons von Rio Juruá,
aber vom übrigen Brasilien, von Rio Grande do Sul
angefangen bis Matto Grosso und Maranhão, haben
wir nur M. manimbé.
Die Gattung Myospiza umschliesst nur zwei
Arten, beide Südamerika angehôrend, und es wird
vernünfuger sein, M. aurifrons als amazonische Un-
terart von M. manimbe arzusehen. Die Eier von
Myospiza sind weiss, die von Ammodromus, der nor-
damerikanischen Gattung aber sind gesprenkelt. Nehr-
korn beschreibt in seinem Katalog aus Versehen
ein Ei von Ammodromus als das von Myospiza und
angeblich aus Brasilien stammend.
Coryphospingus pileatus (Wied)
Hr. E. Garbe fand das betreffende Nest in Joa-
zeiro, Staal Bahia, in einein Strauch, mit zwei Hiern.
Letztere sinde oval, ohne merklicten Unterschied
zwischen den beiden Polen, etwas glänzend, blassblau,
bei einem Masse von 19: 14,8 und 19,5: 15 mm.
Unsere Sammlung ist noch im Besitze von zwei
anderen Eiern dieser Art aus Venezuela mit den
Ausmassen von 19: 15 und 20: 16, von weisser
Farbe móglicherweise haben sie die bläuliche Farbe
verloren. Bis jetzt war das Ei dieser Art unbekannt.
Cory pshospingus cristatus (Gnm.)
Uber die Kier dieser Art gehen die Meinungen
aus einander, Burmeister und Nehrkorn beschreibt es
als weiss und gibt die Masse auf 18 : 14 mm. Der
Unterschied mit den Masszahlen Allens (21 - 22 : 16)
ist sehr gross; vielleicht ist das von Nehrkorn er-
wihnte Ei das des C. pileatus.
Paroaria dominicana (L.)
Das Nest, das Hr. Garbe bei Cidade da Barra,
Bahia im Monat Oktober beobachtete, pilegt in
Dorngestriippe gebaut zu werden, unter den Blät-
tern gut versteckt zu werden. Die Kier, wovon
sich 2-3 Stiick in jedem Neste befinden, messen im
Allgemeinen 24:16 mm, wobei aber Schwankungen
zwischen: 21:16 und 24,5 : 17 vorkommen. Die
Gruudfarbe ist ein Griinlich-weiss. mit Glanz und
allenthalben dichtem Besatz von braunen Flecken,
welche am Pole zuweilen eine wenig hervortretende
Krone bilden.
Explicação das Estampas
(TAFELERKLARUNG)
Estampa Ill Fig. 1.
Phylloscartes paulista lh. & Ih. pag 414.
Hier
Estampa
Big. 2:
Seer as
See
da qui
6.
SENA
> O
» 9.
|
» ni de
> P12:
Estampa
Ega
Due.
Dr
Guracava difficilis lh. & Th. p. 414.
Vill. Ovos de aves, — (Vogeleier)
Nyctibius griseus. p. 428.
Nannochordeies pusillus. p. 426.
Caprimulgus rufus. p. 427.
Caprimulgus parvulus. p. A2T
Fluvicola albiventer.
Ovo de especie parasitica, desconheci-
da, encontrado no ninho de Fluvicola
albiventer.
(Ei eines unbekannten, parasitischen
Vogels, aus dem Nest von Fluvicola
albiventer. p. 399.)
Onychorhynchus swainsone.
Myrobius barbatus mastacalis.
Xenopsaris albinucha.
Cypsnagra hirundinacea.
Poliophiia leucogastra.
IX. Ninhos de passaras. (Vogelnester.)
Fluvicola climazura. (Vieill.)
Onychorhynchus swainsoni (Pelz.)
Myrobius barbatus mastacalis. (Wied)
BIBLIOGRAPHIA
1911 — 1913
Zoologia do Brazil
POR
RODOLPHO VON IHERING
Varios motivos forçaram-nos a limitar a presente Biblio-
graphia aos trabalhos zoologicos publicados no correr dos
annos de 1911 a 1913, quebrando assim com a velha praxe
de incluir tambem as principaes memorias anthropologicas,
botanicas e geologicas. Apenas algumas destas ultimas, mais
ligadas aos estudos zoologicos, vem mencionadas nas ultimas
paginas.
Descriminando os trabalhos analysados segundo a proce-
dencia dos mesmos, alguns leitores poderão reparar, talvez,
que uzamos critica mais severa com relação às publicações
nacionaes. E, de facto, em quasi todas as contribuições
zoologicas da penna de patricios nossos. tivemos de mencio-
nar senões ou ao menos a inobservancia de velhas praxes
universalmente adoptadas na literatura scientifica. Bem sa-
bemos que taes criticas, ainda que justas e visando tão só-
mente fins mais elevados, poucas vezes nos hão de poupar
as sympathias dos respectivos auctores — mas que importam
taes questões pessoaes, quando o fim principal, educativo,
for alcançado ?
Em toda a bibliographia scientifica que nos vem do ex-
terior vêmos respeitados os preceitos estabelecidos pelos con-
gressos internacionaes de zoologia. No paiz mesmo temos
alguns centros em que se trabalha segundo essas mesm:s
normas (os Museus, Instituto Oswaldo Cruz, ete.) — procu-
rem os demais trilhar o mesmo caminho, que só servira
para realçar-lhes o merito e elevar o conceito que de nos
fazem no extrangeiro.
Aos amadores. sobretudo, é mais dificil encontrar tal
«modus faciendi» ; mas por isto mesmo sempre lhes aconse-
nn
lhamos achegarem-se mais aos profissionaes, ouvindo-lhes os
conselhos. Em qualquer dos nossos institutos em que se es-
tuda a nossa fauna, estames certos, cada um dos nossos col-
legas receberá com prazer o amador que se lhe apresentar
com material colligido e boa vontade para estudar e —
principalmente, trabalhar seriamente. Nós mesmos, profissio-
naes, nunca vimos desdouro em consultar quem disponha de
materiaes mais amplos ou maior practica.
Muito descurada é entre nós, ainda, a consulta dos tra-
balhos já publicados sobre o assumpto que estudamos. Ver-
dade é que muitos dos bons estudos se acham de tal forma
escondidos em revistas de pequena circulação ou em livros
exgottados que é fastidioso procural-os; mas a tanto nos
obriga a honestidade literaria, como é dever, tambem, men-
cionar as fontes consultadas.
E” por este mesmo motivo que não cessamos de recom-
mendar aos nossos patricios a maior prudencia na escolha do
orgão em que venham a dar publicidade aos seus trabalhos.
Diagnoses de especies uovas ou communicações relativas a
biologia de qualquer especie, que possam interessar os natu-
ralistas de alem-mar, devem ser estampadas unicamente em
periodicos amplamente diffundidos nas bibliothecas dos ins-
titutos de sciencia; e ainda, para facilitar o trabalho da
consulta aos collegas extrangeiros, as diagnoses devem ser
acompanhadas de tradueção (francez, allemão, inglez), bem
como pelo menos as conclusões. Aos scientistas que pela
maior parte ignoram o nosso idioma é que devemos os me-
lhores estudos sobre a nossa fauna e assim é pelo menos
pouco delicado sonegar-lhes as nossas pequenas contribui-
ções, escrevendo-as só em portuguez e escondendo-as em
qualquer folheto. relatorio ou hebdomanario de fancaria.
Periodicos brazileiros
I) Borerim po Museu GogLDr (Museu Paraense) de Iis-
toria Natural e Ethnographia, Vol. VII, 1910 (Para, 1913).
Além dos relatorios apresentados ao governo pelo dire-
ctor (1909-10), são da penna do Dr. J. Huber duas notaveis
contribuições botanicas :
Novas contribuições para o conhecimento do gen. Hevea,
que contêm :
I Observações à systematica e distribuição geographica do
genero (em allemão) ;
Il Notas sobre algumas especies do Rio Ica;
HI A distribuição das especies de /Zevea no Est. do Para ;
IV Sobre a variabilidade dos caracteres do gen. Hevea
e as possibilidades de uma selecção methodica.
= a
Será excusado encarecermos o valor deste trabalho,
quando o auctor é reconhecidamente o botanice profundos
talvez o melhor conhecedor da borracha brazileira.
Outro artigo estuda Uma colleeção de plantas de Cupaty
(rio Japurd-Caquetä) reunida pelo sr. Ad. Ducke. Esta ex-
cursão ao serro arenitico de Cupaty «sem contestação um
dos districtos mais interessantes da região amazonica, sob o
ponto de vista da geographia botanica », forneceu não só um
grande numero de especies novas, como tambem muitos dados
æcologicos e phytogeographicos de alto interesse.
(Nora) — A’ ultima hora o telegrapho traz-nos a in-
jausta noticia do fallecimento do prezado collega e director
do Museu Paraense, Dr. Jacques Huber. <A’ familia do sau-
doso naturalista e ao instituto que elle tão sabiamente diri-
gia, apresentamos os nossos sentimentos de profundo pezar,
extensivos tambem à sciencia nacional, — pois Huber du-
rante quasi 20 annos consagrou todo o seu saber e toda a
sua actividade à investigação da historia natural do Brazil.
Devido à absoluta falta de tempo, devemos reservar
para o proximo numero desta revista uma homenagem con-
digna ao sciente botanico.
SNETHLAGE. Dra. E. — Travessia entre o Xing e 0
Topajóz, pags. 49-92. Est. I-XV.
Ipem — Vocabulario comparativo dos indios Chypaia e
Curuahe ; pgs. 93-99.
A illustrada e, seja-nos permittido accrescentar, corajosa
zoologista do Museu Paraense descreve em suas notas de
viagem, as mil peripecias que lhe difficultaram a arriscada
travessia do Xingu ao Tapajóz. O itinerario seguido foi o
dos afiluentes Iriri (Xingú) ao Jamauchim (Tapajóz) e um
bom mappa indica as correcções cartographicas resultantes
dos levantamentos feitos. Muitas notas interessantes, refe-
rentes à fauna e flora da região, entremeiam a descripção
da viagem. O extenso vocabulario das duas linguas indige-
nas, chipaya e curuahe representam um valioso subsidio lin -
guistico. Numerosas photographias illustram paisagens e in-
digenas da região.
Pedimos agora ao leitor que confronte esta narrativa
smgela e feita sem outro fim senão relatar os resultados
scientificos da viagem, com as espalhafatosas conferencias e
livros de viagem dos Savage-Landors que ultimamente tem
atravessado as nossas selvas...
Ducke, ApoLro; Erplorações scientificas no Estado do
Pará, pags. 100-197. Est. 16-27.
Resumindo os resultados scientificos das numerosas via-
gens emprehendidas, o nosso prezado collega relata muitos
factos interessantes da flora e fauna do Pará e em especial
os seus apontamentos botanicos são muito detalhados ; lasti-
mamos tão sómente que à fauna não coubesse egual desen-
volvimento. Tambem sob ponto de vista ge ographico o tra-
ut ==
balho encerra abundantes informações. As regiões estudadas
são os municipios de Faro e de Obidos; optimas photogra-
phias depintam os cursos d'agua e a vegetação.
II) Broreria — Revista Luzo-brazil tra.
Ja é sobejamente conhecido no Brazil este nosso con-
frade, e sua existencia de 12 annos assignala-se não só pelo
muito que tem feito em pról dos estudos de zoologia, bota-
nica e vulgarização scientifica, como tambem pelo muito que
tem luctado para se manter.
A sua « lucta pela existencia » não representa apenas
os esforços em busca dos meios materiaes para manter a pu-
blicidade — sempre digna e caprichada — mes envolve tambem
a lucta dos seus redactores contra perseguições de que são
victimas desde a instituição da republica em Portugal. No
volume anterior desta revista já démos noticia das arbitra-
riedades que tiveram de soffrer os professores do Collegio de
S. Fiel — e ainda hoje perduram os effeitos das mesmas
perseguições. Mesmo a remessa das publicações mensaes não
poude ser feita ainda com toda regularidade e é assim que
nos faltam varios fasciculos, dos quaes não podemos dar aqui
o resumo do conteúdo, na parte referente à fauna brazileira.
Fazemos votos porque d'ora avante, com as medidas
adoptadas (Redacção em Tuy, espanha, San Telmo, 21) €
com a permanencia de alguns dos redactores no Brazil (Col-
legio Ant. Vieira, Bahia), a Broteria possa proseguir em sua
boa tarefa, contribuindo para o estudo da flora e fauna do
nosso paiz. Os assumptos zoologicos dos vols. 10-12 a que
nos referimos nesta bibliographia são os seguintes :
Bezz1, M. — Sobre tres interessantes dipter.s de SS.
Paulo ; vol. X, fase. 1, 1912, pags. 76-83.
Navas, Loxcinos — Crisopidos sudamericanos, Vol. XI,
fase. II, pags. 73-104 e fase. HI, pag. 149-168.
Não queremos deixar, ainda, de mencionar as poucas
mas apreciaveis linhas que a « Broteria » consagra a um as-
sumpto de bastante interesse para nós zoologos de lingua
portugueza (« Nomenclatura zoologica portugueza », vol. XI,
1913, fase. 2, pag. 144). Lembraremos ao mesmo tempo,
como o fez a « Broteria », que em 1911-12 se tratou de tal
assumpto na Italia (Nomenclatura zoologica italiana, veja
Bull. della Soc. Entomologica Italiana, v. 43, pag. 238), onde
tambem reinava ainda a mesma confusão quanto à boa gra-
phia dos nomes scientificos quando usados em vernaculo.
Na Italia a Unione Zoologica Italiana nomeou uma com
missão para relatar sobre o assumpto e as respectivas pro-
postas foram approvadas em assembléa geral (Pisa, 1912).
Com relação ao portuguez ainda ninguem se lembrou de
providencias analogas. tendentes à uniformização da nossa
nomenclatura. Os pontos capitaes a decidir são: qual o suf-
fixo para designar os nomes de familias; idem, para sub-
re
familias; taes palavras são masculinas ou femininas ? Exem-
plos : escreveremos felideos, felídos, félidos o felidas ? com
artigo masculino ou feminino? e da mesma fórma para as
subfamilias : muscineos, muscinas, muscinas ?
A nossa boa literatura zoologica ainda é muito limitada,
e tudo nos diz que estamos no inicio de uma nova phase,
de desenvolvimento e relativa generalização de taes estudos.
E’ pois a melhor occasiäo para deixarmos bem assentes taes
detalhes, para que não só os escriptos scientificos como tam-
bem os compendios e livros escolares apresentem a desejavel
uniformidade.
Como a « Broteria », tambem nós fazemos votos pela
tão necessaria quão opportuna unificação.
HI) Memorias po Instirutro OswaLDO Cruz — Rio de
Janeiro — (Manguinhos) — Summariv dos trabalhos zoolo-
gicos (os artigos assignalados com asterisco vêm referidos na
secção competente da parte especial desta Bibliographia).
Tomo III, Fosciculo I, Anno 1-11 :
1 pe Faria, Gomes. — Contribuição para a helminto-
lojia brazileira, pag. 40-45, est. 1.
2* Lurz, ApoLro. — Novas contribuições para o co-
nhecimento das Pangoninas e Chrysopinas do Brazil, pag.
65-85, est. 4.
3 * BEAUREPAIRE ARAGAO, Henrique. — Notas sobre
« Ixódidas » brazileiros, pag. 145-195, est. 11 e 12.
4 Lurz, ApoLro & Arraur Neiva. — Notas dipte-
rologicas (Contribuições para o conhecimento dos dipteros
sanguesugas do Noroeste de S. Paulo e do Estado de Matto
Grosso (com a descripção de duas especies novas), pag.
295-300. Tomo IV, Anno 1912:
5 * Lurz, ApoLro. — Contribuição para o estudo das
«Ceratopogoninas» hematofagas do Brazil, pag. 1-33.
6 pe Farta, Gomes. — Contribuição para a helminto-
logia brazileira, pag. 62-65, est. I.
7 Lurz, AvoLrro. — Contribuição para o estudo dos
dipteros hematofagos. I Sobre as partes bucaes dos nemato-
ceros que sugam sangue, pag. 75-83.
8* Lutz, ApoLro & Arraur Neiva. — Contribuição
para o conhecimento das especies do genero «Phlebotomus»
existentes no Brazil, pag. 84-95.
9* BeaurePAIRE Aragão, H. — Contribuição para a
sistematica e biologia dos ““ixodidas” pag. 96—119, est. 2
e 3 e figuras no texto.
10 Lurz, Apotro & ArrtTHUR Neiva. — Notas diptero-
logicas. A proposito da Mydoea pici Mac., pag. 130-135.
Tomo V, Fase. I, Anno 1913:
11* Nerva, ArtHUR & Gomes DE Faria. — Notas
sobre um caso de Myiase humana occasionada por larvas de
o
Sarcophaga pyophi'ae n. sp. pag. 16-25.
494 —
12 Neiva, ARTHUR. — Informações sobre a biolojia da
Vinchuca», Triatoma infestans Klug, pag. 24-31.
13 * Lurz, ApoLro. — Contribuição para o estudo das
«Ceratopogoninas» hematofagas do Brazil, pag. 45-73, est. 6-8.
14 Neiva, A. — Notas hemipterolojicas, pag. 74-77.
Tomo V, Fascículo II, Anno 1914:
15* pa Cunna, Arrtstipes Marques. — Contribuição
para o conhecimento da fauna de protozoarios do Brazil,
pas: 101-121 est; Ie = 10}
16* pr Farra, Gomes & "Lauro Travassos. — Notas
sobre a presença da larva de Linguatula serrata Froelich,
no intestino do homem, no Brazil, seguido de notas sobre os
linguatulideos da colleeção do Instituto, pag. 123-128, est. 11.
17 Lutz, ADOLFO & ARTHUR Nuva. — Contribuiese
nara a biologia das megarininas com descripçoes de duas
especies novas, pag. 129-141.
18* Lurz, AporrpHO. — Tabanidas do Brazil e de
alguns Estados visinhos, pag. 142-191, est. 12 e 13.
Tomo V, Fasciculs ITI, Anno 1913:
19* "Travassos, Lauro. — Contribuições para o co-
nhecimento da fauna helmintolojica brazileira. Gigantorhyn-
chus aurae, n. sp., pag. 252-255, fig. no texto.
20* BreavrEPAIRE ARAGAO, Henrique. — Notas sobre al-
gumas co ollecçoes de carrapatos brazileiros, pag. 263-270, est. 1.
21% Trav Assos, Lauro. — Sobre as especies brazilei-
ras da ele Heterakinae, Railliet & Henry, pags. 271-
518, est. 27-31.
IV) Arcutvos po Museu Nacronau, Rio de Janeiro, Vol.
SVT LOLI
Todo o volume de quinhentas e tantas paginas consta
de um só trabalho, a parte IV (A) dos Peixes da Fawna
Brasiliense, do substituto da secção de zoologia, sr. Alipio
Miranda Ribeiro (Veja-se o que a respeito fica dito na secção
competente desta Bibliographia V. n. 104). «Depois de ter
jazido tres annos nas oficinas da Imprensa Nacional, este
ratio deveria ser distribuido em Setembro de 1911, quando
o incendio daquella Imprensa destruiu toda a ediador Por um
acaso dous exemplares que estavam n'uma prensa, foram en=
contrados ainda em condições de permittirem a reprodueção
do livro». Este contratempo e o facto de se achar o autor
na Europa emquanto se reimprimia o seu trabalho, devem
desculpar a imperfeição de muitas gravuras e os erros ty-
pographicos.
V) MoxoGrAPHIAS DO Serviço GEOLOGICO E MINERALOGICO
bo BraziL, publicadas pelo Dr. O. A. l'erby, 1913, Vol. I,
393 pags., 27 estampas, Rio de Janeiro
O esplendido volume com que o De! O. A. Derby inicia
as publicações scientificas da repartição federal a seu cargo,
= —
comprehende o alentado estudo do Dr. John M. Clarke sobre
Fosseis Devonianos do Parana. Na parte final desta Biblio--
eraphia, em que mencionamos algumas publicações referentes
à Paleontologia brazileira, trataremos deste bello trabalho.
Aqui não podemos deixar de felicitar o nosso prezado col-
lega Dr. Derby pelo auspicioso inicio dado as suas «Mono-
vraphias», fazendo votos por que seja dado ao sabio mestre
continuar por longo tempo nesta louvavel tarefa — a bem
das nossas letras scientificas, tão pobres neste ramo de es-
tudos.
VI) Bocerim po MINISTERIO DE ÁGRICULTURA, INDUSTRIA
e Commercio (publicado pelo Serviço de Informações e Di-
vulgação). Rio de Janeiro. Anno I, 1912; Anno II, 1913.
Esta nova publicação, orgão official do nosso Ministerio
da Agricultura, destina-se, em sua parte pratica, ao utilissimo
trabalho de divulgação dos conhecimentos modernos refe-
rentes aos diversos encargos do ministerio recentemente
creado. A sua distribuição às pessoas interessadas é gratuita ;
a impressão e as illustrações são boas. O texto, (alem de
decretos e estatisticas) é variado, mas de valor bastante
desegual; assim vemos monographias preciosas (como a da
Carnaúba, Vol. I, N. 1, por P. N. Guerra) figurando ao pé
de traduecdes que não soffreram a minima adaptação ao nosso
meio; tambem não é este o logar adequado para publicação
de diagnoses scientificas de especies novas, porque nem ellas
podem interessar o agricultor nem o scientista as procurará
em taes periodicos.
Dos varios trabalhos zoologicos publicados nesses Bo-
letins daremos noticia nas diversas secções desta bibliographia.
Outras contribuições
1) Cararogos DA Fauna BraziLeira editados pelo Museu
Paulista.
Em continuação à serie de publicações editadas sob este
titulo pelo nosso museu, e das quaes já mencionamos os vo-
lumes I (Aves do Brazil, por H. e R. von Ihering) e II
(Myriapodos do Brazil por H. W. Brülemann), foram dis-
tribuidos ultimamente os Vol. III: As Coccidas dy Brazil,
por Ad. Hempel e Vol. IV: As Chrysididas dr Brazil por
Ad. Ducke. Veja-se a referencia que fazemos sob os N. 39
e T5 respectivamente. Em breve tencionamos dar publici-
dade a mais dous outros catalogos desta serie : Vespas sociaes
por Ad. Ducke e Abelhas sociaes e solitarias por C. Schrott-
ky, cujos originaes aguardam apenas a possibilidade ma-
terial de entrarem para o prélo.
e AOE oe
2) Tnerinc, R. vox — Diccionario da Fauna Brasileiro.
Almanak Agricola, 1914, pags. 253-320 (São Paulo, 1913).
Démos publicidade a um diccionario, no qual enume-
ramos em ordem alphabetica quantos nomes vulgares de
animaes da nossa fauna nos foi possivel registrar, classificar
e descrever rapidamente nas horas vagas do curto espaço de
tempo que nos foi concedido pelo editor. Trahalho ainda de
todo imperfeito, cheio de lacunas e erros, quizemos que ©
mesmo apparecesse apeuas como manuscripto impresso, em
edição preliminar. E como si quizesse corresponder a este
nosso acanhamento, a impressão, por sua vez, addicionou
quantos elementos faltavam para fazer do trabalho um ver-
dadeiro aleijão.
Ainda assim é este, ao quanto sabemos, o primeiro ensaio
de um diccionario zoologico referente à fauna brazileira,
Para a flora ha um bom numero de trabalhos analogos, al-
guns geraes, outros parciaes ou regionaes (e de memoria
podemos citar os de Plantas Medicinaes do dr. Francisco
Araujo, de Arvores Ri grandenses, dr. J. Dutra, ambos no
Annuario Graciano de Azambuja, Rio Grande do Sul; 4
lista alphabetica das madeiras paraenses, pelo Dr. J. Huber
Bol. Mus. Goeldi, Vol. VI, pag. 203; Flora Medica Bra-
ziliense, do Dr. Alfredo Augusto da Matta, 1913, referente
em especial à Amazonia; Synonimia dos nomes populares
das plantas indigenas do Est. de S. Paulo por A, Lüforen:
Plantas uteis do Brazil por M. Pio Corrêa e tantos outros)
além de muitos compendios, como de Caminhoa, o Systema
Analytico de Plantas por A. Lüferen e H. Everett, e a pre-
pria Flora de Martius, cujos indices fornecem os subsidios
necessarios para a composição da lista alphabetica.
_ Para a fauna nada disto encontramos feito. Apenas para
as aves, e em parte para os mammiferos e alguns grupos de
outros vertebrados, pudemos utilizar-nos de trabalhos existentes.
Emfim, dadas estas excusas é neste sentido que agra-
decemos as amaveis referencias que, assim mesmo, o trabalho
mereceu por parte de alguns entendidos; estamos reunindo
os dados necessarios para retocar o todo, amplial=o e tentar
mais tarde uma nova edição, que melhor se approxime da
forma definitiva que idealizamos.
MerLo Leitão — Notas Zoologicas, A Lavoura, Bol. de
Soc. Nacional de Agricultura, R. de Janeiro, vol. XVII,
1913, Nerdl eu? pags SIM. E
Descripção da larva Largus humilis, hemiptero da fam-
Pyrrhocoridae. Substituição do nome generico Talaus C.
Moreira 1912, (nec Simon 1886, Arachn.) por Moreirella nom.
nov. cuja unica especie conhecida é M. ribeiroi (C. Mor.).
feliz associação de nomes (em se tratando de crustaceo pa-
rasita de peixe!) em homenagem aos dous activos zoologos
do Museu Nacional, que tão bellos trabalhos produziram,
estudando os nossos crustaceos e peixes,
a a
4) Marques DA Cunna, Dr. ARISTIDES (cf. pg. 494, N. 15.
As poucas paginas a que ficou reduzida a estréa do no-
vel protozoologista, encerram immenso labor; 216 especies
de protozoarios livres assignala o auctor como occorrentes em
nosso paiz, e accrescentando as 32 outras encontradas pelos
investigadores que precederam o Dr. M. Cunha (Prowazek,
Hartmann e Chagas) temos ao todo 248 especies dessa mi-
erofauna brazileira. No presente estudo ha 12 especies des-
criptas como novas, e varias dellas vem figuradas nas duas
estampas. g
5) Gomes DE Fart (cf. pg. 493, N. 1 e 6).
N. 1, Descripção de uma especie nova de distomeo, Sty-
phlodora condita, encontrado nos ureteres da «Caninana»
Spelotes pullatus) em Itapura, Est. de S. Paulo.
N. 6, Descripção de outro distomeo novo, Dicrocoelimm
conspicuum, parasita da vesicula biliar do «Sabiá da praia»
(Mimus lividus) do Rio de Janeiro.
6) Travassos, Lauro (cf. pg. 494 N. 19 e 21).
N. 19. Descripção de um Acanthocephalo parasita do
urubu (Cathartes aura) do Piauhy, Gigantorkynchus aturae.
N. 21. Um optimo trabalho, feito no molde das melho-
res revisões regionaes; vem mencionadas 30 especies, 4 das
quaes são novas, pertencentes aos generos Aspidodera, He-
terakis, Ascaridia e Subulura. Os vermes em questão, As-
caridae subfam. Heterakinae, são parasitas principalmente de
mammiferos e aves.
Seria interessante o estudo comparado dos vermes com
relação aos hospedeiros e a origem destes (autochthones e
heterochthones), como o expoz o Dr. H. von Ihering (veja
esta Revista, Vol. VI, pg. 652). Especies exoticas ha ape-
nas as seguintes: H. vesicularis parasitas da gallinha, H.
spumosa, da ratazana ; A. lineata da gallinha ; A. c lumbae
das pombas (exoticas e indigenas); S. déstans em simios (idem).
Interessante é que S. strongylina, parasita de um grande
numero de aves genuinamente neotropicas, tambem já se te-
nha adaptado as gallinhas.
A nomenclatura scientifica dos hospedeiros nacionaes dei-
xa algum tanto a desejar e assim julgamos haver conve-
niencia em apontar as seguintes rectificações; agradecemos
aqui o auxilio que neste sentido nos prestou o auctor, for-
necendo-nos as indicações literarias precisas.
Pag. 311
Penelope humeralis — Talvez (mana jacutinga, da qual o
Museu de Berlim possue 2 exemplares
caçados por Olfers e Sellow, o que com-
bina com os dizeres de Schneider na
Monogr. Nemat. pg. 72.
Pag. 312
Columba gutturosa — C. domestica var.
498 —
Pag. 313
Psittacus dominicensis — Amazona vinacea.
» phoenicurus — Pyrrhura molinae.
» sulfureus — ? Cacatuas ulphurea, de Celebes, exa—
minado por Diesing em Vienna.
Pap. 314
Caprimulgus campestris — Podager nacunda.
» urutau — Nyctibius qriseus.
Cuculus tinguaçu — Piaya cayana quarania.
Bucco melanoleucus — B. tectus.
» rufiventris Natt. — Nom. nud. talvez de B. swainso-
ni que, das especies de Natterer, é a que
tem a barriga mais avermelhada.
Monasa leucops — M. morpheus.
» tranquilla — MW. nigra.
7) Douwe, C. van — Neue Siisswasser Ch pepodes aus Bra-
silien ; Zoolog. Anzeiger. Vol. 37, 1911, N. 8-9, pgs. 161-63.
Descripção de 3 especies novas de Copepoda, colhidos
pelo Dr. S. v. Prowazeck (Inst. Manguinhos) em Itapura. Est.
S. Paulo; o auctor promette uma revisão de todas especies
sulamericanas do grupo, devendo o trabalho ser publicado
no Archivo f. Hydrobiologie u. Planktonkunde. Apenas por
referencia literaria soubemos da publicação : x
7 Ippm — Zur Nenntnes der Siisswasser-copepoden von
Brasilien ; Arch. Hydrobiol. Stuttgart, Vol. 7, 1912, pag.
309-321.
8) Moreira, C. — Un crustacé nouveau du Brésil, Bid.
Soc. entom. rea Paris, 1912, pgs., 322-24.
Descripçäo de um crustaceo novo, Evius (n. g.) ruber
n. sp. da fam, Dromicide.
9) Ipem. - Crustacés du Brésil. Mem. Soc. Zool. de
France, vol. XXV, 1912, pgs. 145-154, Est. II-VI.
Enumeração dos crustaceos colligidos pelo sr. A. Miranda
Ribeiro, durante a sua viagem ao Matto Grosso ; predominam
os Argulidæ (7, das quaes uma nova, Talaus ribeiroi n. gen.
n. sp ) parasitas de peixes.
10) [bem — Embryologie du Cardisoma quanhumi ; loc.
s. cit. pes. 155-161.
Um estudo muito interessante e bem elaborado sobre a
embryologia do carangueijo do mangue, o “ Guayamú ”.
Observa o auctor que, apezar da tendencia deste crustaceo,
de tornar-se francamente terrestre, a evolução ainda não
soffreu nenhuma alteração, o que aliás não admira, visto
como os ovos são postos em agua salobra
11) Krcmarpsox, M. H. — Description d'un nouvel
Ts pode du gen. Braga etc; Bull. Mus. Nat. @ Hist. Nat.
Paris, 1911, NES pe 94-06.
Descripção de uma especie nova de crustaceo, parasita
da bocca de um grande silurideo do Alto Paraná (provavel-
= 499 —
mente do «Pintado», Pseudoplatystoma) ; Braga fluviatilis é
a primeira especie conhecida da agua doce, assemelhando-se
bastante a B. nasuta Schicedte do littoral do Brazil.
12) Sozzaup, E. — Sur un nouveau Pseudopalaemon
kabitant les eaux douces de V Amerique du Sud; Bull. Mus.
Nat. d'Hist. Nat. Paris, 1911, N. 5, pgs. 285-90.
Entre varios crustaceos enviados pelo nosso museu ao de
Paris, o auctor encontrou um pequeno camarão d'agua doce.
ao qual deu o nome de Pseudopala mon iheringi. Devemos
corrigir, entretanto a indicação da proveniencia : «Arroio del
Bellaco. Brésil»; trata-se de um riacho, afiluente do Uru-
guay na republica de egual nome, dep. Paysanduü ; comtudo
não é impossivel que a mesma especie venha a ser encontrada
em aguas brasileiras.
13) BoreLtir, Aur. — Scorpioni nuovi o poco noti del
Brasile; Boll. dei Musei di Zool. ed Anat. R. Universitá
Torino, vol. 25, N, 629, 1910.
Duas especies novas de escorpiões, Tityus duckei, do
Pará e Rhopalurus rochae do Ceara e referencias a Rh. debilis.
outrora collocado no gen. Vaejovis.
14) Gomes ve FarrA & Lauro Travassos. — ef.
pag. 494, n. 16.
A proposito de um caso de parasitismo de Linguatula
serrata observado no homem, os auctores dão uma revisão
das 6 especies de Linguatulidae até agora assignaladas no
Brazil. Trata-se de organismos extremamente curiosos, que
em tudo lembram o aspecto de vermes e que entretanto, pela
systematica tiveram de ser collocados entre os Arachinideos.
Lembraremos ainda que alguns compendios dão tambem
o nome de Pentastomidæ a esta pequena familia.
E” pena que os auctores, tendo estado, como se costuma
dizer, com a mão na massa, não aproveitassem a occasiao
para fazer uma revisão monographica do pequeno grupo —
no estylo do bello trabalho de um dos auctores, e ao qual nos
referimos à pag. 497.
15) KRrAEPE=LIN, K. —Neue Beitriige zur Systematik der
Gliderspinnen ; Mi teil. Naturh. Mus. Hamburg, vol. 28, Bei-
heft. 2, 1910, pgs. 59-107; Ipem. loc. s. cit. vol. 31, 1912,
Beiheft 2, pgs. 45-88 (subfam. Chactinae).
O auctor da monographia sobre os escorpiões (« Tierreich
8 e 12, 1899 e 1901) dá-nos agora um como que supple-
mento ao seu compendio, que ainda hoje é o trabalho mais
completo sobre este grupo dos arachnideos. Diz o illustre
especialista que no correr do decenio foram accrescentadas
300 especies e variedades de escorpiões e pedipalpos, ao
total de 500 fórmas então conhecidas.
Fizemos a classificação do nosso material de escorpiões
e pretendemos elaborar uma succinta revisão das especies
brazileiras (12 generos e talvez 35 especies), e aproveitamos
o ensejo para pedir aos amigos do nosso museu que nos re-
mettam o material que nos possam fornecer (simplesmente
guardado em alcool).
16) Perrunkevitcu, ALEX.- Catalogue of Spiders of North
Central and South America, etc. Bull. American Museum
Nats Elst vols 20 Pom pas), METODO:
O immeuso trabalho que teve o auctor para organizar o
seu grande «Catalogo das aranhas da America» vem agora
facilitar o estudo deste grupo de arthropodes, até o presente
tão descuidado entre nós. Na nossa literatura só encontra-
mos os trabalhos do dr. Goeldi nos Boletins do Museu do
Pará (vols. I e II) e uma contribuição da parte de W. Mo-
enklaus, então assistente deste museu (veja-se esta Revista,
vol. III); de resto cumpria percorrer uma infinidade de livros
para reunir todo o material literario. E quanto é rica a
nossa fauna tambem nesta ordem ! Basta dizer que sómente
do genero Araneus («Epeira» olim) o Catalogo enumera perto
de 100 especies, das quaes boa parte foi colligida pelo dr.
H. von Jhering em Taquara do Mundo Novo, Est. do Rio
Grande do Sul, e estamos certos, que si ainda em varias
localidades do paiz se désse caça em regra a todas as es-
pecies, a nossa lista desse genero seria pelo menos triplicada.
Talvez agora com o valioso subsidio fornecido por Pe-
trunkevitch se encontre entre nós quem ponha mãos a taréfa.
17) Ewinc, H. E.— New Acurina, Bull. Am. Mus. Nat.
Hist. New-York, vol. 32, 1913, pgs. 93-121.
O que nos interessa neste escripto são as considerações
geraes sobre a anatomia e o desenvolvimento dos Acarinos,
bem como o systema, que é novo, e segundo o qual a ordem
dos Acarina se subdivide em 6 ordens e 27 familias; uma
boa chave, baseada em caracteres evidentes facilita a orien-
tação neste labyrinto das modernas investigações.
18) Aracdo, Henrique BEAUREPAIRE (cf. pg. 493, n. 3,
e 20)
O primeiro dos trabalhos mencionados traz boas chaves
para a classificação dos Ixodidas ou carrapatos tanto dos ge-
neros como das 4 especies brazileiras, bem como listas com
indicação da distribuição geographica e dos hospedeiros.
A nota seguinte descreve uma especie nova, Amblyom-
ma agamum, parasita de giboias e sapos, de especial inte-
resse por que ella se multiplica (e ao que parece até agora,
unicamente) por parthenogenesis. A forma parviscutata des-
cripta como distincta de A. cayennensis não é senão uma
malformação (Hungerform).
A terceira nota relata sobre os materiaes novos recebidos
e descreve uma especie nova, <A. conspicuum do Matto
Grosso, parasita do cão.
19) Inprax Insect Lire — Maawell-Lefroy, com o auxi-
lio de F. M. Howlett. Calcutta e Simla, 1909.
Este livro não vem fazer parte da lista bibliographica
que aqui apresentamos; a fauna indiana nada ou só bem
— SOI —
pouco tem de ver com a nossa. Mas não nos furtamos ao
prazer de mencionar este bello volume de quasi 800 pa-
ginas, 536 figuras no texto e 84 estampas coloridas (traba-
lho inteiramente indigena e excellente). E” que o auctor
nos mostra como se pode escrever um livro de entomologia
utilissimo, mesmo quando a respectiva fauna ainda está lon-
ge de ser bem conhecida, como é o caso para a India..... e
para o Brazil. Sem o minimo acanhamento Maxwell-Lefroy
(hoje director do jardim zoologico—entomologico de Londres)
diz a cada passo: “esta familia ainda esta muito mal estu-
dada; mas o que se sabe, aqui o reuni”. (Where little is
said. little is known).
E” portanto am manual dos conhecimentos hodiernos da
entomologia indiana e, apezar de todas as lacunas inevita-
veis, é um optimo auxilio, para o especialista, o practico e
o amador.
Si mencionamos aqui este magnifico livro, é com o fim
principal de mostrar aos nossos collegas o quanto já se fez
la na India em condições mais ou menos identicas às nossas
e perguntar a todos nós: quando teremos o compendio cor-
respondente, dos “Insectos do Brazil”?
20) Boxpar, Gregorio — Os insectos damninhos na Agri-
cultura, Boletim de Agricultura, Secret. da Agric. do Est.
de S. Paulo, Ser. 14, n. 1, 1913, pgs. 28—42 e 434—470.
No louvavel empenho de reunir os dados existentes so-
bre o assumpto em questão, o auctor descreve os insectos
damninhos, em parte já assignalados, em parte revelados
pelos seus estudos. Nas duas contribuições até agora publi-
cadas o Snr. Bondar trata dos:
I Insectos da figueira (Ficus carica): Coleopteros:
fam. Bupr.: Colobogaster quadridentata, Fam. Ceramb. Tae-
niotes scalaris F., Trachyderes thoracicus (e ? Polyrrhaphis
grandiné Bug. só a photographia); Fam. Curcul.: Heilipus
bonelli Boh.;—Lepidoptera., Fam. Pyral., Azochis gripusales
Wik. Fam. Sphing. Pachylia ficus L.; Coccidae, Morga-
nella maskelli Ckll.
II Insectos das Arvores fructiferas da fam. Myrtaceae.
Coleopteros, fam. Cerambie. Polyrrhaphis grandini Bug, ‘ Ce-
rambie. vespa” (cf. gen. Acyphoderes), Dorcacerus barbatus
Ol.; fam. Buprest. Conognatha magnifica; fam. Cureul.,
Oratosomus spp. indet.
Lepidopteros. Stenoma albella Zell., Siculades fulcata
Fr., Pyrrhopyge sp., Mimallo amilia, Perophora packardii ;
Hemipteros, Pachycoris torridus, Capulina jaboticabae e
crateraformans, Cero. iastes janeirensis, Aleurodes horridus.
Muitas destas especies vêm acompanhadas de desenhos,
não só dos insectos como das suas phases larvaes e dos es-
tragos causados e em boa parte a biologia, bem acompanha-
da, ainda não havia sido descripta. Sentimos não poder re-
jatar aqui varios outrcs estudos biologicos do mesmo auctor,
por se acharem espalhados em jornaes diarios, ete. que nada
tem de vêr com a biologia ou agricultura e que, decorridos
alguns annos, se tornam inaccessiveis aos estudiosos.
21) Boxpar, Gr. — Brócas das larangeiras e outras au-
rantiaceas ; Bol. do Ministerio da Agricultura, Rio de Ja-
neiro, Anno II, 1913, fase. 3, pg. 81-93.
Sobre este assumpto ja foram publicados varios traba-
thos; o auctor menciona Acrocinus accentifer, Diplochema
rotundicolle e Cratosomus reidi como coleobrócas. Interes-
santes são as conclusões practicas para se reconhecer as es—
pecies de besouros pelo aspecto dos furos, ete.
22) Bonpar, Gr. — À praga dos melanciaes, loc. s. cit.
Anno II, 1913, Vol. 5, 117-120.
As afamadas plantações de melancias de Villa Ameri-
cana e Nova Odessa no Est. de S. Paulo soffreram muito
no anno de 1913 não só pelas chuvas como pelo damno que
lhes fizeram dous besouros da fam. Chrysomelidae : Diabro-
tica speciosa Germ. e “Disonyctis tristis auct.?” provavel-
mente Disonycha; esta ultima especie, segundo o auctor,
ataca tambem outras plantações: couve, alface, batata, ete.
O remedio aconselhado é o verde-paris.
23) Gogpt, E. A. — Die sanit. pathol. Bedeutung der
Insekten wu. verw. Gliedertiere, etc., 1913, 155 pags., R. Fried-
lander.
O compendio publicado pelo ex-director do Museu do
Pará estuda os insectos e outros arthropodes que sob ponto
de vista hygienico merecem estudo especial, tambem por
parte dos medicos. Não recebemos ainda o exemplar en-
commendado, mas a julgar pelas referencias literarias é um
trabalho de valor e devemos suppor que a longa permanen-
“cia do auctor no Brazil influisse para que a fauna do nosso
paiz fosse tratada com especial attenção.
24) IneriNG, Rop. von. — As moscas das fructas e sua
destruição; 2.º edição pela Secretaria da Agricultura do.
Est. de S. Paulo, 1912, 48 pags. 10 fig. e uma estampa
colorida.
A’ primeira edição deste trabalho já nos referimos nes-
ta Bibliographia, no Vol. VII, pag. 528; agora, menciona-
remos apenas o acerescimo de algumas especies de parasitas :
Eucoila (Hexamerocera) eobraseliensis (veja-se à pag. 224
desta revista) era a unica especie mencionada na 1.º edição ;
hoje foram encontradas mais: Biosteres brasiliensis, B. areo-
latus e mais uma especie do mesmo genero (N. 6.518 do
Museu Paulista), Opiellus trimaculatus. Alem disto conta-
remos eventualmente com o chalcidida da India, Syntomos-
phyrum indicum Silv.
No mais todo o trabalho foi refundido e tambem na
parte material elle se apresenta um pouco melhor do que a
primeira edição.
25) Inprinc, H. vox — Ueber südbrasilianische Schä-
= SOG
dlinge der Feige; Deutsche Entom. National-Biblioth. II,
1911, N. 3, pg. 20=21.
Transeripção allemã do artigo ao qual ja nos referimos
nesta bibliograpbia, vol. VIII, pg. 511.
26) Lurz, Ap. — The insect host of forest Malaria,
Proc. Entom. Soc. Vol. XV, 1913 pgs. 108-109.
27) Ipem, — Forest Malaria, loc. s. cit. pags. 169-170.
28) Kwan, Frep. — The con entions regarding «Forest
Malaria» loe. s. cit. pags. 110-118.
A discussão entretida pelos dous auctores e outros ainda,
versa sobre a explicação dada pelo Dr. Lutz, de que a ma-
leita seja transmittida por mosquitos da matta, creados nas
aguas das bromélias. Knab e Dyar entretanto julgam que
só mosquitos caseiros ou semidomesticos possam ser os ver-
dadeiros transmissores e que é preciso preexistir uma velha
habitual associação entre os vertebrados e os mosquitos,
para que a relação tão delicada entre hospedeiro, germen e
transmissor possa dar em resultado a ampla diffusão da mo-
lestia. A quem quer que assista a razão, não ha mal nenhum
em que com todo o cuidado se reexamine o importante pro-
blema.
29) Moreira, CARLOS — Instrucções populares para a
colheita e remessa do material, (Laboratorio de Entomologia
agricola, do Museu Nacional) ;
30) Dem —lInsecticidas e outros meios efficazes de destrui-
cão dus insectos nocivos (idem). Boletim do Ministerio da
Agricultura, Rio de Janeiro, Anno I, 1912. pgs. 56-68.
Dous folhetos muito uteis aos agricultores, aos quaes em
primeira linha o laboratorio, organizado pelo nosso prezado
collega Sr. Carlos Moreira, se propõe auxiliar na lucta contra
os insectos nocivos. Fazemos votos porque muitas outras «ins—
truccdes» como as presentes sejam publicadas pelo instituto,
dando assim a conhecer a utilidade do Laboratorio tão bem
organizado e em franco progresso.
31) BaGxnazz, R. S. — Some considerations in regard
to the classification of the Order Thysanoptera; Aun.
Mag. Nat. Hist. 1912, Vol. 10, N. 56, pgs. 220-22.
Por emquanto ninguem ainda se occupou, nem mesmo
passageiramente, da ordem dos pequenos insectos Thysano-
ptera (metamorphose incompleta, azas ciliadas, pés terminados
em ventosas) apezar de haver não poucas especies nocivas à
agricultura. E mesmo os especialistas europeus bem poucas
vezes tem descripto especies nossas, isoladas. Uzel em 1895
publicou uma grande monographia, referente só à fauna eu-
ropéa. Os norte-americanos encontram trabalho equivalente
em W. E. Hinds, Monogr. dos Thysanopteros norte-ameri-
canos, Proc. U. s. Nat. Mus. Vol. 26, 1902 e mais recen-
temente no «Catal. and Bibliog. of N. Am. Thysanoptera»
de B. Moulton, Tech. Ser. 21, Bur. Ent., U. S. Dep. Agr.
ES. ;
Nos nada temos e aqui lembramos o bello assumpto como
thema para um trabalho, cheio de novidades sob ponto de
vista zoologico e de utilidade para a agricultura, principal-
mente si além da parte puramente systematica tambem se
dér a necessaria attenção aos factos biologicos. A proposito,
devemos declarar que um ligeiro escripto nosso no «Ento-
mologista Brasileiro», 1908, pg. 106, ao qual se refere 7/1.
Karny (Verh. zool. bot. Ges. 63, 1913, pag. 7) não tinha
ontra intensão do que chamar attenção para um curioso «thy-
sanopterocecidio» ; não pretendiamos descrever a especie, nem
mesmo fazer trabalho entomologico.
A moderna divisão desta Ordem é a seguinte:
Com 11 pares de estigmas — Sub.-O. Polystigmata ;
Com nunca mais de 4 pares de estigmas:
com ovipositor — Sub-O. Terebrantia ;
sem ovipositor — Sub-O Tubulrfera.
A primeira dessas sub-ordens encerra uma só familia, as
duas outras, cada uma cinco familias.
32) HoumGren, N. Bemerkungen über einige Termiten-
Arten; Zoolog. Azzeiger, Vol. 37. 1911, N. 26, pgs. 545-48.
Os cupins sul-americanos, collocados no grande genero
Termes, ao todo 9 especies, constituem hoje um genero a
parte, Syntermes Holm.
33) Wasmann, E. & Hotmaren— Tabelle der Termit —
phya u. Xenogaster — Arten ; Zoolog. Anzeig., Vol. 38, 1911,
pg. 428-29.
Tabellas dos dous generos de Aleocharinæ termitophylos,
dos quaes até agora se conhecem 11 generos e 18 especies
da região neotropica. As 6 especies ora descriptas são hos-
pedes de Eutermes, e em boa parte brazileiras.
34) Navis, L. — Crisopidos sud-americanos; cf. antea,
pg. 492.
A synopse dos neuropteros sul-americanos da fam. Chry-
sopidæ que nos proporciona o rev. P. Loginos Navas é, como
elle proprio o reconhece, ainda bastante incompleta, devido
ao pouco que entre nós têm sido estudados estes pequenos
insectos. Comtudo ahi temos um bello inicio para uma fu-
tura monographia nossa, e folgariamos immenso em ver imi-
tado tal exemplo por muitos outros especialistas, pois desta
forma tornar-se-ia bem mais suave o inicio de novos estudos.
O auctor agrupa as 69 especies, em 4 tribus e 11 ge-
neros; 30 destas especies são brazileiras.
35) Bruner, LAWRENCE — South American Tetrigide ;
Ann. Carnegie Museum. Vol VII, N. 1, 1910, pgs. 89-143.
Tendo estudado a collecção de gafanhotos da viagem
de H. H. Smith pelo Brazil, o auctor da uma revisão das
especies da fam. Tetrigide, locustidas muito curiosos pela
conformação bizarra da crista dorsal.
A publicação de Bruner é precedida de uma chave para
a classificação dos 37 generos sul-americanos (e em bôa parte
brazileiros); para muitos dos generos tambem da uma chave
para a identificação las especies.
36) Ipem — S uth American Acridoidea, loc. s. cit. Vol.
ViEGEN 30-19 tiago «D147.
E' a continuação do trabalho precedente ; nelle são es-
tudadas 203 especies de orthopteros da fam. Acridoidea, a
qual comprehende o gen. Schistocerca com as especies 5.
americana, cancellata e paranensis que são os «gafanhotos
da praga». Entretanto vemos mencionada no trabalho de
J. Rehn (1913, veja este) tambem a especie do velho con-
tinente S. peregrina, segundo um exemplar da Venezuela
( «compared with undubted specimens»). A distineção das
varias especies deste genero é assumpto bastante difficil e
delicado.
37) Reuys, James A. G. — Descriptions and records of
S. American Orthoptera, ete. Proc. Acad. Nat. Se. Phila-
delphia, Vol. 65, 1, 1913, pags. 82-113.
Enumeração de muitas especies de gafanhotos, entre as
quaes muitas de proveniencia brasileira (da colleeção He-
bard); varias das especies novas são acompanhadas de ex-
cellentes desenhos.
38) GRIFFINI, ACH. — Le specie del gen. Hyperbaenus ;
Studio monografico ; «Redia», Vol. VII, 1. 1911, pg. 187-
208.
Revisão de um genero de Gryllacrina, Locustidæ ; varias
das 8 aspecies são brazileiras, faceis de determinar por meio
da chave.
39) Hemper, Ap. — As Coccidas do Brazil; Cat. da
Fauna Brazileira, Vol. II, 1912, 77 pag.
As coceidas, tão prejudiciaes em agricultura, merecem
por certo o estudo detalhado por parte dos nossos entomo-
logos praticos e a publicação do presente catalogo virá fa-
cilitar muito taes trabalhos. Duas vezes já esta revista tra-
tou do assumpto (Vol. II e IV): agora o nosso catalogo enu-
mera 170 especies e bem poucas são aquellas que não pas-
saram primeiro pelas mãos do nosso antigo companheiro de
trabalho. As especies novas descriptas no Catalogo são as
seguintes: Icerya genistae, Ripersia taquarae, Suissetia lucida,
Pulvinaria ornata, Pseudoparlatoria argentata, Ceroplastes
excaecariae, Mesolecanium lucidum e Megasaissetia brasi-
liensis.
40) Hempar, Ap. — As Cigarras do Caféciro, Phyto-
pathologia (Copia separada d'«O paseo le Vol. VI, N. 4
e 5; 1918
A proposito da «praga das cigarras» do caféeiro, o
auctor estuda a biologia das duas especies de Cicadidae :
Carineta fasciculata Germ. e Fidicina pullata Berg, cujas
larvas e nymphas se desenvolvem na raiz do caféeiro. Como
por vezes ha até 400 nymphas em um só pé, está claro que
a planta é sensivelmente prejudicada. Varios detalhes ainda
estio por ser estudados (postura dos ovos, tempo empregado
na evolução e que se suppõe demandar pelo menos tres
annos). Como tratamento o auctor aconselha formicida (200
ce. por pé) e boa adubação (1 kl. de kainito).
41) Horvara, G. — Revision of the American Cimicidae ;
Aun. Musei Nat. Hungarici. Vol. X,-1.º, 1912, pags. 257 —
262.
Uma revisão muito util das poucas especies de verdadeiros
percevejos da fam. Cimicidae, conhecidas da America. Duas
destas especies são as pragas caseiras cosmopolitas: Cimex
lectularius e C. hemipterus (ou «Acanthia rotundata »); das
5 especies restantes, americanas, só duas são sulamericanas :
C. foedus Stal da Colombia, alliado ao hemipterus e O.
valdivianus Phil. do Chile, pouco diverso de O. Ictularius.
Serão de facto só estas as especies sulamericanas e não en-
contraremos nós aqui tambem percevejos parasitas de gallina-
ceos, andorinhas e morcegos, como se o tem constatado nos
outros continentes ?
Quanto aos escondrijos de morcegos nada podemos aftir-
mar por emquanto. Com relação às andorinhas, fomos pro-
curar taes percevejos onde certamente deveriam ser encon-
trados, si aqui existissem: na celebre « Casa das Andori-
nhas » em Campinas, onde a Progne chabybea domestica ou
«tapera » se reune em bandos calculados em 20 e 30 mil in-
dividuos. Em começo de Maio rebuscamos todos os recantos
daquella elegante vivenda das andorinhas, sem encontrar
nenhum vestigio de percevejos.
Outras informações uteis sobre esta familia (tambem
denominada Clinocoridae) encontram-se nos ultimos trabalhos
de O. M. Reuter (Zeitschr f. wiss. Insekt-biol., Vol. Ii,
“1913, faces. 8-11) e de Jordan e Rothschild, Novit. Zoolog.
REX Md912 pes 9300852]
42) Neiva, A.—Algunos datos sobre Hemipteros hemato-
phagos de la America del Sur ; An. Mus. Nac.Buenos Aires,
Tomo 24, 1913, pg. 1934-97.
Enumeração de 6 especies do genero Triatoma (do qual
«Conorhinus» é synonymo), os nossos <barheiros», dos quaes
TP. megista, iufestans, rubrofasciata, rubrovaria, sangui-
suga e sordida são especies domesticas.
A especie nova 7. platensis por emquanto só foi encon-
trada nos Pampas.
43) Revrer, O M.— Amerikanische Miriden; Oefversigt of
Finska Vetenskaps — Soc. Férhandl., Vol. 55, 1913, part.
A go Nis 18; pags. 1 = 643
Estudo critico de especies e generos americanos de he-
mipteros da fam. Capside, subfam. Mirine.
I’ um dos ultimos trabalhos do fallecido professor de
Helsingfors, ao qual devemos tantas e tantas publicações
sobre hemipteros sulamericanos. Não podemos deixar de
mencionar o seu bello livro em que são ventiladas innum e-
— 50% —
ras questões de alto interesse biologico: como é natural
auetor, quando o podia, tomava os hemipteros por ponto de
partida e isto augmenta-lhe o valor, porque bem poucos até
agora têm dado o devido valor a este grupo de insectos.
44) Arrow, G. I. — Some new species of Lamillicorn
Beetles frum Brazil; Ann. & Mag. Nat. Hist., Ser. 8 vol.
11,1915 pags. 456-466.
Um bom numero de especies novas de besouros do gru-
po dos lamellicorneos, colligidos em varios Estados do Bra-
zil, por occasiäo da «Stanford Expedition, 1911, chefiada
pelo dr. J. C. Branner.
45) Becuin-Bitiecoce.— Contrib. à la foune des Coléopte-
res de L Amerique du Sud -— Apionidae (Curculi nidae) ;
Bull. Soc. entom. France 1911, n. 7, pag. 131-33.
Interessa a nossa fauna a descripção de uma especie
nova, Apion informe, do Brazil (sem outra indicação !)
46) BerxHAuER M. Zur Staphyliniden fauna vn Süd-Ame-
rica; Deut. Entom Zeitschr., 1911 fase. IV pags. 403-422.
E” a setima contribuição do autor sob este titulo; é im-
menso o numero de besourinhos da fam. Stphylinidae des-
eriptos por este incansavel especialista amador, e a lista da
fauna brazileira com isto muito tem aproveitado. Ainda
este trabalho contem um bom numero de especies que lhe
foram enviadas pelo nosso museu,
47) Ipem — Zur Staphylinidenfouna von Süd-Amerika,
Verhandl. Zool. bot. Ges. Wien, 1912, pags. 26-48. X con-
tribuição.
Ainda esta collectanea de especies novas de besouros
Staphylinidas contem materiaes enviados por nosso museu,
Accrescentaremos que Termitoquedius iheringi un. sp. (N.
15726 do nosso registro) acompanhava um bando de «formiga
correição» (Eciton quadriglume) e Theringocantharus (n. 9.)
ypiranganus n. sp. (N. 10583) foi achado em um cupim aban-
donado de Termes dirus. juntamente com besouros coprophagos.
Agradecemos a gentileza das dedicatorias.
48) GouxeLLE, E. — Liste des Cérambycides de la region
de Jatahy, Goyaz ; Ann. Soc. Entomol. France vol. 80, 1911.
pags. 105-253.
Em continuação à extensa memoria publicada sobre
mesmo assumpto em 1908 (veja-se esta revista, vol. VIII,
pag. 545), o autor dá-nos agora uma segunda parte da lista
dos besouros longicorneos de Goyaz.
São innumeras as especies novas descriptas e observa-
mos com prazer que o illustre especialista se refere frequer-
temente a exemplares da nossa collecção, cujos especimens
deste grupo foram, aliás, quasi todos identificados por este
nosso bom amigo.
49) GouneLLE, E. -- Description de quelques espéces
nouvelles de Callichroma du Brésil merid. Bull soc. entom.
France 1911, pags. 165-170.
— 508 —
Descripçäo de tres especies de besouros longicorneos de
Minas, S. Paulo e Santa Catharina; uma das especies C.
distinguendum parece-se bastante com O. sericeum, a ponto
de ser com ella confundida.
50) Lene, C. W.—The species of Brachyacantha «f N.
and S. America; Bull. Am. Mus. Nat. Hist. New York, vol.
30. 1911, pags. 279-333.
A bem organizada monographia do gen, Brachyacantha.
coleopteros da fam. Coccinellidae, contem apenas 10 especies
sul-americauas (em um total de 39) e bem poucas são co-
nhecidas do Brazil.
(Queremos crer que desses besourinhos, cujas dimensões
não ultrapassam 2 ou 3 mm., ainda haverá muitas especies
nossas por descrever, o que agora com o auxilio desta revisão
se torna relativamente facil.
51) Lugperwaupt, H.— Actinobolus trilobus. n. sp. ; Deu-
tsche Entomol Zeitschrift, Berlin, 1910, pags. 95-96.
Descripção de uma especie nova de coleoptero termito-
philo, lamellicorneo da subfamilia Dynastinae.
52) Onaus, F. — Biol gie des Phanaeus floriger Kirb:
Deutsch. Entom. Zeitschr. 1913, pags. 681-686, Est. III.
Mostrou-o ha muito J. H. Fabre nos seus classicos
»Souvenirs Entomologiques» (Vol. I, 1879) o quanto é inte-
ressante a biologia dos besouros escarabeus; nada mais na-
tural do que querer saber como se comportam neste sentido
as especies correspondentes da nossa fauna. Foi o que ha
muito se propoz o nosso museu, mas as varias tentativas
nunca nos proporcionaram o resultado desejado. Tambem ©
Dr. Ohaus, mestre em taes estudos, viu as suas tentativas
muitas vezes frustradas, até que afinal conseguiu acompanhar
toda a evolução do Phanaeus floriger, de tamanho medio, de
cor verde ou azul metallica.
53) Onaus, F. — Einige Ratschliige zum Niifersammeln
in den Tropen; Entom. Rundschau, vol. 30, n. 11, 13, 14,
165,18.
«Alguns conselhos para colleccionar besouros nos paizes
tropicaes» é o titulo que o auctor dá as presentes instrucções,
que bem mereciam ser traduzidas integralmente para o por-
tuguez. O auctor, tão bem conhecido em todos os estabe-
lecimentos sul-americanos nos quaes se encontre alguma
collecçäo de insectos, estava como poucos indicado para es-
crever as 23 paginas de instrucções, porque não é só col-
leccionador de besouros mas tambem de todos os.seus estadios
de desenvolvimento e attento observador da biologia dos
coleopteros.
54) Roraxrmcu & PANTHENX — Neue Südamerik. Stigmo-
deridae, etc. Deut. Entom. Zeitschr. 1912, fase. V, pes.
589-595.
A proposito da descripçäo de algumas especies novas
de besouros da fam. Buprestidae ( «mãe-do-sol» ), quasi todas
brasileiras. os auctores dao uma lista das especies dos gen.
C. nognatha (20, das quaes 13 brasileiras) e P/théscus (48,
sendo 19 brazileiras).
55) SpaprH, Fr. — Nritische Studien über den Umfang
u. Begrenzuny mehrerer Cassiden-Gattungen nebst Beschrei-
bung amerik. Arten; Arch. fe Naturgesch., vol. 79, 1913,
Abt. A. fase. 6, pags. 126-164.
E’ o começo de uma revisão dos generos de besouros
da fam. Cassidae e que de facto ha muito não tem sido es-
tudados convenientemente; quasi todos os antigos generos
comprehendem grupos de especies que puderam ser caracte-
rizados sem dificuldade e dahi o grande numero de generos
e sub-generos novos estabelecidos. Tambem muitas das es-
pecies de proveniencia brazileira são novas, e mencionaremos
em particular Pseudomesomphalia iheringi dedicada ao di-
rector do nosso museu,
56) Weise, J. — II” Beitrog zur Kenntnis der Hispi-
nen; Ann. Soc. ent. Belgique, vol. 55, 1911, pg. 36-78,
Nesta terceira contribuição ao estudo dos pequenos be-
souros da fam. Hispidae o autor passa em revisão 65 especies
neotropicas da sub-fam. Hispinae, tendo examinado os typos
contidos nos museus de Berlim e Bruxellas. Numerosas es-
pecies são brazileiras e uma dellas, Uroplata iheringi toi
dedicada ao director do nosso museu.
57) Dyar, H. G. — Notes où Catton Moths, Insecutor
Inscitae Menstr. vol. 1, N. 1, 1913, Washington.
Um estudo das mariposas dos generos Comsophila, Go-
nitis, Aletia, Anomis e Alabama, evjas lagartas em boa par-
te vivem sobre o algodoeiro «curuquéré» — Alabama argil-
lacea). Das 27 especies pelo menos 8 occorrem tambem no
Brazil e por isto o trabalho, com a sua chave para a classi-
ficação é-nos muito util. Além do «cnruquêrê» oecorrem aqui:
Comsophila erosa, Gonitis edetrix, An mis exaggerata, sti-
gmocraspis, hemiscopis, exacta e doctortum.
58) Ferreira DE ÁLMBIDA, R. — Trois lépidontéres nou-
veaux du Brésil; Rio de Janeiro, Décembre, 1913 (duas pa-
ginas—ubi ?)
Recebemos o pequeno folheto em que vem descriptas
tres borboletas do Rio de Janeiro, pertencentes à fam. Pje-
ridae. As deseripções são suficientemente claras, e, ainda, o
auctor teve a gentileza de juntar duas acquarellas; pude-
mos assim identificar facilmente as formas em questão :
«Hespsrocharis melissa n. sp» não é senão um o pallido
de Appias drusilla ; desta mesma especie Bünnighausen des-
creveu uma forma janeira, um pouco mais amarela ;
da mesma Appias drusilla o auctor descreve uma for-
ma «nana», para a qual entretanto não ha caracteres sutti-
cientes que a distingam sempre da forma typica ;
da «Terias tenella alcides, aberr. nov.» com as man-
chas mais nitidas no lado inf. da aza post.; temos em nossa
——— SOL
colleeção a passagem gradativa a forma desprovida de taes
manchas. Parece-nos, alias, conveniente adoptar a denomi-
nação Terias neda tenella para a forma brazileira, bem pou-
co diversa da especie typica mais septentrional.
E” de lastimar que o lepidopterologo incipiente não ti-
vesse consultado colleeções mais ricas, em que facilmente
poderia ter encontrado as transições das varias formas, o que
lhe teria indicado a variabilidade das especies em questão.
59) Jones, E. DuxixrigLD — Descriptions of new species
of Lepidopterc-Heterocera from south-east Brazil; Trans.
Entomol. Soc. London, 1912, pgs. 419-444.
Datam de annos remotos os primeiros trabalhos publi-
cados pelo auctor, sobre as borboletas do Brazil. A presente
publicação contem a descripção de muitas mariposas novas,
particularmente de S. Paulo e do Paraná e estamos certos
que ainda seremos obsequiados com muitos outros desses seus
escriptos, contendo os resultados das suas caçadas feitas em
1913 em nosso Estado. Como ja ficou dito a pag. 16 deste
volume, tivemos o prazer de hospedar o incançavel lepido-
pterologo na «Estação Biologica do Alto da Serra», quando
essa mallograda casa de estudos biologicos ainda dependia
do Museu Paulista.
60) LuenerwazpTr, Zur Biologie von Stenoma dissimilis
hearf.: Zeitschr. f. wissench. Insektenboil. 1912, N. 1, pg. 5-6.
As lagartas da mariposinha Stenoma dissiméilis, tam. Ti-
neidae criam-se nas folhas do «cedro branco» (Cedrella fis-
sil/s). O auetor acompanhou toda a sua evolução, que tem
lugar nos mezes de Janeiro a Março; no casulo ellas per-
manecem apenas 11 a 12 dias.
61) Manitite, P. et Eve. BovLLET Essai de revision
de la fam. des Hesperides; Ann. Se. Nat. Zoologie, Paris,
vol. XVI, N. 1-4, 1912, pgs. 1-159.
Continuação do trabalho ao qual já nos referimos nesta
Bibliographia, vol. VII, pg. 541: acompanham-no duas es-
tampas admiravelmente executadas.
62) Arcock, A. — Remarks on the classification of the
Culicidae; Ann. Mag. Hist, Ser 7, vol. 8 494 pe;
240-250.
Parecendo ao auctor que Theobald tivesse subdividido
as Culicidas em um numero demasiado de sub-familias, apre-
senta elle o seu systema, no qual as «Secções» correspondem
a sub-familias de Theobald.
Adinitte só duas subfam.: Corethrénae e Culicinae. Esta
subfam. comprehende + secções :
I Megalorhini ( — Megarhinae Theob.)
IT Epéalurgi( — Anophelinae Theob.)
HT Culicales ( — Culicinae, Heptaphlebomyinae, Dinoce-
ratinae, Aedinae e Uranotaeniinae Theo.)
IV Metanctotricha (Trichoprosoponinae, Dendromyzinae e
Limatinae Theob.)
Alem disto estuda mais detalhadamente os subgeneros
de Anopheles. Não sabemos onde estará o bom «meio termo»,
mas tambem aqui convem não ir nem tanto ao mar, nem
tanto à terra.
62-A) ALEXANDRE, CH. P. — Synopsis of part of the
neotrop. Cranefli s, subfam. Limnobinae Proc. U. S. Nat.
Mus. Washington, Vol. 44, 1913 pg. 481—549.
O extenso trabalho estuda uma parte das especies de
pequenas moseas (antes mosquitos pelo aspecto) da fam. Ti-
pulidae, cujas larvas vivem de preferencia no capim e ve-
getaes em decomposição; as nymphas parecem-se com as
das mariposas. Ja é relativamente grande o numero de es-
pecies brazileiras assignaladas, mas quasi todo esse material
veio só de Chapada e Corumba, Est. Matto Grosso e Igara-
péassu, Est. Para.
63) Bezzr M.— Sobre tres interessantes dipteros de
S. Paulo, cf. antea pg. 492.
Um caso interessante de Ceratopogon sugador de la-
cartas: Pialea lomata diptero raro que provavelmente é pa-
rasita das aranhas: e finalmente Considerações sobre as es-
pecies brasileiras do gen. Systropus (NS. fumipennis e nitidus)
parasitas dos lepidopteros da fam. Limacodidae. Todo este
material foi enviado ao auctor pelo Sr. Conde A. Barbiellini.
64) Becker. TH. — Chloropidae, eine monographische
Studie; Ann. Musei Nationalis Hungarici, Vol. X, 1912,
part. 1, pags. 21 - 256. ,
As pequenas moscas da fam. (hlorcpidae foram estu-
dadas, monographicamente, pelo auctor do presente trabalho; a
parte que acima citamos abrange as especies nearcticos (Ame-
rica do Norte) e as neotropicas (ou America do Sul, Central
e Mexico in el.). Da America do Norte conhecem-se 165 es-
pecies e provavelmente só poucas faltarão. para completar a
lista. Da região neotropica em que, seja dito desde logo, bem
pouco ainda se colligiu deste material, foram estudadas 152
especies distribuidas por 28 generos. De proveniencia brasi-
leira são 54 especies e quasi todas estas (46) foram colligi-
das em Hammonia, no Est. de Santa Catharina, pelo sr. H.
Lüderwaldt, preparador de entomologia do nosso museu. A
avaliar por ahi qual não será o verdadeiro total das especies
desta familia, existentes em todo o Brasil? E” verdade que
quasi todas estas mosquinhas medem apenas 2 ou 3 mm. de
comprimento e algumas mesmo vão pouco alem de 1 mm.
Ao seu trabalho systematico, extremamente penoso e delica-
do, o auetor junta algumas considerações sobre a distribui-
ção geographica dos 79 generos e das 795 especies que até
hoje se conhecem: 9 generos e 3 especies são cosmopolitas.
65) EnxperLEIN, G. publicou sobre o mesmo assumpto
dous trabalhos (S/tzber. Ges. naturf. Freunde, Berlim, 1911,
e Zoolog. Anzeiger, Vol. 38, N. 4, 1911) com muitas especies
brasileiras, que se acham incluidas na publicação de Becker.
66) HenpeL, Fr.—Die Arten der Dipteren-Subfam Ri-
chardiinae; Deut. Entomol. Zeitschr. 1911; fase. II, pags.
181-212, III, pgs. 239-270, IV, pgs. 367-396.
Revisão monographica da subfam. /ichardiinae, dipteros
da fam. Ortalididae; as 88 especies da subfamilia são uni-
camente americanas e em boa parte neotropicas : muitas das
43 especies novas são brasileiras. Chaves para a classifica-
ção dos 22 generos e outras para as especies facilitam a
continuação do trabalho.
Este deverá consistir não só na descripção de especies
novas, mas tambem no estudo da biologia destas moscas.
pois até agora nada se sabe a respeito.
Do mesmo auctor é a contribuição aos «Genera Inse-
ctorum» de Wytsman, fase. 113. (19 fr.) que trata desta sub-
familia.
66-a) Howarp, Li. O. — The House Fly, Desease Car-
réer ; London, 1912, 312 pags. John Murray, 6 sh.
A Mosca das casas, transmissora de molestias, ou como
dizem hoje os scientistas norte-americanos «Typhoid fly»—é
estudada magistralmente neste livro; o auctor, o celebre chefe
do servico de Entomologia economica nos Estados Unidos,
teve em vista dar a conhecer a todos o modo de vida deste
nosso inimigo abejecto e por mil modos pernicioso — e de
facto, o que Howard nos apresenta é uma monographia pre-
ciosa, que nos ensina todos os detalhes da biologia da Musca
domestica. KE’ o que se precisava em todo o mundo, pois
não ha recanto do globo habitado ou habitavel onde não se
encontre esse flagello; todos os hygienistas são concordes em
attribuir à mosca das casas o papel de perigosissimo trans-
missor de innumeras melestias ; entretanto não havia ainda
em nossas bibliothecas um tratado perfeito que estudasse ©
problema de modo exhaustivo.
E" pois com immenso prazer que aqui apresentamos ©
excellente trabalho, scientifico e pratico, aos nossos medicos
sanitarios, fazendo votos para que o saibam aproveitar na
campanha recentemente encetada nos centros populosos do
Brazil, na «guerra contra as moscas».
67) Kwas, Frep— Names and synonymy in Anopheles ;
Insecutor Inscitae Menstr., Washington, Vol. 1, N. 2.19153,
pg. 15-17; N. 3, pg. 36.
Modifica os nomes de alguns mosquitos da nossa fauna.
Assim deverão ser denominados: Anopheles boliviensis Theob.
(A. lutzi, A. cruzi auct.). Megarhinus violaceus Wiedem. (M.
mariae Bourr.), Ankylorhynchus purpureus Theob. (A. vio-
laceus auct. nec Wiedemann).
67-A) Inen— À note on some American Simuliidae; loc.
8: eit. Molo ba Ni 12.41 O13: paso dib4=ab:
Tambem o nome de um S’mulium. borrachudo, deseri -
pto por A. Lutz, 8. exiguum, por já ter sido dado anterior-
mente a uma especie congenere da Venezuela, deve ser substi-
ne ne ms me lt a.
tuido; assim foi-lhe conferido o nome S. lutz/ (minutum
Sure. 1911 nec. Lugger 1896 fig.)
69) Mora DE: Am: (cf: po. 498, N. 5.)
A primeira contribuição do auctor estuda em geral a
familia dos Chironomidae e a subfam. Ceratopogoninae a que
pertencem os pequenos dipteros hematophagos, conhecidos
vulgarmente por «maruim» (no litoral) e «mosquito polvora»
(no interior). Vem deseziptas, ao todo 15 especies que, com
excepção de tres já conhecidas, são novas e pertencem aos
gen. Culicoides (11), Centrorhynchus n. gen. (3 sp.) e Ter-
sesthes.
De summo interesse são as observações biologicas refe-
rentes às varias especies que se criam no lodo dos mangue-
zaes e especialmente nos buracos em que vive o «guayamú»
(Cardisoma quanhumi).
69) Lurz, Dr. Ap. & Arraur Neiva (pg. 493, N. 8).
Um outro grupo de pequenos dipteros hematophagos, que
até hoje não havia sido estudado com relação à fauna bra-
sileira, é a dos pequenos «biriguis», fam. Psychodidae, gen.
Phlebot mus. Foram descriptas tres especies, todas ellas no-
vas: alem destas, anteriormente só havia sido descripta mais
uma,do rio Javary. Vivem de preferencia na matta e,attrahidos
pela luz, as vezes entram nas casas; os estados larvaes ain-
da não foram encontrados.
70) Lurz, AporeHo (cf. pg. 493, Ns. 2 e 18).
Em continuação as suas publicações sobre as moscas, ou
antes «mutucas» da fam. Tabanidae (veja-se esta Revista,
Vol. VIL, Bibl. pg. 550) o Dr. A. Lutz descreve no primei-
ro trabalho mencionado, 15 especies novas de Pangoninae e
Chrysopinae.
A segunda contribuição ao mesmo assumpto estuda o
grupo das Tabanidae opisthan plae, que comprehende as
subfam. Diachlorinae (n.) cor: 20 especies de Diachlorus (8
das quaes são novas), e Lepidoselaginae com 6 especies
dos gen. Lepidoselaga Macq., Selasoma Macq., Himant stylus
e Stegmatophthalmus, estes dous ultimos generos novos. Duas
optimas estampas illustram 23 dessas especies.
71) Neiva, Dr. Artuur & Gomes DE Faria, (cf.
pets, Nat:
As moscas mais geralmente conhecidas como causadoras
de myiasis humanas são: Chrysomyza macellaria («bicheira»)
e Dermatobia hominis («berne»). Os auctores accrescentam
agora a Sarcophaga pyophila, especie nova, criada de larvas
extrahidas de uma ferida.
Com muita razão os auctores criticam o pouco caso dos
elinicos em criar as larvas extrahidas das «bicheiras», sendo
esta uma das causas de conhecermos ainda tão malas espe-
cies de moscas que em nosso paiz determinam myasis.
72) Surcour & Knas. — Referencias nos Proc. En-
tom. Soc. Washingt.n, Vol. XV, 1913, pg. 167 a possibili-
ee
dade de serem os ovos do «berne» Dermatobia transmittidos
ao homem e ao gado, ete, pelo mosquito (Janthinosoma).
O que ha de positivo, até agora, é apenas a observação de
que uma vez ou outra se encontram taes mosquitos com
ovos da Dermatobia debaixo das azas; e ao mesmo tempo
que o insecto suga a sua victima, cahem aquelles ovos —
mas, tudo isto não representa ainda senão uma possibilidade.
que a uns se afigura acceitavel, emquanto que outros, sem
muita dificuldade, oppõem as sua duvidas.
13) Cockerezx,, T. D. A. — New bees from Brazil
Psyche, Vol. XIX, N. 2, 1912, pg. 41-61.
A’ ultima expedição do Prof. Branner ao Brazil (Stanford
Exped., 1911) já varias vezes nos referimos nesta Bibliogra-
phia; o presente estudo descreve as especies novas de abe-
lhas colligidas pelos naturalistas da comitiva. Das nossas
abelhas meliferas vem descriptas duas Meliponas e cinco
Trigonas novas; mas o auctor mesmo desconfia que em
muitos casos as pretendidas «especies novas» não passam de
«mutações» de formas muito diffundidas, taes como a «Man-
dassaia» e a clrapoan».
14) Ducke, A. — Die natiiriichen Bienengenera Siida-
merikas ; Zoolog. Jahrb., Jena, Abt. System. Geogr. u.
Biol. Vol. 34, fase. 1, 1912, pes. 51-116.
A presente revisão dos generos de abelhas da America
do Sul, dispostos systematicamente segundo as suas affinida-
des, é um destes trabalhos que só os verdadeiros especialis—
tas podem produzir. E” preciso ter estudado a fundo todo o
grupo, tomando em consideração todos os detalhes quer mor-
phologicos, quer biologicos e isto, em se tratando de um
conjuncto de 71 generos, com muitas centenas de especies.
requer não só competencia como tambem muita perseverança
e tempo. O nosso operoso collega do Museu do Pará deu
cabal desempenho à tarefa que se impôz, discutindo genero
por genero e enumerando para alguns as especies sulameri—
canas (com deseripção de algumas novas): além disto dá
uma chave para a classificação dos generos, trabalho insano
mas utilissimo.
19) Ducke, Av. — As Chrysididas do Brazil; Cata-
logos da Fauna Brazileira, Vol. IV, 1913, 31 pgs.
O catalogo contem a enumeração de 84 especies brazi-
leiras das lindas vespinhas parasitas, da fam. Chrysididae ;
no appendice, além de outras observações, o auctor descreve
as seguintes formas novas: Cleptes mutilloides minor, Cl.
aurora dubuyssoni e rubustior, Chrysis mathani. Lembrare—
mos ainda que neste mesmo volume, pags. 229-30, o auctor
faz algumas pequenas emendas a esta sua publicação.
75-A) Ducke, Av. Terzo supplemento alla revisione
dei Crisididi dello Stato del Pará, Boll. Soe. Entom. Vol.
41, 1911, pg 89-115.
16) Forez, A. — Ameisen des Herrn v. Ihering aus
— SIS —
Brasilien (8. Paulo) etc. Deut. Entom. Zeitschr. 1911, fase.
HI, pags. 285-312.
Em continuação ao seu escripto referente ao material
de formigas que lhe fora fornecido pelos Drs. H, von Ihe-
ring e A. Lutz, (Verh. k. k. zool. bot. Ges. Wien, 1908,
pg- 340) o distincto psychiatra e especialista no estudo das
formigas, continua a enumeração das especies que lhe foram
enviadas pelo nosso Museu. A pezar de agora ja se ter es-
tudado meticulosamente ha tanto tempo este grupo de hy-
menopteros, assim mesmo é elevado o numero das especies,
subspecies e variedades novas descriptas nesta contribuição e
será interessante aecrescentar que os typos foram colligidos
não só em zonas afastadas, no sertão, mas nos proprios ar-
redores do nosso museu, no Ypiranga!
77) Forez, A. — Fourmis d'Argentine, du Brésil, etc
Bull. Soc. Vaudoise des Sc. Nat., Vol. 49, N.º 181, 1945.
pgs. 1-48 (cop. sep.).
O eminente especialista descreve numerosas especies e
variedades novas, sendo que as de proveniencia brazileira lhe
foram fornecidas pelo Museu Paulistas, a cujo pessoal são
dedicados varios nomes propostos como novos. Eciton fran-
canum Ihering é considerado raça de E. vagans Ol.; E.
abstinens Ihering é collocado na synonymia de E. raptans
(nec. «raptor Sm.»).
78) Inerinc, H. von — Phylogenie der Honigbienen,
Zoolog. Anzeiger, Vol. 37, N. 5/6, 1911, pags. 129-136.
A proposito das recentas observações feitas com relação
à biologia da nossas abelhas sociaes, o auctor volta ao es-
po da phylogenia das familias de abelhas meliferas, Ap7ice
Trigoninae, assumpto do qual já anteriormente se havia
enfiado (veja esta Revista VI, Bibl. pag. 635). Mostrando as
particularidades biologicas que Apis e Trigona tem em com—
mum e os pontos nos quaes ellas divergem, affirma H.
Ihering que as duas formas provem certamente de origens
ae ainda que mais ou menos semelhantes; a sua evo-
lução foi egualmente bastante semelhante, de forma a nos
apresentarem hoje conjunctos biologicos que pouco divergem
um do outro; e entretanto o caminho percorrido e o modo
pelo qual o mesmo problema foi resolvido são bem diversos.
Tambem a distribuição geographica dos dous elementos vem
coroborar não só as afirmações phylogeneticas assim estabe-
lecidas como tambem as theorias das migrações estudadas
pelo auctor sob outros pontos de vista.
79) Imerisna, H. von — Biologie u. Verbreiwung der bra-
silianischen Arten von Eciton ; Entomol. Mitteil. Berlin, Vol.
I, N.º 8, 1912, pgs. 226-235.
As formigas da sub- familia Dorylniae vulgarmente cha-
madas «de correição», constituem um dos capitulos mais dif-
ficeis do estudo quer da systematica, quer da biologia desse
grupo de hymenopteros. Basta dizer que até a pouco os ma-
LEE 516 aes
chos figuravam sob um nome generico (Labidus) quando
para as obreiras se empregava a denominação Eciton; as
temeas de todas as nossas especies ainda são desconhecidas.
O auctor estuda em particular as 14 especies paulistas (4 da
região do litoral, 4 do sertão e 6 communs a todo o terri-
torio), registrando varias observações biologicas. Outro thema
discutido pelo auctor é o da origem desta familia, que elle
declara ser de proveniencia asiatica e para o que encontra
varios documentos, concordes com outros, observados em va-
riados elementos da nossa fauna.
80) Inprinc, H. vox — Zur Biol gie der brasilianischen
Melip»niden; Zeitschr. f. wissensch. Insektenbiologie, Vol.
VIII (17) 1912, pgs. 1-5, 43-46.
A biologia das abelhas sociaes indigenas ja foi ha tem-
pos estudada com toda minucia pelo auctor (cf. esta Revista
VI, Bibl. pg. 635). A presente contribuição ao mesmo asfampto
vem accrescentar a descripção de mais alguns ninhos, a sa-
ber de: Trigona (Friseomellita) silvestrii, muelleri, bipuncta-
ta («sete-portas»), frisei Ihering («Sanharó»), capitata («mom-
buca») especie esta que biologicamente constitue uma tran-
sição ao genero Melipona, porque não faz porta no ninho, cons-
troe o batumen de barro e os potes de mel são muito
grandes. Do gen. Melipona é novo o nmho de M. santhilairi.
81) LueperwazpT, H. — Nestbau von Neocorynura erin-
nys Schrott.; Zeitschr. f. wissensch. Insektenbiol. 1911, n. 3
pg. 94-96.
O auctor, preparador de entomologia do nosso museu,
havia observado a nidificação de uma pequena abelha soli-
taria, que segundo o Sr. C. Schrottky representava uma es-
pecie nova e cuja diagnose figura no mesmo escripto. E” ao
que sabemos apenas o segundo ninho de abelha brazileira
da subf. Halictinae que se conhece; o primeiro foi descripto
por nós nesta Revista, vol. VI, pg. 465 e refere-se a Au-
gochlora nigromarginata (e não “A. gramminea” como então
suppunhamos). :
82 Maton, Fr. — Die Xylocopen des Wiener Hofmuseums ;
Ann. Nathist. Hofmus. Wien, vol. 26, 1912, pg. 294-330.
Sem ser uma monographia das “mamangabas” do gen.
Xylocopa, em tudo completa, o auctor nos da entretanto tao
abundantes informações detalhadas, sob todos os pontos de
vista, que a sua publicação se torna indispensavel a quem
quizer trabalhar neste grupo e evitar as penosas verificações
que tanto dificultam a classificação rigorosa. O trabalho do
antigo funecionario deste museu, Sr. C. Schrottky, no vol. V
desta Revista, pg. 456 e que abrangir 28 especies nossas,
acha-se naturalmente muito modificado, mas ainda assim
prestará bons serviços ao novato.
83) Marranno FrLHo, Dr. José. — Ensaio sobre as Me-
liponidas do Brazil; These apresentada à Faculdade de Me-
dicina do Rio de Janeiro, 1911, pgs. 140, Est. I-VI.
E
— 517 —
De quando em vez a nossa literatura zoologica é pre-
senteada com contribuições que, praticamente, se destinam à
defeza de these perante as Escolas de Medicina e, quem qui-
zer, vera nisto, como nós, a falta que faz um curso superior
onde se ensinem as materias da philosophia natural. Lem-
braremos neste sentido as theses sobre “Mimetismo” (veja-se
esta Bibliogr. vol VIII, pg. 537) e “Pesquizas ichthyologi-
cas na bahia do Rio ‘de Janeiro” (loc. cit. vol. VI, pg.
623), etc.
O presente estudo, de egual orientação, versa sobre as
abelhas meliferas indigenas, e comprehende não só a syste-
matica toda (generos Trigona e Melipona, com 92 especies)
como tambem a biologia. Nos capitulos desta ultima parte
do seu estudo, o auctor registra muitas observaçães interes-
santes, colhidas pessoalmente no seu apiario (ou, como ja se
disse alguma vez, e para differenciar os colmeaes indigenas
dos de Apis mellifica — “meliponario”). Lastimando não poder
analysar mais detalhadamente este trabalho, recommendamol-o
a quem quizer continuar a tarefa. Por nossa parte agradece-
mos as amaveis referencias que o auctor fazao Museu Paulista
quando menciona o auxilio que lhe prestamos, nos na parte
systematica e o dE H. v. Ihering na de biologia. — «On re-
vient tousjours...» e assim não perdemos a esperança de
que o nosso amigo, depois dos seus estudos de physiologia
vegetal, volte ainda ao mesmo assumpto, que lhe proporcio-
nou tão proveitoso thema.
84) Meape-Wazpo, G.— New species of Diploptera in
the British Museum (III); Ann. & Mag. N. Hist. vol.
ser. VIII 1911, pg. 98-112.
Descrevendo varias especies de vespas sociaes da collec-
ção do museu de Londres, o auctor consagra duas paginas à
biologia da “vespa tatu” (Synoeca surinama), aproveitando
os dados que lhe foram fornecidos da Guyana. Interessante é
a observação do respectivo parasita, Æpitelia aculeata Walk.,
tam. Chalcidida.
85) SCHROTTKY, C. — Neue siidamerik. Hymenopteren ;
Deutsche Entom. Zeitschr. 1913, pgs. 702-708.
Entre as varias especies de hymenopteros, descriptas como
novas, encontram-se diversos exemplares cujos typos, paulistas,
se acham guardados em nosso museu, bem como outros colligidos
no Est. do Paraná, nas proximidades de Guayra.
86) SizvesTri, F.-—Della Trigona cupira Sm. e di due
ospiti del suo nido, ete.: Boll. Lab. Zool. Gen. Agraria
Seuola Portici, vol. V, 1911, pg. 65-71.
Descripção do ninho da abelha social Pr. cupira do Me-
xico (com o mesmo nome disignamos a especie brazileira
“Iraxim”, mas o ninho desta não é subterraneo como o des
cripto por Silvestri! — questões de synonymia ?) Alem disto
o auctor descreve hospedes, entre os quaes acarideos da fam.
Gamasidae, Urozercon melittophilus n. sp. do qual a var.
— 518 —
angustatus n. foi encontrada sobre Centris thoracica no Matto
Grosso.
87) Srranp, Ems. — Eine echte Eucera von Siidamerika ?
Wiener Ent. Zeitung. vol 30, 1911, pag. 78.
O gexero de abelhas solitarias Eucera não occorre na
fauna neotropica : por isso é com duvida e reserva’ que o
auctor descreve a nova especie E. problematica que figurava
no museu de Berlim como procedente do Brazil.
88) SZEPLIGETI, Gy. — Zacei neue Braconiden aus Brasi-
lien; Boll. del Lab. di Zool. gen. e agraria, R. Scuola Agr,
Portici, 1911, vol. V, pgs. 285-86.
Descripgio de duas especies novas de uymnopteros da
fam. Braconidæ (Bivsteres brasiliensis e areolatus) parasitas
das moscas das fructas Anastrepha fraterculus, provenientes
de São Paulo.
89) Wasmann, P. E. — Güste von Eciton praedator aus
dem Staate Esp. Sano. Entom. Mitteil. Berlim, vol. II N.
12, 1913, pgs. 377-380.
Estudando os insectos myrmecophilos que vivem com
a formiga “de correição” Eciton praedator (e portanto cha-
mados “ecitophilos”), o auctor enumera 27 especies, pela
maior parte coleopteros staphylinidas (21), 1 pselaphida, 1 la-
thridida, 1 hymenoptero proctrotrypida, 1 diptero phorida e 2
acarinos.
90) WHeELER, W. M. — Ants, their structure, development
and behavivr. Columbia. Univ. Press, 1910, 663 paginas.
As formigas, e a estructura, o desenvolvimento e a mo-
radia das mesmas” — é o titulo do soberbo compendio. pu-
blicado pelo competente especialista. Aqui o apresentamos
aos entomologistas brasileiros, não porque a nossa fauna tenha
no especialmente destacada, mas porque é uma obra prima
» por ser não só indispensavel a quem quizer hoje em dia
começar o estudo do grande grupo das formigas, como tambem
por ser utilissimo a todo aquelle que se interesse pelos bons
trabalhos entomologicos e principalmente biologicos.
91) IHBRING, H. von — Analyse der Südamerikanischen
Heliceen ; Journ. Acad. Nat. Sc. Philadelphia, vol. XV, (2
ser.) 1912, pgs. 475-500, Est. 41-42.
Para o magnifico volume com o qual a Academia de
Sciencias de Philadelphia commemorou o seu centenario de
fundação, o nosso director contribuiu com um estudo no qual
analysa a classificação e a origem das varias familias de
moluscos comprehendidos no grupo das heliceas. Prineipal-
mente o exame anatomico de muitas especies auctorisa-o a
fazer modificações na posição systematica de generos e fa-
milias, das quaes até agora só se havia tirado os caractéres
da conformação da concha. Os resultados sobre a origem e
distribuição desses molluscos permittem ao auctor distinguir
no terciario antigo 4 centros de dispersão para os caracões
terrestres : “Archameris” (da America do Norte), “Archewris”
(Europa, Asia sept., Archigalenis à America Central), “Ar-
ch: lenis” (Brazil e Africa e pela Lenuria a India e Ceylao)
e “Archinotis” (continente antartico até Archiplata de um
ag e Australia e Molucas por outro).
92) Pmssry, H. — Non Marine Mollusca of Patagonia ;
Rep. Princeton Univ. Expeditions to Patagonia, vol. III,
Zoo Part. V, 1911.
O trabalho contem uma revisão das especies sul ameri-
canas da fam. Amnicolidae, minusculos caracões da agua doce.
Para tal fim o auctor recebeu material de estudo das col-
lecções do nosso museu e assim muitas especies nossas, novas,
figuram neste excellente trabalho, abundantemente illustrado
com excellentes estampas coloridas.
93) Brau, Bart. A. & ALF. C. Weep — An electric Roy
and its young; Proc. U. S. Nat. Mus. Washington, vol. 40,
Til pet 231, Est 10 e 11.
Duas estampas representam a raya electrica Narcine
brasiliensis, entre nós conhecida por “trême-trême” e os seus
14 filhotes, abundantemente manchados. Refere-se tambem
às descargas electricas (segundo Coles, 1910) que diz serem
fortissimas.
94) ErgenMaNN, C. H. — The Freshwater fishes of British
Guyana etc; Mem. Carnegie Museum vol. V; 1912.
Ainda que não diga respeito, propriamente, à nossa
fauna, o immenso volume de 554 pag. e 103 estampas pu-
blicado pelo eminente especialista, sobre os peixes da Guyana
ingleza, é assim mesmo uma obra que não póde ser dispensada
por quem quizer trabalhar em ichthyologia brasileira. Das 362
especies estudadas (material este colligido pelo proprio auctor
durante a sua excursão em 1908) muitas são tambem bra-
sileiras, aproveitando -nos assim tambem a extensa exposição
synonymica e muitas illustrações. Utilissima é tambem a
bibliographia, pgs. 530 a 554, extensiva a todos os trabalhos
publicados sobre a fauna em questão, de toda a America do
Sul; é uma reedição do trabalho de 1910, posto ainda uma
vez em dia e expurgado dos erros, tão perdoaveis, mas
tambem tão incommodos.
95) Eris, M. Mares — The Gymnotid Eels of tropical
America; Mem. of the Carnegie Museum, vol. VI, N. 3, 1913
pgs. 109-195.
E” um bello estudo BUN dos peixes da fam.
Cymnotidar aus comprehendem o “peixe electrico” e as
“tuviras” ou “sarapós” (os varios nomes que o auctor enu-
mera como sendo usados no Brazil para designar o Gymnotus
carapo, cf. pg. 120, são apenas 0 resultado da má compre-
hensão do que disseramos á pag. 278 desta Revista, vol.,
VII, quando nos referimos simplesmente a uma questão de
eraphia dos nomes indigenas aproveitados pela nomenclatura
zoologica). Além da parte systematica, o trabalho encerra
varios ERRO: referentes a biologia destes peixes; extensa
— 520 —
é tambem a parte que se refere às mutilações que frequen-
temente se observam, tendo o auctor feito experiencias in-
teressantes quanto ao poder de regeneração.
O estudo de Anna Lowrey mencionado em nota à pg.
166, em que ficou demonstrado que o filamento submental de
Steatogenys elegans contem os mesmos elementos histologicos
do tecido productor de electricidade de E. electrecus, acha-
se ja agora publicado :
96) Lowrey, Anna. — A study of the submental filaments
considered as pr obable electric organs in the gymnotid Eel.,
St. elegans ; Journ. of Morphology, vol. 24, N. 4, 1913, pes.
685-694.
97) Hozzaxb, W.J. — The Carnegie Museum Expedition
to Central South America. Annales of the Carnegie Muscum
vol. WIT, .N..3=4,. pes. 283 dt-1911:
98) Haseman, JoHx D.— A brief rep rt up n the ex-
pedition of the Carnegie Museum to Central South America
lc pe 2870 db
99) Haseman, Jonx D. — Descriptions of some new spe-
cies of fishes and miscellaneous notes on others obtained du-
ring the Carngie Museum Expeditions to Central South
America, 1. e. pag. 315 ff.
100) Haseman, Joux D. — An annotated Catalogue of the
Cochild fishes collected of the Ecpedition Carnegie Museum
ts Central South America, 1. ec. pag. 329 ff.
101) Hasemax, Joux D. — Some new species of fishes
fromthe Rio Iguassu, 1. e. pag. 374 ff.
102) Ezzis, Marton Durpin. — On the species of Hase-
mania, Hyphessobrycons, and J{emigrammus collected by J. D.
-Haseman for the Carnegie Museum. Annales of the Car-
negie Museum, vol. VIII, N. 1 pag. 148 ff., 1911.
103) Ergenmann, C. H. — New Characins in the Collection
of the Carnegie Museum, 1. ec. pag. 164 ff.
Todas estas publicações estudam o immenso material
ichthyologico collegido pelo sr. John Haseman durante a
sua excursão (Outubro de 1907 a Janeiro de 1910) à Ame-
rica do Sul, feita as expensas do Carnegie Museum. O
itinerario seguido diz respeito, quasi todo elle & fauna bra-
zileira: rios S. Francisco, Parahyba, Tieté, Paranapanema,
Ribeira de Iguape, Iguassu. Est. tio Grande do Sul; su-
bindo o rio Paraguay ao Madeira « descendo este e o Ama-
zonas até o Para e uma excursão ao Tocantins.
O mesmo Sr. Haseman, alem de dar muitas informações
biologicas de interesse, começa os ostulos systematicos, dando
uma revisão da fam. Cichlidae (ara e Joauninhas) com 78
especies por elle colligidas e variis dellas descriptas como
novas. Um crescido numero Ilustrações acompanha.
cada trabalho, facilitando assim o estudo. Veja-se tambem
o trabalho do mesmo auctor, N. J 15.
104) Mrranpa Riperro ÁALIPIO (ef. pag. 494).
Peixes da Fauna Braziliense, Eleuthrobranchios Asp/-
rophoros.
Nos moldes das partes anteriores desta revisão dos pei-
xes do Brazil, veja esta Revista, Vol. VIII, pag. 506) o
auctor estuda no presente volume o grupo mais geralmente
conhecido por Nematognata. Vem descriptas ao todo 322 es-
pecies de peixes de couro e cascudos; varias dellas são no-
as, mas infelizmente, a par da collocação incommoda da
synonymia, nem sempre o auctor põe claramente em evi-
dencia quaes foram os nomes novos introduzidos; assim à
pag. 109 « Parasturisoma Nob.» esta bem, mas à pag. 260
fica-se em duvida (veja tambem pg. 447) e com relação ao
gen. Tatia não ha indicação alguma. Por nossa parte agra-
decemos a gentileza da dedicatoria que nos fez, denominando
Rhynelepis rudolphi a especie que haviamos descripto como
« P. microps » (nome preocupado).
Mais uma vez felicitamos o auctor e agora que O sa-
bemos de volta aos estudos de gabinete e de systematica,
livre dos dissabores da politica mesquinha, temos quasi cer-
teza que estará em bom caminho um novo volume destas
valiosas contribuições às nossas letras scientificas.
105) Miranda RrBeiro, Auip1io — Loricariidae, Callich-
thyidae, Doradidae e Trychomycter/dae ; Annexo N. 5 do
« Relatorio da Commissão de Linhas Telegraphicas Estrate-
gicas de Matto-Grosso ao Amazonas» (Historia Natural,
Zoologia), Rio de Janeiro, 1912, 31 pags.
Tendo acompanhado como zoologo a expedição telegra-
phica que publica o relatorio supra citado, o illustres na-
turalista do Museu Nacional da publicidade à lista dos peixes
colhidos por occasião dessa viagem. Trata-se ao todo de
47 especies da Amazonia e do Matto (Grosso; são novas para
a sciencia as seguintes: Ancistrus mattogrossensis, Plecos-
tumus variostictus e rondoni, Peckoltia n. gen. (Hemian-
cistrus pt.) Loricaria cacerensis e hoehner, Decapagon uro-
striatum, Curydoras virecens, Doras lbertatis e insculptus,
Trichomycterus eichorniarum, Gyrinurus (n. gen.) batra-
chostomu (an form. juv.?) com estampa, Paravandell/a (n.
gen.) oxyptera. Permitta-nos o auctor lembrar-lhe o in-
conveniente que resulta para os zoologos em geral, dessa
publicação de diagnoses (e só em portuguez, quando o auctor
é polyglotta) em relatorios inaccessiveis e onde ninguem ja-
mais irá procurar um trabalho de pura systematica.
(106) MrranDA RIBBIRO, ALIPIO.— Sobre alguns peixes no-
vos para a fauna marinha do Brazil; Boletim do Minist. da
Agricult., Serviços de Informações, Rio de Janeiro, Março
1912, vol. I, N. 1, pags. 15 — 19 e duas estampas.
Estudando uma colleeção de 24 especies de peixes do
litoral do Estado do Rio de Janeiro, o auetor assignala tres
como sendo novas para a nossa fauna: Isurus oxyrhynchus
Raf., Odontoscior dentex (Cuv. S. Val.) e Tachysurus ma-
chadoi M. Rib. (n. sp.) Esta ultima especie assemelha-se
ao T. jordani do oceano Pacifico. Tambem Astroscopus
y-geecum (Cuv. & Val.) é mencionado como especie da nossa
fauna, mas bastante rara.
Ainda com relação a esta publicação rogamos uo auctor
reedital-a em publicação accessivel ao mundo scientifico !
107) Ripas CapavaL.— Tratado dos peixes do Brazil sob
ponto de vista commercial e industrial (Excerptos). Bol do
Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno II, 1913,
pags. 74-87.
Os poucos capitulos publicados dao uma idéia sufficien-
te do que sera o trabalho todo. O auctor esforça-se por
demonstrar com o auxilio de dados positivos e modernos
quanto poderá ser proveitosa a industria nacional da explo-
ração de nossa rica fauna fluvial e maritima — e, em se
tratando de trabalho de propaganda, não se lhe deverá levar
a mal algum exagero. As illustrações coloridas deixam a
desejar, não tanto pela reprodução que é relativamente boa,
mas pelos originaes, que não são nem artisticos nem scienti-
ficamente correctos.
Mas o que está a pedir misericordia é a terminologia,
os nomes dados a cada uma das especies animaes de que se
oceupa o auctor. (Querendo «enfeitar» o seu trabalho com
nomes latinos, foi emprestar à fauna européa as denomina-
ções consagradas às especies mais triviaes daquelle hemis-
pherio, pouco se lhe dando que taes formas nunca foram
vistas entre nós !
E” verdade que para alguns grupos dos nossos animaes
ainda é difficil saber de prompto a classificação mas nem
mesmo esta deseulpa o auctor não tem, pois. justamente so-
bre os Crustaceos, de que se occupa mais detalhadamente,
temos os bellos trabalhos de Carlos Moreira (vol. XI dos
Arch. do Mus. Nacional) e quanto aos peixes bastaria recor-
rer às publicações de Alipio Miranda Ribeiro, da mesma
série.
Parece entretanto que ao auctor, para quem o delphim
é ao mesmo tempo cetaceo e peixe, taes minuncias não tem
importancia. . . .
108) Srarks, Epw. ©. — The fishes of the Stanford
Expedition to Brazil; Leland Stanford Jr. University Pu-
blications, University Series, 1915, 77 pgs., XV estampas.
O auctor, tendo acompanhado em 1911 a expedição do
Prof. J. C. Branner ao Brazil, colligiu 230 especies de pei-
xes nos Estados do norte e o presente trabalho as enumera
juntamente com algumas notas e a descripção das varias
especies consideradas novas.
109) STEINDACHNER, Fr. — Ueber einige Agenei sus u.
Farlowella-Aiten: Ann. k. k. Naturh. Hofmus. Wien, 1910
Vol. 24, pgs. 399—408, Est. VII—X.
Ipem. — Die Fische des Itapocú im Staate Sta. Catharina,
loe. s. cit. pag. 419-433, Est. V.
O primeiro trabalho encerra varias especies de peixes
vrazileiros, o segundo enumera 12 peixes do Est. de S. Ca-
tharina, descrevendo não só as formas novas como corrigindo
e ampliando varias outras descripções.
Outros trabalhos ainda do venerando ichthyologo foram
publicados sobre peixes do Brazil (nos Anzeiger der k. Akad.
Wissensch., math. nat. KL, 1911, ete. ) com caracter proviso-
rio e esperamos que 0 velho amigo do nosso paiz ainda nos
queira dar uma lista do conjuncto do immenso material de
peixes do Brazil, accumulado no soberbo museu de Vienna.
110) Tare Recax, C.— A Revision of the Poeciliid
fishes (Rivulus, Pterolebias & Cynolebias ; Ann. & Mag. Nat.
Hist. Ser. 8, Vol. 10, N. 59, 1912, pgs. 494-508.
Ei) Ipew. — A Revisit n of the Cy rinodont fishes of
the subfam. Poeciliinae, Proc. Zol. Soc. London, 1913, pgs.
977—1018.
Em ambos os trabalhos o distincto ichthyologista do
Museu de Londres estuda as numerosas especies de peixinhos
viviparos, geralmente conhecidos pelo povo sob o nome de
«guarú-guarús». Com o estudo detalhado de todas as partes
do corpo desses minusculos peixinhos, Eigenmann, Meek e
Tate Regan conseguiram — diriamos quasi crear — tantos ca-
racteres, que hoje se distinguem para mais de 30 generos
quando os antigos compendios reuniam tudo, commodamente,
sob Girardinus, Poecilia, Rivulus e bem poucos outros ge-
neros. Caracter hoje muito em voga para a classificação dos
guarus é a conformação da nadadeira anal do macho que,
devidamente transformada, lhe serve de orgam copulador.
Não queremos deixar de lembar que estes mesmos «gua-
rus» foram ultimamente envocados por parte de alguns sa-
neadores, para que viessem combater as larvas de mosquitos,
tão abundantes nas nossas aguas quietas ou paradas. Não
entraremos aqui em todos os detalhes dos «prós e contras» ;
a quem o interessar indicamos um escripto nosso, transeripto
dos jornaes diarios para o Bolletim de Agricultura do Est.
de S. Paulo, ser. 13, N. 5, Maio de 1812, pgs. 407—410.
Acerescentaremos apenas que em nosso parque botanico, onde,
em pequenos tanques, temos plantas aquaticas, os guarús nos
prestam optimo serviço; uma duzia desses peixinhos, que não
demandam nenhum outro cuidado senão o da primeira ins-
tallação, mantem-nos esses aquarios expurgados de mosquitos.
Mas, porque em determinados casos possam ser assim utili-
zados, não quer isto dizer que taes peixinhos possam, de vez,
liquidar o com licado problema da lucta contra os mosquitos.
112) Tate Recan, C. — A Ut of Cichlid Fishes
of the gen. Crenicichlt; Ann. & Meg. Nat. Hist., Ser. &
vol. 11, 1915, pag. 498-504.
Tomando em consideração as mais recentes publicações
sobre este grupo favorito, dos peixinhos do gen. Crenicichla,
e que o nosso povo denomina « Joanninhas » ou « Guensas»
o auctor reconhece ao todo 22 especies, inclusive duas novas :
destas, C. notophthalmus da Amazonia, parece ser identica
à especie à qual nos referimos a pag. 334 deste volume
(O. dorsocellata, Hasm. pt.).
103) ANDERSON, Lars G.-— A new Leptodactylus and &
new Nototrema from Brazel; Ark. for Zoologi, St ckholin,
vol.» VII, 1911, n. 17, pag. 1-6, Est. Le IE
Deseripção de dous batrachios novos, Leptodactylus bufo
de Ponta Grossa, Estado do Parana e Nototrema fulvorufo
de Santos ; optimos desenhos illustram as duas diagnoses.
114) Baumann, F. — Brasilianische Batrachier des Ber-
ner Naturh. Museums nebst Untersuchungen über die geo-
graphische Verbreitung der Batrachier in Brasilien. Zool.
Jahrb. Jena, Abt. f. Syst; Vol. 33, 1912, pag. 187-172;
uma est. 2 mappas.
Não temos presente esta publicação, mas a julgar por
um rapido exame que pudemos fazer, é ella sem duvida «
melhor trabalho de caracter geral que se tem escripto sobre
os batrachios da nossa fauna. O material de que o auctor
dispunha era abundante e folgamos registral-o, mormente
como bem proximo, em Basiléa, ha outra colleeção de valor,
referente a este mesmo grupo da nossa fauna e trabalhada
pelo incançavel especialista F. Müller.
~
115) Brazir, Virar — A defeza contra o Ophidisme ;
Instituto Serumtherapico do Butantan, S. Paulo, 1911, 152
pags..
Um estudo muito desenvolvido sobre o ophidismo ne
Brazil; o zoologo encontra detalhadas informações biologi-
‘as sobre todas as nossas cobras venenosas do nosso paiz (só
Lachesis castelnaudé e langsbergi não foram vistas) e ainda
uma extensa descripção dos habitos da mussurana (Osyrno-
pus claelia = Rhachidelus brazili, V. Braz. nec Boal.) que
se tornou tão famosa como devoradora de serpentes. Boas
photographias e algumas estampas coloridas illustram o ex-
cellente trabalho.
116) Funrmann, O. — Die Atmungsorgare von Thyphlo-
nectes ; Zoolog. Anzeiger, Vol. 42, 1913, N. 5, pgs. 229-34.
Um interessante exame anatomico-histologico dos orgãos
respiratorios das «cobras de duas cabeças», Gymnophiona de
gen. Typhlonectes (veja-se esta Revista, vol. VIII, pag. 106).
Trata-se de especies aquaticas (que se alimentam de peixes):
a respiração é tanto pulmonar como tracheal e cutanea €
além disto ainda buccal (palatina). Será interessante com-
parar neste sentido tambem Chthonerpeton indistinctum da
mesma familia que, si não é propriamente aquatica, é pelo
menos limicola (veja-se esta Rev., vol. VIII, pg. 458).
117) Gomes, Dr. J. Frorenxcio — Uma nova cobra vene~
nosa do Brazil; Ann. Paulista de Medicina e Cirurgia. 5.
Paulo, vol. I, N. 3, Outubro de 1913, pags. 65-66, Est.
WET:
O auctor, assistente do Instituto Serumtherapico de Bu-
tantan, e ao qual no Museu Paulista tivemos o prazer de
conhar o estudo da nossa collecção herpetologica, descreve
uma especie nova de «urutú» ou «coatiära» Lachesis cotiara.
Estamos certos que em breve esta revista poderá publicar
outros trabalhos do prezado collega, em continuação ao es-
tudo que iniciamos no vol. VIII e do qual ficaram por es-
crever os capitulos referentes às colubridas opistoglyphas e
aglyphas.
118 Scuurr, P.° Amprostus — As cobras do Rio Grande
do Sul. Bibliotheca Universal, N. 10, 1913, 80 pags. (Typ.
«Vozes de Petropolis»).
E” mais uma bella contribuição do venerando padre na-
turalista, a cuja penna tanto deve a literatura de divulgação
scientifica do Brazil. A presente memoria não se preoceupa
tanto com a classificação das especies, como, dados os prin-
cipaes caracteres destas, relata de preferencia observações
biologicas — e neste sentido registra muitas informações
que interessam tanto o especialista como o povo.
119) Werner, Fr. — Ueber neue oder seltene Reptétien
des Nath. Mus. Hamburg ; Mitreil. Nath. Mus. Hamb., Vol.
27, II Beih. 1910, pags. 1-46.
Alguns dos reptis novos aqui descriptos são do Brazil;
muito util é a lista das especies de «cobras de duas cabe-
ças» do gen. Lepidosternum, das quaes ha 21 especies sul-
americanas; além das 11 mencionadas do Brazil, futuramente
deverão entrar ainda nesta lista algumas das especies hoje
citadas apenas do Paraguay (7).
120) Werner, Fr. — Neue und seltene Reptilien u. Frü-
sche des Nath. Mus. Hamburg; loc.-s. cit., vol. 30, 1912,
Beiheft 2, pags. 1-51.
Estudando o material de reptis e batrachios do Museu
de Hamburgo, o Prof. Werner analysa muitas especies bra-
zileiras, descrev e alewmas novas e dá-nos, para alguns ge-
neros, valiosas chaves de classificação, taes como as des gen.
Phylodactilus (ras), Leptodira (cobras) da nossa fauna.
121) BerzerscH, Grar. H. — Beschreibung newer Vegel-
formen ans dem Gebiet des unteren Amazonas ; Ornith. Monats-
ber. Berlim. Vol. 20, 1912, pags. 17-21.
122) SNETHLAGE, E. — Neue Vogelarten aus Amazo-
mien, loc. s. cit., pags. 153-55.
Descripções de varias especies novas de passaros da
Amazonia inferior.
123) BranpãÃo, Severino — Uma nova Rissa; A Lavoura,
Bol. da Soc. Nac. de Agricultura, Rio de Janeiro, Vol.
EV EE 1918, vw. Ill e 12, pag. ot.
O auctor, cone viajante do Museu Nacional, tendo
encontrado na colleeção antiga desse estabelecimento um
— 526 =
exemplar de uma ssa (fam. Laridae), descreve-o como uma
especie nova (B. rudolphi); a proveniencia do especimen é
desconhecida e não ha a minima base para suppôr que seja
brazileira, pois que as duas especies congeneres, bem conhe-
cidas, habitam as regiões arcticas e sub-arcticas (até 30º lat.
N ) A elassificação generica estando certa, é provavel tra-
tar-se de À. brevirostris, Bruch, 1853.
124) Garcia, Ropo_pHo — Nomes de aves em lingua
Tupi Contribuições para a lexicographia portugueza) Bole-
tim do Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno IT
1913, ns. 4-5, anno III n. 1.
E um trabalho feito segundo bom methodo, com pa-
ciencia e capricho. O autor colligiu nas publicações ade-
quadas um avultado numero de nomes das nossas aves; a
classificação scientifica baseia-se no nosso Catalogo das Aves
(1907) e, o quanto é possivel a um não-profissional, sahiu-se
hem com relação à nomenclatura. (Quanto à explicação ety-
mologica dos nomes tupis, a taréfa principal do auctor. vemol-o
com prazer filiado a Martius, Baptista Caetano e Th. Sam-
paio, predominando assim o caracter biologico, que é tambem
o que mais condiz com a indole do nosso selvicola. Para
taes investigações etymologicas. entretanto, é indispensavel
que o linguista seja tambem bom conhecedor da biologia —
sem o que é facil estabelecer uma explicação do nome ina-
dequada à especie em questão. Poderiamos apontar varios
desses exemplos no trabalho em questão, mas é forçoso re-
conhecer que o auctor soube utilizar-se bem dos dados lite-
rarios ao seu alcance, produzindo assim trabalho realmente
apreciavel. Poderiamos ainda criticar o procedimento do
auctor, de registrar para o mesmo vocabulo varias etymolo-
cias, as vezes contradictorias, sem que entretanto nos aponte
aquella que lhe parece mais adequada. Mas não queremos, com
tantas observações, desmerecer o bello trabalho; muito pelo
contrario, felicitamos o Sr. R. Garcia e as nossas lettras,
fazemos votos pela breve publicação do seu «Glossario das
palavras portuguezas (Não diriamos melhor «palavras bra-
zileiras» ?) derivadas do tupi», do qual este capitulo faz parte.
125) Hesse, Ericn — Nritische Untersuchungen über Pi-
ciden etc., Mitteil. avs dem Zoolog. Museum Berlin, vol. VI,
fasc. 2, 1912, pgs. 133-262.
Tomando por base o abundante material de «pica-paus»
da collecção do museu de Berlim, o auctor estuda detalha-
damente a systematica de grande numero dessas aves; tam-
bem á ornithologia brazileira o trabalho aproveita com relação
a muitas especies.
126) Hezcuayr, C. E. — The birds of the reo Madeira,
Novitates Zoologicae, Tring, vol. XVII, 1910 n. 3, pgs.
257-428.
A collecção de aves do rio Madeira estudada pelo auctor,
comprehende cerca de 2000 especimens caçados pelo Sr. W.
Hoftmann ; dessa região conhecem-se até agora, ao todo, 463
especies e com este material o Sr. Hellmayr discute a com-
posição da avifauna do rio - Madeira, apontando o caracter
mixto da mesma; encontram-se ahi os elementos da Amazo-
nia superior, assim como tambem chegam até as suas margens
muitas especies da Amazonia inferior, e em muitos casos 0
eurso do rio forma verdadeiramente o limite dessas zonas
zoogeographicas.
127) Ipem — Critical notes on the types of little-known
species of Neotropical birds (II), loc. s. cit. vol. XX, 1913,
pgs. 227-256.
Continuação dos utilissimos estudos ha muito cultivados
pelo auctor, e nos quaes examina os typos de muitas das
nossas aves, rectificando os erros dos auctores antigos e
modernos.
128) Rocxa, Maru. pe OLiv. — As Aves, sua classifica-
ção: Bal. Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, Anno
IT, 1913, n. 3, pgs. 64-76.
Começando com Aristoteles, o auctor, com os parcos
meios literarios de que dispõe, procura explicar a evolução
porque passou a classificação das aves. Por fim, para «syn-
thetizar as varias ideias emittidas», apresenta um esboço de
systhema, com 35 grupos—mas o escripto do novel ornitho-
logo de neahum mo lo nos permitte acreditar que os seus
«estu los» se baseiem em dados anatomicos, por elle mesmo
examinados. Ainda bem que a modesta contribuição ao
assumpto estudado por Fiirbring er (dous volumes em 4.º, de
mil e tantas paginas cada um!) esteja tão bem occultada,
que apenas poderá ir encommodar algum avicultor !
129) Enurot, Dante, G.—A Review of the Primrtes
Monographs of the American Museum Nat. Hist. New York,
vols IE 1913:
Em tres fartos vo lumes o auctor dá uma revisão de todos
os primatas, até hoje descriptos. E’ um trabalho precioso,
porque reune desta forma todas as diagnoses, espalhadas,
como é sabido, por um sem numero de publicações, as vezes
dificeis de cons ultar; alem disto, em um crescido numero de
estampas em tr ichromia, foram copiadas as melhores illustra-
ções existentes. A’ nossa fauna só interessa uma pequena
parte do trabalho, Familias Callitrichidae e Cebidae (vol. I
pg. 186-326 e vol. IL, pg. 1-113) ao todo 16 generos. Mas
nem assim ainda não estará feito todo o trabalho, com re-
lação ao estudo critico das especies estabelecidas e a este
proposito chamamos a attenção do leitor para o que ficou dito
à pag. 252 do presente volume.
130) Lane, H. H. - Some observations on the habits
and placentation of Tatu novemcinctum ; The State University
of Oklahoma, Research Bulletin n. 1 e 2, 1909, pgs. 1-18.
131) iDem—A suggested cl ssification of Edentates ;
Joc. ‘ett. pgs. 21-27 ;
— 528
132) Parrersox, J. T.— Polyembry nic development in
T. novemcincta ; Journ. of pee gy, vol. 24,n. 41913;
pgs. 559-684.
Já por varias vezes esta revista tem-se occupado do
assumpto tão discutido da placentação e polyembryonia dos
nossos tatus (veja-se esta revista, vol. VIII, pg. 526); aqui
limitamo-nos a dar os titulos dos interessantes trabalhos, e
registramos com prazer que tambem M. Lane é do mesmo
aviso que o Dr. H. v. Ihering, pelo qual a questão foi le-
vantada. Infelizmente ainda não conhecemos o recente tra-
balho de M. Patterson.
133) RrBeiro, A. MiranDa—Zicei neue Affen uns rer
Fauna; Brasil. Rundschau, Ri, de Janeiro, 1912, pgs.
21-23.
Descripçäo muito summaria de duas especies amazonicas
simeos que o auctor considera novas: Mico melinoleucus
» Callimico snethlageri, esta ultima representando tambem
a de genero novo (mas o proprio auctor tambem o men-
ciona como Callimidas snethlageri !). Por emquanto essas
diagnoses, baseadas em exemplares vivos, e por isto mesmo
desacompanhadas de dados mais precisos, não permittem me-
lhor orientação e é preciso que o auctor cumpra quanto antes
a sua promessa de fornecer descripção minuciosa. Lastima-
mos ter o nosso collega, ainda desta vez, «enterrado» o seu
escripto em publicação tão ephemera, sem cireulação no mundo
scientifico.
134) SrLva, HENRIQUE
265 pgs. Edit. Garnier.
O auctor ja por varias vezes tem figurado com boas con-
tribuições nesta nossa bibliographia. O- livro que hoje apre-
sentamos, destina-se em primeiro lugar aos caçadores, dan-
do-lhe ensinamento sobre as armas e os cães de caça, e o
modo pelo qual o caçador se acerca das suas victimas. Mas
tambem o zoologo lê com bom proveito os capitulos em que
são narrados os habitos dos nossos mammiferos dignos de caça,
das aves maiores, chelonios, lagartos, etc.
Sob ponto de vista systematico o auctor é, como aliás
sempre o foi, extremado no reconhecimento de especies, ba-
seando-se em caracteres que para nós zoologos teriam ape-
nas o valor de variantes locaes. Mas não seja este um ponto
de discordia entre o bom correspondente do Museu e nos :
muitas são as dadivas zoologicas que lhe devemos e a ques-
tão do “lumping” ou “spliting” por certo não vale um só
dos especimens raros que o Sr. Capitão Henrique Silva nos
tem enviado do Goyaz.
Interessante e util é um pequeno vocabulario dos termos
usados pelos nossos caçadores.
Impressão perfeita, mas as ilustrações, no que diz res-
peito à fauna indigena, estão a pedir misericordia (como no
nosso «Diccionario» !). (Quando teremos em nossa literatura
Caças e Caçadas no Brazil, 1913,
um «stock» de clichés que possam, depois, ser emprestados
a vontade ?
135) Tomas, OLDFIELD -- Notes on NS. American Le-
poridae; Ann. &. Mag. Nat: Hest. Ser. 8, vol. 11, 1913,
pgs. 209.
A pequena lebre ou «Tapeti» do Rio de Janeiro, é
descripta como especie nova, Sylvilagus tapetillus; à lebre
maior 8. brasiliensis pertencem as subspecies minensis, cha-
padensis e paraguensts.
136) IDEM — loc. cit. yy. 130; mammiferos raros das col-
leccôes do Museu Goeldi, do Para :
IDEM — loc. cit vol. 9, 1912, pg. 84; pequenos mammi-
feros da Amazonia inferior;
137) mem — On certain of the smaller S. American
Cervidae, loc. cit. pg. 585.
O auctor mostra a necessidade de substituirmos o nome
do nosso veado pardo «Mazama rufa» por M. americana Erxl. ;
alem disto descreve AM. americana jucunda como variedade
nova, do Paraná, dizendo differir pelas dimensões um pouco
menores do craneo (178 mm. contra 205 — 210 mm.)
138) mem — New Rodents from S. America, loc. cit.
vol. 8, 1911, pgs. 250-256.
Entre outros roedores novos, descreve um rato da ilha
de S. Sebastião que lhe fora enviado por nosso museu e que
o auctor até agora considerava identico a Proechymys al-
bispinus. Dando-lhe o nome novo P. iheringi, faz referencias
muito lisongeiras às publicações zoologicas do nosso chefe,
destacando em especial os seus recentes estudos sobre os nos-
sos carnivoros. Tanto estas amabilidades como a gentileza da
dedicatoria devemos agradecer em nome do Dr. H. von Ihering.
Varias outras publicações do illustre mammalogo do
British Museum referem-se ainda à nossa’ fauna, mas limi-
tamo-nos à apresentação das que mais nos interessaram, re-
petindo ainda uma vez que esta Bibliographia nunca teve o
caracter de uma enumeração completa.
139) ZoeLoaiscHE ERGEBNISSE EINER REISE IN DAS
MUENDUNGSGEBIET DES AMAZONAS, herausgegeben von Lorenz
Miiller:
I Allgem. Bemerk. über Fauna u. Flora des Gebietes,
von L. Müller ; Abh. der k. Bayer. Akad. der Wissensch.,
matem.-phys. Klasse, vol. 26, part. 1, i912.
II Végel, von C. E. Hellmayr, loc. cit. part. 2, 1912,
142 pags.
Por encargo do museu zoologico de Munich, o sr. Lorenz
Müller viajou durante um anno (1910) no Estado do Pará
e, no primeiro dos dous trabalbos citados, relata o suecesso
que teve, dando ao mesmo tempo uma descripção da flora e
fauna do Estado percorrido.
O material ornithologico, estudado pelo competente col-
lega C. E. Hellmayr, abrange 700 couros, representando 179
especies; como em tantos outros trabalhos referentes a nossa
avifauna, o autor continua a discussão da nomenclatura e
systematica das especies estudadas. 7
Sao de valor, ainda, as notas biologicas acerescentadas
segundo os apontamentos do sr. L. Müller.
Para um districto dos arredores de Belem, equivalente
talvez ao da comarca da Capital do Estado, o sr. Hellmayr
enumera uma lista de 379 aves e só da ilha Mexiana sãe
citadas 157 especies.
Geologia e Paleontologia
140) Docror Fiorentino AMEGHINO por Juan B. Am-
brosetti, An. del Mus. Nac. Buenos Aires. Tomo 22, 1912,
pgs. XI, LXXII.
Com um extenso necrologio da penna de Ambrosetti, o
Museo Nacional de Historia Natural de Buenos Aires rende
merecida homenagem ao sabio que durante 35 annos consa-
grou os seus estudos à paleontologia sulamericana e que du-
rante 10 amnos fôra director do grande museu argentino :
Dr. Florentino Ameghino, fallecido em Agosto de 1911.
Burmeister, Berg e Ameghino são os nomes de sabios
de nomeada universal, dos quaes o Museu Nacional da Re-
publica Argentina se ufana de ter recebido o influxo. A todos
elles o nosso chefe pessoalmente e, desde a sua fundação,
tambem o Museu Paulista tiveram por amigos e especial-
mente no tempo de Ameghino as nossas relações foram as
de estabelecimentos scientificos que mutuamente se auxiliam
na tarefa commum : o estudo da historia natural sul-ameri-
cana. Por este motivo o Museu Paulista associou-se ao lucto
dos collegas argentinos e aqui lastimamos não poder trans-
crever em boa parte o bem traçado necroïogio em que se
estuda a vida scientifica do grande morto.
Ao novo director, Dr. Angel Galiardo somos devedores
não só das gentilezas com que nos distinguiu ao assumir o
honroso cargo, como tambem de provas que nos certificam
da continuação das boas relações já agora tradicionaes entre
os dous institutos.
141) Branner, J. O. — The Gevlogy of the coast of the
state of Alagoas; Ann. Carnegie Museum, vol. VII, n. 1,
1910, pags. 5-22. Geologia do littoral do Est. de Alagoas,
com 14 desenhos e photographias e uma carta geologica.
Durante a mesma viagem do benemerito investigador da
geologia brazileira (1907) foram colligidos os peixes fosseis
de que trata o escripto do Dr. D. S. Jordan, que em se-
guida mencionamos.
142) CLark, Joux M. — Fosseis Devoianos do Parana ;
Monographias do Servico Geul, e Mineral do Brazil, vol. I,
1913 (veja pg. 494).
|
|
|
|
|
|
O auctor, que por varias vezes ja tem escripto com
proficiencia sobre fosseis devonianos do Brazil (Pará e Pa-
rand), estuda agora a rica colleeção do Serviço Geologico do
Brazil que lhe foi confiada pelo Dr. O. A. Derby.
Só este material dos folhelhos de Ponta Grossa e are-
nites de Tibagy (Est. Paraná) encerra 80 especies (24 Pe-
lecypoda, 24 Brachiopoda, 13 Trilobitas, 6 Gasteropoda, ete.)
Alem disto o auctor aproveitou o ensejo para estudar con-
juntamente o devoniano da Argentina occidental e das ilhas
Falkland, do qual tambem lhe foi fornecido bom material e
que lhe pemnittiu a conclusão de que este conjunetc (inelu-
sive Colonia do Cabo) da região austral é tão uniforme e tão
indifferenciado como é a fauna nelle contido.
O auctor insiste em não querer approximar demasiada-
mente esta fauna devoniana austral da boreal (norte-ame-
ricana-eurasiana) ; comtudo, apesar da sua competencia, não
se atreve a fazer afirmações mais positivas.
Lastimamos não poder transcrever muitas das suas con=
clusões geraes, de summo interesse para a nossa geologia,
paleogeographia, ete. e assim recommendamos o substancioso
trabalho aos estudiosos. Bellissimas, perfeitas, são as 27 es-
tampas que illustram um elevado numero de especies, em
grande parte novas.
145) Hasemax, Joux D. — Some Factors of geogr.
Distribution in S. America; Ann. N. York Ac. of Sciences
Vol XXIL pes. 9=112, 1912.
A’ pag. 520 já relatamos sobre os varios estudos ichthyo-
logicos publicados sobre o rico material de peixes colligido
pelo Sur. Haseman no Brazil (1907 a 10). O presente es-
tudo é de caracter mais amplo e versa não só sobre o ma-
terial e os dados positivos recolhidos pelo esforçado natura-
lista, mas vae mais longe, abordando os mais difficeis pro-
blemas zoogeographicos, biologicos e geologicos da região
percorrida.
Não podemos entrar em discussão detalhada das muitas
questões ventiladas; apreciaremos apenas as conclusões fi-
naes. (Quanto a estas a orientação do auctor é bem diversa
do seu antigo mestre, Prof, Eigenmann: hoje, não sabemos
si apenas por ter recebido novas impressões durante a via-
gem, ou por ter mudado de relações scientificas, elle se
mostra contrario a todas as theorias zoo—e paleogeographicas
que suppunhamos suficientemente documentadas e assentes.
Obstinadamente, pode-se dizer, o auctor nega todo e qual-
quer valor aos dados positivos trazidos em confirmação à an-
tiga ligação dos continentes do hemispherio meridional.
Entretanto, em apoio do seu novo modo de vêr, não trepida
em chamar novamente em auxilio as velhas e desmanteladas
explicações “das correntes maritimas e dos fragmentos fluctu-
antes” que devem transportar ovos, larvas ou mesmo adultos (de
qualquer animal?) de um continente para outro!
Lt
Nv
i)
Emtim, aproveitando os dados positivos que forem no-
vos. — o resto deve ser levado em conta das inevitaveis
reviravoltas por que têm de passar as novas conquistas no
dominio scientifico. ;
144) gorpan, Davin 8. — Description of a collection
of fossil fishes from the betuminous shales at Riacho Doce,
Alagoas ; Ann. Carnegie Museum, Vol. VII, N. 1, 1910,
pgs. 23-34, Ett. V-XIII.
Por occasião de sua visita ao Brazil em 1907, o Prof.
Branner (veja supra), colligiu alguns peixes fosseis conser-
vados nos schistos betuminosos do Riacho Doce, Alagoas.
O material foi estudado pelo Dr. Jordan e contem varias
especies de sardinhas (Clupeidae) e uma especie da fam.
Chirocentridae. O auctor conclue que os respectivos depo-
sitos sejam de idade eocena, emquanto que os da Bahia
pertencem ao cretaceo superior.
Por intermedio do Snr. Dr. J. Bach o Museu Paulista
tambem recebeu abundante material desta região e, com-
quanto não tenha sido ainda bem estudado, desde já pode-
mos afirmar que nelles são contidas varias outras especies,
alem das descriptas na publicação do Dr. Jordan.
145) Kirkpatrick, R.—On the structure of Stromato-
poroids and of Eozoon; Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser 8, Vol.
10, N. 58, 1912, pg. 446-460, Est. XI-XII.
Depois de algum repouso, volta a actualidade a velha
questão em que os entendidos discutem a interpretação a
dar ao famoso Eozoon canadense, dizendo uns que se trata
apenas de uma pseudomorphose mineral, e afirmando outros
que a delicada estructura microscopica que se observa nas
rochas archeanas é effectivamente o primeiro vestigio da vi-
da animal sobre a terra. O trabalho do auctor que aqui
meneionamos filia-se a este ultimo modo de ver e assim af-
firma que não ha a minima duvida ser o Eozoon um ge-
nuino Foraminifero. Caveant consules... e adaptemos depois
tambem a nossa geologia aos resultados finaes da discussão.
146) WoopworrH, J. B. — Geological expedite n to
Brazil and Chile. 1508-09 ; Bull. Mus. Compar. Zool. at
Havard College, 1912, Vol: 56, N. 1, pgs. 1-137, Est. 1-37.
Boa parte do trabalho, resultado de uma viagem um
tanto apressada, refere-se à geologia do Brazil meridional, e
em especial à região do Rio de Janeiro a Santa Catharina
(quatro mezes e meio). Quasi todos os problemas capitaes
da nossa geologia foram sujeitos à apreciação e, si nem to-
das as observações são fructo de estudo aprofundado, ha
comtudo capitulos que condensam bem os actuaes conheci-
mentos na materia, No interesse da nossa geologia teriamos
preferido uma restricção do programma da viagem, ao que
então teria correspondido um estudo mais aprofundado de
um limitado numero de problemas.
ES NE
Indice dos Auctores
Aleock—62, Ameghino—140, Andersson—113, Aragão,
H. Beaurepaire—III, 18, Arrow—44; Bagnall-31, Bau-
mann—114, Beau—93, Becker—64, Berlepsch— 121, Beguin
—Billeoeq—45, Bernhauer 46, 47, Bezzi—II—63, Bondar —20
a 22, Borelli—13, Boullet—61, Brandäo—213, Branner— 141,
Brazil, Vital—115, Bruner—35-36; Clark —142, Cockerelle
— 73; Derby—V, Douwe—7, Ducke, I—74*—75* Dyar - 57;
Kigenmann—94, 103, Ellis—95, 102, Elliot—129, Kwine—
17; Ferreira d’Almeida—58, Forel—76, 77, Fuhrmann —
116; Garcia, Rod.—124, Goeldi—23, Gomes de Faria III,
5, 14, 71, Gomes, Flor.—217, Gounelle—48, 49, Grifini—38 ;
Hasemann—98 a 101, 143, Hellmayr - 126, 127, 139, Hem-
pel—1, 39, 40. Hendel—66, Hess—125, Holland—97, Hol-
mgren—32, 33, Hoivath—41, Huber, Jac.—I; Ihering, H. v.
25, 78, 79, 80, 91, Ihering, R. v.—2, 24; Jones Dunkinf.
—59, Jordan, D. St.—144; Kirkpatrick—145, Knab, 28,
67, 67.º a 72, Kraepelin— 15; Lane -—130-131, Leng—50,
Lowrey—96, Liiderwaldt—51, 60, 81, Lutz —III, 26, 27, 68,
69, 70; Mabille—61, Maidl—82, Marianno F.° 83, Marques
da Cunha—4, Meade-Waldo 84, Mello Leitão—3, Miranda
Ribeiro—104, 105, 106, 133, Moreira, ©. 8, 9, 10, 29, 30,
Miller, Lor.— 139; Navas, Long. —II, 34, Neiva—III, 42,
69, 71; Ohaus—52, 53; Panthen—54, Patterson— 132, Pe-
trunkewitch 16, Pilsbry— 92: Rehn—37, Reuter - 43, Ri-
bas Cadaval —107, Richardson —11, Rocha, M. de Oliv.—-128,
Rothkireh-—5t; SSchrottky—1, 85, Schupp — 118, Silva,
Henr. 134, Silvestri 86, Snethlage—l. 122, Sollaud —12,
Spaeth—55, Starks —108, Steindachner—109, Strand—87,
Surcouf —72, Szepligetti—88 ; Tate Regan—110, 111, 112,
Thomas, Olf. —135, 136, 137, 138, Travassos—6, 14; Was-
mann—33, 89, Weed— 3, Weise—56, Werner—119, 120,
Wheeler—90, Woodworth—146.
posou A and é
Do dica pop Jequeri
DE n al id = neiabnom ER
RR ETES pete HE posa
Ae ARES. É mes AN
ty ape mu
yl Fares «ME ir
au, 14 Bod “i his ré Pend. À rr. '
apt: ETRE ra a 1 Pa |
de at © pés pet ea Core HER à su SMA RAIA ifs. tnd |
| pet rd a en Seam Ee eg
ae ert e Spear pata) CRS Bhs! |
É x ee Op d+ pak RETA,
OR SP ak ee sere ile lee an LICE
SATE (OREM CEs RU ee cas
1
PES PR AAT TETRA LAB Loo
ri
é
#4 EH (hy tT. Sel, aa ig: Feta.
ALP CT sin hee ee eae ne | (ut
LH AA PE PTT D TES ipe
ML Cac PE | NET RFC ne a “A iris, nine AY It
> eis mi | VTT | Rick “ane R + er bas Fox
G ER Bes Chi ve ces tda
boa rc Seta yee olsen Panay
ee aes “dent SANTE NET rept pes:
4 jy ri : “At Her ET ayaa
ite da PRES 3 CRT ÉMIS Perit: pr
: Ae Enio. Te LRU pus Ne
à hy Aes ei MR HS à
BIT de tu aie i L Sage
2 5 ato ae moet er i) oe
“Ber Lee per bis E ar
Revista do Museu Paulista Volk EX sire
\
Revista do Museu Paulista Viole IES Est
Re Vista di ) Vis ti P, wilista | ol VA Est. II
1 Leucoptera coffeella Guér.-M.; 2 Nilio varius n.sp.;
3 N. lutzii n.sp.; 4 Bradypophila garbei n. gen. n.sp.; 5 Pterombrus
iheringi n.sp.; 6-6c Turuenna violascens H. Sch.
ur
REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX
AN
Bento Barboza del,
OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA
REVISTA DO Museu PAULISTA — VOL. IX EST. VI
Georgetown
\ uramaribo
— A
Distribuição Geographica dos Bugios, genero Alouatta.
pe CB NS co
- à pe > | 4 ”
À PE ore 4 ‘ x
REVISTA DO MUSEU PAU ASTA, VOL. Tx EST. VII
Sp Nes Se § an E:
PE Feb eat + E CS
dá ) |
Ke >
Bento Barboza del.
OSSOS HYOIDES DE BUGIOS - GENERO ALOUATTA
REVISTA DO MUSEU PAULISTA, VOL. IX EST. VIII
LD à lj :
Es E be
J a b A d 4 A
7 i = il “ A -
| "a i
- z =]
A ; y
4
“ a 2 E E
7 . ari ta « 7
ar ; we j SE , :
1 “e , E
pe y '
4G = 11
= oe a € ã
> E
i E K [e E g
il < + F a b
o à,
= +
Md A ; a
1 Ê i i
A ‘
.
2 2 ' Fs 7 > x
= o = ay 44 > = =
= 2 =
EST. IX
IX
REVISTA DO Museu PAULISTA, VOL.
(spaim) siferejseu snzeqieq sniqoihw—¢€ ‘Big
(z2d) tuosurems snyduAy0Yyr\uO —z ‘614
CIA) cunzewp ejootan(g— 1 “Bia
“PUBLICADA POR
” > ar ra}
ÿ # k ro
Hh voy DER, MRD. ET,
Director do Museu
OLE AR AS NE. Sees
=
: i tt
| SAO PAULO |
(Typ. do x Diario Official»
(914
HT fi \
Pr MOOT. É
BL WHOI Library - Serials